sábado, 19 de janeiro de 2013


Riana Jessé Trigo e a Mulher Samaritana

O Evangelho de João narra o encontro que Jesus teve com a mulher samaritana. O encontro de duas nacionalidades ao mesmo tempo irmãs e diferentes, Samaria e Judá. E a narrativa prossegue dizendo que a mulher ao ter aspectos da sua vida privada revelados por Jesus impressionada deixou o seu cântaro e correu á cidade e comunicou aos homens: Vinde, vede um homem que me disse todas as coisas que eu fiz. Será que este é o Cristo? Saíram da cidade e começaram a chegar-se a ele.

O que esse caso da mulher samaritana poderia ter a ver com Riana Jessé Trigo?

Ora, Adamir Gerson e Lúcio Junior Espírito Santo tem se interessado sobremaneira e abordado com certa profundidade o mito do sebastianismo que gerou a espera no Messias não só entre portugueses como também entre brasileiros. Forte em Portugal, mas também forte no Brasil, a tal ponto que podemos dizer inspirou a revolta de Canudos ocorrida no sertão baiano no final do século XIX.

É impressionante como a sucessão de personagens místicos no tempo e no espaço convergiu para o mesmo objetivo: Portugal seria a Israel do passado, de modo que o domínio glorioso de Deus se expandiria para o mundo a partir da nação lusitana.

O nascimento da crença teria se dado no ano de 1139 na batalha de Ourique, onde conta a lenda Jesus apareceu ao rei Afonso Henriques e teria lhe pedido que construísse um império para si. E a verdade é que trezentos anos depois surgiu aquilo que podemos dizer foi profecia de fato sobre um futuro messiânico que os céus então teriam reservado à Portugal. E essa profecia se acha assentada em frade franciscano Francisco de Paula. Nascido em 1416 em Paolo, Itália, e falecido em 1507 em Pleiss-les-Tours, França, em cartas que enviou ao amigo português filósofo Simão Ximenes, entre os anos de 1445 e 1462, assim se expressou Francisco de Paula: "Vossa santa geração será maravilhosa sobre a Terra, entre a qual haverá um de vossos descendentes que será como o Sol entre as estrelas... Reformará a Igreja de Deus. Fará o domínio do mundo temporal e espiritual e regerá a igreja de Deus... Purificará a humanidade, convertendo todos à lei de Deus; será fundador do Reino Universal de Deus na Terra ou da Nova Religião, em que todos adorarão o verdadeiro Deus... Será fundador de uma religião como nunca houve"

Depois do franciscano Francisco de Paula vamos então encontrar o sapateiro de Trancoso Bandarra de posse de vaticínio similar. Bandarra, judeu cristianizado e grande poeta popular, fez constar em trovas que o Quinto Império, aquele que se acha no vaticínio do profeta Daniel – E nos dias daqueles reis o Deus do céu estabelecerá um reino que jamais será arruinado. E o próprio reino não passará a qualquer outro povo. Esmiuçará e porá termo a todos estes reinos, e ele mesmo ficará estabelecido por tempos indefinidos (...) (1) – iria nascer das entranhas de Portugal. Segundo Bandarra o Calvário o confiou a Portugal.

Dado o trágico desaparecimento do jovem rei de Portugal Dom Sebastião, morto em batalha no Marrocos no ano de 1578, então com 25 anos, e como por esses dias, vindo de Espanha, circulava em Portugal o mito do Encoberto, o Rei-Messias habitando a lendária Ilhas Afortunadas, aguardando o momento de sua volta, ora, para consolar a dor de Portugal pela perda de seu jovem rei logo se difundiu entre o povo o mito do sebastianismo. Dom Sebastião não morrera, mas fora para uma ilha longínqua e que voltaria para resgatar a glória de Portugal.

Depois do Bandarra os vaticínios sobre um futuro messiânico reservados a Portugal recaem sobre Padre Vieira. Padre Vieira foi o homem que mais difundiu o mito do sebastianismo e foi claro de que o Quinto Império nasceria para o mundo a partir de Portugal. O Imperador Universal, latente na profecia de Daniel, seria um rei da coroa portuguesa.

Sentindo o chamado de Deus para a importância de Portugal nos mistérios proféticos do Reino, de como das entranhas da nação lusitana iria nascer um rei que seria diferente de todos os reis, que governaria unicamente para o juízo e para a felicidade de seus súditos, a verdade é que Padre Vieira, se sentindo como um novo Samuel, se dirigiu a vários monarcas portugueses para coroá-los o Imperador do Quinto Império. Tendo visto em Dom João IV o monarca em quem caíra a graça de Deus se dirigiu a ele para ungi-lo esse Imperador Universal. Sentindo que não fora o escolhido se dirigiu então a Dom Afonso, no seu orgulho humano acreditando que se não fosse Dom Afonso com certeza iria ser alguém da coroa portuguesa (2).

Depois de Padre Vieira Portugal cai nas graças de Deus agora com o poeta Fernando Pessoa. Com a mesma paixão de Padre Vieira, Fernando Pessoa elege também a nação de Portugal como a ela tendo sido confiado a realeza do Quinto Império.

Mas Fernando Pessoa introduz um elemento revolucionário em toda a questão. Até então o Quinto Império era a sucessão lógica do profeta Daniel. O Quinto Império tinha todas as feições político-militares, assim como se entendia estava em Daniel. Após impérios político-militares, babilônio, medo-persa, grego e romano, então na sequência iria aparecer o Quinto Império

A verdade é que Fernando Pessoa detectou uma contradição no sistema. Vivia-se a época do império britânico e para Fernando Pessoa o império britânico não podia jamais ser este Quinto Império. Obra então uma revolução. Desloca-se do profeta Daniel para o profeta Isaías, e constrói a gênese do Quinto Império em bases estritamente espirituais. Parte, não do domínio político-militar, mas do domínio cultural. E elege a Grécia como sendo a origem e gestação primeira do Quinto Império. Destarte, o Quinto Império é como está no profeta Isaías, um reino que domina, não pela força das armas, mas pela força das idéias. Pela beleza, pelo amor, pela ética. Não é um reino que submete corpos, mas um reino que liberta espíritos. De modo que a essência do Quinto Império é a espiritualidade libertadora que agracia todos os povos, todas as raças, todas as línguas. No seu domínio não há mais dor, nem pranto, nem gemido, mas apenas rostos felizes. Tendo elegido a Grécia como o berço da cultura humano-universal, o reino da espiritualidade passa então para Roma, desta para a Cristandade, e por fim para a Europa Pós-Renascentista. E em Portugal estaria o resultado de todo o seu caldo cultural. A síntese das sínteses.

Bem, agora vamos entrar na questão da Riana Jessé Trigo e a mulher samaritana. Porque mesmo Riana Jessé Trigo? Porque ela pode sim, como a mulher samaritana, proclamar a todo o povo de Portugal que não foi em vão a crença portuguesa no mito do sebastianismo; a crença portuguesa de que numa ilha distante estava o jovem rei aguardando o momento de sua volta para então restaurar, não apenas as glórias de Portugal, mas muito mais as glórias do Paraíso de Deus.

Porque todas as indicações são de que naquele ano de 1978, quando Adamir Gerson teve o seu encontro teofânico, Deus tenha colocado naquele jovem, então com 25 anos, as esperanças messiânicas reservadas a Portugal. Certamente que Deus tem, a partir daquele ano, passado a construir nele os fundamentos teóricos do Quinto Império. Embora não seja português, todavia a sua nação é da descendência de Portugal. Mesmo porque seu sobrenome – Soares de Melo – é tipicamente português.

Lúcio Junior Espírito Santo, partindo de uma leitura de Fernando Pessoa, que acreditou piamente que o Rei-Menino se achava encoberto, em algum lugar e que iria se levantar, e regressar a Portugal, e, a partir de Portugal, restaurar na terra as glórias da idade da inocência;e segundo Fernando Pessoa quando se levantasse seria reconhecido por laços de proximidade com o rei morto em 1578, ora, Lúcio Junior Espírito Santo desde o momento em que ouviu tal relato não julgou-o uma bobagem, mas passou a se interessar pelos seus fundamentos.

Como tudo é uma revelação de Deus, o fato de lisboenses terem entrado nesta comunidade do socialismo celestial pode ser já plano de Deus. Para que por intermédio delas o Quinto Império chegue a Portugal. E de Portugal ganhe toda a Europa. Mesmo porque o novo que há de se estabelecer na Europa seja mesmo o socialismo celestial. Não há nada de novo palpitando na Europa senão corpos ruminando desgastadas bandeiras e procurando solução para os seus problemas em propostas que se tornaram elas mesmas criadoras de problemas.

E seja criado em Portugal o PAREPA, PArtido da REconstrução do PAraíso, com a missão de levar a todo o povo português e europeu os ideais do Quinto Império que não são outros senão os ideais Daquele que veio para que todos tivessem vida e vida em abundância.
Como a mulher samaritana, Riana Jessé Trigo pode dizer para todo o povo de Portugal: vem e vê se não é Dom Sebastião encarnado em um brasileiro da descendência de Portugal prestes a realizar todas as profecias messiânicas concernentes a Portugal?
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(1)  Daniel 2.44
(2)  Como Samuel, que tendo sido Chamado por Deus para que fosse à casa de Jessé e ungisse um de seus filhos rei sobre Israel, pois Deus decidira remover um rei segundo o coração dos homens e no lugar colocar um rei segundo o coração de Deus, ora, como Samuel que no orgulho humano fez passar diante de si os filhos de Jessé mais bem aparentados, e foi surpreendido por Deus que lhe disse que não escolheu nenhum deles, mas escolheu o mais moço, ausente, cuidando das ovelhas, a verdade é que podemos dizer Padre Vieira foi repetir Samuel. Porque acreditou piamente que a encarnação de Dom Sebastião, revestido agora com as vestes do Alto, iria dar-se em um monarca de Portugal. Acreditou que o Imperador Universal que iria chegar montado em um cavalo branco era um rei da coroa portuguesa. Mas não era nenhum deles. A escolha de Deus recaíra sobre um filho simples do povo. Não alguém vestido de roupas régias, mas vestido do uniforme de trabalhador.

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