segunda-feira, 7 de julho de 2014

Discurso de Cristovam Buarque dia 10 de Junho de 2014

Discurso de Cristovam Buarque dia 10 de junho de 2014.

COMPANHEIRAS E COMPANHEIROS BRIZOLISTAS
Hoje, é um dia em que já não cabem propostas.
Estamos aqui para ratificar uma decisão já tomada pelo Partido desde o final de 2006, quando aceitamos trocar nossas propostas e nosso ideário por um ministério no governo recém-eleito e contra o qual vínhamos fazendo oposição desde o tempo de Brizola. Nestes quase dez anos, a decisão de continuar no governo foi mantida todos os dias. Atravessamos os escândalos no governo, inclusive no nosso ministério, sem uma crítica, uma autocrítica, nem ao menos uma análise sobre o que acontecia no País, no governo e em nosso partido. Assistimos a timidez das políticas sem oferecer propostas mais ousadas.

Ninguém pode negar avanços sociais e econômicos ao longo deste período. Mas não deveríamos deixar passar os equívocos, por omissão e por ação. Apesar de avanços no número de alunos no ensino superior fechamos os olhos à falta de prioridade à educação de base; não podemos deixar de elogiar programa como “mais médicos”, mas criticando o caos na saúde pública; tínhamos obrigação de denunciar a corrupção; não podíamos nos calar diante do desastre criado pelo aparelhamento de nossas estatais, especialmente da Petrobrás, símbolo do progresso, do potencial e do engenho brasileiro, criada por nosso maior líder que foi Getúlio Vargas; calamos diante da violência nas ruas; assistimos passivamente, arrogantemente, as manifestações do povo nas ruas.

Chegamos a 2014 com o partido entregue ao governo. O povo está nas ruas e nós lutando por um quartinho no fundo do palácio.
Nem ao menos dedicamos um minuto para pensar por que o povo está nas ruas, por que seu descontentamento e o que fazer para o Partido reencontrar sua aliança com o povo e com a história.

Para ficar no governo de hoje, abandonamos a história.
Sobretudo, não estamos levando em conta o esgotamento do atual modelo.
As bases do rumo que o Brasil segue desde 1994 estão esgotadas, enferrujadas.
Por vinte anos baseamos nosso destino na busca do:
- crescimento econômico tradicional,
- do controle da inflação,
- da transferência assistencial de rendas para os mais pobres,
- da democracia parlamentar.
O crescimento tradicional se esgotou.
É irresponsabilidade histórica continuar insistindo no rumo de uma economia baseada na exportação de bens primários e na produção de bens industriais dos anos 50 e 70. Ainda mais, para manter o governo nem tomando decisões muito arriscadas:
- gasta R$ 170 bilhões por ano de incentivos fiscais;
- aceita elevados déficits sistemáticos em conta corrente, além de déficit na balança comercial, o que não acontecia desde 2000;
- comemora o perfil de nosso produto que nada tem da economia do conhecimento que caracteriza o mundo de hoje;
- vê a economia se desindustrializando sem fortalecer um setor de criação de economia do conhecimento;
- incentiva e induz uma economia baseada no aumento do consumo à custa da necessária poupança para a construção do futuro;
- temos uma taxa de poupança interfira 13%, a menor taxa entre os países representativos da economia mundial, provocando o pequeno crescimento do nosso PIB e sacrificando o futuro;
- não consegue domar os juros, nem a inflação;
- temos uma das piores posições do mundo na classificação de competitividade;
- comemora-se sermos o sétimo PIB, já fomos o 5º, sem perceber que per capita estamos em 54ª posição e no Índice de Desenvolvimento Humano em 85º lugar, nosso PIB pode ser grande, mas é velho e mal destribuído.
- nossos preços sobem em taxas que assustam a população, com medo da carestia.
- o mercado de trabalho (bandeira historicamente ligada ao PDT): está aquecido (com taxa de desocupação em 7,1%), mas a qualidade do emprego está muito aquém do que o Brasil precisa.

Os postos de ocupação criados têm baixo salários, implicam em altíssima rotatividade e estão em geral ligados a atividades no setor de serviços (em geral com baixa produtividade). Além disso, há um número muito elevado de pessoas que não procuram emprego: Estima-se que 62,6 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho. São pessoas na idade de trabalhar, mas que não estão ocupadas nem procurando emprego.

A base para a manutenção da estabilidade monetária se esgotou.
Nos últimos anos houve um relaxamento nas âncoras que mantém a estabilidade de preços. Os gastos públicos têm previsões muito preocupantes para o futuro próximo. A âncora cambial se esgota, devido ao seu impacto negativo sobre nossa competitividade internacional. Somos obrigados a elevar taxas de juros. A lei de responsabilidade fiscal vem sendo desrespeitada.
A base das transferências assistenciais está se esgotando.
O programa de bolsas tem um papel fundamental na necessária generosidade para enfrentar a pobreza extrema de milhões de nossos compatriotas excluídos do essencial para a sobrevivência. Mas sem a garantia de escola de qualidade ele virá um programa assistencial, não um programa transformador social. O programa de transferência de renda completa vinte anos desde seu início, com características educacionais, em um governo do PT com a participação do PDT em Brasília; 15 anos desde sua expansão para todo o Brasil. Graças ao governo Lula e Dilma a ampliação permitiu atender praticamente todos que dela precisam. Sem esta ampliação o quadro da pobreza teria continuado da forma assustadora e vergonha-se do passado. Mas esta base social das últimas décadas demonstra esgotamento estrutural pela incapacidade de oferecer uma porta de saída clara e eficiente que faça com que nenhum brasileiro precise mais dela;

O governo não tem sido capaz, nem demonstra compromisso em transformar os “beneficiários de bolsas” em “geradores de renda”.

Vale lembrar, que apesar de seu pequeno custo como proporção do PIB, apenas 0,5%, hoje 76% da receita federal vão para gastos de transferências de renda, no lugar de investimentos para gerar renda. E esta proporção cresce de maneira que nos próximos dez anos o governo estará completamente esgotado em suas finanças, se esta população não migrar da necessidade de bolsa para a geração de renda.
Nossa democracia se mostra não apenas esgotada, mas viciada.
Esgotada pelos vícios da corrupção generalizada em todos os setores da sociedade, muito especialmente no comportamento político:
- com regras eleitorais atreladas ao poder econômico e que dificultam renovação;
- sem estratégia para o longo prazo e viciado no imediatismo;
- sem uma vida partidária, sem identidades ideológica e moral;
- totalmente pragmática e desprogramática;
- com tolerância à corrupção;
- sem uma convivência estável entre os três poderes.
Em consequência, uma democracia desacreditada e desmoralizada como o povo demonstra nas ruas. Vivemos uma guerrilha organizada pelas redes sociais, sem lideranças, sem programas, sem partidos; com manifestações, que unem desiludidos e desesperados, capazes de inviabilizar o bom funcionamento da sociedade e criando um caldeirão propício para tentativas autoritárias, vindas de quem está no poder ou de quem faz oposição; e sem prioridades comprometidas com a transformação social, que deve ser a obrigação de todo partido progressista como o nosso, criado sob a liderança de Brizola. 

Companheiros e companheiras, nos últimos meses discute-se qual será o legado a ser deixado pela Copa do Mundo. É cedo para saber se qualquer dos legados prometidos serão cumpridos:
- se os estádios serão pagos pelo setor privado;
- se haverá melhoria substancial na mobilidade social e por que esta melhoria precisava de uma Copa, uma vez que todos os recursos e decisões de investimento são nacionais;
- se haverá uma elevação da renda que compõe os gastos.
Mas, desde já pode-se dizer que um legado da Copa foi a descoberta pelo povo de que além da corrupção no comportamento dos políticos, há também uma corrupção na definição das prioridades, optando-se por investimentos para o presente dos ricos, sem compromissos com as transformações estruturais, sociais, econômicas, culturais que o País precisa para seu futuro e nossa população pobre precisa para ser incluída definitivamente, estruturalmente, sem necessidade de transferência de renda.
O povo descobriu que nós, os políticos e nossos partidos não estamos sintonizados com o espírito das ruas. Apesar disso, ruas não entraram em nossas análises para a decisão que tomaremos nem na definição das prioridades que deveríamos levar ao governo que nos propomos continuar apoiando.
Repito, o poder está nas ruas e nós estamos buscando um quartinho no palácio.
Esgotamento das bases do modelo de desenvolvimento e funcionamento da sociedade e da economia está provocando uma implosão.
O futuro está implodindo no vergonho estado de nossas escolas, mesmo depois de 12 anos de governo do PT e 8 de nossa participação nele. As tentativas de erradicação do analfabetismo e as mudanças na educação de base iniciadas em 2003, inclusive com o programa Escola Ideal para implantação de horário integral pela federalização da educação de base, nos moldes defendidos por Brizola e Darcy, foram interrompidas a partir de 2004. A ideia de um programa de federalização entregue ao governo em Setembro de 2011 nunca foi nem ao menos considerada. O resultado é o aumento no número de analfabetos em 2013 em relação a 2012.
Tudo isso por fazer a opção e definir prioridade pela ampliação do Ensino Superior. O governo Lula e Dilma com programas de cotas e o PROUNI foram capazes de ampliar substancialmente o número de alunos no ensino superior, e mudar o perfil social e racial destes alunos, mas este sucesso se esgota ao esbarrar na fragilidade dos alunos que nele entram depois de um ensino médio insuficiente.
O futuro do País está implodindo nos limites de nossa economia sem poupança, sem capital conhecimento, com excesso de gastos públicos, com dependência de incentivos fiscais, sem possibilidade de reduzir os juros.
O futuro do País está implodindo na necessidade de transferência de renda sem as quais em vez de gerar renda nossa população se mantém na assistência e cai de volta na fome e na miséria, cada vez que a inflação corrói o valor da bolsa.
O futuro de nosso País está implodindo em uma democracia corrupta, corruptora, viciada no imediatismo, sem partidos programáticos, sem políticos atentos e comprometidos com o povo, uma democracia sob suspeição pelo povo.
Está na hora do PDT recuperar os sonhos de sua Fundação, reler o que dizia Brizola e os demais líderes históricos e apresentar um programa para o futuro do Brasil. A proposta apresentada pelo PDT na campanha presidencial de 2006, sob o titulo de “A Revolução pela Educação – Como Fazer!”, poderia ser a base para uma revisão que permitisse ao partido ter um programa para o futuro. O ideal seria que tivéssemos um candidato a presidente, o que propus com a tranquilidade de quem há seis meses disse que não aceitaria ser este candidato. Mas, se não escolhesse um candidato próprio, que ao menos cumpríssemos nossa obrigação com o País e o nosso povo entregando aos candidatos as nossas propostas alternativas transformadoras. A análise destes tempos vai nos acusar de termos perdido o vigor transformador que caracterizou nossa fundação e nossa política até recentemente.
Ouvi a algumas semanas do presidente Lupi que é muito difícil sair de um governo depois que entramos nele e nos acostumamos com cargos. Ele falava mais em relação aos nossos problemas locais, onde os companheiros não aceitam sair dos governos estaduais. Mas, se é difícil sair do governos, muitas vezes é irresponsabilidade continuar neles, escolhendo o silêncio e o apoio cego, humilhado, subordinado e alienado.
O povo está nas ruas, não é hora de silenciar para manter um quartinho no palácio.
Perder a sintonia com o descontentamento das ruas, deixar de apresentar, defender e lutar pelas reformas que o Brasil necessita, fiscal, educacional, industrial, agrícola, política é ignorar os sonhos de Brizola; manter-se na subserviência é não lembrar mais de Brizola; ser apenas um puxadinho de partidos no poder em troca um ministério é romper com Brizola. Como seus herdeiros, não temos este direito.

Sem a liderança do Lupi nos anos seguintes à morte do Brizola, dificilmente o PDT teria sobrevivido, mas se continuar nosso rumo conforme os últimos anos, o PDT não sobreviverá como uma entidade política para fazer as reformas que o País precisa. Além de conservador, será um partido apêndice. Não temos o direito de deixar que isso aconteça.

Mas, as decisões já estão tomadas para 2014, não adianta propor qualquer rumo no lugar do atrelamento. Resta recuperar depois os erros do presente. Olhar para 2018 e os quatro anos que temos até lá. Nos preparando para enfrentar o esgotamento e propor um novo rumo para o País graças a um novo rumo para nosso PDT.

Nunca foi tão importante quanto agora gritar bem alto “Viva Brizola” e fazermos com que este grito seja coerente com nossas posições e lutas, não apenas um grito vazio, sem sintonia com a realidade.


Viva Brizola, viva o PDT.
Cristovam Buarque

Discurso de Cristovam Buarque dia 10 de Junho de 2014

Discurso de Cristovam Buarque dia 10 de junho de 2014.

COMPANHEIRAS E COMPANHEIROS BRIZOLISTAS
Hoje, é um dia em que já não cabem propostas.
Estamos aqui para ratificar uma decisão já tomada pelo Partido desde o final de 2006, quando aceitamos trocar nossas propostas e nosso ideário por um ministério no governo recém-eleito e contra o qual vínhamos fazendo oposição desde o tempo de Brizola. Nestes quase dez anos, a decisão de continuar no governo foi mantida todos os dias. Atravessamos os escândalos no governo, inclusive no nosso ministério, sem uma crítica, uma autocrítica, nem ao menos uma análise sobre o que acontecia no País, no governo e em nosso partido. Assistimos a timidez das políticas sem oferecer propostas mais ousadas.

Ninguém pode negar avanços sociais e econômicos ao longo deste período. Mas não deveríamos deixar passar os equívocos, por omissão e por ação. Apesar de avanços no número de alunos no ensino superior fechamos os olhos à falta de prioridade à educação de base; não podemos deixar de elogiar programa como “mais médicos”, mas criticando o caos na saúde pública; tínhamos obrigação de denunciar a corrupção; não podíamos nos calar diante do desastre criado pelo aparelhamento de nossas estatais, especialmente da Petrobrás, símbolo do progresso, do potencial e do engenho brasileiro, criada por nosso maior líder que foi Getúlio Vargas; calamos diante da violência nas ruas; assistimos passivamente, arrogantemente, as manifestações do povo nas ruas.

Chegamos a 2014 com o partido entregue ao governo. O povo está nas ruas e nós lutando por um quartinho no fundo do palácio.
Nem ao menos dedicamos um minuto para pensar por que o povo está nas ruas, por que seu descontentamento e o que fazer para o Partido reencontrar sua aliança com o povo e com a história.

Para ficar no governo de hoje, abandonamos a história.
Sobretudo, não estamos levando em conta o esgotamento do atual modelo.
As bases do rumo que o Brasil segue desde 1994 estão esgotadas, enferrujadas.
Por vinte anos baseamos nosso destino na busca do:
- crescimento econômico tradicional,
- do controle da inflação,
- da transferência assistencial de rendas para os mais pobres,
- da democracia parlamentar.
O crescimento tradicional se esgotou.
É irresponsabilidade histórica continuar insistindo no rumo de uma economia baseada na exportação de bens primários e na produção de bens industriais dos anos 50 e 70. Ainda mais, para manter o governo nem tomando decisões muito arriscadas:
- gasta R$ 170 bilhões por ano de incentivos fiscais;
- aceita elevados déficits sistemáticos em conta corrente, além de déficit na balança comercial, o que não acontecia desde 2000;
- comemora o perfil de nosso produto que nada tem da economia do conhecimento que caracteriza o mundo de hoje;
- vê a economia se desindustrializando sem fortalecer um setor de criação de economia do conhecimento;
- incentiva e induz uma economia baseada no aumento do consumo à custa da necessária poupança para a construção do futuro;
- temos uma taxa de poupança interfira 13%, a menor taxa entre os países representativos da economia mundial, provocando o pequeno crescimento do nosso PIB e sacrificando o futuro;
- não consegue domar os juros, nem a inflação;
- temos uma das piores posições do mundo na classificação de competitividade;
- comemora-se sermos o sétimo PIB, já fomos o 5º, sem perceber que per capita estamos em 54ª posição e no Índice de Desenvolvimento Humano em 85º lugar, nosso PIB pode ser grande, mas é velho e mal destribuído.
- nossos preços sobem em taxas que assustam a população, com medo da carestia.
- o mercado de trabalho (bandeira historicamente ligada ao PDT): está aquecido (com taxa de desocupação em 7,1%), mas a qualidade do emprego está muito aquém do que o Brasil precisa.

Os postos de ocupação criados têm baixo salários, implicam em altíssima rotatividade e estão em geral ligados a atividades no setor de serviços (em geral com baixa produtividade). Além disso, há um número muito elevado de pessoas que não procuram emprego: Estima-se que 62,6 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho. São pessoas na idade de trabalhar, mas que não estão ocupadas nem procurando emprego.

A base para a manutenção da estabilidade monetária se esgotou.
Nos últimos anos houve um relaxamento nas âncoras que mantém a estabilidade de preços. Os gastos públicos têm previsões muito preocupantes para o futuro próximo. A âncora cambial se esgota, devido ao seu impacto negativo sobre nossa competitividade internacional. Somos obrigados a elevar taxas de juros. A lei de responsabilidade fiscal vem sendo desrespeitada.
A base das transferências assistenciais está se esgotando.
O programa de bolsas tem um papel fundamental na necessária generosidade para enfrentar a pobreza extrema de milhões de nossos compatriotas excluídos do essencial para a sobrevivência. Mas sem a garantia de escola de qualidade ele virá um programa assistencial, não um programa transformador social. O programa de transferência de renda completa vinte anos desde seu início, com características educacionais, em um governo do PT com a participação do PDT em Brasília; 15 anos desde sua expansão para todo o Brasil. Graças ao governo Lula e Dilma a ampliação permitiu atender praticamente todos que dela precisam. Sem esta ampliação o quadro da pobreza teria continuado da forma assustadora e vergonha-se do passado. Mas esta base social das últimas décadas demonstra esgotamento estrutural pela incapacidade de oferecer uma porta de saída clara e eficiente que faça com que nenhum brasileiro precise mais dela;

O governo não tem sido capaz, nem demonstra compromisso em transformar os “beneficiários de bolsas” em “geradores de renda”.

Vale lembrar, que apesar de seu pequeno custo como proporção do PIB, apenas 0,5%, hoje 76% da receita federal vão para gastos de transferências de renda, no lugar de investimentos para gerar renda. E esta proporção cresce de maneira que nos próximos dez anos o governo estará completamente esgotado em suas finanças, se esta população não migrar da necessidade de bolsa para a geração de renda.
Nossa democracia se mostra não apenas esgotada, mas viciada.
Esgotada pelos vícios da corrupção generalizada em todos os setores da sociedade, muito especialmente no comportamento político:
- com regras eleitorais atreladas ao poder econômico e que dificultam renovação;
- sem estratégia para o longo prazo e viciado no imediatismo;
- sem uma vida partidária, sem identidades ideológica e moral;
- totalmente pragmática e desprogramática;
- com tolerância à corrupção;
- sem uma convivência estável entre os três poderes.
Em consequência, uma democracia desacreditada e desmoralizada como o povo demonstra nas ruas. Vivemos uma guerrilha organizada pelas redes sociais, sem lideranças, sem programas, sem partidos; com manifestações, que unem desiludidos e desesperados, capazes de inviabilizar o bom funcionamento da sociedade e criando um caldeirão propício para tentativas autoritárias, vindas de quem está no poder ou de quem faz oposição; e sem prioridades comprometidas com a transformação social, que deve ser a obrigação de todo partido progressista como o nosso, criado sob a liderança de Brizola. 

Companheiros e companheiras, nos últimos meses discute-se qual será o legado a ser deixado pela Copa do Mundo. É cedo para saber se qualquer dos legados prometidos serão cumpridos:
- se os estádios serão pagos pelo setor privado;
- se haverá melhoria substancial na mobilidade social e por que esta melhoria precisava de uma Copa, uma vez que todos os recursos e decisões de investimento são nacionais;
- se haverá uma elevação da renda que compõe os gastos.
Mas, desde já pode-se dizer que um legado da Copa foi a descoberta pelo povo de que além da corrupção no comportamento dos políticos, há também uma corrupção na definição das prioridades, optando-se por investimentos para o presente dos ricos, sem compromissos com as transformações estruturais, sociais, econômicas, culturais que o País precisa para seu futuro e nossa população pobre precisa para ser incluída definitivamente, estruturalmente, sem necessidade de transferência de renda.
O povo descobriu que nós, os políticos e nossos partidos não estamos sintonizados com o espírito das ruas. Apesar disso, ruas não entraram em nossas análises para a decisão que tomaremos nem na definição das prioridades que deveríamos levar ao governo que nos propomos continuar apoiando.
Repito, o poder está nas ruas e nós estamos buscando um quartinho no palácio.
Esgotamento das bases do modelo de desenvolvimento e funcionamento da sociedade e da economia está provocando uma implosão.
O futuro está implodindo no vergonho estado de nossas escolas, mesmo depois de 12 anos de governo do PT e 8 de nossa participação nele. As tentativas de erradicação do analfabetismo e as mudanças na educação de base iniciadas em 2003, inclusive com o programa Escola Ideal para implantação de horário integral pela federalização da educação de base, nos moldes defendidos por Brizola e Darcy, foram interrompidas a partir de 2004. A ideia de um programa de federalização entregue ao governo em Setembro de 2011 nunca foi nem ao menos considerada. O resultado é o aumento no número de analfabetos em 2013 em relação a 2012.
Tudo isso por fazer a opção e definir prioridade pela ampliação do Ensino Superior. O governo Lula e Dilma com programas de cotas e o PROUNI foram capazes de ampliar substancialmente o número de alunos no ensino superior, e mudar o perfil social e racial destes alunos, mas este sucesso se esgota ao esbarrar na fragilidade dos alunos que nele entram depois de um ensino médio insuficiente.
O futuro do País está implodindo nos limites de nossa economia sem poupança, sem capital conhecimento, com excesso de gastos públicos, com dependência de incentivos fiscais, sem possibilidade de reduzir os juros.
O futuro do País está implodindo na necessidade de transferência de renda sem as quais em vez de gerar renda nossa população se mantém na assistência e cai de volta na fome e na miséria, cada vez que a inflação corrói o valor da bolsa.
O futuro de nosso País está implodindo em uma democracia corrupta, corruptora, viciada no imediatismo, sem partidos programáticos, sem políticos atentos e comprometidos com o povo, uma democracia sob suspeição pelo povo.
Está na hora do PDT recuperar os sonhos de sua Fundação, reler o que dizia Brizola e os demais líderes históricos e apresentar um programa para o futuro do Brasil. A proposta apresentada pelo PDT na campanha presidencial de 2006, sob o titulo de “A Revolução pela Educação – Como Fazer!”, poderia ser a base para uma revisão que permitisse ao partido ter um programa para o futuro. O ideal seria que tivéssemos um candidato a presidente, o que propus com a tranquilidade de quem há seis meses disse que não aceitaria ser este candidato. Mas, se não escolhesse um candidato próprio, que ao menos cumpríssemos nossa obrigação com o País e o nosso povo entregando aos candidatos as nossas propostas alternativas transformadoras. A análise destes tempos vai nos acusar de termos perdido o vigor transformador que caracterizou nossa fundação e nossa política até recentemente.
Ouvi a algumas semanas do presidente Lupi que é muito difícil sair de um governo depois que entramos nele e nos acostumamos com cargos. Ele falava mais em relação aos nossos problemas locais, onde os companheiros não aceitam sair dos governos estaduais. Mas, se é difícil sair do governos, muitas vezes é irresponsabilidade continuar neles, escolhendo o silêncio e o apoio cego, humilhado, subordinado e alienado.
O povo está nas ruas, não é hora de silenciar para manter um quartinho no palácio.
Perder a sintonia com o descontentamento das ruas, deixar de apresentar, defender e lutar pelas reformas que o Brasil necessita, fiscal, educacional, industrial, agrícola, política é ignorar os sonhos de Brizola; manter-se na subserviência é não lembrar mais de Brizola; ser apenas um puxadinho de partidos no poder em troca um ministério é romper com Brizola. Como seus herdeiros, não temos este direito.

Sem a liderança do Lupi nos anos seguintes à morte do Brizola, dificilmente o PDT teria sobrevivido, mas se continuar nosso rumo conforme os últimos anos, o PDT não sobreviverá como uma entidade política para fazer as reformas que o País precisa. Além de conservador, será um partido apêndice. Não temos o direito de deixar que isso aconteça.

Mas, as decisões já estão tomadas para 2014, não adianta propor qualquer rumo no lugar do atrelamento. Resta recuperar depois os erros do presente. Olhar para 2018 e os quatro anos que temos até lá. Nos preparando para enfrentar o esgotamento e propor um novo rumo para o País graças a um novo rumo para nosso PDT.

Nunca foi tão importante quanto agora gritar bem alto “Viva Brizola” e fazermos com que este grito seja coerente com nossas posições e lutas, não apenas um grito vazio, sem sintonia com a realidade.


Viva Brizola, viva o PDT.
Cristovam Buarque

quinta-feira, 3 de julho de 2014

PAREPAR - CARATINGA

E agora mesmo estou dizendo que o PAREPAR nasce com estes dois líderes, Adamir Gerson e Joel Moreira. Qual é, pois, a função de um e de outro? A de Adamir Gerson é a de Ideólogo do PAREPAR, ao passo que as responsabilidades de Joel Moreira, a de ser o Presidente Nacional do PAREPAR.
 
Carlos Batista e Cristovam Buarque – PAREPAR
 
Ao Amado Joel Moreira
 
No último dia 10, na reunião do PDT em que foi decidido que o Partido iria apoiar a reeleição da Presidente Dilma Cristovam Buarque fez um discurso até mesmo longo lamentando a decisão do PDT que ele, a partir de uma análise minuciosa da realidade política, econômica e social do país, entendeu como equivocada. Na visão de Cristovam Buarque o PDT tinha de manter-se fiel a luta de Brizola e de Darci Ribeiro, criadores do partido, que exigia uma candidatura própria a levar ao país uma alternativa de governo, ou então que o partido movesse seu apoio para a chapa Eduardo-Marina que poderia até mesmo ser um canal por onde o plano do PDT pudesse fluir e, assim, ajudar o Brasil e o povo brasileiro. De modo que o PDT, dado a grandeza de Leonel Brizola e de Darci Ribeiro, e mesmo seu passado histórico centrado em Alberto Pasqualini, Getúlio Vargas e João Goulart, ao se contentar com um “quartinho no fundo do Palácio”, como ironizou o próprio Cristovam, estava negando a si mesmo.
 
Mas, o importante no discurso de Cristovam Buarque é que ele acendeu uma luz para si mesmo que, do referencial metafísico, pode perfeitamente ser entendido como o Deus que não abandona os seus tendo acendido a sua luz de esperança no espírito de Cristovam Buarque de que era para se preparar que ia necessitar dele em sua obra libertadora. De fato, na visão de Cristovam Buarque tudo foi transferido para 2018. O atual modelo vai continuar se esgotando, com Dilma, com Aécio ou mesmo com Campos – porque ruminam e regurgitam o mesmo sistema – e a insatisfação popular se ampliando, e então em 2018 tudo estará preparado para que o Brasil se abra a um novo modelo.
 
E é aqui que entra a certeza de Cristovam Buarque em todo o projeto do Governo de Cristo, pois então vemos claro que aquele mesmo espírito que esteve no Lênin está também em Cristovam. Agora em Cristovam. Passou-se para este.
 
E essa passagem de um ao outro, da Rússia ao Brasil é arquétipo da passagem que o Espírito realizou de Moisés para Jesus, da Lei para a Graça. De fato, assim como o espírito que esteve em Moisés foi o mesmo espírito que veio estar em Jesus, dizemos que o mesmo espírito que esteve no Lênin é o espírito que agora está no Cristovam.
 
Mas, a analogia tem de ser levada às últimas conseqüências porque embora o espírito tenha sido o mesmo, contudo em Jesus ele se manifestou radicalmente diferente. Em Moisés logrou uma libertação particular, corruptível, libertando um povo do domínio de outro povo, mas em Jesus o mesmo Espírito logrou uma libertação universal, que tomou não o lado deste contra aquele, mas o lado de todos contra o pecado. Jesus transcendeu o conjunto dos particulares e ofereceu a eles uma nova oportunidade de vida, nova maneira de se relacionar.
 
Isto significa dizer que embora o espírito que esteve em Lênin é o mesmo que está agora em Cristovam, contudo em Cristovam ele será radicalmente diferente, como radicalmente diferente foi em Jesus. O espírito em Cristovam não irá repetir os passos que deu em Lênin, mas construirá novos passos. Não tomará o rumo da Estação Finlândia para, a partir deste início, seguindo os lugares por onde Lênin passou corrigir os “erros” que possivelmente cometeu como foi afirmação explícita do PT ao seu nascimento, naquele início da década de 80, mas começará a sua caminhada a partir do lugar em que Lênin parou se esgotou, e que pode perfeitamente ser a partir da NEP. Ora, se começará a sua caminhada a partir de onde Lênin parou se esgotou, isto significa o reconhecimento de que Lênin não cometeu erro nenhum senão que preparou as condições para um salto e um vôo ainda maior da revolução, da libertação particular para a libertação universal.
 
E agora a certeza de que não há nenhum Stálin no caminho esperando a passagem da caminhada para dar encaminhamento a ela, por outras estradas, que entendeu segura, mas a certeza de que a caminhada estará em novas mãos que, diferente das mãos de Stálin, diferente das mãos de Josué, no lugar da destruição de corpos eis a restauração de corpos! No lugar de desalojar povos eis o desalojar do egoísmo presente nos corpos, em todos os corpos, e o lugar ocupado pelo amor e pelo respeito ao próximo. Um novo Josué, pois.
 
Pois que a Revolução deixou de estar no corruptível corpo da Ditadura do Proletariado para estar agora no incorruptível corpo da Democracia de Jesus. A Ditadura do Proletariado cumpriu a sua missão, esgotou-se, tornou-se velho, O Velho. E agora a Revolução seguirá por caminhos novos, não ditados por esta ou aquela Internacional, mas ditado por Aquele que segundo o apóstolo de Jesus, Tiago, quando os trabalhadores clamassem por causa dos opressores, que reteriam seus salários, então iria lhes responder com uma grande libertação. Destarte, novos caminhos que serão trazidos por Aquele que afundou nas águas do Mar Vermelho espiritual aquelas vinte e uma nações que invadiu o país revolucionário para esmagar a revolução e trazer os trabalhadores libertos de volta à casa dos escravos, Javé dos exércitos.
 
Novo socialismo, novos tempos, de modo que agora o reconhecimento de que necessário se fez que aquele se fosse para que este pudesse se manifestar, como necessário se fez que Jesus passasse pelo calvário da morte para que pudesse se levantar na existência nova do Ressuscitado então agora atraindo a si todos os homens. É no corpo da Democracia de Jesus que o socialismo há de atrair a si todos os homens, pois todos os homens, por causa do Paraíso Primitivo, carregam em si, impressos em suas almas, o desejo ardente de se viver para si por se viver para o outro. O desejo ardente da paz e da justiça. É verdade, o pecado original, introduzindo elementos outros, ingredientes outros, inverteu esta lógica criacionista, não, porém, de uma vez para sempre, mas em um tempo transitório, que cessou ali, na Cruz, quando Jesus cedeu ao Sacrifício na certeza de que a morte não iria retê-lo; e, então, em corpo novo, Ressuscitado, de maneira soberana iria então conduzir os acontecimentos da História até que, ao seu final, então tudo estaria preparado para que o Paraíso de Deus ocupasse novamente o coração dos homens, neste preciso instante o cumprimento de grandes vaticínios proféticos: E na parte final dos dias terá de acontecer que o monte da casa de Javé ficará firmemente estabelecido acima do cume dos montes e certamente se elevará acima dos morros; e a ele terão de afluir todas as nações... E realmente sentar-se-ão, cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os faça tremer... Com isso ouvi uma voz alta do trono dizer: Eis que a tenda de Deus está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão os seus povos. E o próprio Deus estará com eles. E enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram...
 
E antes de prosseguir é preciso esclarecer porque foi dito que a revolução agora estará dando um segundo passo, um segundo vôo, a partir da libertação particular de Lênin a revolução irá agora se alçar à libertação universal. E aqui está o duplo cumprimento de Hegel e de Marx. Como sabemos, Hegel afirmou que o Absoluto (Deus), no seu longo calvário de retornar a si mesmo, a Idéia se transformando em Espírito, carregava em si a missão da redenção universal. Mas, primeiro teria de se redimir a si próprio para depois redimir o mundo. De fato, e Deus redimiu a si próprio em Abraão, se apresentou em luta contra os deuses, venceu a sua reação, ganhando um lugar ao sol através do povo de Israel. Consumado a primeira libertação, particular, então Deus se alçou a uma segunda libertação, universal, a que se deu com Jesus Cristo. Pois é, Marx sendo o momento em que o Absoluto engendrou de si a sua própria negação fez afirmação contrária a Hegel, então disse que quem carregava a missão da redenção universal era a Classe Trabalhadora, o Proletariado. Mas, primeiro teria que redimir a si mesmo, pelas suas próprias forças, sem contar com a ajuda de ninguém em cima da terra senão que pelas suas próprias forças. E depois, então a Classe Trabalhadora iria se lançar à redenção universal. De fato, a Classe Trabalhadora, o Proletariado, redimiu a si mesmo através de Marx. Em luta com as demais classes sociais  o Proletariado se firmou com identidade própria, uma classe social em luta com as demais classes e em condições de vencê-las, superá-las, conduzindo seu próprio destino e o destino da nação. E agora tem chegado o tempo em que a Classe Trabalhadora se alçará a uma nova libertação, a universal. Agora será os Mansos, que Jesus disse herdariam a terra. De modo que o Absoluto, da tese tendo ido para a antítese, ascenderá ao patamar da síntese, a união em um só corpo do Absoluto de Hegel e do Absoluto de Marx. Deus vai se tornar condutor de tudo e de todos, e uma condução que fará através dos trabalhadores, daqueles que Jesus chamou de “mansos”.
 
Prosseguindo. Pois é meu amado Joel Moreira és testemunha de quanto nos esforçamos para que Cristovam Buarque fosse candidato a Presidente neste ano de 2014. Como estavam no mesmo campo político, e a maturidade política de Cristovam Buarque frente a Eduardo Campos, é avassaladora, entendemos que a lógica exigia que Eduardo Campos fosse levado a um gesto maior e retirasse sua candidatura e passasse a apoiar Cristovam Buarque liberando Marina Silva para ser Vice da chapa. Tudo isto pensando em um bem maior que isto poderia trazer ao povo brasileiro. E as propostas que fizemos chegar a ele e aos seus responsáveis apagavam qualquer tentativa de golpe, pois fizemos analogias suas com o Josué da Bíblia. Essa relação de Eduardo Campos com Cristovam Buarque era a mesma que houve entre Moisés e Josué. Mas Eduardo Campos não era aquele Josué que a experiência o levou a assumir o comando dos filhos de Israel, nas proximidades do rio Jordão, mas era aquele Josué jovem que no Egito, observando as entradas e saídas de Moisés de diante de Faraó, já estava sendo preparado para uma missão futura. De modo que éramos claros de que assim como Josué sucedeu a Moisés Eduardo Campo iria ser preparado nas boas novas para a sucessão de Cristovam Buarque.
 
E é testemunha de que quando não obtínhamos nenhum retorno nem de Eduardo Campos e nem de Marina Silva, sentindo o seu desinteresse pelas propostas senão que o apego às suas próprias propostas, se é que elas existem então num desespero nos voltemos para o PSC e o Pastor Everaldo para que retirasse sua candidatura a Presidente e passasse a apoiar o Cristovam. Mas nada vingou.
 
Bem, vamos deixar de lado Eduardo Campos, Marina Silva e o Pastor Everaldo e nos fixar no discurso que Cristovam Buarque fez naquele dia 10 de junho e meditarmos profundamente porque Cristovam Buarque se apegou com esperança ao ano de 2018 como sendo “o ano”. O fato do PDT não ter se interessado em lançar a candidatura de Cristovam Buarque em 2014, e termos falhados em levar Eduardo Campos a retirar sua candidatura e Marina passando a ser Vice de Cristovam, e em falhado em não conseguir unir Cristovam com Pastor Everaldo, ora, uma vez que estamos dizendo que tudo é o cumprimento da Palavra de Deus e tudo está sob controle de Deus, não pode ser que na presciência de Deus tudo estava reservado para acontecer em 2018 e não em 2014?
 
Pois veja o seguinte, e agora vamos entrar na questão do Carlos Batista que é parte do título ao lado de Cristovam Buarque. Há cerca de dois anos eu estava na casa do Carlos Batista, no outro extremo da cidade, e fazendo para ele propostas para fazermos algum evento de vulto então Carlos Batista, inesperadamente abriu a boca e disse: Este movimento vai nascer somente no ano de 2018.
 
Não prestei atenção ao que disse e até achei que fosse um álibi para não se envolver nas propostas que então lhe fazia. Passou cerca de dez meses e eu estava novamente na casa do Carlos Batista e no meio de uma nova conversa ele tornou a dizer que o movimento só ia nascer em 2018. Ao contrário da vez anterior em que não dei nem um crédito à sua palavra, agora, porém, o fato dele repetir o mesmo ano, me deixou reflexivo com as suas palavras. De modo que comecei a achar mesmo se era alguma coisa saída dele porque quase um ano depois repetiu o mesmo ano? Fiquei mais de vinte dias sem poder trabalhar e agora tenho de fazê-lo, mas quando voltar, dentro de quinze dias, então irei à casa do Carlos Batista e indagar melhor porque se referiu ao ano de 2018 como do nascimento do movimento, se isto veio a ele por revelação, se em sonho, como.
 
Portanto, meu irmão Joel Moreira: não vamos preocupar se Eduardo Campos, se Marina Silva, se o PDT, ou quem quer que seja não demonstrou interesse pelo nosso trabalho e as propostas para o nascimento de um novo Brasil, mas vamos estar focados em Deus. Naquilo que Deus quer fazer na terra por nosso intermédio.
 
E já temos antecedentes que mostram que todo esse nosso esforço neste ano de 2014 já foi Deus começando o seu trabalho para 2018. Estamos falando que aquele ano de 1917 e aquele ano de 1918 quando as nações da terra intervieram na Rússia para destruir a nascente revolução, e todas elas foram derrotadas, o acontecimento da revolução russa tanto foi travessia do Mar Vermelho espiritual como foi o estabelecimento do Governo de Cristo Segundo a Lei. E cem anos depois, no exato cumprimento da geração de Jesus que não passaria sem que todas estas coisas acontecessem, então iria acontecer a travessia do Jordão espiritual e o estabelecimento do Governo de Cristo Segundo a Graça.
 
Acontece que a revolução ocorrida na Rússia naquele final do ano de 1917 a sua preparação começou antes, em 1914. Ao eclodir a Primeira Guerra Mundial. A Primeira Guerra Mundial veio preparar as condições para a revolução. E os historiadores são unânimes que se não tivesse havido a Primeira Guerra Mundial não teria havido a ocorrência da revolução na Rússia.
 
Se o primeiro acontecimento começou a ter a sua preparação três anos antes, em 1914, o nosso trabalho extenuante neste, 2014, já não foi o próprio Deus começando a preparação para a sua grande obra que está prestes a realizar na terra, a travessia espiritual do Jordão, nos próximos meses, anos?
 
Porque não obstante Eduardo Campos, Marina Silva, PDT, não vamos parar. Nosso trabalho apenas começou neste ano de 2014 e há de prosseguir ainda por todo o ano de 2014 cada vez mais se aproximando do seu alvo, o arrebatamento da terra das mãos do Anticristo e o estabelecer no seu lugar do Governo de Cristo.
 
Pois é, Joel Moreira: devo dizer ao irmão que a nossa luta apenas está começando. O que fizemos até aqui, e com a ajuda da Anna Gabrielle, foi uma página que se virou da nossa longa luta e agora vamos ter que abrir outra página nos aproximando do alvo fixado em 2018 ou se vier ainda antes estarmos preparado para ele. E a nova página agora é que temos de criar um partido político próprio, e digo desde já, um partido que ao estar nascendo terá de ser dez vezes maior do que o PT quando nasceu naquele ano de 80. Quando o PT nasceu em 1980 não faltou teólogo que viu no PT a encarnação política de Jesus Cristo para fazer nascer um novo Brasil, livre, de gente de rosto feliz, uma encarnação que começava no Brasil, mas iria se espalhar para toda a terra porque estes teólogos entendiam que o reinado de Jesus Cristo é para toda a terra. É aquela pedra de Daniel que esmiuçou a estátua, e a partir do lugar onde caiu, os pés da estátua, então se espalhou para toda a terra a enchendo como um só monte. É verdade, enquanto os intelectuais de esquerda viam no nascente PT a encarnação do gramscismo, a sua repulsa pelo comunismo soviético, a quem entendiam como tendo deturpado o pensamento de Marx, as Cebs católicas viam neste mesmo PT algo mais que Antônio Gramsci, a encarnação do próprio Jesus.
 
E a verdade é que, trinta e quatro anos depois – estamos aqui para dizer que a encarnação que se deu no PT naquele ano de 80 foi de outro judeu, e já começando a ser moribundo, Karl Marx. O PT nasceu debaixo da bandeira de Marx, e se hoje não tem mais nada de Marx, é porque Marx deixou de ser. E deixou de ser para que Deus colocasse no lugar outro judeu, Jesus Cristo. De modo que Deus iria dizer-lhe: Senta-te à direita de meu filho Jesus até que ele ponha teus inimigos por escabelo dos teus pés. E Jesus não iria renegar nem Marx e nem o comunismo soviético, mas reconhecer neles apenas figuras propedêuticas que vieram preparar o caminho para um novo socialismo, que embasado nos valores do coração, desentranhando a riqueza do espírito que há nos corações, em todos os corações, então iria construir realmente o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades. Como as conquistas de Moisés foram antes de Canaã, Gileade, conquistas do deserto, feitas à Síon e à Ogue, e Moisés viu do outro lado do Jordão, Canaã, mas não entrou nela, de igual modo as conquistas de Marx e do comunismo soviético foram conquistas antes do Jordão espiritual. Conquistas do deserto, o socialismo real, que é a Gileade herança das tribos de Rubem, e de Gade e da meia tribo de Manassés que é o marxismo-leninismo-stalinismo. E lembrando que o socialismo real foi conquistas feitas aos fascistas da Primeira Guerra e aos nazistas da Segunda Guerra Mundial. Assim, pois, o socialismo real não limitou ou deturpou o pensamento de Marx, comum nos círculos acadêmicos e intelectuais, mas a verdade é que o pensamento de Marx o seu alcance é para antes do Jordão espiritual. Marx foi aquele Moisés que foi levado para o alto do monte Nebo e viu do outro lado a terra de Canaã que ele mesmo não entraria, mas outro entraria em seu lugar. Marx viu do outro lado do Jordão espiritual o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, chamado Comunismo, mas não entrou nele, outro judeu entraria no seu lugar, Jesus Cristo.
 
O PT, por conta das Cebs, tinha apenas a sombra de Jesus. O fato do PT no seu nascimento ter desprezado e deixado de fora o movimento pentecostal, a quem na época chamavam de “profetas de Baal ao serviço do imperialismo” já mostra que nasceu com Marx e não com Jesus. A encarnação política de Jesus vai dar-se trinta e quatro anos depois ou ela se deu no final do ano de 2012 e agora, em 2014, é o momento em que ela estará se colocando sobre suas próprias pernas.
 
Meu amado Joel Moreira, este partido que agora iremos criar, o PAREPAR, PArtido da REconstrução do PARaíso, pela sua essência, o mesmo há de chocar-se com um pensamento filosófico que hoje domina o ambiente e as mentes acadêmicas e intelectuais. Estou falando do Materialismo Filosófico. Quando o socialismo hodierno nasceu o ambiente e as mentes acadêmicas e intelectuais eram dominadas pelo hegelianismo, mas aos poucos o materialismo foi empurrando para fora o idealismo de Hegel ocupando por completo o seu lugar. E a nova luta é que iremos empurrar para fora das mentes acadêmicas e intelectuais o avassalador domínio do materialismo, e colocar no lugar, não de volta o Idealismo, mas algo que é uma reconciliação entre as duas concepções de vida. Não aquele Idealismo desligado da terra – a chamada Metafísica da Torre de Marfim – e nem o materialismo desligado do céu, mas uma concepção de vida que liga o céu a terra, a transcendência à imanência. Podemos dizer mesmo que neste início do Milênio iremos estabelecer entre os humanos aquela escada do sonho de Jacó que ligava a terra ao céu e por ela subiam e desciam anjos.
 
Essa necessidade de expulsar o materialismo das mentes acadêmicas e intelectuais é porque a práxis do PAREPAR, no aqui e no agora, vai trabalhar com a perspectiva bem clara de unir a Religião com a Política, a Teologia com a Antropologia, a Educação com o Evangelho, a Igreja com a Universidade, o Professor com o Sacerdote, e o materialismo presente nas mentes acadêmicas e intelectuais tem visão diferente. Para o materialismo Política, Antropologia, Educação, Universidade e o Professor transmitem conhecimento, ao passo que Religião, Teologia, Evangelho, Igreja e Sacerdote transmitem alienação. Mas é apenas uma visão que enxerga um lado e desconhece o outro, logicamente que o outro lado necessitando da mesma correção, pois desconhece a importância e a necessidade da Política, da Educação, da Universidade e do Professor na construção do Reino de Deus acreditando que o mesmo só sairá das entranhas religiosas.
 
E agora mesmo estou dizendo que o PAREPAR nasce com estes dois líderes, Adamir Gerson e Joel Moreira. Qual é, pois, a função de um e de outro? A de Adamir Gerson é a de Ideólogo do PAREPAR, ao passo que as responsabilidades de Joel Moreira, a de ser o Presidente Nacional do PAREPAR.
 
E no trabalho de 2014 – Joel Moreira se capacitou para tal. Porque foi um intelectual que tratou com isonomia absoluta, católicos e evangélicos. Ao estar enviando as propostas para formular a chapa Cristovam e Eduardo, que não vingou, tanto fez apelo a padres como a pastores. E o PAREPAR, politicamente, há de convergir católicos e evangélicos para uma ação comum, a construção de um novo Brasil que realmente, quando plenamente efetivado, vai refletir Jesus Cristo. E no lugar de ficar clamando para que políticos e partidos, que não tem nada que ver com Jesus construa o reino de Jesus vão se acordar que essa missão está reservada a eles e não aqueles. É pedir que um hipopótamo saia do pântano voando.
 
Num escrito que recebi do Pastor Luis Baldez ele, ao estar falando sobre este novo pensamento político, e depositando confiança nele, de que o mesmo iria vingar, então disse que agora não é mais a reconstrução dos muros, mas a reconstrução da terra. De fato, se coube aos judeus que vieram de Babilônia sob as mãos de Zorobabel e de Josué a reconstrução dos muros, a missão do PAREPAR será a da reconstrução da terra. Bem, essa analogia da missão do PAREPAR com a reconstrução dos muros sob os judeus que vieram de Babilônia deva servir de alerta para nós. Porque quando as mãos de judeus se levantaram para reconstruir os muros destruídos pelo ataque caldeu então dois personagens aparecerem para tentar impedir ou desestimular o trabalho da reconstrução, Tobias e Sambalá. Com palavras evasivas Tobias e Sambalá procuraram impedir o bom trabalho.
 
De modo que temos de estar atentos porque muitos Tobias e Sambalás irão se levantar para tentar impedir ou desacreditar o nascimento do PAREPAR. Vão lançar mão de todo argumento possível em especial estes que estão de posse de falsas escatologias porque estamos afirmando que a escatologia verdadeira é a do Governo de Cristo. O seu estabelecimento na terra. Essas escatologias infantis, no fogo da escatologia verdadeira, irão se derreter como se derrete a neve na chegada do sol, e que agora sabemos é a chegada do Sol da Justiça.
 
E para a compreensão de boa parte destes que irão se levantar para tentar impedir o nascimento do PAREPAR torna-se necessária nova abordagem de um trabalho antigo que intitulei A Dialética do Menininho e da Menininha.
 
Na infância a menininha só quer brincar com outras meninas, de casinha, de boneca. Nesta fase existencial ela não tem despertar para o outro sexo. Ela apenas vai fixar a sua identidade de mulher. E o menininho, nesta faixa de idade, só quer brincar com outros menininhos, de cavalinho de pau, de carrinho. Esta é a fase em que vai fixar a sua identidade de homem. Mas, na medida em que vão crescendo então chega um tempo em que um se desperta para o outro. De repente se manifesta em um dos corações o sentimento da paixão, do amor pelo outro sexo. Vem o namoro, o noivado e finalmente o casamento.
 
Há dois tipos de Tobias e de Sambalá que irão se levantar para tentar impedir o nascimento do PAREPAR: a direita política que entenderá como “perigosa” essa convergência de religião e política que se dá no PAREPAR e aqueles que acham que religião e política não se misturam.
 
Portanto a estes que acham que religião e política não se misturam – tanto os religiosos que acham que religião não se mistura com política como os materialistas que acham que política não se mistura com religião – temos de nos dirigir a eles e dar-lhes crescimento. Essa visão é fruto porque se acham na fase da menininha e do menininho cujo relacionamento é ao mesmo sexo. Estão naquilo que Paulo chamou de “em parte” e não no que é completo. Temos de fecundar neles a seiva teilhardiana que faz com que aquele que cresce, evolui, inversamente e proporcionalmente vai se abrindo para o outro, convergindo na direção daquele que porta a sua completeza, que corrige as suas imperfeições.
 
Democracia de Jesus
 
No que diz respeito ao ter apresentado um conceito novo de democracia, Democracia de Jesus, é preciso esclarecimentos sobre este conceito porque não é algo subjetivo, mas objetivo. De fato, a Democracia de Jesus tanto é negação da Democracia Proletária (Ditadura do Proletariado) como é negação da Democracia Burguesa (Ditadura do Capitalista).
 
É negação da Democracia Proletária porque enquanto esta quis construir o reino da igualdade, o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, na destruição dos ricos e opressores, uma necessidade que ao seu tempo a História lhe impunha, e uma necessidade que veio cumprir milenares profecias que fatalmente iriam ter seus cumprimentos – Nem a sua prata e nem o seu ouro os livrará no dia da ira de Javé; Ai de vós, ricos – a Democracia de Jesus, ao contrário, vivendo outro tempo histórico trabalha em outra perspectiva construir este reino de igualdade, de liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, na transformação e conversão dos ricos e opressores. Na sua evangelização. Os braços e os cérebros dos ricos e opressores não serão mais desprezados, mas, transformados, convertidos, então colocados ao serviço da construção deste novo tempo; de modo que participarão da sua construção (Isaías 11.6), não por esta ou aquela imposição; não pelo medo ou pelo temor, mas porque foram despertados pelo Cristo da cruz que colocou neles a sua vontade e o seu querer e o seu caminho – Este é o caminho. Andai nele, caso vades para a direita ou caso vades para a esquerda (Isaías 30.21). De modo que estenderão as suas mãos para participar da construção deste novo tempo na alegria de espírito, conscientes de que as gerações futuras não terão por eles nenhum anátema, senão que gratidão, o reconhecimento de que este bem que perenemente usufruem trás também as marcas das suas mãos que foram também empenhadas na sua construção.
 
E aqui se revela a importância da religião e a importância em o povo religioso serem ganhos para a revolução. A Revolução, nesta sua nova existência, necessita da religião e do povo religioso como se necessita do ar para a sobrevivência. Se no tempo da Ditadura do Proletariado não houve a sua necessidade, mas, pelo contrário, era um tempo em que Deus iria cumprir o seu ajustes de contas com a religião e os seus sacerdotes, pelos seus muitos pecados que ascenderam aos céus, que levou o Papa João Paulo II a pedir perdão por estes pecados, e se o instrumento que Deus usou para punir no passado a infiel Judá foi a mão forte do rei Nabucodonosor e dos caldeus, a mão forte que Deus iria usar agora era a mão dos comunistas, ora, os tempos hoje são outros. Já não estamos mais no tempo de Nabucodoznor senão que agora em novo tempo, o novo tempo de Ciro! É verdade, o capitalismo ainda existe, ainda sobrevive, mas as conquistas da sociedade democrático-civil foram muitas, se exigindo uma nova práxis que aja agora a partir do elemento ético. No lugar da imposição da força eis agora a fecundação da ética, o seu choque, nos corações, em todos os corações, do burguês, mas também do trabalhador. E esta ética só pode ser a que é inerente à religião, em especial à religião cristã que a todo o momento ensina o amor e o respeito ao próximo. E mui provavelmente que seja isto a essência do “profetismo” da música do Gilberto Gil, Super-Homem.

Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria; Que o mundo masculino tudo me daria; Do que eu quisesse ter... Uma referência ao materialismo que segundo os marxistas iria criar uma nova terra, de liberdade concreta, em que cada um teria segundo as suas necessidades. Uma nova terra que se emancipou por se emancipar da ilusão humana que construiu na mente o mundo fictício da metafísica.

Que nada... O materialismo não construiu e nunca construirá esse reino de liberdade concreta. Vivia-se uma ilusão. E não iria construir porque não porta seus ingredientes mais necessários que estão neste mundo que lhes é totalmente desconhecido, a metafísica. Partido, Escola, Estado, Ideologia são ingredientes em condições de fazer sorrir, mas incapaz de fazer ser feliz. Não é tudo.

Minha porção mulher que até então se resguardara; É a porção melhor que trago em mim agora; É o que me faz viver... O que se resguardou na Revolução foi sim a Igreja. Mesmo que marxista algum viesse saber, os marxistas carregam em oculto, impresso na sua alma, a Igreja, como o menininho, que ainda não entrou nem na puberdade, carrega em oculto, impresso na sua alma, a mulher que um dia irá manifestar-lhe em profusão, em plenitude tomando conta de todo seu corpo e alma e se unindo a ela e formando com ela um novo destino. E quando tiverem esse reconhecimento, no fogo do batismo da transformação, da conversão – Isaías 66.14; Mateus 25.40 – como aqueles judeus que arriaram da mão as pedras da lei para justiçar a mulher adúltera, os marxistas começarão a dar por encerrado o tempo e o domínio da Ditadura do Proletariado e confiar à Igreja o papel da libertação, que, como aquele Sábio que ao escrever na areia desconstruía um sistema milenar, afetando todos os envolvidos na contradição e modificando a todos, com aqueles judeus olhando para dentro de si mesmos e reconhecendo serem também pecadores, e a mulher descobrindo que havia um caminho que acolhia o pecador e que o levava ao arrependimento, de igual modo a Igreja, com a mesma sabedoria, saberá conduzir as transformações que tanto a sociedade necessita, atuando no fator humano, nos vetores humanos, cada vez mais transformando os corações de pedra em corações de carne, todos os corações envolvidos na mesma contradição, na mesma alienação, até que a sociedade fraterna, sem explorados e sem exploradores, triunfou sobre tudo e sobre todos. E esse triunfo não se deu pelo poder da espada, pelo poder da violência revolucionária, mas pelo poder da Palavra de Deus que penetra e revolvem os lugares mais profundos da alma fazendo novas todas as coisas.

Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem dera; Ser o verão no apogeu da primavera... Quem dera se os marxistas compreendessem essa máxima do Gilberto Gil... Que foi a partir do apogeu da primavera, do pleno amadurecimento de uma religião, eivada de princípios éticos, morais, sim, quem dera os marxistas pudessem compreender que se é no apogeu da flor que o fruto começa a ser formado então compreender que foi no apogeu da religião, que passou a exibir formas éticas, morais, preocupada com o corpo por preocupar-se com o espírito, que então começou a se formar a idéia de socialismo como tão bem demonstrou o Procurador da República Luis Francisco de Souza nos seu livro Socialismo – Uma Utopia Cristã. Destarte, idéia de socialismo que não veio do nada e nem foi trazida alhures, mas a flor depois de saciar os corações com o seu perfume e a beleza de suas cores e de suas formas, na partida, tendo de partir, deixou no lugar o néctar precioso, o amor ao próximo, a sua completa doação ao próximo, a matéria-prima com a qual o jovem judeu Karl Marx naqueles anos de 1843 e 1844, dias de grande expectação messiânica, por causa do grande chamado do batista Guilherme Miller, de forma racional, conseqüente, sem os infantilismos utópicos, começou a dar forma e acabamento científicos à idéia de socialismo. Que hoje, precisamente agora, no advento da Igreja como também força condutora das transformações sociais e materiais da sociedade cuidará em dar à idéia de socialismo novo acabamento científico para além dos dados por Marx. Se Marx deu novo significado à idéia de socialismo presente em Proudhon, em Saint Simon, em Robert Own, a Igreja dará novíssimo significado e agora em relação ao próprio Marx e Engels. Novo significado, a nova necessidade do tempo, que clama por uma nova práxis que cure a ferida de quem foi ferido e a ferida de quem feriu. Que passe a sua régua em todo o espectro ideológico e todo o espectro ideológico seja contagiado pelo querer e a vontade Daquele que veio para que todos tivessem vida e vida em abundância.

É a porção melhor que trago em mim agora e é o que me faz viver... Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois chegou a tua luz e raiou sobre ti a própria glória de Javé. Pois, eis que a própria escuridão cobrirá a terra e densas trevas os grupos nacionais; mas sobre ti raiará Javé e sobre ti se verá a própria glória. E nações hão de ir à tua luz e reis à claridade do teu raiar... Grita de júbilo, ó mulher estéril que não deste à luz! Fica animada com clamor jubilante e grita estridentemente, tu que não tivestes dores de parto, porque os filhos da desolada são mais numerosos do que os filhos da mulher que tem um dono marital, disse Javé. Faze espaçoso o lugar da tua tenda. E estendam-se os panos de tenda do teu grandioso tabernáculo. Não te refreies. Alonga os teus cordões de tenda e faze fortes as tuas estacas de tenda. Pois irromperás pela direita e pela esquerda, e tua própria descendência tomará posse até mesmo de nações, e eles habitarão até mesmo nas cidades desoladas. Não tenhas medo, pois não serás envergonhada; e não te sintas humilhada, pois não ficarás desapontada.  Porque te esquecerás até mesmo da vergonha do teu tempo de juventude e não te lembrarás mais do vitupério da tua continua viuvez...

É verdade, a Democracia de Jesus é mesmo negação da Democracia Proletária, e esta foi toda sua demonstração, mas ela é também negação da Democracia Burguesa.

É negação da Democracia Burguesa no sentido de que a nega no conteúdo, não, porém, na forma. Na forma são idênticas, mas no conteúdo, completamente diferentes.
 
São idênticas na forma porque toda a liberdade que se observa na Democracia Burguesa é a liberdade que se observa na Democracia de Jesus. Mas, enquanto na Democracia Burguesa há cartas marcadas que irão fazer triunfar os interesses particulares sobre os coletivos, na Democracia de Jesus ao final o coletivo triunfará sobre o particular. E o coletivo se entrelaçando entre si, amadurecendo, mais e mais interesses particulares irão se tornando sem sentido, até chegar um tempo em que boca nenhuma se abrirá para pleitear privilégios que outros não gozam, mas todas as bocas se abrirão numa só direção, trazendo propostas que mais e mais edificarão o coletivo.
 
As palavras de Paulo em ITessalonicense 5.16-21 define bem, e  muito bem, o que é a Democracia de Jesus. De fato, na Democracia de Jesus a liberdade é um direito de todos. Todos têm o direito de expor e defender o que entende verdadeiro. Mas a sociedade alicerçada nos valores do Evangelho saberá escolher o que lhe convém e o que não lhe convém.
 
A idéia de democracia, que nasceu com os gregos e se espalhou mundo afora, desde o seu nascimento, na Grécia, passando pelo republicanismo romano, pelo Parlamento Inglês de Idade Média, até chegar às democracias européias, nenhuma destas formas realizou o conceito de democracia senão que todas elas violentaram-na; vestiu a sua toga para melhor exercer o seu domínio. E o maior desvirtuamento do conceito de democracia tem se dado no país que a Alienação elegeu como campeão da Democracia, os Estados Unidos. Chamado pela Alienação de “mundo livre”, mas que encaixa perfeitamente nele as palavras que Jesus pronunciou há dois mil anos: porta larga e espaçosa e que conduz à perdição...
 
Pois é, o conceito de democracia que veio ao mundo há vinte e cinco séculos, sempre desvirtuado, servindo a interesses escusos que não os seus, se encaminha para ter a sua plena realização na Democracia de Jesus. Em termos hegelianos, a idéia que no seu longo calvário, carregando a sua cruz, açoitada por uns na indiferença de outros, finalmente retorna a si mesma e se encontra em si mesma, já livre, liberta de tudo e de todos: o Espírito Absoluto, fazendo uso da liberdade, sendo a liberdade, então conduzindo os injustos à prudência dos justos.
 
Não há democracia fora da Democracia de Jesus. De forma transcendental, a Democracia de Jesus tem necessidade que tudo se revele, se manifeste, para, então, e somente assim, o mau indo sendo dês-potencializado da Criação e da História. A História é o canal por onde o Mal é dês-potencializado, até chegar um momento em que a Criação ficou totalmente livre de sua presença. E o Mal que revela na História é dês-potencializado pela presença na História deste antídoto chamado Evangelho. O poço do Mal é completamente esgotado, e a água límpida, pura, passa a fluir livremente.
 
A criação do PAREPAR

Meu amado Joel Moreira, um ancião que faz lembrar-nos do destemido Tertuliano, advogado e orador brilhante que tendo subido na muralha, ao alto da muralha, e vendo todo sofrimento a que estavam expostos os cristãos, sendo acusados injustamente e injustamente sendo arrastados para os tribunais de exceção, não raro torturados e não raro levados para as arenas para serem mortos pelas feras famintas, que ao saciar a sua fome saciava também a fome de bestas humanas, e Tertuliano, como um Moisés que abandonou as glórias do Egito para estar junto de seus irmãos escravos, virou às costas ao prestígio que gozava na sociedade e foi se juntar aos cristãos, compartilhando com eles a sua dor e as suas alegrias, pois é meu amado Joel Moreira tem chegado o tempo de um novo existir político no Brasil um novo existir político que é para além do PT. Muito se fala que o PT se esgotou e que não pode ser mais apresentado como esperança para o povo brasileiro. E estes mesmos estão se apressando em dizer que chegou o tempo de ocuparem o lugar do PT, o caso claro de Eduardo Campos. São verdadeiros quando dizem que o PT se esgotou e não pode mais ser apresentado como esperança para o povo brasileiro, mas blefam quando se apresentam como herdeiros do espólio do PT – se parecendo muito mais a corvos sobrevoando o morto morre não morre para se alimentar da carne morta.

E esse juízo duro, mas verdadeiro, é compreendido no seguinte: há cerca de vinte anos, um pouco mais, Adamir Gerson fez um trabalho em que apresentou o nascimento do PT assim: o PT fora uma nave que se levantara do solo sagrado de São Bernardo do Campo com destino a um Brasil e a uma terra de gente de rosto feliz. E a nave fora levantada por um foguete de dois estágios, o primeiro estágio contendo combustível marxista e o segundo estágio, combustível hegeliano. E era dito que a nave só iria até certo patamar a partir do qual não mais avançaria. E quando o combustível do primeiro estágio estivesse acabando com a nave principiando a entrar em parafuso e cair, matando os seus ocupantes, no ínterim o segundo estágio do foguete iria ser acionado; e a nave, com gás novo e livre do peso morto do primeiro estágio, iria novamente se reequilibrar e seguir novamente rumo ao seu destino de início, um Brasil e uma terra cheia de gente de rosto feliz.

Pois é, quem vai ocupar o lugar do PT, como os bolcheviques ocuparam o lugar dos mencheviques, não é Eduardo Campos, não é Marina Silva, não é Aécio Neves, não é o PSOL, não é o Solidariedade, não é o PROS, não é a REDE SUSTENTABILIDADE, mas é unicamente este trabalho que Deus tem colocado em nossas mãos. Quem carrega a missão de ocupar o lugar do PT é o PAREPAR. O PAREPAR, com combustível hegeliano, que possibilita a compreensão dos dois lados da vida, a formação dos pares – E havia dois raios saindo da sua mão; e ali se escondia a sua força, Habacuque 3.4 – sim, o PAREPAR, que trás uma compreensão da História na sua totalidade, é quem vai ocupar o lugar do PT.

Pois veja bem que tudo já foi previamente estabelecido naquele ano de 1978. Não foi por acaso que naquele ano de 1978 quando o operário Lula era levado para o ventre da igreja vermelha da Teologia da Libertação o jovem operário Adamir Gerson era levado para o ventre da igreja evangélica. O operário Lula iria começar um trabalho novo com cartas marcadas para se esgotar. E no interregno o outro operário iria ser ensinado e preparado para ocupar o lugar que então se esgotaria. E uma ocupação que viria corrigir as imperfeições, justamente que pela chegada do Evangelho. O PT nasceu desprezando o poder do fuzil e confiando agora no poder da Educação. Mas o que lhe faltava, o Evangelho, então estava sendo fecundado no outro operário do ABC paulista para ser posto em ação quando o tempo chegasse. Assim, pois, temos de estar atentos que na crise do PT, que só pode se aprofundar, mesmo que vença a eleição em 2014, sim, temos de estar atentos porque numa hora dessas costumam aparecer urubus... Como atento esteve Moisés quando três corvos começaram a sobrevoar o acampamento, Corá, Datã e Abirão.

Caratinga

Meu caro Joel Moreira ao longo deste nosso trabalho não somente nos fixamos no nome do Senador Cristovam Buarque como o homem preparado por Deus para um novo tempo em cima da terra, o Governo de Cristo, como também a cidade de Caratinga era parte também desta escolha. Estava também nos planos divinos. Sabemos que na travessia do rio Jordão os hebreus tiveram diante de si a cidade de Jericó, conhecida como Cidade das Palmeiras. Jericó era o teste do povo liberto do Egito. Vencendo Jericó então o povo iria ter fé em Josué e Calebe e ter a sua fé em Deus completamente reforçada. Da vitória em Jericó dependia a vitória em toda a Canaã. Ora, como foi falado amiúde que no início do século passado o que houve na Rússia foi que Deus novamente atravessou o seu povo nas águas do Mar Vermelho, Mar Vermelho espiritual, e não obstante os judeus estarem no comando da Revolução, todavia agora o povo de Deus sendo o proletariado, chamado por Jesus de “mansos” que herdariam a terra, ora, como também foi falado que cem anos depois o que iria se dar seria a travessia do Jordão espiritual, e que todo este trabalho que começamos a fazer a cerca de três meses é ele a travessia do Jordão espiritual, ora, a cidade de Caratinga, também conhecida como Cidade das Palmeiras, Cidade Esperança, pode sim ser esta Jericó espiritual. Pode ser fundamental na história da libertação porque a libertação maior de Deus, que estabeleceria na terra o governo de seu filho Jesus, conforme está em Apocalipse 11.15-18 e no resto das Escrituras começaria por Caratinga. As boas novas de eternas fariam moradas no povo de Caratinga e dela se espalharia para todo o Brasil e do Brasil para o resto do mundo.

Sabemos que Jericó estava rigorosamente fechado – por causa dos filhos de Israel. Ninguém entrava ninguém saia. Então Javé disse a Josué: Vê, entreguei na tua mão Jericó e seu rei, os valentes poderosos. Uma vez que Deus já tinha entregado na mão dos filhos de Israel a cidade de Jericó então ordenou a eles um ritual para que fosse cumprido. De modo que o povo foi rodear Jericó uma vez ao dia durante seis dias consecutivos e no sétimo dia, ao rodear a cidade por sete vezes, então deu um grande grito caindo os muros da cidade e a cidade se tornando em cidade dos filhos de Israel.

Pois é, meu amado Joel, a cidade de Caratinga já foi ganho para o Governo de Cristo, mas é preciso nosso esforço para que prevaleça esta vontade de Deus, e a cidade de Caratinga passe a dar um grande grito que é o Governo de Cristo. Queremos o Governo de Cristo, este será o grito que Caratinga dará e que será ouvido em todo o Brasil.

E qual o profundo significado de Deus ter ordenado aos filhos de Israel que marchassem repetidamente em volta de Jericó? Que um trabalho maciço, contundente, ininterrupto seria feito em Jericó para despertar toda a cidade para o PAREPAR e o Governo de Cristo. Esclarecendo o Governo de Cristo e a figura política de Cristovam Buarque o trabalho iria acordar professores, estudantes, padres, pastores, profissionais liberais, lideres comunitários, sindicalistas, trabalhadores, donas de casa, juventude.

E o grande significado dos filhos de Israel rodear a cidade e finalmente Deus se revelarem absoluto naquela cidade pagã é que Deus, presente no universo da religião, mas ausente no universo, da política, mais e mais a política de Deus irá ganhando os corações até que esse domínio pagão avassalador no mundo da política deixou de existir. É o conceito de Rei dos reis e Senhor dos senhores ganhando sentido de fato.

Portanto meu amado Joel Moreira que comece já ao trabalho enviando trabalhos e mais trabalhos para os professores de Caratinga, tanto os do Ensino Médio como os universitários; para seus padres e pastores. E sempre voltando a eles para colher o seu parecer, e aqueles que mostraram interesse na construção do PAREPAR para ocupar o lugar do PT ir anotando seus nomes e sempre enviando a eles mais trabalhos.

Sabemos que os filhos de Israel foram rodear Jericó por seis dias seguidos e o sétimo dia foi todo especial. Neste sétimo dia não somente deram sete voltas em torno da cidade como deram o grande grito que derrubou rente ao chão as muralhas da cidade. E o que seria este dia especial? Pode ser que em um dia importante então todos aqueles que decidiram criar o novo partido e o novo movimento então farão um grande encontro em Caratinga, com faixas, com tambores, com músicas, lançando para todo o Brasil a criação do PAREPAR. E a partir deste dia então o PAREPAR começaria ser formado em todos os lugares deste imenso Brasil.

E este dia nada impedindo que ainda seja o dia 07 de setembro do ano de 2014. Até mesmo com a presença do senador Cristovam Buarque que foi despertado por Caratinga e passou a acreditar que o PAREPAR irá mesmo ocupar o lugar do PT com a militância do PT cada vez mais vindo para o PAREPAR assim como a militância menchevique se passou cada vez mais para o lado do Lênin.

Foque o trabalho na Escola e na Igreja. Anote em um caderno as igrejas e escolas contatadas, e o nome de padres, pastores e professores que se abriram para as boas novas. Aos jovens que foram despertados nas escolas de Segundo Grau, comece a incentivá-los a criar em suas respectivas escolas os novos grêmios estudantis; os novos diretórios acadêmicos nas universidades; e as novas associações de moradores.

E pode ser sim que no dia 07 de setembro seja feito um grande ato de lançamento do PAREPAR para todo o Brasil, em Caratinga. A Justiça Eleitoral exige o número de 101 eleitores para a formação de um novo partido. Com este número se entra na Justiça Eleitoral pleiteando o seu registro. E depois vem a coleta de assinaturas em todo o país e a criação de diretórios em pelo menos nove estados da federação. Cumprindo todas estas outras exigências, então se consegue o registro definitivo e o direito de participar das eleições. E pode ser que neste dia 07 de setembro, quando no Brasil haverá muitos atos, como o Grito dos Excluídos realizado em todo o país, aconteça também este ato em Caratinga com a presença deste número de cem que será o início da longa caminhada do PAREPA. Um número de cem, e de cem militantes interessados na causa, a construção de um novo Brasil.

Como estamos sempre focados na profecia, e profecia não vem do homem, mas de Deus, que a revela segundo a sua soberania, da forma que quer como quer, onde, com quem, ora, este número, de cem, pode sim ser aquele batalhão de cem da música que digo profética, Guerra dos Meninos, cantada pelo Roberto Carlos – E saí cantando meu pequeno hino; Quando vi que alguém também cantava; Vi minha esperança na voz de um menino; Que sorrindo me acompanhava; Outros que brincavam mais além; Deixavam de brincar pra vir também; E cada vez crescia mais aquele batalhão de paz; Onde já marchavam mais de cem.

De modo que pode acontecer sim que no dia 07 de setembro um número assim marche pelas ruas de Caratinga carregando a bandeira do PAREPAR e cantando a música Guerra dos Meninos. E o vídeo feito seria então postado no Youtube.

A música profética cantada pelo Roberto Carlos não diz um número exato de cem, mas, sim, um batalhão onde já marchavam MAIS DE CEM! Neste batalhão marcham mais de cem, e depois ele, invadindo ruas, campos e cidades, e espalhando amor aos corações, a ele chegam milhares e em pouco tempo são milhões. Isto significa dizer que pode sim acontecer de um número grande de caratinguenses – participar desta marcha inicial. Porque Joel Moreira vai fazer trabalho pessoal, no corpo a corpo, não só com os professores das escolas como também com os pastores. E pode ser que os professores levantem os alunos e estes pastores levantem os seus fiéis.

Mesmo porque foi dito que Caratinga é sim Jericó. E o grande grito que foi dado no sétimo dia quando o povo rodeou Jericó por sete vezes, derrubando suas muralhas rente ao chão, este grito pode sim ser dado neste 07 de setembro deste ano de 2014.

Cristovam Buarque e Lula

Meu amado Joel Moreira como é a nossa missão superar o PT, ocupar o lugar do PT, como os bolcheviques ocuparam o lugar dos mencheviques, sempre que possível fazemos acareação com o PT. Ora, sabemos que o PT quando nasceu naquele ano de 1980 já nasceu focado em um nome, Lula. Todo o trabalho do nascente PT era para conduzir Lula ao lugar de dirigente do Brasil. E essa focar claro em Lula muito ajudou o PT no seu crescimento. E em que nome o PAREPAR irá focar? Em Cristovam Buarque. De modo que ao estar expandindo o PAREPAR na cidade já deixa bem claro a todos, o PAREPAR está nascendo para criar as forças necessárias para que Cristovam Buarque venha estar no comando do Brasil, numa vitória certa nas eleições de 2018. Vamos trabalhar para que o PAREPAR seja organizado de modo a participar das eleições de 2016, mas fundamentalmente focados em Cristovam Buarque e naqueles que acreditam no poder da Educação, em associação com o Evangelho, em criar uma nova pátria.

De modo que o discurso que Cristovam Buarque pronunciou dia 10 de junho, em termos nacionais, deverá servir para nós como Carta de Princípio ou Carta de Intenções.

E o PAREPAR vem suprir um hiato detectado no discurso de Cristovam Buarque do dia 10 de junho. Cristovam Buarque lançou um apelo para o PDT se renovar, voltar às suas origens, e se preparar para 2018.

E a verdade é que nem este PDT, acomodado com um quartinho no Palácio, e nem mesmo o PDT histórico criaram a força necessária para a conquista do Palácio do Planalto. É preciso um instrumento político novo, com idéias novas, que faça morada em todos, em especial entre a juventude brasileira. E este instrumento novo só pode ser o PAREPAR.

Que Cristovam Buarque tome essa consciência e não fique pensando em 2018 esperando no PDT. Deste mato não sairá as força necessária para viabilizar a conquista do poder maior, o Palácio do Planalto. De modo que Cristovam Buarque passe a se interessar e a colocar a sua mão na construção do PAREPAR. E sair à luta para levantar ao seu lado as massas católicas e evangélicas, de modo a colher, não apenas as quinhentas mil assinaturas necessárias à criação de um partido, mas um número muitíssimo maior já refletindo a força deste novo existir político.

PAREPAR e o Partido Cristão

Meu amado Joel no início da década de 80, assim que nasceu o PT, Frei Clodovis Boff, irmão de Leonardo Boff, muito se esforçou para criar o Partido Cristão. Travou uma luta pesada para ganhar o apoio das Cebs católicas que se debandavam para o nascente PT. Mas Frei Clodovis Boff perdeu a parada para Lula. Por conta de muitos padres, e em especial de Frei Beto, as Cebs não mostraram interesse no Partido Cristão de Frei Clodovis Boff senão que interesse no PT de Lula. Na visão deles o Partido Cristão de Frei Clodovis Boff seria reducionista, restrito ao universo cristão, ao passo que o PT já trazia o selo da universalidade.

Caso o Partido Cristão de Frei Clodovis Boff tivesse nascido como seria o mesmo? Seria um partido que professaria o socialismo cristão, mas com uma forte ligação com o Marxismo. Naquele início da década de 80 as Cebs católicas refletiam grandemente o marxismo e Frei Clodovis Boff não era diferente.

E é feito a pergunta: O PAREPAR seria o nascimento tardio do Partido Cristão de Frei Clodovis Boff?

Podemos dizer que o PAREPAR tergiversa entre o Partido Cristão de Frei Clodovis Boff e o Partido Social Cristão de Vitor Nósseis, todavia indo mais além.

Como o cristianismo que reconheceu em si seu nascimento ter-se dado do ventre do Judaísmo, o PAREPAR reconhece o seu nascimento ter-se dado do ventre do Marxismo.

Então o PAREPAR já apresenta diferenças significativas tanto quando a sua comparação é com o Partido Cristão de Frei Clodovis Boff como quando a sua comparação é com o Partido Social-Cristão, de Vitor Nósseis. Embora não tivesse vingado, Frei Clodovis Boff nunca iria reconhecer que seu partido nasceu das entranhas do Marxismo. Iria adotar em grande parte a ideologia econômica do Marxismo, incluso a luta de classe como compreensão da História, mas logicamente que rejeitar a filosofia materialista. E quando fosse adotar em grande parte a ideologia econômica do Marxismo iria dizer que não as retirou de Marx, mas das páginas da Bíblia. De modo que a luta do Partido Cristão de Frei Clodovis Boff seria para ocupar no mundo o lugar do Partido Comunista. Como as massas mundiais em grande parte são teístas elas iriam se afastar do Partido Comunista e se encaminhar na direção deste, Partido Cristão.

Então o PAREPAR torna-se diferente do Partido Cristão de Frei Clodovis Boff porque entende o Marxismo e o Partido Comunista como tendo saídos do ventre de Deus e não do ventre do materialismo, o seu Esaú. Foram concebidos por Deus para ser seu representante na terra COMO LEI! Por intermédio deles Deus iria reviver os passos que deu com Moisés e com o Judaísmo. Mas, como Moisés e o Judaísmo se esgotaram, estes também iriam se esgotar. E quando se esgotassem então Deus iria dar prosseguimento à sua luta e agora em novo patamar, que não seria mais revivência de Moisés, mas de Jesus, não seria mais reviver do Judaísmo, mas do Cristianismo. Uma metamorfose completa, pois então o ódio revolucionário iria dar lugar ao amor revolucionário, a luta de classe iria dar lugar à transformação de classe, o fuzil iria dar lugar ao giz, não a um giz branco, mas a um giz vermelho. Entenda, giz branco quer dizer a Educação desligada do Evangelho, giz vermelho quer dizer a Educação ligada ao Evangelho. A Educação desligada do Evangelho é útil ao capitalismo – e não faltam escribas que odeiam a entrada do Evangelho na política – mas a Educação ligada ao Evangelho é útil ao socialismo. É o socialismo sendo construído dentro de um absoluto humanismo, que não prima pela destruição do burguês senão que a sua transformação e inserção na construção deste novo mundo. Em larga medida é o aparecimento no movimento real da História do “Humanismo Integral” de que falou Jacques Maritain.

A grande diferença que o PAREPAR tem com o PSC de Vitor Nóessis é que Vitor Nóessis situa o seu socialismo cristão num campo ainda mais antagônico ao Marxismo do que o situado pelo Partido Cristão de Frei Clodovis Boff. O socialismo cristão de Vitor Nóessis condena a história de violência do Marxismo, mas esquece que não há história de violência do Marxismo senão que história de Contra-Violência. A violência do Marxismo foi uma reação à violência que desabou sobre ele. Fizeram a revolução e a violência imediatamente desabou sobre eles. Para sobreviver, lançaram mão da violência para combater a violência sobre eles. E vale acrescentar que a violência que desabou sobre o marxismo começou já naquele final do ano de 1917 e então prosseguiu por todos os demais dias, até aquele momento em que a violência o destruiu naquele final da década de 90. A violência nunca deu trégua ao Marxismo e subiu de temperatura com o advento do nazismo que imediatamente foi apoiado por todos, pois todos entenderam que era a violência que estavam precisando para destruir o marxismo. Tinham lançado sobre o marxismo as mais variadas violências, e a violência do marxismo triunfou sobre todas estas violências. Então enxergaram no marxismo o aparecimento de uma violência em condições da destruição do marxismo.

Além do mais, no PAREPAR se aprende que a violência do Marxismo foi violência de Deus, foi o cumprimento da Palavra de Deus. A escatológica Palavra de Deus trás o momento em que Deus iria destruir os ricos e os opressores. Está disseminada por todo o livro de Jó, em especial o capítulo 20, e por toda a Bíblia. Em especial no profeta Sofonias: nem a sua prata e nem o seu ouro os livrará no dia da ira de Javé. E o seu sangue será derramado como pó e as suas vísceras como fezes.

Logicamente que o Dia de Javé iria ter duplo cumprimento, o Dia da Ira de Javé e o Dia da Graça de Javé. O Dia da Ira de Javé iria reviver a destruição de Judá por Nabucodonozor e os caldeus, mas o Dia da Graça de Javé iria reviver a conquista de Babilônia por medos e persas sob Ciro. Através do Marxismo e do Partido Comunista Deus cumpriu o escatológico Dia da Ira de Javé, mas através do Socialismo Celestial e do PAREPAR Deus vai cumprir o escatológico Dia da Graça de Javé.

A Cristandade odiou o Marxismo e o Partido Comunista? A Cristandade com os seus reis, príncipes e sacerdotes odiaram o Marxismo e o Partido Comunista? Porque os reis, príncipes e sacerdotes de Judá odiaram Nabucodonozor e os caldeus. O ódio que a Cristandade devotou ao Marxismo e ao Partido Comunista foi o mesmo ódio que Judá devotou ao profeta Jeremias. Não compreenderam que assim como Nabucodonozor e os caldeus foram instrumentos nas mãos de Deus para castigar a infiel Judá, seus reis, seus príncipes e seus sacerdotes, não compreenderam que o comunismo foi o instrumento de que Deus se utilizou para castigar a infiel Cristandade que abandonou o seu primeiro amor, o Cristianismo, trocando Jesus Cristo pelos príncipes e reis hodiernos, fazendo a sua vontade, mesmo quando ela afrontava a Deus, a cumplicidade com tanta escravidão.

Mas, via de dúvida, Adamir Gerson vê o Partido Cristão de Frei Clodovis Boff, o Partido Social Cristão de Vitor Nósseis e o PAREPAR como se fossem “primos”. A Teologia da Libertação, o Socialismo Cristão e o Socialismo Celestial seriam primos.

Mas a verdade é que o Socialismo Celestial e o PAREPAR são mais, muito mais. Pois que, vejamos: No capítulo 65 o profeta Isaías está profetizando o aparecimento de um povo paradoxal na terra, não invocaria o nome de Deus, não dobraria seu joelho diante de Deus, mas este povo, estranhamente, faria a vontade de Deus. E no verso 14 do capítulo 66 encontramos o profeta Isaías novamente falando sobre este povo e agora trazendo um momento novo em suas vidas, o véu que os separa é removido e este povo se reconcilia com Deus. E em Mateus 21.43 encontramos Jesus fazendo uso desta profecia de Isaías e se dirigindo aos sacerdotes dos seus dias e lhes dizendo que o reino de Deus lhe seria tirado e dado a uma nação que produziria seus frutos. E como se acha em Isaías, que fala da ação deste povo e depois o mostra reconciliado com Deus, tudo volta a ocorrer com Jesus. Depois de Mateus 21.43 então no mesmo livro de Mateus encontramos Jesus dialogando com este povo e tentando esclarecê-lo que embora não soubessem ao se colocar ao lado dos oprimidos, como seus defensores, era a ele que estavam fazendo. E a Jesus só lhe resta dizer-lhes: Vinde benditos de meu Pai e possuí o reino vos preparado desde a fundação do mundo...

Diferente do Partido Cristão de Frei Clodovis Boff, diferente do Partido Social Cristão de Vitor Nóessis, instrumentos político-partidários que, não obstante invocarem o nome de Deus e se entender ao serviço de Deus, nunca associaram o Marxismo diretamente com Deus, mas procuraram removê-lo e apagar toda sua memória, ora, o Socialismo Celestial e o PAREPAR tem sobre si outra missão. Não condenar ao opróbrio e ao ostracismo o Marxismo; não apagar a sua memória como intrusos na História, que mancharam a História pelo cometimento da violência e do desrespeito à pessoa humana, mas, pelo contrário, a sua missão é levantá-los, dar a eles um novo corpo, como aquele corpo novo que Jesus ganhou na ressurreição. A missão do Socialismo Celestial e do PAREPAR é a transformação, a conversão de todos os marxistas. É libertá-los das limitações do Materialismo Filosófico que serviu a um tempo que se foi e o tempo que veio está a necessitar de uma nova compreensão da História. É tirar dos seus olhos os óculos do Materialismo Dialético e no lugar colocar novos óculos.

E é bom esclarecer que o diálogo que o Justo Juiz Jesus Cristo trava com esse povo de Mateus 25.40 não se deu no Partido Cristão de Frei Clodovis Boff e não se dá no Partido Social Cristão de Vitor Nóessis, mas se dá no PAREPAR. É no PAREPAR que Jesus diz para este povo, que no livro do Apocalipse é dito um povo virgem que não se poluiu com mulheres, sim, não se poluiu com “mulheres”: Vinde benditos de meu Pai e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo...

Se este diálogo do Justo Juiz Jesus Cristo se dá no PAREPAR então cabe a todos os homens e mulheres de Deus pleitear filiação ao PAREPAR e passar a militar nas boas novas, construindo o poder popular e lutando para a conquista de todos os espaços políticos, no seu bairro, na sua cidade, na sua região, no seu Estado, no Brasil, no mundo. Ao contrário de Josué e do Marxismo, não por força militar e não por violência, mas pelo poder da Palavra de Deus!

Por último, vale acrescentar que a Palavra de Deus fala sobre Abraão e seu filho Isaque que se tornou pai de dois filhos gêmeos, Jacó e Esaú. E os dois, após um relacionamento tenso culminando em a perda por parte de Esaú para Jacó da primogenitura e da benção depois encontramos os dois em novo relacionamento, a sua reconciliação quando Jacó disse referente a Esaú: vi a tua face como sendo a face de Deus visto que me recebeste bem. Ora, esta reconciliação que houve entre Jacó e Esaú, reconciliação isonômica, é a reconciliação que se dará entre cristãos e marxistas no PAREPAR, uma reconciliação isonômica. Logo o PAREPAR é o re-aparecimento na História de Isaque. Na História se tinha dado o re-aparecimento do seu irmão, Ismael, que é o Islã, e agora se dá o aparecimento de Isaque cuja Primavera Árabe foi sim preparação para a sua chegada... É este Isaque que responderá aos anseios da população árabe em especial a sua juventude e não esse movimento novo que está despontando no Iraque com a intenção explícita de reviver os dias de glória do Islamismo. É este Isaque o Madhi que as esperanças muçulmanas o aguardam, sendo ele também o que as esperanças judias aguardam, bem como o aguardado pelas esperanças cristãs.