sexta-feira, 29 de julho de 2011

Primeira Parte do Livrinho (Apocalipse 10.2)


Bento XVI, Leonardo Boff, o Marxismo e os 100 Anos da Assembléia de Deus

“De todos os lugares vinham aos milhares; E em pouco tempo eram milhões; Invadindo ruas, campos e cidades (Joel 2.9); Espalhando amor aos corações”, música Guerra dos Meninos, anúncio profético da chegada da práxis celestial. Escute que tenha ouvido!

Leonardo Boff publicou o texto de sua autoria “Faz falta um pouco de marxismo ao papa”, e chama à atenção que todas as críticas que endereça aos juízos do papa Bento XVI contidos na encíclica Caritas in Veritate, de 07 de julho de 2009, se voltam também contra ele. Não representa distinção, a tal ponto que podemos dizer que estamos diante de dois irmãos siameses. Faces da mesma moeda.

Senão vejamos, sendo sucinto: a crítica mais contundente que Leonardo Boff dirige ao atual papa é que este, de forma inconsciente, assume a ideologia funcional da sociedade dominante, simplesmente a achando correta. Bento XVI não vê a sociedade moderna portadora de contradições, mas, sim, de disjunções, a mercê de corretivos. Vai mais além, dizendo que a tônica de Bento XVI não é a da análise, mas a da ética, a do que deve ser (tautologia sacerdotal). De modo Bento XVI não ser, pois, um profeta, mas um doutor e mestre, que por não se ater à complexidade dos problemas que pululam na realidade, para além dos que há na sua superfície, visível aos olhos, também os que se escondem nos seus labirintos ideológicos, acaba, pois, por se tornar simplista, principista, equilibrista mesmo, se pautando pela indefinição (leia-se, falta de solução).

É notável como Leonardo Boff se coloca como Juiz Supremo contra Bento XVI e o reduz a cinza, a tal ponto que fica a impressão de que a humanidade pode estar diante do cumprimento profético de IITessalonicenses 2.8. Destarte, uma supremacia intelectual que se revela com a chancela da ciência ao constatar de forma clara e inequívoca que Bento XVI vê os problemas e sabe da sua existência, a ponto de dissecá-los e enumerá-los, mas peca no momento de sua solução. Toma posição que não irá esfumá-los senão que escamoteá-los, encobri-los mesmo com uma cal ao invocar como instância de solução a vaga e inconsistente Doutrina Social da Igreja (elaborada às pressas na tentativa de impedir o rebanho católico de ser ganho pelo avanço comunista, na luta dos revolucionários recém-saídos do Egito contra Balaque capitalista, se prestando ao inglório papel de Balaão, dirá Adamir Gerson). E Leonardo Boff está cônscio de sua superioridade intelectual porque está cônscio de que também vê os problemas vistos por Bento XVI, os vê como vistos por Bento XVI, com a diferença de que aponta solução para eles. Aponta o caminho de sua resolução, o que, no seu dizer e no entender dos seus leitores mais próximos, Bento XVI não faz.

Bem, as críticas de Leonardo Boff ao papa Bento XVI são verdadeiras? Indiscutivelmente que sim. Bento XVI representa o que ali está escrito. Nem mais nem menos. Os problemas passam diretamente sobre e sob sua face, e prosseguem sem nada que lhes dê cobro, deixando atrás de si um rastro de sangue e de lágrimas, corações que foram feitos pelo Criador para amar e ser amado e que, no entanto, se acham sob Seus Olhos completamente despedaçados. E Bento XVI, por estar preso em invólucro ideológico e não científico, revela-se incapaz de restaurá-los.

Acontece, porém, que Leonardo Boff, na falta de qualquer resposta por parte de Bento XVI aos problemas que aponta amiúde, a verdade é que ele também, ao encurralar Bento XVI por manifestar de forma clara a existência de dois sistemas que não permitem tergiversação por caminho diferente, ou é o sistema capitalista, criador da dor e do pecado, ou é o sistema socialista, a cura do pecado e da dor – não este ou aquele socialismo que abundaram após a crise e queda do socialismo real, mas aquele socialismo singular que tem o poder de cortar o mal pela raiz, o socialismo marxista – ora, é neste momento que se descobre claro que toda crítica que Leonardo Boff endereça a Bento XVI, como bumerangue, se volta contra ele. A tal ponto que as mentes clarividentes, nas pegadas de Adamir Gerson, irão ponderar que de fato não há mesmo diferença de fundo entre aquele que propõe solução para os problemas no bojo do capitalismo e aquele que propõe sua solução no bojo do Marxismo. Após os dramáticos acontecimentos do Leste, que revelaram o Marxismo incapaz de solução perene – é capaz de lidar com estômagos vazios, mas se perde na resposta quando tem diante de si corações sedentos – ora, sejamos sucintos, para economizar palavras: invocar o Marxismo não é mais estar propondo cura para a ferida, mas é estar lhe dando chute que apenas alargará os espaços geográficos da ferida. Ademais, não só sabemos que todo e qualquer conhecimento é e sempre será a relação do sujeito com o objeto cujo resultado é dado pela experiência – ela sim juiz neutro, imparcial – como também sabemos que todo e qualquer médico antes de começar a terapia analisa previamente as condições de reação do paciente, pressão arterial, se é diabético, alérgico a isto ou aquilo, etc, o que significa dizer que se Leonardo Boff levasse em consideração o leque de forças contrárias engatilhadas a reagir contra o Marxismo, e a fragilidade de suas forças para fazer frente a elas, se tivesse ficado calado teria feito melhor. Mesmo porque o Marxismo não quer dizer um livro escrito, mas um conjunto de idéias que adquire vitalidade quando penetra no corpo popular, o que há muito deixou de fazer, ou porque seus depositários perderam o jeito da evangelização ou porque as condições objetivas que fez germinar sua semente o devir histórico levou embora; e outras tomaram o seu lugar, com ele perdendo todo o sentido anterior, apenas sobrevivendo nas subjetividades que ainda não adquiriram maturidade intelectual (para a alma faminta toda coisa amarga é doce, diz o livro Provérbios) (O Marxismo em si não é doce e nem amargo; tornou-se amargo pela perda de identidade da Teoria com a Realidade. Perdeu-se a relação, a sintonia com o movimento real das massas populares que adquiriu mui desejável crescimento intelectual e pode ser crítico com aspectos culturais presente no marxismo) (É correto dizer que o Marxismo sobrevive por causa da imaturidade intelectual? Que a imaturidade intelectual abunda é fora de dúvida, haja vista que no ano de 99 Adamir Gerson se espantou com jovens do PC do B que diziam estavam se preparando para a revolução que iria eclodir por volta do ano de 2005, no mais tarde o ano de 2006 ou 2007. Segundo disseram, em todo o país estava havendo preparação para a revolução comunista; e então os burgueses iriam comer o que a mão revolucionária lhes desse, diziam com a maior das convicções. Mas também é correto dizer que o Marxismo sobrevive porque não surgiu Nova Teoria, uma nova teoria a ocupar o seu lugar. E ela está surgindo, e é o socialismo celestial. E é certo que muitos marxistas quando se aprofundarem na sua leitura e no seu conhecimento irão se acordar para ele e aderir. E estes que irão aderir são na verdade os frutos maduros para a Colheita do Senhor. E no que diz respeito àqueles jovens do PC do B confiante no triunfo da revolução certamente que são dos mesmos frutos, apenas que ainda no estágio verde. Mas eles também irão ficar maduros, pois, deveras, na Colheita do Senhor, os seus anjos virão para apanhar os frutos já maduros. Mas, quando frutos maduros são colhidos, no exemplo de sua colheita, os que estão de vez vão ficando maduros e os que estão de fato verdes, vão ficando de vez. Até que todos os frutos da Seara do Senhor foram colhidos (Mateus 25.33-40).

É verdade, Bento XVI apontou amiúde os problemas da sociedade moderna e os deixou sem solução, pois na visão de Leonardo Boff teria forçosamente que passar pelo caminho amargo do Marxismo; no entanto fica a pergunta, mais uma vez para que não percamos o nosso foco central: mas, o Marxismo é a sua cura? Representa a cura? Um moribundo morre não morre pode ser invocado para curar um doente terminal? Tomar o seu lugar e ser a sua alternativa? Ora, Bento XVI propondo solução para os problemas sem, no entanto, questionar o capitalismo de forma paradigmática e Leonardo Boff propondo a sua solução no bojo do Marxismo, não é indício claro de que tudo irá continuar como está? Bento XVI escrevendo Encíclicas, Leonardo Boff dando palestra em Universidades, e o povo continuando no seu sofrimento do dia a dia sem nada que estanque a sua dor? Ora, uma vez que não existe marxismo sem marxistas, sem uma militância que o materialize, e uma vez que a luta dos marxistas contra o capitalismo está encerrada, as energias que lhes sobrou a usam para se digladiarem entre si sobre quem é o responsável pela queda do socialismo, ora, se a luta dos marxistas é agora entre si, não por posição, que é anterior à ascensão do socialismo, mas para saber quem é o real culpado pela tragédia marxista, ora, uma vez que a luta dos marxistas não é mais para encontrar solução para os problemas sociais então o mesmo tem de ser ignorado. Simplesmente ignorado e se ir atrás de nova solução literalmente deixando que os mortos enterrem seus mortos.

Ora, achar que o Marxismo tem resposta para a sociedade atual e suas crises é trilhar o caminho da ingenuidade. A começar que o Marxismo é parte da crise geral. Não se trata de um remédio de fora a ser receitado, mas a experiência que fez do capitalismo um doente a mercê de cura, cuidou em fazer o mesmo do Marxismo (as necessidades reais do ser humano esgotaram estes dois sistemas, que se revelaram incapaz em atender às aspirações do espírito humano na sua grandeza e na sua totalidade). Destarte, o Marxismo tem permanecido de pé porque, primeiro, criaram bode expiatório e o responsabilizaram pela crise e perda de credibilidade do socialismo, blindando o verdadeiro responsável; segundo, como o próprio Marx disse, uma formação social só desaparece quando o de vir dialético-histórico preparou uma nova formação social e tornou-a apta a ocupar o seu lugar, o que tal ainda não foi divisado em nenhum pensador atual, seja ele quem for – o que é em si explicação porque muitos ainda acreditam nele e o invocam. (O Bode Expiatório criado é que atribuíram culpa pela queda e crise do Marxismo aos criadores do socialismo real, que na visão destes deturparam o pensamento de Marx. O que não é verdade. Ninguém deturpou o pensamento de Marx. Se o que se manifestou trouxe o selo da imperfeição ela deva ser procurada na base da Teoria, no próprio Marx, e jamais fora dele. Eles foram o que Marx deixou escrito, como o fruto que se manifesta é o que está escrito na sua semente. Destarte, o pensamento de Marx não cria o Perfeito, mas é caminho para ele, que, convenhamos, é algo bem diferente, como foi algo bem diferente o cristianismo do judaísmo. E uma vez que Leonardo Boff invoca o Marxismo há de se supor que ele também é daqueles que separam os criadores do socialismo real dos criadores da Teoria, poupando uns e fustigando outros; de modo que tudo deva ser reiniciado, apenas que agora em outras mãos, mãos sábias, que não irão jamais repetir os “erros” daqueles que tiveram sobre si a missão de criar o socialismo a partir do nada, do quase nada, de modo estas mãos sábias darem encaminhamento fidedigno ao que Marx realmente deixou como ensinamento e então, como dizem eles, surgir verdadeiramente o reino da liberdade concreta, sim, o reino em que cada um tem segundo as suas necessidades, abortado pelos criadores do socialismo real, no entender deles e é o que afirmam amiúde).

É Verdade, Leonardo Boff foi incisivo e claro – apontando na direção de Bento XVI: És representante de Jesus? Então em verdade vos digo que deves se empenhar para que o modelo em que vivemos seja mudado e não apenas retificado; que haja troca e não conservação de paradigma; deves se empenhar para que tenhamos libertação e não apenas reformas. Mas, com a mesma incisividade e clareza, Adamir Gerson aponta na direção de Leonardo Boff: És Profeta do Senhor? Então em verdade vos digo que deves se empenhar para que o Marxismo seja mudado e não apenas retificado; para que haja troca de seu paradigma pelo novo paradigma trazido por Adamir Gerson; para que haja a sua libertação e não apenas a sua reforma. Se Bento XVI for obediente às palavras de Leonardo Boff, as entendendo como palavras do Divino – como veio finalmente entender Eli que era Deus – e Leonardo Boff obediente às palavras de Adamir Gerson, as entendendo como palavras do Divino, como finalmente veio entender Eli que era Deus, por certo que é neste momento que os corações despedaçados estarão sendo restaurados, surgindo diante dos nossos olhos o belíssimo quadro visionado pelo profeta Isaías: E a terra inteira chegou a descansar. Ficou sossegada. As pessoas ficaram animadas, com clamores jubilantes (Isaías 14.7). Quadro este que é portal para o mais belo quadro bíblico e o mais belo quadro de toda literatura universal: (...) Quem são estes que trajam compridas vestes brancas e donde vieram? (...) Estes são os que saem da grande tribulação, e lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro. É por isso que estão diante do trono de Deus; e prestam-lhe serviço sagrado, dia e noite, no seu templo; e O que está sentado no trono estenderá sobre eles a sua tenda. Não terão mais fome, não terão mais sede, nem se abaterá sobre eles o sol, nem calor abrasador, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, os pastoreará e os guiará a fontes de águas da vida. E Deus enxugará toda lágrima dos olhos deles (Apocalipse 7.9-17).

É verdade, quando Adamir Gerson, contrapondo à frase de Leonardo Boff, lança a nova frase: que falta faz ao Marxismo um pouco de Cristianismo (e vice-versa) tudo começa a se modificar e tudo começa a se encaminhar para a sua solução. Na frase de Leonardo Boff olha-se para a sociedade e se vê apenas a opressão material que o capitalismo exerce sobre o conjunto dos trabalhadores, dos mais fracos; mas na frase de Adamir Gerson se vê além, ao lado da opressão material que o capitalismo exerce sobre o conjunto dos mais fracos, se vê também a opressão espiritual que o paganismo (hedonismo) exerce sobre os corpos mais fracos. Vê-se opressão material, mas também se vê opressão espiritual. Vê-se uma grande cidade que em sentido espiritual se chama Egito e Sodoma (Apocalipse 11.8), porque nela se mesclam os que sofrem por causas materiais e os que sofrem por causas espirituais. E se tem claro que o remédio para a opressão material é o socialismo, por outro se tem claro que o remédio para a opressão espiritual é mesmo o cristianismo.

É neste momento que se descobre que o Marxismo tem de passar por refundação. Tem de nascer de novo. Porque com uma mão ele tira o pecado, mas com a outra ele conserva o pecado. Pois ao desconhecer a natureza da Religião e qual a sua verdadeira utilidade, achando-a desnecessária, dessa forma impede que o pecado QUE TEM CAUSA ESPIRITUAL seja expurgado para fora da sociedade e para fora dos corações. O pecado que tem causa espiritual o socialismo no momento da comemoração e da realização de suas grandes giestas sociais tira os seus espaços; e ele vai ficar ali, sem espaço, todavia aguardando o seu momento. E quando o socialismo satisfaz materialmente, e brota naturalmente a sede espiritual nas pessoas (como brota naturalmente naquele que se fartou do salgado o desejo do doce), então esta é a ocasião para o male espiritual se manifestar. Na falta da água límpida, impedida de entrar, então a água suja, elaborada com esmero pelos escribas do imperialismo, vai fazer entrada e morada e subverter tudo, de modo à porca lavada voltar ao seu antigo vômito (porque o Bem espiritual se acha encarcerado no Marxismo. Encarcera o Bem espiritual, mas não encarcera a vontade pelo espiritual, tal qual acontece no capitalismo que encarcera aos trabalhadores, o Bem material, mas não encarcera o seu desejo pelo material. O desejo de viver em igualdade é uma chama que nunca se apaga na mente e no coração dos trabalhadores).

E isto é um ciclo a que o socialismo não escapa. Pois que é um ser pela metade (ICoríntios 13.9). Falta-lhe o fundamento que o torna completo, de modo a saciar também espiritualmente. E na sua falta, os inimigos do socialismo aproveitam a brecha e, destarte, dão de beber a eles da espiritualidade poluída do paganismo (hedonismo), que indispõe o espírito contra o socialismo e trás a sede do capitalismo. A espiritualidade paganista-hedonista – porque há distinção de fundo entre o amoral e o imoral. O imoral corrompe e torna a cultura pagã hedonista – só pode dar vazão aos seus desejos e instintos carnais e só se realiza no capitalismo. O completo oposto da espiritualidade cristã que somente no socialismo para se manifestar em toda a sua beleza – a espiritualidade cristã e a materialidade socialista se atraem mutuamente. Destarte, foi isto (e nada fora disto!) que aconteceu no Leste Europeu com aquelas massas que saltaram o muro e foram beber da espiritualidade hedonista que há no lado ocidental, babando nos cartazes que estavam nas portas dos seus shoppings sex, fazendo filas para entrar neles que dobravam quarteirões (como à época mostrou o jornal Folha de São Paulo), nas suas vitrines de exposição do luxo, na sua indumentária sensual e extravagante, na sua música que ativa o corpo e não o espírito e etc. Parafraseando Deuteronômio, foram trocar os valores espirituais pelos valores carnais, primeiro os que pertencem à dimensão espiritual; e depois, arrastados por estes, os que pertencem à dimensão material. (Quando Jesurum engordou então deu coice. Engordaste, engrossaste, ficaste empanturrado. De modo que abandonou a Deus, que o fez, E desprezou a rocha da sua salvação. Com deuses estranhos começaram a provocá-lo ao ciúme; Ofendiam-no com coisas detestáveis. Foram oferecer sacrifícios a demônios, não a Deus, A deuses que não conheciam, Novos, que entraram recentemente, com os quais os vossos antepassados não estavam familiarizados. Passaste a esquecer da Rocha que te gerou, E começaste a excluir Deus da memória, Aquele que te produziu com dores de parto, Deuteronômio 32.15-18).

Mais ainda, que na sociedade atual a opressão e o sofrimento que tem causas espirituais têm se tornado muito mais abundante do que a opressão e o sofrimento que tem causas materiais. O que explica nas últimas três décadas as massas terem procurado mais religião do que política, terem se interessado mais pelo cristianismo do que pelo socialismo.

Há famílias que se desintegram por causas materiais? Certamente que sim, mas há também famílias que se desintegram por causas espirituais. O socialismo se mostrou capaz de impedir a desintegração da família por causas materiais, não, porém, as que se desintegram por causas espirituais, que é objeto de análise e de solução unicamente por parte da religião e não pela política.

E vale para tudo. O socialismo tem o poder de realmente acabar com a prostituição, mas não tem poder algum de acabar com o adultério. É uma realidade que escapa ao seu ângulo de análise e de compreensão. Embora seja também uma realidade social, todavia é inapreensível pela sua sociologia. É verdade, cria leis para lidar com essa questão, mas jamais impedirá a sua manifestação – como impede a manifestação da prostituição; pois que cortou pela raiz a sua causa primeira tornando-a impossível. E o que foi dito vale para todos os males sociais, o suicídio, o alcoolismo, o assassinato, a inveja, o ódio e etc. Porque tudo tem duas causas que o produz (conceito filosófico assim chamado de dualidade do conceito, ainda restrito ao celestialismo), se houve remédio que o eliminou por suas causas materiais, o socialismo, por outro continuará a vicejar na sociedade os que têm causas espirituais. Todos os males sobreviverão no socialismo, pois não somente prostituição e adultério são as faces do mesmo conceito, como todo e qualquer quisto social se apresenta nos seus pares, e se aquele que se manifesta pelo lado material o remédio marxista tem o poder da sua cura, o mesmo não se pode dizer com aqueles que se manifestam pelo lado espiritual. Como a religião cristã, cujo remédio cura pela raiz o male espiritual, mas o male material o seu remédio apenas ameniza – a caridade cristã diminui, mas não põe fim à exploração e à sociedade fundada na distinção social – ora, de um modo inverso os males espirituais o Marxismo os diminui, mas não acaba com eles. Aqui e acolá acontecem assassinatos, alcoólatras, rixas, brigas e etc.

Adamir Gerson nivela Bento XVI e Leonardo Boff? Que isto nunca aconteça! Leonardo Boff é um cristão que tem de passar pela segunda ressurreição (Tem de atravessar o Jordão), mas Bento XVI um cristão que tem pela frente duas ressurreições a percorrer (tem de romper com Faraó, tem de vencer Faraó na travessia do Mar Vermelho, tem de caminhar no deserto em meio a cobras venenosas e escorpiões, tem de chegar ao Jordão e o atravessar) a fim de vir estar na presença de Deus, face a face, como foi o vaticínio do apóstolo João (I João 3.2). O que deixa Leonardo Boff à sua frente, muitos anos luz. Bento XVI tem de morrer para o capitalismo e renascer no Marxismo, ao passo que Leonardo Boff tem de morrer para o Marxismo e renascer no Celestialismo. E ficar ali aguardando que Bento XVI morra para o Marxismo e renasça no Celestialismo (Boas Novas do Reino de Deus), completando então o ciclo de sua ressurreição (ICoríntios 15.42.58). Então os dois estarão intelectualmente e moralmente nivelados, feitos à imagem e semelhança do Cristo da Cruz, isto é, quando certo vaticínio de Paulo se cumprir em suas vidas. (Neste lugar todos estarão moralmente e intelectualmente nivelados. E se vai a este lugar unicamente passando pelas duas ressurreições, o Cristianismo e o Marxismo. Fora dele é estar no devir, que tende naturalmente para ele. E estarão moralmente e intelectualmente nivelados porque então feitos à imagem do Cristo da cruz, que está neste lugar para onde levou os seus (João 14.3).

Bento XVI tem de reconhecer que o Marxismo é Deus. Não este ou aquele aspecto – como aproveitando a ocasião dos acenos ideológicos do Concílio Vaticano II e dos acenos ecumênicos do Conselho Mundial das Igrejas teólogos com lampejos divinos começaram a apontar nele este ou aquele aspecto como tendo o selo de Deus – mas o Marxismo é Deus NO CONJUNTO DA OBRA! Como o Judaísmo foi Deus no conjunto de sua obra, não obstante as suas imperfeições. Destarte, os espinhos desta rosa, o seu ateísmo e a sua irreligiosidade, foram sobejamente antecipados pelo profeta Isaías e pelo Senhor Jesus. Quando Isaías falou de uma nação paradoxal que iria se manifestar na história, não dobrando o seu joelho diante de Deus e não invocando o seu nome, todavia fazendo a sua vontade, e quando Jesus, fazendo das palavras de Isaías as suas palavras, se dirigiu aos sacerdotes dos seus dias e lhes disse que o Reino de Deus iria lhes ser tirado e dado a uma nação que produziria seus frutos, por certo que esta nação é mesmo a nação socialista.

É verdade, o Marxismo tem de ser visto como tendo vindo à existência a partir do ventre divino, com Deus não apenas tendo de ser glorificado nas suas grandes giestas sociais e militares (Isaías 42.8), quer na destruição das forças militares imperialistas que naquele ano de 1918 invadiu o território revolucionário por todos os flancos, para destruir a revolução e trazer o povo liberto de volta às masmorras do capitalismo, e quer na sua vitória sobre o Amaleque Hitler, que atacou pelas costas a nação de Deus, quando o seu povo, o Proletariado, estava exausto e cansado, quer pela guerra civil quer pela grande fome (Êxodo 17.14-16; Deuteronômio 25.17-19), sim, como também tem de ser responsabilizado por aquilo que a modernidade não perdoa na revolução e é um estigma que a tem acompanhado até os dias de hoje. E aqui Adamir Gerson está falando sobre os Julgamentos de Moscou, que liquidou com a velha guarda bolchevique. De fato, se a invasão do território revolucionário naquele ano de 1918 pelas nações imperialistas foi o antítipo das forças de Faraó que foram reunidas e levadas ao encalso do povo que acabara de sair do Egito e seguia rumo à Canaã e se o ataque nazista à nação soviética foi o antítipo do ataque de Amaleque aos escravos hebreus que acabara de atravessar o Mar Vermelho e seguia pelo deserto, cercado de nações hostis e em meio a escorpiões e cobras venenosas, ora, por certo que os Julgamentos de Moscou, que liquidou com a velha guarda bolchevique, foi obrado, só pode ter sido obrado, por Aquele que diante da falta de fé em suas palavras, de levá-los e os estabelecer em Canaã, então jurou pela sua direita que os iria exterminar no deserto (Números 13 e 14). Não os iria deixar impune por terem em certo momento da caminhada a colocado em risco. Por certo que a liquidação da velha guarda bolchevique foi mesmo o antítipo da liquidação da velha guarda hebréia, mesmo porque a equação matemática assim o requer. De modo que a reta razão só tende a crer que o Flagelo que flagelou os maiorais das tribos de Israel foi o “flagelo” que alcançou toda a velha guarda bolchevique.

É verdade, Bento XVI tem de olhar para a grandeza de João Paulo II que olhou retrospectivamente para trás e reconheceu que a Igreja errou e pecou ao longo do seu caminhar. Bento XVI precisa completar a grandeza de João Paulo II, olhando agora para o presente e reconhecendo de que a Igreja que errou e pecou no passado é a mesma que tem errado e pecado no presente, por se unir às forças do imperialismo e às forças capitalistas na sua luta contra o socialismo. Tem de reconhecer de que quando lutavam contra o socialismo era contra Deus que lutavam. Porque o Marxismo, na sua inteireza, na sua completeza, embora tenha sido trazido por homens, todavia por homens que eram instrumentos no cumprimento de Sua Santa e Bendita Palavra.

A rigor, as palavras que Ele colocou na boca do profeta Sofonias, que iria voltar a sua atenção para os sacerdotes, tanto os sacerdotes de Javé como os sacerdotes de deuses estrangeiros, sim, que iria voltar a sua atenção para os sacerdotes, e para os filhos do rei, e para os príncipes, e para o rei, e para os que usavam vestuário estrangeiro (burguesia), e para os que pesavam a prata (comerciantes), e para os poderosos, e nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar, ora, tudo isto teve seu cumprimento profético na ação dos revolucionários comunistas, que podemos dizer acertadamente contra a “Nova Judá”, que com certeza tem sido a Cristandade. O que os comunistas fizeram com a Cristandade, quer na Rússia, quer na Ásia, quer em Cuba, foi tudo o que os caldeus fizeram com Judá. E não eram os caldeus, mas Javé, através de Nabucodonozor, a quem chamou de O Meu Servo, palavras que modernamente devam ser entendidas e estendidas a Vladimir Illich Ulianov, o conhecido Lênin. (Para um aprofundamento científico da questão, ver http://anovateologiadalibertacao.blogspot.com/2011/02/questao-da-destruicao-de-juda.html)

Que tenha a humildade do profeta Jeremias, que não amaldiçoou Deus por ter dito que iria trazer os caldeus contra a nação da qual dependia e da qual era um de seus filhos, mas que, mesmo com o risco da própria vida, cuidou em se dirigir aos filhos da rebeldia, aos que se desviaram dos seus estatutos, seus reis e seus príncipes, bem como seus sacerdotes, e lhes comunicou o que Deus decidira fazer com eles, para que provassem o fel amargo do quanto vale se desviar dos mandamentos que tinha deixado a eles por intermédio dos seus profetas mensageiros. E quando vimos o papa João Paulo II pedindo perdão pelos erros e pelos pecados que a Igreja cometeu ao longo de sua existência então é claro que o que a Cristandade sofreu nas mãos dos comunistas foi uma punição pelos seus pecados. Uma punição por ter-se apaixonado pelos filhos da Assíria, dos governadores e dos delegados governantes que estavam perto, vestidos com esmero, cavaleiros montados em cavalos – todos eles jovens desejáveis, como vaticinou o profeta Ezequiel (catolicismo e protestantismo que se ligaram umbilicalmente a reis e a príncipes para servi-los, na escravização de negros e índios, na exploração dos trabalhadores, sim, que se uniram aos governantes desta escuridão, como muitos deles estenderam a mão para apoiar e ajudar o nazismo e as ditaduras militares, não escapará jamais do estigma de Oolá e Oolibá. Nasceram em Deus e estavam em Deus, como nasceram em Deus e estavam em Deus Samaria e Jerusalém. Mas isto não impediu deles receberem, uns, o poder do dragão, e outros, de começar a falar como dragão. Destarte, só mais um pouquinho e as massas cristãs, amadurecidas intelectualmente, realmente os reconhecerão como Oolá e Oolibá. E isto será um grande bem que estará prestando a eles, pois então terão a oportunidade de trocar as vestes de Oolá pelas vestes da Samaria de Deus, Lucas 10.33-35, e as vestes de Oolibá pelas vestes da Jerusalém de Deus, Isaías 65.18-19). E se não bastasse, temos de reconhecer que João Paulo II esteve muito atrasado em relação a Deus, que não pediu perdão pelos pecados da Igreja, mas que a puniu por intermédio dos comunistas, cortando o seu poder, colocando-a no pó dos mortais, enviando-a para um exílio de 70 anos que se encerrou naquele ano de 89, quando os filhos da rebeldia puderam retornar, e novamente revolver o corpo e a alma no lamaçal do pecado, pois que aquelas foram às forças do Ciro corruptível, que uniu o corruptível, Cristandade e Capitalismo, e marchou sim sobre o corruptível – governos socialistas – vencendo-os e restaurando no lugar o corruptível, todavia preparando o caminho e as oportunidades para a chegada do Ciro incorruptível (Apocalipse 16.12), que unindo o incorruptível, Cristianismo e Socialismo, iriam vencer o corruptível e instalar no lugar o Incorruptível, Jesus Cristo de Nazaré. O reino que segundo o profeta Daniel não passaria jamais a outro domínio, ver 2.44. (Como Deus usou Nabucodonozor e os caldeus para castigar a impenitente e rebelde Judá, ele teria usado os comunistas para fazer o mesmo com a Cristandade? E porque Papa PioXI chegou a afirmar que o comunismo era o “chicote do Diabo”? Que era chicote é fora de dúvida: mas, era do Diabo ou era de Deus? Certamente que se Pio XI tivesse esperado um pouco mais, até que a terra na água barrenta se assentasse, ele teria reconhecido que o comunismo foi chicote sim, mas de Deus e não do Diabo que, pelo contrário, sofreu agruras deste Chicote).

Prosseguindo. Bem, Bento XVI será obediente às palavras de Adamir Gerson? Mudará da água pro vinho em relação ao Marxismo? Dirigir-se-á aos marxistas e lhes dirá: o choro pode durar toda a noite, mas a alegria vem pela manhã? Dirigir-se-á a eles e lhes dirá realmente: a alegria da manhã que está chegando agora para mim está também chegando para vós! Está chegando para a humanidade inteira! Saudamos em uníssono e estejamos cheios de glórias pela chegada da alegria da manhã... Bento XVI agirá assim?

Certamente que sim, pois tudo está nas mãos e no controle de Deus. E o Deus que pôs na boca do profeta Isaías o aparecimento futuro de uma nação paradoxal, que não iria invocar o nome de Deus e nem iria dobrar o seu joelho diante de Deus – todavia seria esta nação paradoxal quem iria fazer a sua vontade – ora, o mesmo Deus também cuidou em colocar na boca de Isaías um segundo momento, desenlacial, quando então iria remover o véu que o separava deste seu povo e este povo paradoxal iria se acordar para Deus.

Senão vejamos a descrição de Isaías sobre o aparecimento futuro da nação paradoxal: Deixei-me buscar por aqueles que não perguntaram por mim. Deixei-me achar por aqueles que não me tinham procurado. Eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui! A uma nação que não invocava o meu nome.

E vejamos a sua descrição sobre o momento em que o véu que separa esta nação de Deus é removido e se reconciliam entre si: E certamente vereis, e vosso coração forçosamente exultará, e os vossos próprios ossos florescerão como a tenra relva. E a mão de Javé há de ser dada a conhecer aos seus servos, mas ele verberará realmente os seus inimigos. (Isaías 65; 66.14).

E Bento XVI certamente que fará assim, pois há uma nuvem de Testemunho muito grande pedindo para ele agir assim. Pois deveras, não só Isaías, mas Jesus também depois de se dirigir aos sacerdotes dos seus dias e lhes comunicar que o Reino de Deus lhes seria tirado e dado a uma nação que produziria seus frutos, ora, o mesmo Mateus que nos legou estas palavras de Jesus ele mesmo, coroando o silogismo de Isaías, cuidou em mostrar o momento exato em que Jesus remove o véu que o separa deste povo que ele mesmo disse produziria os frutos do Reino e ele se reconciliando com este povo. Onde? Como? Ora, o diálogo escatológico que Mateus narra entre o Justo Juiz e o povo que cuidou dos oprimidos (25.40), lhes dando de comer, de beber, vestindo-os, e cuidando de sua saúde, ora, este povo é o mesmo povo visto pelo profeta Isaías e é o mesmo povo que Jesus disse produziria os frutos do Reino. E esse povo é o povo marxista e nenhum outro. Neste diálogo, Mateus narra à conversão do povo marxista. Mais precisamente que toda a dialética de sua conversão. E isto Bento XVI deverá levar em consideração, a menos que tome partido do outro povo, que ouviu a dura, mas justa sentença: Apartai-vos de mim, vós os que tende sido amaldiçoados, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos. (Este apartai-vos de mim pressupõe tratar-se de pessoas religiosas ligadas ao nome de Jesus. Deva ser religiosos que não se preocupam com o sofrimento dos pobres senão que na defesa dos seus poderes, religiosos ou econômicos).

Bento XVI e os Marxistas

Se Bento XVI em campo antagônico ao Marxismo tem de passar por duas ressurreições para ter a oportunidade de ver Deus face a face, ora, é certo, muito certo, que os marxistas também terão de passar por duas ressurreições, até se levantarem em um novíssimo patamar de existência. E quando se levantarem neste novíssimo patamar de existência, hão de olhar para a sua luz e para as coisas reais e verdadeiras que se movem perante seus olhos, a sua paz e a sua justiça que não tem fim, e exclamarão: este lugar de Perfeição não é aquele que nossos pais disseram o socialismo era preparação e caminho para ele, chamado por eles de Comunismo e que vemos muitos ao nosso redor o chamando de Reino de Deus?

É verdade, os marxistas terão mesmo que passar por estas duas ressurreições; a primeira pelo cristianismo, e a segunda, pelo celestialismo.

E qual o profundo significado dos marxistas passarem por este primeira ressurreição?

Nesta primeira ressurreição eles ganham o amor sem qualquer restrição a priori. No lugar do amor metido nas contradições do processo, e que é amor ideológico, se move no pecado original, agora o amor que transcende o processo e se move nos cânones da ciência, da santidade original.

Destarte, nesta primeira ressurreição é que literalmente o fuzil em suas mãos estará se transfigurando em Escola e o livro O Capital, em A Palavra de Deus. Que o ódio revolucionário estará se convertendo em amor revolucionário, em potência em Che Guevara, mas em ato em Adamir Gerson. De modo que no lugar de se buscar a construção do socialismo na destruição dos ricos e dos opressores procurarão a sua construção na sua conversão e transformação. Destarte, a libertação dos pobres estará vinda na razão inversa da libertação dos ricos da opressão do amor ao dinheiro e às riquezas, cujos objetivos serão alcançados porque não se lançou sobre eles palavras emocionais, mas se espargiu neles o sangue derramado na cruz. E estarão convictos desta conversão e transformação porque eles também passaram por ela; experimentaram em seus corpos e em suas almas o pode de cura que tem o sangue de Jesus. De modo que agora sábios no celestialismo (socialismo celestial), sabem que o que acontece a um dos pólos da contradição também acontece ao outro. “Se o impossível aconteceu com nós porque também não com os nossos inimigos ontológico-históricos”, dirão os novos sábios.

A Importância Pedagógica da Palavra de Deus

Por que procurar ensinar às massas o caminho e a vivência no socialismo tendo nas mãos o livro O Capital se tal pode ser feito tendo nas mãos a Palavra de Deus? Que contém uma linguagem imediatamente assimilada pelos humildes?

Senão vejamos: Vinde agora, vós ricos, chorai, uivando por causa das misérias que vos hão de sobrevir. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas exteriores ficaram roídas pelas traças. Vosso ouro e vossa prata estão corroídos, e a sua ferrugem será por testemunho contra vós e consumirá as vossas carnes. Algo como fogo é o que armazenastes nos últimos dias. Eis que os salários devidos aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, mas que são retidos por vós, estão clamando, e os clamores por ajuda, da parte dos ceifeiros, chegaram aos ouvidos de Javé dos exércitos. Vivestes em luxo na terra e vos entregastes ao prazer sensual. Engordastes os vossos corações no dia da matança. Condenastes. Assassinastes o justo. Não se opõe ele a vós? (Tiago 5).

Ora, porque se dirigir aos humildes com o livro O Capital se o texto de Tiago 5 contém informações técnicas sobre o conceito de mais-valia que não deixa margem à dúvida? É esclarecedor ao extremo? Com a vantagem de que dá ao humilde segurança, pois então compreende que o socialismo e a revolução estão na Palavra de Deus e são cumprimentos das palavras que saíram da boca de seus profetas? Que está se ligando a Deus e não a homens, que um dia está pelos pés e outro pela cabeça (maldito o homem que confia em outro homem)?

Vaticinou Isaías: Aí dos que juntam casa a casa, e dos que anexam campo a campo, até não ter mais espaço e se ter feito que vós moreis sozinhos no meio da terra (5.8). Ora, porque explicar os mecanismos da concentração de renda por conceitos de difícil acesso se este vaticínio de Isaías explica tudo, e de forma clara? O Ai de Isaías não é claro de que a contínua concentração de renda leva à revolução? E donde Jesus tirou o seu Ai de Vós, Ricos, senão deste Ai de Isaías?

A Conversão Marxista

Foi dito que Isaías e Jesus tiveram a visão futura de um povo paradoxal, que iria estar nas mãos de Deus e fazendo a sua vontade sem, no entanto, ter essa consciência. E que tanto Isaías como Jesus deram prosseguimento ao seu vaticínio sobre este povo por apresentar as glórias de um segundo momento, o da sua conversão para Deus.

Ora, é verdade, no início da década de 60 presenciamos atos que podemos dizer foi o namoro do cristianismo com o marxismo. Aquele momento em que desabrocha no coração do jovem e da jovem o primeiro lampejo da paixão de um pelo outro, parece que foi isto que presenciamos. Aquele pipocar de teologias políticas por toda a Europa – todas elas de certa forma procurando convergir cristianismo e marxismo – até a sua culminância no Encontro de Salzburgo, preparado para selar a união de cristãos e marxistas na sua luta para a construção de um novo mundo, ora, podemos dizer que aquele momento ímpar na História já foi o próprio Deus no seu devir-redencionista dando os primeiros passos no cumprimento de Sua Santa e Bendita Palavra.

É verdade, a nova manifestação teológica e política que se deu no início da década de 60, nas pegadas do Concílio Vaticano II o pipocar de teologias políticas – da Revolução, do Êxodo, da Impugnação e etc –, o Encontro de Salsburgo, o livro de Roger Garaudy Um Marxista Se Dirige Ao Concílio, tendo prosseguido por toda a América Latina, Medellín e Puebla, e aqui no Brasil na união de jovens cristãos com jovens marxistas na sua luta contra a ditadura militar, jovens católicos e evangélicos que se uniam a jovens marxistas não só dispostos a lutarem contra os golpistas como até mesmo doarem as suas vidas em prol do nascimento de um Brasil justo, livre de qualquer opressão, de qualquer arbitrariedade, ora, tal momento da História não pode passar por nós, despercebido.

E não resta a menor dúvida que tal não foi outro senão que naquele momento, Cristianismo e Marxismo no espírito de Deus, sim, Paulo e Marx no espírito de Deus, começaram a se olhar mutuamente, como aquele momento aguardado, em que um dia na curva da História Adão e Eva, apartados pelo pecado original e lançados na alienação, cada qual perdendo o contato com o outro e a sua própria identidade, um dia o devir histórico iria cuidar em realizar o seu re-encontro. Iriam se encontrar no Cristo e se reconhecer no Cristo, na Sua Mediação, numa grande festa de casamento (Apocalipse 19.7). E o que aconteceu na década de 60, o broto em cristãos e marxistas do interesse de um pelo outro, como portadores de muitos pontos em comum, ora, tal pode perfeitamente ter sido este momento esperado, em que na curva da história, bem longe um do outro, Adão e Eva se avistaram e começou entre eles o esforço de mútuo reconhecimento, que um dia iria levar cristãos e marxistas a dizerem: somos osso do mesmo osso e carne da mesma carne. Um só espírito (João 10.16).

Mas é fato que não obstante os inúmeros colóquios entre cristãos e marxistas ao longo da segunda metade do século XX é fato que os marxistas não se converteram a Deus. Esse tempo passou e ainda hoje encontramos os marxistas de posse da mesma visão sobre Deus, Religião e Bíblia anteriores ao Concílio e àquele tempo específico. É certo que os inúmeros colóquios, e a grandeza do Concílio Vaticano II e do Conselho Mundial das Igrejas, tiveram o poder de fazer os marxistas baixarem as críticas e até mesmo, no exemplo destes cristãos, como o de Camilo Torres, de Rubem Alves, de Jaime Wright, do Cardeal Arns, expressar certa simpatia pelo Cristianismo. Mas quanto à conversão em si nada teve o poder de acordar os marxistas para Deus, nem o Concílio Vaticano II, nem o Encontro de Salzburgo, nem a Teologia da Libertação e nem o Protestantismo. Até mesmo a simpatia pelo Cristianismo, que o exemplo pessoal de cristãos, fez desabrochar nos marxistas, hoje já não existe mais, pois os marxistas estão convictos de que foram os cristãos quem esteve à frente da derrubada do socialismo.

João Paulo II

Há uma profunda diferença entre a ação de João Paulo II e das forças do socialismo democrático e a ação de Ronaldo Reagan e das forças de direita na derrubada do socialismo. A ação de João Paulo II e das forças do socialismo democrático deve ser vista em modo positivo. Altamente positivo. Pois, deveras, acima do socialismo marxista que se manifestara havia o socialismo celestial para se manifestar, tal como acima da lagarta há a borboleta. E o que sucede é que no esgotamento do Marxismo então chegou o tempo de Deus criar uma nova figura de espírito. Deveras, o Marxismo fora criado para agir sobre o capitalismo enquanto destituído de anticorpos; quando naturalmente se revestisse de anticorpos, então um novo modelo praxístico teria de ser elaborado de modo a continuar a sua luta contra ele. De modo que para que essa mudança fosse operada se fez necessário o desmanche do socialismo. Com o terreno limpo então a nova casa poderia ser re-construída. E João Paulo II foi o instrumento escolhido nesta sua obra, não por acaso um Papa oriundo de um país comunista.

Mas, como o Diabo não é dialético, não tem o espírito, enxerga com os olhos do positivismo e não com a visão da metafísica, então entendeu que a ação de João Paulo II foi preparação sim para o seu retorno. Daí Ronaldo Reagan e as forças de direita envolvidas na destruição do socialismo ser apenas oportunistas.

Mas, alguém poderá objetar: ora, e aqueles países não retornaram mesmo para o capitalismo? Estão hoje na esfera de influência dos Estados Unidos e do capitalismo mundial?

É certo. Mas a preparação não foi para o retorno do capitalismo, mas, sim, para o socialismo celestial. É que o socialismo celestial estava sendo gestado no distante Brasil, e na sua falta os germes do capitalismo tomaram todos os corpos e todas as almas. Mas em breve o socialismo celestial estará se levantando no Brasil e é certo que tomará todos os rumos, em especial o rumo do Leste Europeu e da própria Rússia a fim de ocupar um lugar que foi preparado para ele e não para estranhos. Então, quando o socialismo celestial estiver dominando naqueles corações e mentes, é que eles irão então reconhecer o importante papel de João Paulo II e das forças do socialismo democrático, pois então o socialismo que se manifesta é fruto maduro, adocicado, saboroso, que há de alimentar tanto o Leste como o Oeste, tanto o Sul como o Norte.

A Árvore do Sonho de Nabucodonozor

Relata o livro do profeta Daniel um sonho tido pelo rei Nabucodonozor. O rei, depois de chamar os sacerdotes-magos e os conjuradores que havia no império, bem como os astrólogos, para que dessem uma interpretação, finalmente fez entrar até si a Daniel. E relatou a Daniel o sonho que tivera.

E eis que havia uma árvore no meio da terra, sendo enorme a sua altura. A árvore tornou-se grande e ficou forte, e a própria altura dela por fim atingiu os céus, e ela era visível até a extremidade da terra inteira. Sua folhagem era bela e seu fruto abundante, e havia nela alimento para todos. Debaixo dela os animais do campo procuravam sombra e nos seus galhos habitavam as aves dos céus, e toda a carne se alimentava dela.

Façamos a pergunta: quem seria esta árvore do sonho profético do rei Nabucodonozor? Podemos afirmar categoricamente que seja o socialismo? Afinal o socialismo começou pequeno, como começa toda árvore, e foi crescendo, crescendo, e finalmente chegou a ser visto literalmente até na extremidade da terra... E sua folhagem era bela... E seu fruto abundante... E nele havia alimento para todos...

E Nabucodonozor prosseguindo narrando o sonho então diz que eis que havia um vigilante, sim, um santo, descendo dos próprios céus. E ele clamava em voz alta e dizia o seguinte: Derrubai a árvore e cortai-lhe os galhos. Sacudi a sua folhagem e espalhai os seus frutos. Fujam os animais de debaixo dela e as aves dos seus galhos.

Quem seria este vigilante, sim, este santo, que o rei viu no seu sonho descendo dos céus e clamando para que a árvore fosse derrubada? Podemos afirmar que estamos diante de João Paulo II? João Paulo II teria sido este vigilante, sim, este santo?

A árvore ele clamou para que fosse derrubada, contudo disse que era para deixar na terra o seu toco, preso com banda de ferro e de cobre.

O que é isso? O que é esse toco que foi deixado na terra? Por ventura que teria sido Cuba? Afinal o socialismo desmoronou na terra inteira, contudo continuou na ilha de Cuba...

Isso explica o colóquio havido entre o Papa João Paulo II e o presidente Fidel Castro? Entre o Papa e a Santa Sé e o dirigente máximo da revolução cubana?

Ora, sabemos que João Paulo II foi duro com todos os regimes comunistas da terra, no entanto com relação a Cuba teve reação completamente diferente. Não somente elogiou o sistema de Cuba, que segundo o Pontífice cuidava do povo, como até mesmo elogiou o internacionalismo de Cuba, segundo João Paulo II era feito para ajudar os povos. Mais do que isso, em visita aos Estados Unidos, em Miami, os exilados cubanos fizeram ao Papa dois pedidos, que fossem recebidos por ele e que ele visitasse a Virgem da Caridad del Cobre, padroeira de Cuba e que eles erigiram em Miami para lançar sobre ela seus pedidos. E João Paulo II não somente se recusou a recebê-los como se recusou a visitar a Virgem da Caridad Del Cobre, frustrando os anticastristas que por ocasião da beatificação do Papa lançaram discursos inflamados contra argumentando que um Papa que não condenou o comunismo de Cuba na merecia tal.

E na histórica visita que fez a Cuba quando sobrevoava a Flórida então repórteres quiseram saber dele o que achava de Che Guevara. E João Paulo II disse que deixava os mistérios de Che Guevara para Deus, mas que tinha convicção de que Che Guevara foi um homem que se dedicou ao serviço com os pobres. E em Cuba, diante das suas autoridades, eclesiásticas e políticas, então João Paulo II fez um chamado a um diálogo profundo e fecundo entre crentes e não crentes (leia-se comunistas), cuja finalidade era comum, servir ao homem. Mais do que isso, que falou até mesmo em síntese cultural entre os cristãos da ilha e os comunistas.

Como explicar esse colóquio entre o regime cubano e o Papa João Paulo II? Ao ponto de que Fidel Castro, numa entrevista que deu ao jornal Clarín, em 96, disse que o mundo estaria em boas mãos se estivesse nas mãos do Papa João Paulo II? Teria sido por causa da profecia, que preservou o toco da árvore na terra, muito embora que preso por banda de ferro e de cobre que sabemos foi sim a continuação do embargo, não questionada de forma clara por João Paulo II, pois que foi o próprio vigilante, sim, o próprio santo quem disse que era para deixar o toco da árvore na terra, todavia preso com banda de ferro e de cobre?

Mas o assunto não deve parar aí. Temos de avançar no desvendamento dos seus mistérios porque já chegou o tempo e não haverá mais demora. Ora, sabemos que o rei Nabucodonozor, pela altivez e o orgulho, acabou sendo expulso de entre a humanidade, e a sua morada passou a ser entre os animais do campo e começou a comer vegetação entre os touros.

O que teria sido isto? Por ventura que uma referência direta aos comunistas cujo reino se afastou deles de modo que estariam de modo espiritual, morando com os animais do campo e se alimentando de vegetação como a touros? No caso específico do Brasil não podemos dizer que Aldo Rebelo e os comunistas que fazem parte do governo do PT foram expulsos de entre a humanidade e estariam comendo vegetação como a touros? O polêmico projeto de defesa florestal que teve como responsável Aldo Revelo não revela isto? Exatamente como está na profecia segundo a qual Nabucodonozor veio ter o entendimento mudado, passando a morar e a viver com os animais selváticos da terra que são homens com comportamento animal e não humano?

Ora, Nabucodonozor trás um depoimento que nos ajuda a alavancar as esperanças. Diz ele que ao fim dos dias levantou os olhos ao céu e o seu próprio entendimento passou a retornar a ele. E ele bendisse o próprio Altíssimo, louvou e glorificou Aquele que vive por tempo indefinido. De modo que no mesmo instante, para a dignidade do seu reino, começaram a retornar a ele a majestade e o esplendor, e ate mesmo os seus altos funcionários e os seus grandes começaram a procurá-lo ansiosamente, de modo que ele foi restabelecido no próprio reino e foi lhe acrescentado extraordinária grandeza.

O que seria isso? Por ventura que os marxistas, vivendo os dias do materialismo, irão levantar os olhos ao céu, com o entendimento retornando a eles, então bendizendo o próprio Altíssimo, louvando e glorificando Aquele que vive por tempo indefinido? Ora, é sabido que se passaria sobre Nabucodonozor sete tempos, até que ele viesse saber que o Altíssimo era Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser: este sete tempos não são indicativos de que os marxistas não viverão para sempre no opróbrio dos homens, mas é um tempo em que eles têm de passar. E mui provavelmente para que tenha a reação de Nabucodonozor, o reconhecimento de que o Altíssimo é governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser. Então o reinado começará a retornar a eles, e numa perspectiva inteiramente nova.

“Agora, eu, Nabucodonozor, louvo, e enalteço, e glorifico o Rei dos céus, porque todas as suas obras são verdade e seus caminhos são justiça, e porque ele é capaz de humilhar os que andam em orgulho”.

Está próximo, muito próximo, este novo dia na vida dos marxistas. Em breve eles serão vistos pelas avenidas de Presidente Prudente, pelas avenidas das cidades da terra inteira, com as suas bandeiras vermelhas agitadas ao vento ao lado das bandeiras brancas do cristianismo e ao lado das bandeiras azuis dos celestiais, batendo fortes os seus tambores e cantando os mais belos cânticos, e dizendo: Bendito o que vem em nome do Senhor!

Voltando ao Foco da Conversão Marxista

Ora, a razão que os marxistas, não obstante os esforços evangelizadores da Teologia da Libertação e o exemplo pessoal de seus líderes, em especial Dom Helder Câmara e Dom Paulo Evaristo Arns, não terem se convertido para Deus é que a sua conversão não seria perda de identidade, mas, sim, que iriam ter a sua identidade acrescentada. Destarte, a sua conversão seria literalmente o despertar sexual, encontrar o seu lado oculto, e que lhe daria complemento. E como é claro na Palavra de Deus a conversão do povo marxista (e tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; a elas também convém agregar, sem falar em outras profecias como Mateus 25.40), eis que tem chegado este novo momento na vida dos marxistas – mas, também, na vida dos cristãos – pois, deveras, a conversão não será apenas ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, mas também ao Deus de Marx, Engels e Plekhanov. A conversão que se manifesta na escatologia, por causa do devir histórico, que é teológico, mas, também, antropológico, é em mão dupla. De modo que passando um pelo outro, e apanhando no outro a sua flor pura, enriquecidos (ICoríntios 13.10), então chegarão, e só assim, ao Deus três vezes santo, o Deus de Jesus Cristo. (O Deus três vezes santo pressupõe o Deus Teológico, e o Deus Antropológico e o Deus Teo-Antropológico, cuja santidade se realizaria ao longo da História. De fato, a sua realização teológica ao longo da História se encerrou ao final da Idade Média, começando então, com e a partir da Renascença, a sua realização antropológica ao longo da História, que pode estar se encerrando no ano de 2011 nas avenidas de Presidente Prudente (no mais tardar em 2012. Por que fazer em 2012 se pode ser feito em 2011?), começando então a sua realização teoantropológica ao longo da História, que é o assim conhecido período do Milênio. Destarte, é este o tempo em que é invocado o sonho de Jacó, com a sua escada sendo colocada, a ligar Terra e Céu, com anjos subindo e descendo por ela, transitando livre entre as duas dimensões da vida, todas elas. De modo que negros e brancos subirão e descerão por ela, judeus e palestinos subirão e descerão por ela, cristãos e marxistas subirão e descerão por ela, católicos e protestantes subirão e descerão por ela, Educação e Evangelho subirão e descerão por ela, Universidade e Igreja subirão e descerão por ela, o sacerdote e o sociólogo subirão e descerão por ela, o ocidente e o oriente subirão e descerão por ela, o turco e o árabe subirão e descerão por ela, ciência e fé subirão e descerão por ela, o gênesis e o darwinismo subirão e descerão por ela, a proto-história e a escatologia subirão e descerão por ela, o sábado e o domingo subirão e descerão por ela, o vegetariano e o animal de corte subirão e descerão por ela, crescimento econômico e ecologia subirão e descerão por ela, cristãos sendo levados para os Coliseus de Roma para serem torturados e despedaçados pelas feras famintas e marxistas sendo levados para os porões das ditaduras para serem torturados e mortos por homens animalescos subirão e descerão por ela, Jesus deixando Nazaré e indo para sofrer o martírio em Jerusalém, tendo antes passado por Jericó, e Che Guevara deixando Cuba e indo às selvas bolivianas para sofrer o martírio, tendo antes passado por África, subirão e descerão por ela, as vestes de Jesus que foram repartidas e os pertences pessoais de Che Guevara que foram repartidos subirão e descerão por ela (espaço aberto para que todos os ajudadores e que saíram a reunir o que iriam entrar na Arca, nos seus pares, faça-os entrar. Lembrando que só entrarão os pares que tiver sinal positivo e negativo, para que possa ser re-começada a vida. E o que estiver na falta terá sim uma nova oportunidade (Mateus 25.9). E ficou a pergunta: quem é essa escada que Jacó viu por ela anjos de Deus subindo e descendo, anjos estes que representam aqueles não têm maldade, não tem ódio, não alimentam vingança, senão que são movidos unicamente por sentimentos de amor? Quem é essa escada que ligava a terra ao céu e que por ela Jacó viu anjos de Deus subindo e descendo? Por certo que a Terra inteira, emancipada, dirá: É Jesus de Nazaré, o Único, o Unigênito filho de Deus, sim, o Único Mediador entre Deus e os homens. E vale trazer à lembrança palavras de Nietzsche sobre o Deus que estava morto. De fato, o Deus que estava morto era o Deus teológico, que precisou morrer para que o Deus antropológico pudesse se manifestar. É um requisito básico do mover dialético, pois que é assim que faz o sujeito adolescente frente ao seu passado de infância, como condição de firmar a sua nova identidade. E vale lembrar que Nietzsche concebeu o seu juízo quando a Razão Universal se movia na sua existência antitética e adolescente, o que quer dizer que os fenômenos eram vistos de forma parcial, nebulosos. Mas agora que a Razão Universal ingressou na sua existência sintético-adulta, então dizemos que o Deus teológico não morreu, mas, sim, deixou o lado claro e foi para o lado oculto (porque a Razão Universal se move em movimento duplo, rotação e translação). Mas iria retornar. Quando uma voz se manifestasse e dissesse, no costado de Nietzsche: o Deus antropológico também está morto! Neste momento tanto o Deus teológico como o Deus antropológico iriam retornar, mas em novo patamar de existência, ressuscitados, em corpo novíssimo, o adulto-sintético corpo do Deus Teo-Antropolicrato (Apocalipse 3.12). (O adulto não é nunca a superação do adolescente e infante, tendo-os deixado para trás e para sempre, como se acharia no pensamento de Comte, mas a síntese, em corpo único, dos dois momentos anteriores. O ser adulto se manifesta na medida em que os seres infantes e adolescentes crescem e amadurecem, e converge entre si, nesse espaço central da convergência se formando então o ser adulto).

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