terça-feira, 15 de maio de 2012

Adamir Gerson e Ernst Bloch


Adamir Gerson e Ernst Bloch

Tempos atrás Adamir Gerson fez um trabalho no qual procurou dar um encaminhamento científico a uma visão de Ernst Bloch sobre o cristianismo. O que dizia Ernst Bloch sobre o cristianismo? Partindo de uma simpatia desmedida pelo cristianismo então Ernst Bloch dizia que a religião que nasceu a partir de Jesus era o sonho de juventude do socialismo. Para Ernst Bloch o que diferia o cristianismo do socialismo é que um tinha ciência e o outro não. Em uma palavra, para Bloch se colocasse ciência no cristianismo o que resultava era o socialismo; se tirasse a ciência do socialismo o que restava era o cristianismo.

Adamir Gerson, respeitando a visão de Ernst Bloch, todavia não impediu dele apresentar o assunto em bases inteiramente novas. De modo que ao esquema de Bloch: Moisés (Moisés) -->Jesus (adolescência) -->Marx (ser adulto), Adamir Gerson trouxe um novo esquema. De modo que disse mesmo que o sonho de juventude do socialismo fora o socialismo utópico e não o cristianismo, de modo que o novo esquema seria este: Adam Smith (Materialismo Inglês) -->Proudhon (Materialismo Francês) -->Marx (socialismo alemão).

Quanto ao cristianismo o mesmo também estava incluso em processo evolutivo-dialético. E seria este: Moisés (Judaísmo) -->Hillel (Essênios) -->Paulo (cristianismo) (Os essênios, elo de ligação entre o judaísmo e o cristianismo corresponde ao socialismo utópico, elo de ligação entre o materialismo inglês e o socialismo).

De modo que o esquema: Moisés (Judaísmo) -->Hillel (Essênios) -->Paulo (Cristianismo) seria a tese do processo, ao passo que o esquema: Adam Smith (Materialismo Inglês) -->Proudhon (Materialismo Francês) -->Marx (socialismo alemão), a antítese do processo.

E como Jesus entraria no esquema? Assim: Paulo (Cristianismo) -->Marx (Socialismo) -->JESUS. Paulo representava a infância de Jesus; Marx, a adolescência de Jesus, e finalmente o ser adulto chamado Jesus, em que Nele gira harmoniosamente Paulo e Marx. Isto é, igualdade espiritual e igualdade material.

Mas, já incluso, deve-se fazer um retorno a Ernst Bloch, mesmo porque ele conhecia o esquema Adam Smith -->Proudhon -->Marx. De modo que estava se referindo a outro objetivo. O que queria era estabelecer a ligação do Cristianismo com o Marxismo.

E realmente existe uma ligação umbilical entre o Cristianismo e o Socialismo intuída por Bloch.

E nesta nova apresentação o Socialismo surge como sendo o mesmo Cristianismo.

Como assim? Na verdade o Cristianismo representa o ser infante, o socialismo o ser adolescente. E sabemos que o ser adolescente é o mesmo ser infante. O adolescente não é outra coisa senão que o ser deixou para trás o seu ser de infância. No sentido de “superação” sim, MAS MUITO MAIS no sentido de negação. O ser adolescente é a negação do ser infante. O ser infante construiu o conceito de dependência, mas o ser adolescente irá construir o conceito de independência. Os dois conceitos apartados, tese e antítese. Todavia no amadurecimento do ser adolescente então começa a ser construído o ser adulto. E o ser adulto não é outra coisa senão o resultado da reconciliação do ser adolescente com o ser infante. O ser infante trabalha com o conceito de dependência, o ser adolescente com o conceito de independência, mas o adulto trabalha tanto com o conceito de dependência como com o conceito de independência. É isto que possibilita a vida.

Ora, se o socialismo é o mesmo cristianismo, como explicar o paradoxo da contradição? Simplesmente que o cristianismo é Jesus, o socialismo é Jesus, e agora Jesus irá se manifestar em toda a sua plenitude através daquilo que chamamos de socialismo celestial. Jesus na sua infância, Cristianismo, Jesus na sua adolescência, Socialismo, e agora Jesus em sua existência adulta, Reino de Deus para os Cristãos e Comunismo para os marxistas.

Então a intuição primeira de Ernst Bloch estava carregada de verdade e de certezas. Havia realmente uma íntima ligação do Cristianismo com o Socialismo, já intuída por Engels. O que Adamir Gerson faz agora é apresentar a mesma em bases rigorosamente científicas. No seu encadeamento real.

Certamente que é preciso Hegel para compreendê-lo, sendo tal o movimento da Idéia Absoluta se convertendo em Espírito Absoluto. A luta dos cristãos, a luta dos marxistas, são os momentos do Calvário do Absoluto.

Tal apresentado são provas irrefutáveis da transcendentalidade da História, bem assim ao estilo de Hegel mesmo. Está no tempo dos homens descobrirem este ser transcendente que opera a história da revolução, que é a mesma história da Redenção, sendo a revolução um dos seus momentos.

Para compreender toda a grandiosidade do assunto faz-se necessário uma apresentação do movimento da História, como ele de fato se dá.

Ora, Comte explicou a História a partir da lei dos Três Estados. Adamir Gerson também explica a História a partir da lei dos Três Estados. Apenas que a sua apresentação é radicalmente diversa. Em Comte a segunda fase da lei dos Três Estados, que ele chamou de Metafísica, superou a primeira fase, chamada de Teológica. E quanto à terceira fase, que ele chamou de científica ou positiva, ela, segundo Comte, superou a segunda fase.

No entanto em Adamir Gerson a segunda fase da lei dos Três Estados, que para Adamir Gerson chama de filosófica ou materialista, ela não superou a primeira fase, a teológica, MAS FOI A SUA NEGAÇÃO! Quanto à terceira fase, que Comte chama de científica ou positiva, mas que Adamir Gerson a chama de Científica ou Celestial, ela é na verdade uma síntese das duas fases anteriores.

Pois bem, sem assim, então podemos dizer que a História possui, basicamente, três fases, a teológica, que se encerrou ao final da Idade Média; a filosófica ou materialista, que se iniciou com e a partir do Renascimento; e a Celestial que é todo o período bíblico do Milênio.

De modo que podemos dizer que no ventre da fase teológica da História se desenvolveu o esquema: Moisés (Judaísmo) -->Hillel (Essênios) -->Paulo (Cristianismo). E no ventre da fase materialista da História se desenvolveu o esquema: Adam Smith (materialismo inglês) -->Proudhon (materialismo francês) -->Marx (socialismo científico). Tese e antítese. Todavia no ventre da fase terceira, celestial, se desenvolve o esquema: Cristianismo -->Teologia da Libertação = Marxismo -->Escola de Frankfurt, tese e antítese que se realizam e se reconciliam numa síntese, o Socialismo Celestial, escopo de todo o processo da Redenção.

O socialismo de Marx é científico quando confrontado com o materialismo francês e o materialismo inglês, de modo que podemos dizer que a religião cristã é também o científico quando confrontado com o essenismo e o judaísmo. Mas quando a História é julgada em Totalidade então o pensamento de Marx perde a sua cientificidade, como perde também a dos cristãos. Daí Adamir Gerson dizer que há um grande abismo entre o Cristianismo e o Reino de Deus, bem como grande abismo entre o Socialismo e o Comunismo. Os cristãos confundem Cristianismo com Reino de Deus, bem como os marxistas confundem Socialismo com Comunismo. O Reino de Deus é quando o Cristianismo é mergulhado na materialidade do socialismo, bem como o Comunismo é quando o Socialismo é mergulhado na espiritualidade do Cristianismo. Sem isto não há nem Reino de Deus e nem Comunismo.

Isto também explica porque o Cristianismo, após Constantino, passou a ser engolido pelo paganismo (síntese,  Catolicismo Romano) e também o socialismo, após Gorbatchov, passou a ser engolido pelo capitalismo (síntese, vide China atual). Falta um ser ao outro ser, para completá-lo, o complementar, o deixando sem abertura para a entrada do Mal.

Quando foi falado que tanto o socialismo marxista em relação ao materialismo inglês e francês representava o científico como a religião cristã representava o científico em relação aos essênios e ao judaísmo, ora, este científico significa literalmente ao resgate do pecado original. Enquanto tese e antítese. Na síntese sofrerão novos arranjos.

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