A História registra, ao longo dos
tempos, a similitude entre dois movimentos sociais de libertação, o hebreu e o
russo-proletário. No caso hebreu, Moisés, por ter tomado o lado dos escravos,
acabou fugindo para o exílio. Mas voltou, e ao se unir com seu irmão Arão,
então os dois foram libertar os escravos e os conduzir para Canaã, a terra da
promessa que manava leite e mel, para o lugar que tempos antes Abraão creu
seria o lugar de descanso de sua descendência oprimida. E realmente eles
escaparam do Egito e marchou rumo de Canaã.
Mas, quando iam longe, os egípcios
reagiram, dizendo: Que é que fizemos, despedindo Israel de trabalhar como
escravos para nós? De modo que aprontou suas forças militares e foi atrás do
povo. E o povo quando olhou para trás e viu os egípcios marchando em sua
retaguarda, então ficou muito amedrontado. Pois, deveras, à sua frente estava o
mar, e atrás vinham os egípcios, de modo que ficaram literalmente sem saída.
Mas então houve a intervenção
divina, partindo as águas do Mar, com os escravos o atravessando em solo seco.
E os egípcios que entraram logo atrás foram todos mortos, pois as águas se
fecharam novamente.
Bem, tudo isto veio a acontecer
com o movimento revolucionário proletário. Lênin, por ter tomado o lado dos
oprimidos, acabou fugindo para o exílio. Mas voltou e ao se juntar com Trotsky,
em maio de 17, então os dois foram fazer a revolução. E libertaram os
oprimidos, os guiando na direção do socialismo, para o lugar que tempos antes
Marx creu seria o lugar de descanso dos trabalhadores.
E aconteceu que quando o povo se
libertou dos opressores, então as nações imperialistas reagiram. E invadiu a
Rússia revolucionária por todos os flancos, franceses, turcos, ingleses,
japoneses, americanos, ao todo quatorze nações (mas Paulo Francis disse de Nova
Yorque que foram 21 nações que invadiram a Rússia naquele ano de 1918, nações
covardes, como ele mesmo disse, arrastando os erres).
Mas, três anos depois os
revolucionários emergiram vitoriosos. Venceram tanto a resistência do Mar, a
contra-revolução interna, como as forças dos egípcios que vinham na sua
retaguarda, as nações imperialistas.
Mas, há um fato para também ser
analisado: Tanto os escravos saídos do Egito como os bolcheviques conheceram
duas derrotas. Duas únicas. E certamente que as duas são da mesma natureza,
tipo e antítipo.
Vamos à derrota dos escravos
hebreus: A isso me respondestes e dissestes: Pecamos contra Javé. Nós – nós
subiremos e lutaremos de acordo com tudo o que Javé, nosso Deus, nos mandou.
Assim, cada um de vós vos cingiu das suas armas de guerra e achou que era fácil
subir ao monte. Javé, porém, me disse: Dize-lhes: Não deveis subir e lutar,
porque não estou no vosso meio, para que não sejais derrotados diante de vossos
inimigos. De modo que vos falei e vos não escutastes, mas começastes a
comportar-vos rebeldemente contra a ordem de Javé e a ficar todo exaltados, e
tentastes subir ao monte. Os amorreus que moravam naquele monte saíram então ao
vosso encontro e foram no vosso encalso, assim como fazem as abelhas, e vos
desbarataram em Seir, até Hormá. Depois voltastes e começastes a chorar perante
Javé, mas Javé não escutou a vossa voz, nem vos deu ouvidos. (Deuteronômio
1.41-45).
E qual foi, então, a derrota
bolchevique? Certamente que o exército bolchevique foi deveras muito vitorioso,
mas ele conheceu uma derrota feia, como feia foi a derrota dos escravos hebreus
diante dos amorreus. E qual foi ela? A derrota de 1920 frente aos poloneses!
E chama à atenção que não somente
os escravos hebreus ACHARAM QUE ERA FÁCIL SUBIR AO MONTE como os bolcheviques
acharam que era fácil vencer os poloneses. E invadiram a Polônia (subiram ao
monte onde estavam os amorreus), chegaram aos portões de Varsóvia, mas uma
coalizão de forças caiu sobre eles COMO ABELHAS e os expulsaram de volta ao seu
país.
A derrota bolchevique frente aos
poloneses teria sido a primeira derrota da revolução mundial, tanto invocada
por Trotsky? Certamente, pois a intenção dos bolcheviques era após vencer na
Polônia então partir para a libertação de outros países, até conseguir toda a
Europa.
Foi a lição da derrota na Polônia
que dialeticamente engendrou a nova tática de luta: abandonar a ideia de
revolução mundial e concentrar a construção do socialismo em um único lugar. E
depois, na medida do possível, ir ajudando outros povos.
Os escravos hebreus quando saíram
da casa dos escravos rumo à terra da liberdade em meio a grandes conquistas
eles experimentaram uma derrota, uma única derrota. E a história voltou a se
repetir com os bolcheviques. Depois de experimentarem grandes vitórias eles
conheceram uma derrota. Uma única derrota. Haveria alguma ligação entre elas. A
derrota bolchevique foi o antítipo da derrota dos hebreus?
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