A Humanidade Atravessando o Jordão Espiritual e Entrando na Manhã do Milênio
"De todos os lugares vinham aos milhares; e em pouco tempo eram milhões. Invadindo ruas, campos e cidades espalhando amor aos corações. Em resposta o céu se iluminou; uma luz imensa apareceu. Tocaram forte os sinos, os sons eram divinos; a paz tão esperada aconteceu. Inimigos se abraçaram, e juntos festejaram, o bem maior, a paz, o amor e Deus", Guerra dos Meninos, Roberto Carlos e Erasmo Carlos
Adamir Gerson tem lançado o chamado para que cristãos e marxistas
realizem a travessia do Jordão espiritual. Ora, se irão atravessar o Jordão
espiritual é porque anteriormente realizaram a travessia do Mar Vermelho espiritual.
Cabe a Adamir Gerson como profeta do Altíssimo levar aos cristãos e aos
marxistas esses esclarecimentos, a fim de que se posicionem para a maior das
travessias do gênero humano, a do Jordão espiritual, que no livro do
Apocalipse é aquele momento singular da História em que os reis da terra e
seus exércitos são ajuntados para travar guerra com aquele que está sentado
no cavalo e com o seu exército (1). Esses reis da terra são
arquétipos dos reis de Canaã que assim que ouviram a notícia de que um povo
escravo liberto do Egito acabara de atravessar o rio Jordão e vinha em sua
direção, para desalojá-los, entraram em polvorosa e começaram a se juntar a
um só para unanimemente travar guerra com Josué e com os que com ele estavam (2).
E cabe a Adamir Gerson o esclarecimento porque, afinal, no fundamento
tipológico houve um esforço extenuante por parte de Moisés para que aqueles
que tinham conquistado alguma coisa no deserto não se apegassem tanto assim a
elas, mas que olhassem para o outro lado do Jordão, para o lugar que Deus
indicou realmente a Abraão. E finalmente, depois de muitas hesitações,
aqueles que conquistaram alguma coisa no deserto consentiram a
Moisés, deixando para trás as conquistas do deserto aos cuidados de suas esposas e de seus pequeninos e indo atravessar o
Jordão na frente dos seus irmãos a fim de ajudá-los a conquistar também a sua
herança. E verdade é que hoje não é diferente. Muitos estão de posse de
conquistas do deserto, mas terão de olhar para o outro lado do Jordão
espiritual, pois é do outro lado deste rio escatológico que se acham as
moradas que Jesus um dia disse as iria preparar para os seus. É ali que se
encontram moradas de paz, de justiça, de liberdade concreta em que cada um
tem realmente segundo as suas necessidades.
A Igreja-Humanidade e o seu Mar Vermelho
A Igreja de Cristo teria realmente efetuado em sua caminhada a
travessia do Mar Vermelho? Certamente que sim. E podemos dizer que naquele
momento em que os cristãos deixaram a ilegalidade e foram levados à condição
de religião oficial do Estado, ora, podemos dizer que naquele momento era que
a Igreja de Cristo acabava de realizar a travessia do seu Mar Vermelho
espiritual. Na morte e ressurreição de Jesus a Igreja de Cristo fora tirada
das masmorras do Egito espiritual, e no seu sangue derramado, no sangue dos
seus mártires que era derramado todos os dias, a Igreja de Cristo estava
escapando e deixando para trás o Egito; e podemos dizer sim que o momento da
convocação do Concílio de Nicéia, no ano de 325, por parte do imperador
romano Constantino, que decidiu a sorte e os destinos dos cristãos, aquele
foi o momento em que Deus partiu as águas do Mar Vermelho para que a sua
Igreja pudesse atravessar do outro lado. E certamente que a reação dos
sacerdotes pagãos, tentando impedir, foi aquele momento em que as forças de
Faraó entraram no mar atrás do povo para se engalfinhar com ele, e o momento
em que Teodósio, em 380, baniu o paganismo do império certamente que aquele
foi o momento em que as forças de Faraó pereceram.
É certo que muito se tem ouvido que o Concílio de Nicéia não
representou progresso para a Igreja de Cristo, mas retrocesso em sua
existência. Foi aceita pelo império porque capitulou e renunciou aos
seus princípios mais caros conquistados no sacrifício da cruz. E a história
da Igreja a partir de então, de íntima colaboração aos poderes políticos da
terra, de reação a todos aqueles que quiseram retornar ao cristianismo da
ilegalidade, estão aí para corroborar tal juízo.
Não resta a menor dúvida que quando se senta na cadeira de juiz do
positivismo não tem como fugir e como negar isto. E um fato moderno vem
comprovar tal juízo, o socialismo pós-Gorbatchov, que se apresenta aos olhos
como um retorno ao capitalismo. De modo que para muitos, não só o povo
evangélico, mas até mesmo setores da Teologia da Libertação, sentados na
cadeira de juiz do positivismo, no Concílio de Nicéia a Igreja de Cristo de
certa forma se paganizou. Retornou ao paganismo, como estaria acontecendo
agora com países socialistas que teriam na verdade retornado ao capitalismo.
Gorbatchov teria sido o reverso histórico de Constantino.
Mas, quando se senta na cadeira de juiz da metafísica começa a se ver
o Concílio de Nicéia com outros olhos. A Igreja de Cristo fora parturiada no
ventre do Espiritualismo Histórico. Como a sua flor mais pura. De modo que a
Igreja de Cristo não representava e não portava a Redenção na sua totalidade.
É verdade, a Redenção em sua totalidade estava em Jesus, mas no caminho de
Damasco – porque aquele era o tempo teológico da História – Jesus depositou em
Paulo a parcialidade da Redenção (ICoríntios 13.9), e guardou a outra metade
para o tempo em que a História saísse do seu tempo teológico-espiritualista e
adentrasse o seu tempo antropológico-materialista. Jesus depositou em Paulo a
flor da igualdade espiritual, e guardou o fruto da igualdade material para o
tempo futuro. No ventre do Espiritualismo Histórico, após longo calvário –
animismo, totemismo, fetichismo, politeísmo – então Eva se libertou da
alienação em que fora metida por causa do pecado original e começou o seu
retorno ao Paraíso. Primeiro na figura de espírito do judaísmo, e depois na
figura de espírito do cristianismo.
E é certo que Eva não representava a totalidade da Redenção. A
totalidade da Redenção se achava no casal Eva-Adão. De modo que naquele
momento em que Eva se libertou da alienação é certo que a partir de então
começou para ela novo calvário, agora para encontrar Adão – ver livro
Cantares de Salomão que parece estar descrevendo essa busca.
De modo que o Concílio de Nicéia foi o momento em que o Espírito,
depois de na árvore do Espiritualismo Histórico ter produzido a sua flor mais
pura, a Eva da religião cristã, ele iria, então, na árvore do Materialismo
Histórico, produzir o seu Adão. E quando produzisse o seu Adão, ele iria, então,
convergi-lo à sua Eva. E seria então o retorno glorioso do Paraíso, com a
harmonia sendo então restaurada a todos os pólos contrários (3).
De fato, após o Concílio de Nicéia, em que a Igreja de Cristo se
embrenhou no império, a se misturar com povos bárbaros, a se mesclar com
eles, era aquele o momento em que começava o calvário do Espírito para
produzir Adão. O Adão da Comuna Primitiva se alienara completamente de
si na escravatura, e quando a Igreja de Cristo se embrenhava no império o
resultado deste cruzamento de corpos é que então se manifestava no lugar da
escravatura o sistema do feudalismo. E o Espírito continuando no seu calvário
então fez emergir o capitalismo e eis que finalmente emerge Adão. Primeiro na
figura de espírito do socialismo marxista e depois na figura de espírito do
socialismo celestial, aquele recapitulando e formando um par com a Igreja de
Cristo quando se achava na figura de espírito do judaísmo e este
recapitulando e formando um par com a Igreja de Cristo quando veio se achar
na figura de espírito do cristianismo.
O Casamento do Cordeiro. A Palavra de Deus fala sobre o escatológico
Casamento do Cordeiro – E ouvi o que era como o som duma grande multidão, e
como o som de muitas águas, e como o som de fortes trovões. Disseram: Louvai
a Jah, porque Javé, nosso Deus, o Todo-poderoso, tem começado a reinar.
Alegremo-nos e estejamos cheios de alegria, e demos-lhe a glória, porque
chegou o casamento do Cordeiro e a sua esposa já se preparou. Sim, foi-lhe
concedido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro, pois o linho fino
representa os atos justos dos santos. E ele me diz: Escreve: Felizes os
convidados à refeição noturna do casamento do Cordeiro. Ele me diz também:
Estas são as palavras verazes de Deus. Apocalipse 19.6-9.
O que seria esse Casamento do Cordeiro? Certamente que é o momento em
que Adão, depois do longo calvário no ventre do Materialismo Histórico, então
se revela na figura de espírito do socialismo celestial. Esgotado a figura de
espírito do Marxismo, que, como já dito, é a outra face da figura de espírito
do judaísmo, do qual também fez parte a Teologia da Libertação (4) e
tendo então emergido a figura de espírito do socialismo celestial, então
neste momento o Espírito prepara uma grande festa para realizar as Bodas do
Cordeiro. Vai trazer um ao outro, Socialismo Celestial à Religião Cristã e
Religião Cristã ao Socialismo Celestial, para que seja uma só carne e tenham
um só espírito (João 10.16).
Bem, diferente do juízo positivista, podemos ver no Concílio de Nicéia
um momento altamente positivo para a Igreja de Cristo?
Ora, podemos dizer que na morte e ressurreição de Jesus a bendita
semente do Reino foi plantada no solo da Humanidade-História. E foi regada
com o sangue do martírio cristão. De modo que o Concílio de Nicéia foi o
momento em que a arvore do Reino emergiu na superfície da terra. Um verdinho
na sua superfície. Uma pequena planta. E Teodósio banindo o paganismo do
império com certeza foi aquele momento em que o Lavrador experiente toma as medidas
necessárias para proteger da destruição das intempéries climáticas e de
predadores a sua recém nascida plantinha.
E a plantinha se converteu em uma árvore. E veio crescendo, crescendo,
e eis que botões começaram a aparecer nos seus galhos. Valdenses, Cataritas,
John Wycliff, John Huss, Jerônimo Savanarola. E finalmente chegou para
ela a sua primavera. O seu tempo primaveril. E eis seus botões se abrindo em
flores. Uma primeira flor, Lutero. Muitas flores. Uma profusão de
flores. Lutero, Filipe Melanchton, Calvino, Zwínglio, Guilherme Farel, John
Knox...
E se a arvore do Reino teve o seu inverno- primavera, com a sua
exuberância de flores, a verdade é que ela iria ter também o seu verão-outono
e a sua exuberância de frutos. De fato, a verdade é que na árvore do Reino
começaram a surgir os frutos em botão. Os primeiros frutos em botão. Robert
Owen, Charles Fourier, Saint- Simon, Proudhon. E eis que chegou para ela o
seu outono. Os primeiros frutos maduros na árvore do Reino. Porque o fruto
começa a nascer no interior da flor, a partir da flor, negando a flor, eis o
primeiro fruto maduro na árvore do Reino, o judeu de família protestante Karl
Marx. E logo é uma profusão de frutos maduros, Marx, Engels, Plekhanov,
Lênin, Rosa Luxemburgo, Stálin, Mao, Ho Chi Minh, Fidel Castro, Che
Guevara...
E é fato que na árvore do Reino tudo iria se consumar com a sua
colheita. Iria chegar o seu momento mais sublime, o da colheita, quando então
seus frutos-flores seriam colhidos e em cestos levados para as casas, a fim
de servirem como alimento espiritual e como alimento material. E a verdade é
que se no primeiro e segundo momento houve botão e flor, com o botão se
abrindo em flor – o botão dos valdenses, cataritas, John Wycliff, John Huss,
Jerônimo Savanarola se abriram na flor de Lutero, Melanchton, Calvino,
Zwínglio, Guilherme Farel, John Knox; o botão de Robert Owen, Charles
Fourier, Saint-Simon, Proudhon se abriram na flor de Marx, Engels, Plekhanov,
Lênin, Rosa Luxemburgo, Stálin, Mao, Fidel Castro, Che Guevara – a verdade é
que no terceiro momento, o da colheita, as flores que então se abririam
seriam precedidas de botão. Botões de colheita se manifestariam na árvore do
Reino, que então iriam se abrir em flores.
E a colheita iria dar-se nas duas direções, da tese para a antítese e
da antítese para a tese, sim, da Igreja-Eva para a Revolução-Adão e da
Revolução-Adão para a Igreja-Eva. Haveria um duplo processo, todavia se
convergindo. De fato, pelo lado da Revolução-Adão o botão da colheita que se
manifestou foi mesmo a Escola de Frankfurt. Eis os botões de colheita pelo
lado da Revolução-Adão, dentre muitos, Horkheimer, Ernst Bloch, Marcuse,
Walter Benjamin, Adorno, Habermas, Gramsci. Pelo lado da Igreja-Eva o botão
de colheita que se manifestou foi mesmo a Teologia da Libertação. Eis os
botões de colheita pelo lado da Igreja-Eva, dentre muitos, Rubem Alves,
Gustavo Gutierrez, Hugo Assmann, Richard Shaull, Jose Comblin, Jon Sobrino,
Juan Luis Segundo, Leonardo Boff, Frei Beto, Paul Freston, Robinson Cavalcante,
Ariovaldo Ramos.
Ora, como esse processo duplo era convergencional, a linha da
Igreja-Eva cada vez que crescia mais e mais se aproximava da linha
Revolução-Adão, o mesmo ocorrendo com a linha Revolução-Adão que no
crescimento mais e mais se aproximava da linha Igreja-Eva, ora, o fim último
é que as duas realidades iriam dar lugar a uma única realidade.
Revolução-Adão e Igreja-Eva iriam emergir em corpo único, não mais havendo
entre si qualquer barreira de separação. O momento mesmo do completo restabelecimento
do Paraíso usurpado pela Serpente Original. E essa realidade riquíssima,
síntese das sínteses, trata-se do socialismo celestial, neste início contando
já com três militantes, Adamir Gerson, Professor de Filosofia Lúcio Espírito
Santo, de Bom Despacho, Minas, e o médico espiritualista Fausto Jaime, de
Quirinópolis. Certamente que em breve será uma multidão professando a mesma
fé.
A Revolução-Humanidade e o seu Mar Vermelho
Ora, se a Igreja efetuou a travessia do seu Mar Vermelho espiritual
segundo toda a descrição que foi dada, é preciso agora descrever o momento da
travessia do Mar Vermelho por parte da Revolução.
De fato, a Revolução começou a atravessar o seu Mar Vermelho
espiritual na vitória contra as nações imperialistas que naquele ano de 1918
invadiram o território revolucionário para impedir a revolução e trazer o
povo liberto de volta à escravidão do capitalismo.
Quer dizer, Lênin por tomar o lado dos oprimidos acabou indo para o
exílio. Mas, naquele início do ano de 17 na queda do Czar, com o caminho
ficando livre para a sua volta (Êxodo 4.19), então Lênin ouviu a notícia que
era para voltar e assumir o comando da revolução verdadeira. E voltou,
assumiu o comando da revolução, e finalmente libertou o povo de toda aquela
opressão, conduzindo-o na direção do socialismo.
Mas, como no fundamento tipológico quando o povo escapou da casa dos
escravos então Faraó reagiu, dizendo: Que é isto que fizemos, despedindo
Israel de trabalhar como escravos para nós? De modo que aprontou suas forças militares
e foi atrás do povo que escapara liberto para trazê-lo de volta, à escravidão
do Egito (Êxodo 14.5-7), a verdade é que quando os revolucionários fizeram a
revolução e principiavam a guiar o povo na direção do socialismo, as nações
imperialistas reagiram imediatamente. E aprontaram as suas forças militares e
invadiram a Rússia por todos os flancos para esmagar a revolução e trazer o
povo liberto de volta à escravidão do capitalismo. Muitas nações naquele ano
de 18 invadiram a Rússia. Ao todo quatorze nações, segundo os livros de
História, mas segundo Paulo Francis, de Nova Yorque, foram vinte e uma
nações, que naquele ano de 1918 invadiram a Rússia, de forma covarde, como
ele mesmo disse arrastando os erres.
Mas, três anos depois todas elas foram derrotadas com o território
revolucionário ficando completamente livre de nações invasoras. De modo que o
povo revolucionário naqueles dias efetuou a travessia do seu Mar Vermelho
espiritual, emergindo do outro lado e principiando então a sua caminhada no deserto,
cercado de nações hostis e tendo de passar por escorpiões e cobras venenosas.
Ora, no fundamento tipológico o povo que escapara do Egito e
atravessara o Mar Vermelho, caminhando no deserto, antes de atravessar o
Jordão conquistaram um território à Ogue e à Síon, reis amorreus. E aquele
território, que veio se chamar Gileade, Moisés o deu como herança às tribos
de Rubem e Gade, e à meia tribo de Manassés. O que seria hoje Gileade, a
conquista do deserto?
Podemos dizer sim que representa todas as conquistas que as forças de
Javé realizaram, tanto no campo espiritual como no campo material.
Protestantismo, Pentecostalismo, Renovação Carismática, Focolares, Conselho
Mundial das Igrejas Cristãs, Teologia da Libertação, Sandinismo, Zapatismo,
Cuba, Socialismo Real. Todas elas sem exceção pertencem àquilo que Paulo
chamou de parcial (ICoríntios 13.9), mas que na travessia do
Jordão espiritual, ao descobrir no outro o complemento que lhe falta e que o
torna completo, o completo de que falou Paulo (I Coríntios 13.20), estarão
então sendo feitas à imagem e semelhança do Cristo da cruz. Todas elas
estarão então se apoderando de sua herança eterna, que se acha não antes,
mas, depois do Jordão, Jesus de Nazaré. Todos aqueles que
estão na linha espiritual – Protestantismo, Pentecostalismo, Renovação
Carismática – e estão na linha material – Socialismo Real, Escola de
Frankfurt, Teologia da Libertação – e reconhecem naqueles que estão na outra
linha o fundamento que lhe falta e o torna completo, pode-se dizer que estes
realmente se tornaram à semelhança do Cristo que se deixou morrer na cruz
para que todas as paredes de separação fossem abolidas. Já não estão mais em
Gileade, a conquista do deserto, mas no Reino de Deus, uns, e no Comunismo,
outros. As duas linhas, Manassés e Efraim, Efraim e Manassés, realmente na
Presença e Mediação do Cristo filho do Deus Vivo, fora do qual não há
liberdade concreta e fora do qual não há reino em que se tem realmente
segundo as suas necessidades.
“Deveras tomo hoje os céus e a terra por testemunhas contra vós de que
pus diante de ti a vida e a morte, a benção e a invocação do mal; e tens de
escolher a vida para ficar vivo, tu e tua descendência, amando a Javé, teu
Deus, escutando a sua voz e apegando-te a ele; pois ele é a tua vida e a
longura dos teus dias, para morares no solo de que Javé jurou aos teus
antepassados Abraão, Isaque e Jacó (Sim, Marx, Engels e Plekhanov) que lhes
havia de dar”
O chamado para a travessia do Jordão espiritual está sendo lançado a
todos que estão nestas duas linhas de vida, a linha espiritual e a linha
material que o profeta Habacuque viu saindo da mão de Jesus (Habacuque 3.4):
irão fazer como os gileaditas que finalmente deram o consentimento a Moisés,
deixando aos cuidados de suas esposas e de seus pequeninos as conquistas do
deserto e, como os Valentes de Jah, indo atravessar o Jordão na frente de
todo o povo a fim de ajudar seus irmãos a também conquistar a sua herança? A
sua herança eterna chamada Jesus Cristo, que se hoje estão de posse delas todos
os que estão nas duas linhas, por outro não estão os apegados a dinheiro, à
propriedade, a poder, a domínio, a consumismo, à luxúria, a sensualismo, a
luxo extravagante, e para estes, que são pobres de espírito, Jesus anseia
tê-los também do seu lado? Pôr um fim à Serpente Original sim (Apocalipse
20), mas libertar do seu jugo todos aqueles que a alimentam e por ela são
alimentados.
A História
(Quem tem estado ativo e tem feito
isso, convocando as gerações desde o começo?), Isaías 41.4
Ora, como as boas novas do socialismo celestial é a manifestação da
ciência, e a ciência tem por norma apresentar os seus enunciados de forma
clara, inteligível (1), Adamir Gerson sente que precisa destrinchar essa
questão histórica, apresentá-la com mais conteúdo de modo a boas novas ser
convincente. Afinal diz a Palavra de Deus que se a trombeta tocar com som
incerto quem se aprontará para a batalha? O que Adamir Gerson fará em seguida
é literalmente afinar o instrumento, para que todos possam executar o seu
concerto. (Lembrando que Hegel fez vaticínio sobre o nascimento da ciência e
que seu nascimento seria como o de uma criança. Isto significa dizer que ela
nasceria com o seu edifício de síntese não estando suficientemente
solidificado. Como uma criança, nasceria necessitando de mãos para ajudá-la
no seu crescimento, até que se tornasse ciência de fato, compacta nos seus
enunciados e nos seus anúncios)
Prosseguindo. Bem, muitas são as escolas históricas, e agora os
espíritos irão ter a oportunidade de conhecer mais uma escola histórica, a do
socialismo celestial. E no presente trabalho a mesma será apresentada em
resumo.
Bem, a História no socialismo celestial é apresentada como se
desenvolvendo em três momentos, o teológico, o antropológico e o teopolicrato
(teoantropológico). O teológico foi todo o período da humanidade até ao final
da Idade Média, o antropológico foi todo o período que se iniciou com o
Renascimento, e Adamir Gerson trata o início do pensamento teopolicrato
(teoantropológico) precisamente no advento da Teologia Humanista, na primeira
metade do século XX. Embora a Teologia tivesse efetuado uma virada
antropológica em Tomás de Aquino, o que conta foi a virada antropológica que
a Teologia fez na primeira metade do século XX, pois então o que se
manifestou como Ser de Razão em Tomás de Aquino, se revelou como Ser
Histórico em teólogos como Karl Rahner, Chenu, Rudolfo Bultmann, Jurgen
Moltmann, Karl Barth, Tillich, Metz, Bardiaev (movimento real da
Teologia-História) (Mas, o momento em que a Antropologia efetuou uma virada teológica,
no seu movimento real, foi mesmo com a Escola de Frankfurt. De modo que
virada antropológica e virada teológica representam o momento em que o
Espírito, no seu longo calvário, então principiou a unificar a si mesmo, a
fim de se revelar em toda a sua totalidade).
Estes três momentos na forma repetem a lei dos Três Estados de Comte.
Não, porém, no conteúdo. Em Comte os três momentos são concebidos como
estágios evolutivos, em que o seguinte possui mais conteúdo que o anterior,
culminando que o terceiro estado, que Comte diz ser a manifestação da
Ciência, o mesmo se tornou a medida de todas as coisas em relação a todo o
seu passado. Gera uma euforia com o presente e um desconforto-nostalgia com o
passado. A lei dos Três Estados não é assim nas boas novas do socialismo
celestial. Ela é concebida na correnteza do hegelianismo. De modo que o
primeiro momento, o teológico, é a tese, o segundo momento, o antropológico,
a antítese, e o terceiro momento, teopolicrato ou científico, é tão somente a
síntese dos dois momentos anteriores.
Certamente que a história concebida assim leva o espírito a reatar com
o passado, a ver o seu ser como constituído de passado e presente, e
carregando as potencialidades do futuro. Daí o homem e mulher, celestiais,
vasculharem o passado da História para encontrar o que de perene ela
produziu, e não simplesmente defenestrá-lo no conjunto de sua obra, como
faria o homem e a mulher modernos. (Há cerca de oito anos um internauta assim
reagiu em um grupo político do Orkut do qual Adamir Gerson participava: joga para
fora do grupo esse nosso amigo pré-socrático que passa a noite revolvendo o
lixo da história e de dia vem infectar-nos com o seu mau cheiro. Adamir
Gerson guardou aquelas palavras e teve-as, não de um tolo, mas de alguém que
estava aprendendo (um jovem) em escolas históricas que produzem um homem
fragmentado revestindo um fragmento de totalidade. Em breve essas escolas históricas, esgotado a quota de
sua participação no devir histórico, darão lugar a novas visões de mundo certamente que mais abrangentes, mais próximas de construir um homem realmente integral).
Bem, no caso acima relatado, do jovem que se indispôs com a forma de
Adamir Gerson apresentar a História, o seu movimento, ao seu espírito um
retrocesso puro e simples, se faz necessário gastar palavras para a sua
correção. E a razão única da sua reação negativa é que a modernidade tem como
certo e assunto encerrado (Apocalispe 6.14) que o antropologismo que se
manifestou na História com e a partir do Renascimento o mesmo representou
superação dialética. Trouxe superação para tudo que existiu antes. Comparando
o passado à luz das novas ferramentas trazidas pela antropologia (que a
passos largos foi sendo apoderada pela ideologia) o passado revela-se sem
sentido. É como se o ano 1 da História do Homem tivesse feito o seu
nascimento no século XIV, se engatinhado então e vivido a infância no
Renascimento, adentrou o estado adolescente no Iluminismo e tornou-se adulto
no Materialismo.
Mas, façamos a pergunta: o que se manifestou com e a partir do
Renascimento realmente representou superação dialética, como é corrente no
mundo acadêmico-intelectual? Que isto nunca aconteça!
O que de fato aconteceu foi negação dialética! Negação
dialética é uma coisa, superação dialética, outra. As duas produzem conteúdos
distintos, por conseguinte, visões de mundo diferente.
De fato, negação dialética significa que tudo que se manifestou com e
após o Renascimento, seja lá o que for, tratou-se da outra face de tudo que a
História tinha produzido na existência teológica. Como o movimento da Terra em torno do sol na estação do inverno-primavera produz flores, mas as flores são a outra metade dos frutos que o movimento da Terra em torno do sol irá produzir quando estiver na estação do verão-outono, de igual modo os conceitos novos que surgiram com e a partir da renascença na verdade vieram completar os conceitos que então foram produzidos na existência teológica da História. Tais conceitos, elaborados na existência teológica e na existência antropológica, simplesmente o
resultado do Absoluto em movimento, cujo movimento percorre um meio arco de 180 graus, negativos, e um meio arco de 180 graus, positivos. Movimento este que certamente não é linear, como estaria no positivismo de Comte, mas se dá dentro de um espaço curvo da História, que não somente produz a sua negação como, também, a sua síntese. Após produzir os dois meios arcos, negativos e positivos, ato contínuo o movimento do Absoluto irá mergulhar um no outro criando a síntese.
Só um exemplo, a Antropologia não é superação da Teologia, mas, sim, A SUA OUTRA FACE E QUE A COMPLETA. Não é superação, mas, sim, complementação. Bem como a Teologia é a outra face da Antropologia e que a completa. Frases do tipo: religião não se mistura com política só tem sentido a uma mente que ainda não se emancipou intelectualmente, porque na verdade trata-se de duas metades que quando cada uma delas cresce e amadurece tende naturalmente para a outra (tudo o que sobe, converge, Teilhard de Chardin). Mutuamente se penetram.
A própria Sociologia padece desse vício. Embora a problemática social
tenha causa dupla, material e espiritual, porque a realidade é em si material
e espiritual, no entanto o seu filtro só consegue captar a problemática
social de causa material, com a problemática de causa espiritual ela enfiando
goela adentro de sua sociologia por insistir que ela também tem causa
material. Só pode ter causa material, porque ela reduz tudo ao material (o
que acontece com o Materialismo Dialético que reduz o cristianismo à
categoria de superestrutura, desconhecendo a independência que o seu sistema
tem em relação ao infra-estrutural. É também infra-estrutura. Destarte, não é
um planeta girando em torno de uma estrela, mas, sim, uma estrela binária
girando em torno de outra estrela. É justo reduzir a Cristandade ao conceito
de superestrutura, não, porém, o Cristianismo) (É justo reduzir o óvulo à
categoria de superestrutura biológica, tendo o espermatozóide como categoria
de infra-estrutura? Pois isto faz Augusto Comte na sua Lei dos Três
Estados, avalizado pelo Materialismo Dialético).
Mas tem um espaço sociológico que pertence só ao religioso. Ele
combina psicologia e religião para a sua resolução. Por ser tese, certamente
que o religioso também padece do mesmo vício, porque também reduz tudo ao
espiritual. O seu filtro só capta a problemática social de causa espiritual.
A problemática social de causa material ele enfia goela adentro de sua
sociologia religiosa. O desempregado acaba sendo responsabilizado do seu
desemprego, retirando a culpa de um sistema social iníquo que o produz.
Sempre terá argumento para responsabilizar o desempregado, amorfo em relação
ao sistema sócio-político em que vive. Inversamente proporcionalmente o
sociólogo hodierno concebe a desestruturação familiar em causas materiais.
Para ele a desestruturação familiar é proporcional aos graus de
desenvolvimento do capitalismo. Se o capitalismo é concentrador de renda
maior o número de famílias que se desestruturam; se é distribuidor de renda
menor é o número de famílias que se desestruturam. E isto vale para toda a
problemática social, o alcoolismo, os vícios, o suicídio, a mendicância, a
inveja, o ódio, a briga, o adultério, a prostituição e etc.
Esclarecendo melhor essa questão: temos o conceito de adultério e
prostituição. Para o sociólogo adjetivado, e aí se inclui o Sociólogo
hodierno, fruto das ciências sociais, e o Sacerdote, fruto da religião, tanto
um como outro reduz os dois conceitos a uma única causa.
Adultério-Prostituição é resultado de causas espirituais, segundo uns, e de
causas materiais, segundo outros. Porém, a verdade é que adultério é o
resultado de causas unicamente espirituais, ao passo que prostituição o
resultado de causas puramente materiais. Donde para a resolução deste
problema em sua totalidade se exige a combinação da ação religiosa com a ação
política. Este se incumbe daquele, e aquele se incumbe deste, de modo nada
escapar ao seu ângulo de ação (3).
E é exatamente isto o vaticínio do profeta Miquéias: “E na parte final
dos dias (...) realmente sentar-se-ão, cada um debaixo da sua videira e
debaixo da sua figueira, e não haverá quem os faça tremer; porque a própria
boca de Javé dos exércitos falou isso” (4.4) E foi isto que também visionou o
profeta Zacarias: “Naquele dia, é a pronunciação de Javé dos exércitos,
chamareis um ao outro, enquanto debaixo da videira e debaixo da figueira”
(3.10).
Certamente que tanto o vaticínio de Miquéias como o de Zacarias
estarão se cumprindo quando o Sacerdote passar a ter também a consciência do
Sociólogo, e o Sociólogo a ter também a consciência do Sacerdote. As duas
instâncias se imbricarem em uma com os seus dois olhos, dois faróis, vasculhando
toda a realidade e nada ficando fora do seu ângulo de visão.
Ora, o que de fato aconteceu nos idos dos séculos XIV, XV e XVI, que
fez nascer uma consciência que se indispôs com o passado, foi que o Espírito
no seu longo calvário de retorno a si mesmo, na acepção hegeliana, ao
percorrer os 180 graus negativos da História, o teológico e que foi a sua
infância, por causa da curvatura da História, seguindo o espaço curvo da
História, então, do outro lado, voltando, começou a percorrer e a
produzir os 180 graus positivos, o antropológico e que foi a sua
adolescência.
Mas, como essa passagem se dá no hegelianismo, tese e antítese, ora, o
fenômeno da antítese para ter existência efetiva terá necessariamente que
negar todo o seu passado. Ele irá construir a nova identidade justamente na
negação da tese. Irá reconhecer a si naquilo que negou. Todo o seu
psicologismo ativado informa-o de que é fenômeno novo, que está inaugurando e
instaurando o novo. O que explica porque a consciência nova que surgiu com e a
partir do Renascimento realizou uma ruptura com todo o passado. Para que os
valores novos da Antropologia pudessem se estabelecer fez-se necessário negar
os valores da Teologia. Para que o antropocentrismo se estabelecesse fez-se
necessário a negação do teocentrismo.
Vejamos o adolescente: como surge o adolescente? Ele se firma negando
o seu ser de infância. Uma virada de 180 graus, da dependência para a
independência. No entanto quando esgota a fase adolescente e começa a entrar
na fase adulta, ora, esta faze adulta que se manifesta não é outra coisa
senão que o sujeito adolescente reconcilia-se com o sujeito infante. O
sujeito adulto é a soma do sujeito infante com o sujeito adolescente. O
sujeito adulto sabe os momentos certos em que é independente e sabe os
momentos certos em que é dependente. Tem os dois em sua palma de mão.
É certo que tem muitos que estão dizendo: mas, quem disse que tudo o
que surgiu após o Renascimento fez ruptura com o passado se o que
caracterizou o Renascimento foi justamente um resgate do passado, presente na
cultura greco-romana?
Sendo assim, é certo que tudo o que se manifestou com e a partir do
Renascimento fez ruptura com o teológico e tudo que lhe diz respeito, tanto o
que se achava no presente como o que se achou no passado, e procurando criar
mecanismos para que não se manifestassem em algum tempo do futuro.
De fato, o que caracterizou o novo mundo que surgiu com e a partir do
Renascimento, em todos os campos do saber, foi que concepções materialistas
surgidas no passado e que ao longo da história foram preteridas ou por assim
dizer hibernavam, de repente renasceram. Era como se fossem uma semente no
coração da história que então fez o seu nascimento em uma arvore, que iria
ser frondosa e dar os seus frutos. De modo que não é justo dizer que foi
renascimento grego ou romano, mas de concepções materialistas presentes em
suas culturas e que foram filtradas. Tanto é que a modernidade computou
Aristóteles híbrido demais, que teria indevidamente agregado uma alma à matéria
de Demócrito e Leucipo, com Aristóteles pouco diferindo de Platão.
Bem, como explicar esse renascimento greco-romano que se deu ao final
do período da Idade Média? O que se deu na verdade é que estava em curso o
desenvolvimento do conceito de renascimento. O renascimento que surgiu ao
final da Idade Média já foi o segundo momento do conceito de renascimento. E
certamente que a humanidade iria entrar em terceiro renascimento.
Quer dizer, no passado tivemos a confecção da Semente. E como a
semente é composta de dois gametas, o feminino e o masculino, o gameta
feminino da Semente foi o religioso manifestado no Egito; e o seu gameta
masculino foi o materialista que então se manifestou na Grécia. E a semente
propriamente dita, com os seus dois gametas, se manifestou em Israel. O sonho
de Jacó, de uma escada que ligava a terra ao céu, por onde subiam e desciam
anjos, ilustra bem a essência da cultura hebréia, ligada ao céu, ligada a
terra, sem separação entre transcendência e imanência.
No que interessa, Adamir Gerson trabalha com o Egito de Akhenaton e a
Grécia de Aristóteles, embora não tenha podido prescindir de Platão.
Podemos dizer que o período da Idade Média, de cerca de mil anos,
teria sido um período do renascimento do Egito de Akhnaton? A excessiva preocupação
religiosa, que tomou conta de boa parte da vida na Idade Média, é porque a
religião tomou conta de boa parte do reinado de Akhnaton, que teria relegado
as questões de Estado a um segundo plano? O fato da rainha Nefertiti não raro
ter feito o papel de Faraó, tendo também se incumbido dos negócios do Estado,
é porque a Igreja Católica no período da Idade Média não raro também exerceu
o poder, se não diretamente, indiretamente, por quem nomeava ou coroava? O
fato de Akhnaton ter sido um homem voltado às artes e à ciência esse espírito
teria existido na Idade Média?
Podemos chamar o período da Idade Média de “renascimento egípcio
(Akhenaton)-platônico”? Há elementos para isto?
O que temos são duas certezas: a primeira é que no século XIV, XV e
XVI realmente foi um período de renascimento da cultura greco-romana, livrada
de suas manifestações religiosas e metafísicas; e que a humanidade está
prestes a experimentar em suas vidas o renascimento judaico-cristão. É
possível que na Teologia da Libertação tenham surgido lampejos já deste
renascimento, que seguramente inaugura o início do Milênio. O Milênio nasce
com este renascimento, com homens como o profeta Isaías, totalmente
desconhecido do mundo acadêmico-intelectual, começando a ser alvo de estudo e
de interesse, pois se descobre que Isaías pode ter sido o maior intelecto que
se manifestou na História. O próprio acontecimento do Êxodo, apenas um mito
no universo acadêmico-intelectual, começaria a ser visto com outros olhos,
que a sua narrativa foi antecipação profética e esconde a realidade da
Revolução.
Novamente a História
Acima foi falado sobre o Espiritualismo Histórico, no ventre do qual
foi elaborado a Religião Cristã, o ético emergindo sobre o amoral (e a reação
transformou o amoral em imoral). Sim, a preocupação com o próximo emergindo
no lugar da preocupação consigo. E também foi falado sobre o Materialismo
Histórico no ventre do qual foi elaborado o Socialismo, o ético emergindo
sobre o amoral. Sim, a preocupação com o próximo emergindo no lugar da
preocupação consigo. (O capitalismo que nasceu com o protestantismo pertenceu
ao amoral; mas na sua reação ao socialismo o que era amoral transformou-se no
imoral. Já não há mais desculpas diante da nova revelação).
Eis o Espiritualismo Histórico, certamente que inacabado e faltando
elementos que certamente aparecem em outros esquemas: MONOTEÍSMO PRIMITIVO
(W. Schmidt) – animismo, totemismo, fetichismo, politeísmo, JUDAÍSMO,
CRISTIANISMO, REINO DE DEUS
Eis o Materialismo Histórico: COMUNA PRIMITIVA (Karl Marx) –
escravatura, feudalismo, capitalismo, SOCIALISMO UTÓPICO, SOCIALISMO
CIENTÍFICO, COMUNISMO.
Espiritualismo Histórico. Tese. Materialismo Histórico. Antítese
Se no primeiro momento do Espiritualismo Histórico tivemos o
antropólogo e padre alemão Wilhelm Schmidt
sustentando que primitivamente a religião do homem foi monoteísta, com ele
acreditando na existência de um único Deus, com morada no céu, um Deus
criador do mundo e condutor dos destinos pessoais e históricos, mas por
alguma razão esse monoteísmo primitivo se degenerou em religiões de estilo
simples, animismo, totemismo, fetichismo, e finalmente o monoteísmo primitivo
fez retorno em religiões como a cristã, e se no segundo momento, o
Materialismo Histórico encontramos uma descrição parecida por parte de Karl
Marx, primeiro de tudo o que houve foi um sistema social em que os homens
viviam em igualdade, se respeitando, se ajudando, só depois o mesmo foi
corrompido e surgiu no lugar formas de exploração de uns por outros, todavia
a comuna primitiva fez retorno com o socialismo, ora, no terceiro momento, ao
conceber a História, Adamir Gerson vai lançar mão dos mesmos recursos
utilizados pelos alemães Wilhelm Schmidt e Karl Marx. Vai trabalhar com a
idéia de Tese, de Alienação e de Desalienação.
E Adamir Gerson toma como ponto de partida a história de Adão e Eva
como nela estando incluso tanto a história de Wilhelm Schmidt como a história
de Marx. Em Adão e Eva reinam a harmonia espiritual e material. Há entre eles
uma igualdade absoluta. Neles liberdade gira em torno de igualdade e
igualdade gira em torno de liberdade. O Paraíso Primitivo é o seu momento
primeiro e ponto de partida. Toda a história posterior está indelevelmente
ligada a ele como todo o desenvolvimento da planta está indelevelmente ligado
à sua semente.
A verdade é que por causa do pecado original, aquela harmonia foi
desfeita e uma história de brutalidade tomou conta do gênero humano. No
entanto essa história de brutalidade era o calvário por onde Adão e Eva
estavam retornando. No devir histórico iriam tomar consciência de si, e se
encontrar novamente, com o conseqüente retorno do Paraíso.
Primeiro Momento. Teológico. Retorno de Eva
Moisés/Abraão (Judaísmo) à João Batista/Hillel
(Essênios) à Paulo/Pedro (Cristianismo).
Segundo Momento. Antropológico. Retorno de Adão
Adam Smith/Ricardo (Materialismo Inglês) àProudon/Saint Simon (Materialismo
Francês) à Karl Marx / Engels
(Socialismo Científico)
Terceiro Momento. Teoantropológico. Encontro de Eva e Adão
No primeiro momento, após longo calvário – animismo, totemismo,
fetichismo, politeísmo – Eva finalmente se desaliena e faz a sua libertação
do calvário no Judaísmo. E porque as pálpebras de seus olhos estavam
entreabertas, a sua consciência se apresentava opaca, começou novo calvário
para encontrar-se a si mesma, o que se deu com a religião cristã. Com os
olhos abertos e a consciência desembotada imediatamente ela se lembrou de
Adão e uma saudade imensa tomou conta do seu ser. De modo que começou um novo
calvário agora para encontrá-lo, encontro que se dará no Reino de Deus.
O segundo momento é uma repetição pura e simples do primeiro momento.
Adão, depois de passar pela alienação – escravatura, feudalismo, capitalismo
– então vence a sua resistência e se liberta no socialismo utópico. No
entanto as suas pálpebras se acham entreabertas e a sua consciência se
apresenta opaca. Começa então novo calvário para encontrar-se a si mesmo, que
se dá no socialismo cientifico. Com os olhos abertos e a consciência
clarificada, então lhe vem imediatamente lembrança de Eva. E uma saudade
imensa invade todo o seu ser. De modo que começa novo calvário agora para
encontrá-la, encontro que se dará no Comunismo.
Portanto no terceiro momento – teoantropolicrato – o que se dá é todo
um processo para o encontro de Adão-Socialismo com Eva-Religião Cristã.
Processo que se dá nas duas direções, de Adão-Socialismo para Eva-Religião
Cristã e de Eva-Religião Cristã para Adão-Socialismo. Em três momentos
evolutivos.
Calvário de Eva-Religião Cristã para encontrar Adão-Socialismo. Três
Momentos
Primeiro Momento. Teologia Humanista. Karl Rhaner, Rodolfo Bultmann
Segundo Momento. Teologia da Libertação. Gustavo Gutierrez, Rubem
Alves
Terceiro Momento. Socialismo Celestial (Paulo 50% Liberdade + Marx 50%
Igualdade= 100% FRATERNIDADE (REINO DE DEUS REAL)
Calvário de Adão-Socialismo para encontrar Eva-Religião Cristã. Três
Momentos
Primeiro Momento. Existencialismo. Soren Kierkegaard, Martin Heidegger
Segundo Momento. Socialismo Democrático-Frankfurtiano. Rosa Luxemburgo, Horkheimer
Terceiro Momento. Socialismo Celestial. Marx 50%
Igualdade + Paulo 50% Liberdade= 100% FRATERNIDADE (COMUNISMO REAL).
É certo que os cristãos não fazem distinção entre
Cristianismo e Reino de Deus, não raro confundindo os nomes como se fosse um
só, e é certo que os marxistas não fazem distinção entre Socialismo e
Comunismo, não raro confundindo os nomes como se fosse um só.
Mas os cristãos só entrarão no Reino de Deus se
passar pelo Marxismo e apanhar ali a flor pura de sua materialidade. Estão na
mesma condição de Jacó que para voltar para a sua terra natal teve de passar
por Esaú. O mesmo se diz dos marxistas, que só entrarão no Comunismo se
passar pelo Cristianismo e apanhar ali a flor pura de sua espiritualidade. De
modo que o socialismo que caiu na União Soviética e no Leste Europeu não
volta mais, porque é o Espírito em novo calvário para se levantar em nova
figura de espírito, agora a figura de espírito do Comunismo. Do Comunismo que
é gestado no esquema apresentado e está no espírito de Adamir Gerson.
Destarte, aquelas populações terão de entrar na correnteza do Espiritualismo
Histórico, e passar pelo seu calvário bruto – animismo, totemismo,
fetichismo, politeísmo – emergindo na figura de espírito do Judaísmo. E deste
emergir então na figura de espírito do Cristianismo, para finalmente chegar
ao Comunismo. Não há Comunismo fora disto, como não há Reino de Deus fora do
ventre do Materialismo Histórico, a tal ponto que cristãos ansiosos do Reino
de Deus se embrenharam no Materialismo Histórico e, olhando no espelho
refletor das suas ferramentas de ciências sociais, que busca as causas das
desigualdades sociais principiando por modelos econômicos ancestrais,
acabaram por descobrir nele a presença de Adão e de todo o seu calvário.
A Grande Caminhada
Ora, no ano de 2003, 2004 Adamir Gerson se achava na igreja Obras do
Espírito Santo. Fora ali levado por mãos angelicais para que falasse para o
seu dirigente, pastor Luis Baldez, sobre as boas novas do Reino de Deus.
Sobre a iminência do Casamento do Cordeiro sobre esta terra. (E a Palavra de
Deus não voltou vazia neste coração, pois alguns anos depois, pastor Luis
Baldez foi ouvido falando com alegria no coração de um novo socialismo...)
E o que sucede é que por esses dias chegou à igreja uma jovem por nome
Joseane, vinda da igreja Nova Jerusalém. E assim que tomou assento ela narrou
um sonho que tivera naqueles dias. Narrou que vira em sonho uma grandíssima
caminhada acontecendo no centro de Presidente Prudente. E a multidão
caminhava no seu centro em direção ao Parque do Povo.
E ela narrando o sonho então contou que quando a multidão ia entrar no
Parque do Povo, pela sua porta de entrada, eis que estavam ali uns clérigos
parados. E eles conversavam entre si e se perguntavam: quem deu poder para
estes fazerem isto? E a grande multidão entrou então no Parque do Povo e foi
se postar diante de um grande palanque ali armado ocupado pelos ministros da
Palavra de Deus.
Narrando o sonho, ela contou que a grande multidão que viu caminhando
pelo centro de Presidente Prudente era composta de católicos e de
evangélicos; mas os católicos eram maioria, como ela mesma disse. E quanto
aos ministros da Palavra de Deus que ocupavam o grande palanque eram padres
católicos e pastores evangélicos; mas os pastores evangélicos eram maioria,
como ela mesma disse narrando o sonho.
O que sucede é que assim que acabou de narrar o sonho pouco tempo
depois retornou para a sua igreja, todavia deixando a intrigante pergunta: o
que foi fazer naquele lugar onde estava o homem interessado? O homem que Deus
já o vinha preparando desde o ano de 2001, desde os atentados terroristas nos
Estados Unidos, para realizar tão grande caminhada? Por ventura que foi
levado ali pelo Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os
profetas, de modo que ele tinha no propósito do coração realizar uma grande
caminhada escatológica, que seria sim introdutora da caminhada do Milênio,
que marcaria o momento em que o reino do mundo iria se tornar em reino de
nosso Senhor e do seu Cristo, como são as imagens de Apocalipse 11.15-18?
O que seria esta caminhada vista em sonho pela jovem Joseane? Por
ventura que ela viu em sonho as duas linhas de vida que saem da mão de Jesus
se encontrando e juntas atravessando o Jordão espiritual?
O que seria mesmo esta caminhada? Por ventura que no final do ano de
2012 uma grandíssima caminhada, com as cores e a força da escatologia,
aconteceria na cidade de Presidente Prudente, no exato lugar em que o homem
de Deus teve o seu encontro teofânico naquele ano de 78 e no exato lugar onde
a jovem Joseane viu em sonho acontecendo grande caminhada, quando, então,
neste final de ano, para esta cidade do oeste paulista convergirão homens e
mulheres que estão nas duas linhas de vida que saem da mão de Jesus? Que
tanto pode ser o dia 23 de dezembro como o dia 30 de dezembro ou mesmo o seu
dia 31? Pois, como diz a música profética – e tu virias numa manhã de
domingo; eu te anuncio nos sinos das catedrais – na manhã mesmo do dia 23 ou
na manhã do dia 30, com o dia 31 todos estando nas suas igrejas, no culto e
missa de virada de ano, falando das coisas espantosas que viram e ouviram no
dia anterior?
E eis que é o dia 23 de dezembro do ano de 2012... E eis que é o dia
30 de dezembro do ano de 2012... E uma multidão imensa, vinda de todas as
partes do Brasil, de muitas partes da terra, está na Baixada da Decisão.
Ouviram o chamado: Acudi e vinde, todas as nações ao redor, e reuni-vos.
Àquele lugar faze baixar os teus poderosos, ó Javé. Metei a foicinha, porque
a colheita ficou madura. Vinde, descei, porque o lagar de vinho ficou cheio.
Os tanques de lagar estão realmente transbordando; porque se tornou abundante
a sua maldade. Massas de gente, massas de gente estão na baixada da decisão,
porque está próximo o dia de Javé na baixada da decisão (5). E vieram para a
Baixada da Decisão, para o dia em que Deus iria desembainhar da cintura a
espada de sua Palavra e iria lançar a escolha para esta multidão desorientada
que está dançando em torno do Bezerro de Ouro: Os que estão do lado de meu
filho Jesus, a mim!(6) Sim, uma multidão imensa de todas as
partes do Brasil, e de muitas partes da terra, que então acorreria para
Presidente Prudente a fim de ouvir o som estridente que se levanta de suas
ruas: Caiu! Caiu Babilônia, a Grande, e ela se tornou moradia de demônios, e
guarida de toda exalação impura, e guarida de toda ave impura e odiada. Pois
todas as nações caíram vítimas por causa do vinho da ira de sua fornicação, e
os reis da terra cometeram fornicação com ela, e os comerciantes viajantes da
terra ficaram ricos devido ao poder de sua impudente luxúria (7).
Como cessou aquele que compelia outros a trabalhar, como cessou a opressão!
Javé destroçou o bastão dos iníquos, a vara dos governantes, aquele que
incessantemente golpeava povos em fúria com um golpe, aquele que subjugava
nações em pura ira, com perseguição sem freio. A terra inteira chegou a
descansar, ficou sossegada. As pessoas ficaram animadas, com clamores
jubilantes. Até mesmo os juníperos se alegraram de ti, os cedros do Líbano,
dizendo: Desde que te deitaste, não sobe contra nós nenhum lenhador (8).
E eis que é o dia 23 de dezembro do ano de 2012... E eis que é o dia
30 de dezembro do ano de 2012... E uma multidão imensa, vinda de todas as
partes do Brasil, de muitas partes da terra, está na cidade de Presidente
Prudente, ocupando as suas avenidas, com os seus tambores, as suas bandeiras,
e os seus muitos cânticos. E de repente alguém grita, no meio da multidão:
Eia lá vem! E todos esticam o pescoço para ver o que lá vem, e eis que todos
avistam vindas as forças dos reis do nascente do sol (8) com a missão de
começar em cima da terra o reinado de Jesus Cristo no lugar do reinado de
homens, que trouxe proveito para poucos, mas lágrima, dor e sofrimento para a
imensa maioria.
E lá vem. E na frente de todos eis que aparecem jovens empurrando uma
grande roda e nela os dizeres: 2012: O ANO DOS MANSOS QUE JESUS DISSE
HERDARIA A TERRA E A GOVERNARIA. No centro da grande roda, o número 2012, e
em cima, circundando, os dizeres: O ANO DOS MANSOS QUE JESUS DISSE HERDARIA A
TERRA E A GOVERNARIA, e embaixo, completando o círculo, os dizeres, OS
TRABALHADORES
E atrás seguem jovens em cima de uma caminhonete que veio do Pontal do
Paranapanema levando três estandartes, os estandartes de Paulo e de Marx
ladeando o estandarte de Jesus Cristo.
E quando a camionete passa levando os estandartes de Paulo, e de
Jesus, e de Marx eis que logo atrás vêm jovens empurrando um carrinho; e em
cima do carrinho um livro aberto com os dizeres, deste lado: EDUCAÇÃO, e do
outro lado, EVANGELHO. E os jovens que empurram o carrinho são deste lado, um
jovem evangélico, e daquele lado, um jovem católico, mas no meio deles um
jovem socialista, com os três jovens seguindo pelas avenidas de Presidente
Prudente empurrando o carrinho.
E quando os jovens passam empurrando o carrinho, eis que atrás deles
vem um carro alegórico ocupando bom espaço da rua. E ao fundo se levanta uma
grande réplica de Jerusalém se expandindo a partir do Muro das Lamentações. E
deste lado de cá aparece em grande destaque a Mesquita de Omar com o ouro que
cobre seu domo sendo visto em todo seu resplendor, beleza e grandeza
sempiternos. E do lado de lá, em grande destaque, aparece a Sinagoga de
Ramban. E entre a Mesquita de Omar com o Domo da Rocha prendendo as atenções
e a Sinagoga de Ramban aparece, então, em grande destaque, a Basílica do
Santo Sepulcro. Mesquita, Basílica e Sinagoga uma ao lado da outra. E no
alto, encimando, em forma de arco que cobre toda a extensão, eis que se lê a
inscrição: O TERCEIRO TEMPLO RECONSTRUÍDO. E em cima do carro alegórico
seguem crianças palestinas, judias e cristãs em suas respectivas
indumentárias, conversando entre si e cantando cânticos tradicionais e
pertinentes, cristãos, palestinos e judeus. Todas cantam o mesmo cântico. E o
maestro está junto a elas, as ajudando na harmonia de sua síntese.
E o carro alegórico, em toda a sua riqueza, segue pelas avenidas de
Presidente Prudente, e eis que na sua frente segue três jovens montados cada
qual em um cavalo branco. E levam ao ombro um grande estandarte que segue
pelas avenidas da cidade girando em suas mãos. E o jovem do lado de cá, em
indumentária palestina, e com o dorso do cavalo coberto do vermelho, do
vermelho cetim, leva ao ombro um grande estandarte que girando em suas mãos
então faz aparecer dum lado a figura de Esaú, mas do outro lado a figura de
Yasser Arafat. Quanto ao jovem que vai do lado de lá, em indumentária
hebraica, e com o dorso do cavalo coberto do branco, do branco cetim, ora,
quando gira o estandarte em suas mãos eis que de um lado aparece a figura de
Jacó, mas no outro lado a figura de Yitzhac Rabin. E os dois jovens,
palestino e judeu, seguem pelas avenidas de Presidente Prudente ladeando um
jovem cristão que segue pelas suas avenidas levando ao ombro um grande
estandarte, que quando gira em suas mãos então dum lado aparece a figura de
Isaque, mas do outro lado a figura de Jesus. E o dorso deste cavalo está
coberto do rosa, do rosa cetim.
E o que sucede é que quando passa pelas suas avenidas a camionete que
veio de Estrela do Norte trazendo os estandartes de Paulo, e de Jesus, e de
Marx; passa os três jovens empurrando o carrinho que leva em cima um livro
aberto com os dizeres EDUCAÇÃO e EVANGELHO, sim, o que sucede é que assim que
acaba de passar o caminhão alegórico levando em cima crianças judias,
palestinas e cristãs, então a multidão que os presenciara não se contém e
exclama: Vede! É a Arca do Pacto! Do Pacto novo que Deus selou com seu filho
Jesus! Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão? Ó
Glória... Já não seremos mais explorados; nem material e nem espiritual, mas
o Cordeiro que está no meio do trono nos pastoreará e nos guiará para as
fontes de águas da vida. E ele enxugará de nossos olhos toda lágrima, e não teremos
mais fome, e nem sede, e nem sol ou calor abrasador cairão mais sobre nós. Ô
Glóóóóóóória!!!
E o grande exército de Deus, sim, há um povo numeroso e poderoso;
semelhante a ele não se fez existir nenhum, desde o passado indefinido, e
depois dele não haverá mais nenhum até os anos de geração após geração.
Adiante dele um fogo devora e atrás dele uma chama consome. Adiante dele a
terra está como o jardim do Éden; mas atrás dele é um deserto desolado, e
também se mostrou que dela nada escapa. Sua aparência é como a
aparência de cavalos e correm como corcéis. Saltitam como que com o
ruído de carros nos cumes dos montes, como que com o ruído dum fogo
chamejante que devora o restolho. É como um povo forte, posto em ordem de
batalha. Por causa dele, povos terão dores agudas. Quanto a todas as faces,
certamente ficarão coradas de excitação. Correm como homens poderosos.
Sobem a muralha como homens de guerra. E vão, cada um, nos seus próprios
caminhos e não trocam de veredas. E não empurram um ao outro. Prosseguem
andando assim como o varão vigoroso no seu rumo; e se alguns caírem mesmo
entre os projéteis, os outros não interrompem o avanço. Investem para dentro
da cidade. Correm sobre a muralha. Sobem às casas. Entram pelas janelas como
o ladrão. Diante dele a terra ficou agitada, os céus tremeram. Mesmo o
sol e a lua ficaram escuros e as próprias estrelas recolheram a sua
claridade. E o próprio Javé certamente fará ouvir a sua voz perante a sua
força militar, pois o seu acampamento é muito numeroso. Pois, aquele que
cumpre a sua palavra é forte; porque o dia de Javé é grande e muito
atemorizante, e quem poderá resistir nele? Sim, e o grande exército de Deus,
que o profeta Joel viu saindo para a sua ação, em toda a terra, partindo de
um lugar, segue pelas avenidas de Presidente Prudente arrebatando e
extasiando a grande multidão. Que bate no peito e diz: eu militarei nele!
Serei um dos seus soldados valorosos, investindo para dentro da cidade,
correndo sobre a muralha, subindo às casas, e entrando pelas janelas como o
ladrão.
E o que sucede é que quando a multidão acaba de exclamar: Ô
Glóóóóóóória!!! E passa o carro alegórico levando em cima crianças judias,
palestinas e cristãs então a multidão vê passar em seguida novo quadro que é
mais uma jóia na coroa do Senhor. E eis que vêm quatro jovens carregando ao
ombro quatro grandes estandartes. Na frente segue um estandarte, mas, atrás,
guardando distância de seis passos – que foram os seis passos que o rei Davi
deu quando fazia a arca do Pacto subir da casa de Obede-Edom para cima a
Jerusalém, e com gritos de alegria, e com toque de buzina, e com cânticos, e
com dança – segue três estandartes um ao lado do outro. E os três estandartes
que segue atrás, seis passos atrás, ora, deste lado de cá segue o grande estandarte
de Madre Tereza de Calcutá, no ombro de uma jovem, e do lado de lá o grande
estandarte de Chiara Lubich. Mas entre as duas jovens que levam ao ombro os
estandartes de Madre Tereza de Calcutá e de Chiara Lubich eis que segue uma
jovem levando ao ombro o grande estandarte de Zilda Arns. E as três jovens
seguem pelas avenidas de Presidente Prudente guardando distância de seis
passos, da jovem que vai à frente levando ao ombro o grande estandarte de
Dorothy Stang.
E quando essa jóia da coroa régia do Senhor passa pelas suas avenidas
eis que a multidão vê passar nova jóia da coroa do Senhor. E eis quatro
jovens levando ao ombro quatro grandes estandartes. Na frente segue um jovem
levando ao ombro seu grande estandarte, e atrás dele, guardando distância de
seis passos – que foram os seis passos que o rei Davi deu quando fazia a arca
do Pacto subir da casa de Obede-Edom para cima a Jerusalém, e com gritos de
alegria, e com toque de buzina, e com cânticos, e com dança – segue três
jovens levando ao ombro seu grande estandarte. Um ao lado do outro. E eis que
deste lado segue um jovem levando ao ombro o grande estandarte do Bispo
Desmond Tutu, e do lado de lá segue um jovem levando ao ombro o grande
estandarte de Nelson Mandela. E os dois grandes estandartes seguem pelas
avenidas de Presidente Prudente ladeando o grande estandarte de Martin Luther
King, que segue pelas suas avenidas nos ombros de um jovem batista negro. E
os três jovens, levando os estandartes do Bispo Desmond Tutu, e de Martin
Luther King, e de Nelson Mandela, seguem pelas avenidas de Presidente
Prudente guardando a distância de seis passos do jovem que vai à frente
levando ao ombro o grande estandarte de Mahtma Gandhi.
E quando passarem os jovens levando ao ombro o grande estandarte do
Bispo Desmond Tutu, e de Nelson Mandela, e de Martin Luther King, e de
Mahatma Gandhi, eis que a multidão vê agora passar aos seus olhos dois jovens
montados cada qual em um cavalo branco. E levam ao ombro um grande
estandarte. E os estandartes seguem girando em suas mãos. E o que sucede é
que quando o jovem do lado de cá passa pelas avenidas de Presidente Prudente
girando o seu estandarte então em um lado a multidão vê o rosto de João
XXIII, mas no outro lado vê o rosto de John Wesley, com os rostos de João
XXIII e de John Wesley intermitentemente se manifestando aos seus olhos. E
quando o jovem do lado de lá gira o estandarte em sua mão então a multidão vê
de um lado o rosto de Che Guevara, mas no outro lado vê o rosto de Francisco
de Assis. E os rostos de João XXIII e de John Wesley, e de Che Guevara e de
Francisco de Assis se mostram intermitentemente aos olhos de toda a multidão,
como se fossem a sua noite e o seu dia.
E quando passarem os jovens montados em seus cavalos brancos, levando
ao ombro os dois grandes estandartes que seguem pelas avenidas de Presidente
Prudente girando em suas mãos, e fazendo alternar aos olhos da multidão João
XXIII e John Wesley, Che Guevara e Francisco de Assis, eis que a multidão vê
passar atrás deles dezenas e dezenas de jovens que levam ao ombro os
estandartes daqueles que João viu por debaixo do altar clamando vingança pelo
seu sangue derramado (9). E eis que são dezenas e dezenas de
jovens levando ao ombro os estandartes daqueles cristãos que sofreram
martírio nas mãos de Roma pagã. E o seu número é incontável, sendo incontável
o número dos seus estandartes, pois, deveras, cada estandarte leva o nome de
um daqueles mártires que na defesa de sua fé sofreu horrores à mão de homens
violentos e de feras famintas. E na frente de todos eles seguem três jovens
levando em suas mãos ramalhetes com rosas brancas.
E as dezenas e dezenas de jovens seguem pelas avenidas de Presidente
Prudente levando ao ombro os seus estandartes. E eis que a multidão vê entre
seus estandartes os estandartes dos apóstolos de Jesus que foram
martirizados. Todos eles estão ali nos ombros dos jovens para receberam a
coroa de glória que um dia foi-lhes prometido. Todos eles estão ali, desde
Estevam ao último dos apóstolos martirizado, André. E entre eles, no meio deles,
dezenas e dezenas de jovens carregam ao ombro o estandarte de um cristão que
teve a sua vida ceifada por não permitir que valores éticos e morais fossem
subjugados por valores de duvidosa qualidade, que tinham o poder de
satisfazer o ego e a voracidade do corpo, jamais o espírito.
É incontável o seu número. É incontável o número dos estandartes dos
mártires do cristianismo que desfilam pelas avenidas de Presidente Prudente.
De modo que se podem ver no meio deles, entre os estandartes dos apóstolos de
Jesus, eis os estandartes de Policarpo, e de Bárbara de Nicomédia, e de
Anastácio de Sirmiuns, e de Demétrio Tessalonico, e de Perpétua e de
Felicidade, e de Inês, e de Agatonice, e de Sinforosa, e de Justino, e de
Teodoro de Heracléia, e de Catarina de Alexandria, e de Cristina de Bolsene,
e de Irene, e de Clemêncio, e de Flávia Domitila, e de Blandina, e de Inácio,
e de Leônidas, e de Pantaleão de Nicomédia, e de Teodósia, e de Procópio de
Citópolis. A verdade é que se para cada mártir cristão houvesse um
representante em Presidente Prudente com certeza todas as suas ruas seriam
insuficientes para abrigar o seu número, tão grande foi o número dos mártires
que morreram na defesa da fé cristã.
E o que sucede é que quando passarem os três jovens levando nos braços
ramalhetes com rosas brancas, e sendo seguido por uma multidão incalculável
de jovens levando ao ombro o estandarte de um cristão martirizado sob o
domínio de Roma pagã, eis que agora multidão vê passar diante dos seus olhos
os estandartes daqueles que João viu completando o número dos mártires
cristãos, e que foram chamados por ele de co-escravos e de co-irmãos, que
iriam ser mortos como foram aqueles que debaixo do altar clamavam vingança
pelo seu sangue (10).
E diante dos olhos da multidão agora passa os estandartes dos mártires
do socialismo. É incontável o seu número. É incontável o número dos
estandartes dos mártires do socialismo que passam perante os olhos da
multidão. Desde os mártires que morreram lutando na Comuna de Paris, passando
pelos mártires de Chicago, e pelo martírio do casal Rosemberg em Nova Yorque,
e pelo martírio de Che Guevara na Bolívia, até chegar no martírio de Dorothy
Stang no Brasil, é incontável o número dos mártires pelo socialismo, que
sofreram todo tipo de violência desde ser afogado na água até ser amarrado
pelos pés e ser arrastado pelas ruas da cidade por automóveis conduzidos por
homens enfurecidos.
E dezenas e dezenas de jovens seguem pelas avenidas de Presidente
Prudente levando ao ombro os estandartes dos mártires pelo socialismo, cujo
número foi tão grande como foi o número dos mártires pelo cristianismo. E na
frente deles seguem três jovens levando nos braços ramalhetes com rosas
vermelhas.
E eis que a multidão nas avenidas de Presidente Prudente vê agora passar
os mártires pelo socialismo, que necessário se fez morrer para que se
completasse o número dos seus co-escravos e co-irmãos que foram mortos sob
Romã pagã e eles então fossem vingados. Eis que a multidão vê jovens levando
ao ombro os estandartes de Stuart Angel, e de Carlos Mariguela, e de
Alexandre Vanucci Lemes, e de Vladimir Herzog, e de Manuel Fiel Filho, e de
Santo Dias, e de Chico Mendes, e de Olga Benário, e de João Bosco Penido, e
de Pe. Ezequiel Ramin, e de Dom Oscar Romero, e de Pe. Josimo Tavares, e de
Frei Tito, e de Ranúsia Alves Rodrigues, e de Manoel Lisboa, e de Rosa
Luxemburgo e Karl Liebknecht, e de Carlos Lamarca e de Iara Yavelberg, e de Zequinha Barreto. Se
todas as ruas de Presidente Prudente são pequenas demais para abrigar os
estandartes dos mártires cristãos são também pequenas para abrigar os
estandartes dos mártires pelo socialismo. Milhões foram mortos pela causa do
cristianismo, e milhões foram mortos pela causa do socialismo, todavia era no
martírio dos seus milhões que um novo mundo estava sendo forjado.
E quando passarem os jovens levando ao ombro os estandartes dos
mártires pela causa do cristianismo e passar os jovens levando ao ombro os
estandartes dos mártires pela causa do socialismo, eis que atrás deles, logo
atrás, seguem jovens levando ao ombro os estandartes das grandes religiões
monoteístas.
E atrás deles seguem jovens levando ao ombro os estandartes das
grandes doutrinas espiritualidades, dedicadas à caridade e a minorar o
sofrimento daqueles que não tem a quem clamar, tanto as que estão no oriente
como as que estão no ocidente.
E atrás dos jovens levando os estandartes das religiões monoteístas e
das doutrinas espiritualistas eis que seguem jovens levando em seus ombros os
estandartes de todas as denominações religiosas, quer as pertencentes ao
campo evangélico quer as pertencentes ao campo católico. Todas elas, nas suas
centenas, que sentiram em seus seres que realmente os seus corpos foram
mergulhados nas águas do Mar Vermelho espiritual e que agora chegou o tempo
de mergulhá-los nas águas do Jordão espiritual indo diretamente para ocupar
as moradas eternas que o Cristo da cruz um dia disse iria as preparar para os
seus.
E atrás dos jovens levando em seus ombros os estandartes de suas
respectivas denominações religiosas eis que seguem os povos da floresta, as
suas inúmeras tribos, todas elas nas suas mais ricas indumentárias. E seguem
pelas avenidas de Presidente Prudente com os seus chocalhos e as suas danças
e os seus cânticos.
E atrás dos povos da floresta então segue o caminhão levando os homens
e mulheres, que por terem se dedicado ao serviço com os pobres, por terem
lutado para arrebatar os pobres da mão do opressor, que sem medo enfrentaram
as forças das trevas e do terror, sim, seguem os homens e mulheres que neste
dia, quando estiverem no grande palanque armado ali no Parque do Povo visto
em sonho pela jovem Joseane, hão de ouvir: Vinde, vós os que tendes sido
abençoados por meu Pai. Herdai o reino preparado para vós desde a fundação do
mundo. Pois fiquei com fome, e vós me destes algo para comer; fiquei com
sede, e vós me destes algo para beber. Eu era estranho, e vós me recebestes
hospitaleiramente; estava nu, e vós me vestistes. Fiquei doente, e vós
cuidastes de mim. Eu estava na prisão, e vós me visitastes.
E o que sucede é que quando a multidão entrar no Parque do Povo e após
discursos, então chegará o momento da simbólica chuva de rosas, uma justa
homenagem que será prestada a todos aqueles que lutaram e foram martirizados
tanto pelo cristianismo como pelo socialismo. E aqueles três jovens que
seguiram na frente dos estandartes dos mártires pelo cristianismo então
lançarão ao alto os ramalhetes de rosas brancas em suas mãos numa justa
homenagem a todos os mártires do cristianismo. E quando subirem e
descerem ao olhar de todo o povo no Parque do Povo então dedos femininos
começarão a retirar das cordas do violino o som divino do hino MAIS ALVO QUE
A NEVE. E a multidão, na alegria do espírito, canta MAIS ALVO QUE A NEVE. Em
seguida será a vez dos três jovens que seguiram na frente dos estandartes dos
mártires pelo socialismo lançarem ao alto os seus ramalhetes com rosas
vermelhas numa justa homenagem aos mártires do socialismo. E quando subirem e
descerem ao olhar de todo o povo então dedos masculinos começarão a retirar
do violino o som da música Vermelho, que o Brasil inteiro cantou com Fafá de
Belém.
E sucederá que quando todos no Parque do Povo acabar de cantar
Vermelho, então os seis jovens se abaixarão e apanharão os seus ramalhetes. E
juntos os lançarão ao alto, os ramalhetes com rosas brancas e os ramalhetes
com rosas vermelhas, numa justa homenagem aos mártires do cristianismo e aos
mártires do socialismo. E enquanto sobem e descem ao olhar de todo o povo no
Parque do Povo, então os dedos femininos e masculinos começarão a retirar do
violino o som divino da música Rosa de Sarom com todos no Parque do Povo
cantando: Uma cortina se abriu e surgiu / Um cavalo e mil cavaleiros /
Brancos, vermelhos armados, armados / Do riso inocente que faz despertar /
Pisando firmes na terra / Abrindo seu ventre fazendo brotar / Uma canção que
só fala de amor / Que só diz que a vida já vai começar / Do trigo somos a sua
brancura / E da videira o seu vermelhão / O branco da paz, o vermelho da vida
/ Somos a rosa – a Rosa de Sarom
E enquanto dedos masculinos e femininos retiram do violino o som
divino da música Rosa de Sarom (11), ao seu som, então chegou o
grande momento de todos no Parque do Povo participar da Ceia Nova, da Ceia
especial, que Jesus, por ocasião da última ceia (12), disse só
voltaria a participar dela quando aparecesse nova, no reino de seu Pai, junto
com seus discípulos.
E todos no Parque do Povo levam à boca um pedaço de pão e um cálice de
vinho, com o pão e o vinho tendo um novo sentido em suas vidas, não mais
apenas lembrar-se do sacrifício de Jesus na cruz, mas saber que no seu
sacrifício estava a redenção completa do ser humano, tanto a redenção
espiritual que trás igualdade espiritual como a redenção material que trás a
igualdade material. Igualdade espiritual e igualdade material que Ele cuidou
em construir no devir histórico, primeiro com Paulo, e depois, quando a
História no seu movimento real saiu do tempo teológico-espiritualista e
entrou no tempo antropológico-materialista, seguindo a curvatura da história
e que se deu com e a partir do Renascimento, ora, então na plenitude dos
tempos materiais ele cuidou em construir a sua redenção material com o judeu
Marx.
E a multidão no Parque do Povo participa da Ceia Nova de Jesus, que se
manifesta em conexão com o seu novo nome (13). E o perfume
universal da sua paz e da sua justiça sobe do chão do Parque do Povo e é
levado pelo vento para os quatro cantos da terra, a fazer morada e a fincar
raízes em todos os corações e em todas as mentes.
E a multidão se despede do Parque do Povo cantando a música do Geraldo
Vandré PRA DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES. Voltam para as suas casas com a
certeza de que a Semente terá de ser semeada em todos os corações, em todas
as mentes, na sua casa, na sua vizinhança, no seu bairro, na sua cidade, no
seu estado, na sua nação, no seu continente, na terra inteira, pois, deveras,
é esta a Semente que o profeta Daniel viu sendo arrancada do monte, sem o
auxílio de mãos, e feriu a estátua a esmiuçando, e se espalhando para a terra
inteira e a enchendo como a um só monte (14).
21 de Dezembro de 2012
Suponhamos que tudo o que foi exposto virá ser mesmo uma realidade, e
aqueles que se tornaram líderes para o seu acontecimento decidiram pela data
de 23 de dezembro do ano de 2012, ora, como Deus é aquele que toda vez que
vai fazer sua obra nova recapitula os passos anteriores, Jesus voltando do
Egito para Israel recapitulou os passos que Moisés deu na sua volta de Midiã
para o Egito, com a diferença de que Jesus recapitulou Moisés na forma, não,
porém, no conteúdo; o conteúdo de Jesus foi outro, não voltou para tomar o
lado dos judeus contra os romanos, como teria feito Moisés, mas para onde
Moisés parou dar um novo salto de qualidade, no lugar da libertação
particular eis agora a libertação universal, não deste daquele, mas de todos
do pecado que estava presente na vida de todos, corroendo e corrompendo a
todos, ora, caso tudo isto venha realmente a acontecer, então tão grande
acontecimento seria precedido de um acontecimento recapitulador dos passos
dados por Deus.
Ou seja, que três dias antes seria realizado um ato no Pontal do
Paranapanema, recapitulador dos grandes momentos que então prepararam o
caminho para o advento do domínio divino. Para o seu domínio de modo
explícito.
Suponhamos que os líderes decidiram para a manhã de domingo do dia 23
de dezembro do ano de 2012. Ora, sendo assim, então três dias antes a
militância se reunirá no Pontal do Paranapanema para o ato recapitulador.
Assim: dia 21 de dezembro do ano de 2012 então o seu ato seria
realizado no Assentamento Che Guevara, nesta cidade de Mirante do
Paranapanema; dia 22 um segundo ato seria realizado na cidade de Sandovalina,
no Assentamento Dom Tomás Balduíno; e a tarde deste mesmo dia então a
militância rumaria para Estrela do Norte. E ficaria ali toda a noite. E de
manhã, bem cedinho, então toda a militância rumaria para Presidente Prudente
a fim de tomar lugar na grande caminhada.
Ora, o ato deste dia 21 de dezembro de 2012, no Assentamento Che
Guevara, será todo dedicado ao Marxismo e à Revolução. De modo que neste dia
oradores se revezarão para falar sobre as suas grandes giestas, que
certamente serão precedidas de sua gênese mais remota, o comunismo que os
escravos hebreus experienciaram no deserto, passando pela rebelião dos
escravos liderados por Espártaco, pelo comunismo dos cristãos primitivos,
pela Cidade do Sol de Campanella, pelas cidades industriais de Robert Owen,
pelo falenstério de Charles Fourier, pelo kibutzin israelense, até chegar à
sua forma quiçá acabada, o socialismo real, fruto da teoria científica
elaborado por Marx e Engels no século XIX.
No dia seguinte, 22 de dezembro do ano de 2012, bem cedo então todos
rumarão para o Assentamento Dom Tomás Balduino, em Sandovalina, cerca de
trinta e três quilômetros dali. E este dia será todo dedicado ao
cristianismo, de modo que oradores se revezarão para falar sobre as suas
grandes giestas, certamente que principiando por Abraão, passando pelo Abraão
maior que deixou a casa de seu Pai no céu e veio para a Terra, lugar do reino
dos céus, até chegar à moderna luta da Teologia da Libertação.
À tarde, neste mesmo dia, indo pela estrada de terra onde no ano de 97
Adamir Gerson fez uma caminhada sozinho e à pé, levando em uma mão uma sacola
com as suas roupas e na outra a sua máquina de datilografar, e que usou para
chamar os convidados, que não vieram – e a caminhada ele começou a fazer
assim que os ossos de Che Guevara foram descobertos e desenterrados em
Vallegrande e levados para o seu Mausoléu em Santa Clara. No momento em que
os dentes da escavadeira tocaram os ossos de Che Guevara então o Espírito começou
a pousar nele e a revelar coisas inefáveis sobre Che Guevara – ora, na tarde
deste mesmo dia então todos rumarão para Estrela do Norte onde ali os espera
três estandartes sustentados em três bases. E na base de cá, onde ao seu pé
se acha a inscrição VIDEIRA, eis que ela sustenta o estandarte de Paulo. E na
base de lá, onde ao seu pé se acha a inscrição FIGUEIRA, eis que ela sustenta
o estandarte de Marx. E na base do meio, onde ao seu pé se acha a inscrição
ROSA DE SAROM, eis que ela sustenta o estandarte de Jesus. E passam a noite
em Estrela do Norte. De manhã, quando o primeiro galo cantar, então se
levantarão e apanharão os três estandartes e os colocarão em cima de um
veículo e tomarão o rumo de Presidente Prudente a fim de participar do grande
acontecimento.
Mas, supondo que os organizadores decidiram pela data do 30 de
dezembro de 2012 para a grande caminhada e não a data de 23 de dezembro deste
ano de 2012, ora, sendo assim os atos recapituladores no Pontal do Paranapanema
devam sim continuar a data do dia 21 de dezembro como o seu início. Apenas
que a militância ficaria três dias no Assentamento Che Guevara, três dias no
Assentamento Dom Tomás Balduino e três dias em Estrela do Norte, na tarde do
dia 29 do mês de dezembro do ano de 2012, ou mesmo na manhã primeira do dia
30 do mês de dezembro do ano de 2012 então a militância, apanhando em suas
mãos os três grandes estandartes, rumaria para Presidente Prudente onde as
multidões aguardam-nos.
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(1)--Apocalipse 19.11
(2)--Josué 9.1-2
(3)--Essa harmonia restaurada a todos os pólos contrários é aquela
vista em espírito por Mestre Ekhart e Nicolau de Cusa, para quem os
contrários estavam em processo de convergência; e iria chegar o momento em
que se encontrariam e se reconciliariam, na mediação do Infinito. Portanto
essa harmonia restaurada a todos os pólos contrários não é a da dialética,
mas da metafísica. A dialética não estabelece harmonia entre os pólos
contrários porque os pólos contrários que é seu objeto são de pesos diferentes.
É impossível harmonia entre os valores da carne e os valores do espírito. É
impossível harmonia entre capitalismo e socialismo. Então na filosofia
celestial o mal não contém valor ontológico senão que propedêutico. Ele
existe para ajudar, para cooperar para que o bem apareça, como bem disse
Santo Agostinho. Mas o equilíbrio é estabelecido entre os contrários que
foram depurados do pecado original. A depuração do paganismo resulta no
cristianismo; a depuração do capitalismo resulta no socialismo. Então o equilíbrio
é perfeitamente estabelecido entre cristianismo e socialismo. Um sustenta o
outro. Nem um nem outro subsiste por muito tempo sem o outro, o que não
acontece entre os contrários dialéticos cujo escopo é um devorar o outro. Um
se torna alimento do outro.
(4)--Isso explica porque a Teologia da Libertação jamais penetrou na
realidade numênica quer da Renovação Carismática quer do Pentecostalismo.
Jamais apreendeu a sua essência verdadeira, senão a ideológica fornecida pelo
positivismo. É que a Teologia da Libertação representa o momento em que no
ventre do Materialismo Histórico se deu o parto de Adão. E neste momento as
pálpebras de Adão não estavam abertas suficientes para olhar em Eva e
reconhecê-la a sua companheira de longa data. A sua outra metade. Daí nem a
Teologia da Libertação reconhecê-las e nem o Marxismo reconhecer o
Cristianismo. No entanto quando o Marxismo se convertesse no socialismo
celestial, e a Teologia da Libertação refletindo este novo momento, então as
suas pálpebras iriam se abrir completamente, com ela então reconhecendo o
grande valor tanto da Renovação Carismática como do Pentecostalismo não só na
solução de toda problemática social como, muito mais, indispensáveis ao Reino
de Deus e ao seu funcionamento.
(5)--Joel 3.11-14
(6)--Êxodo 32.26
(7)--Apocalipse 18
(8)--Isaías 14.1-8
(9)--Apocalipse 6.10
(10)--Apocalipse 6.11
(11)--A música Rosa de Sarom na verdade é uma letra que Adamir Gerson
fez e encaixou no clássico Romance de Amor, que por sinal é controverso a sua
origem. O que se sabe com certeza é que se trata de uma música pertencente ao
folclore espanhol. Quanto ao seu compositor o mais aceito é que tenha sido
Antônio Rovira, também aparecendo como seu autor Tarrega, Sor, Yepes,
Paganini, e aquele que muitos afirmam ser o compositor de fato, Vicente
Gomes. Por ser uma música sem autor aparente, e belíssima, e intuindo que a
sua autoria desconhecida podia esconder um propósito divino, Adamir Gerson se
viu no direito de utilizá-la pondo nela uma letra que julga pertinente. E
espera que a sua versão tenha o mesmo alcance que teve a música austríaca
Griechischer Wein, do Udo Jurgens, que transposta para a cultura portuguesa
por Paulo Alexandre, se transformou num belíssimo clássico lusitano.
(12)--Mateus 26.26-29
(13)--Apocalipse 3.12
(14)--Daniel 2.44
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