sábado, 11 de agosto de 2012

Ernst Bloch e a Filogenia-Ontogenia do Reino



Ernst Bloch e a Filogenia-Ontogenia do Reino

Ernst Bloch o marxista que mais teve simpatia pelo cristianismo, concebeu-o como sonho de juventude do socialismo. Na visão de Ernst Bloch o que diferia o cristianismo do socialismo é que um tinha ciência e outro não. Em uma palavra, se colocar-se ciência no cristianismo o que temos é socialismo; se tirar-se a ciência do socialismo o que sobra é cristianismo.

Este juízo de Ernst Bloch é verdadeiro? Com certeza ele já reflete o elo de transição da Escola de Frankfurt, entre o judeu Marx e o judeu Jesus. Entre a imanência e a transcendência. Entre o Marxismo e o Reino de Deus.

Mas, o Cristianismo é sonho de juventude do socialismo? Se assim for, então, por necessidade dialética, o fim último do cristianismo é o completo desaparecimento (1), posto transformou-se naquele. Deixou de ser o que é para ser algo diferente de si, embora este algo diferente de si seja ao menos morfologicamente parecido. Conservam traços com graus de parentesco.

Ora, que o socialismo teve um sonho de juventude isto é verdadeiro, mas chama-se Socialismo Utópico e não Cristianismo. Não só teve um sonho de juventude como, também, teve uma infância. E se o seu sonho de juventude se chama socialismo utópico, a verdade é que a sua infância se chama Materialismo Inglês.

Assim, ao esquema evolutivo de Ernst Bloch: Moisés-Abraão (judaísmo) à Jesus-Paulo (cristianismo) à Marx-Engels (socialismo) o que temos é este esquema evolutivo: Adam Smith-Ricardo (Materialismo Inglês) à Saint Simon-Proudhon (Materialismo Francês) à Marx-Engels (Socialismo).

Ora, se esta é a História do Socialismo (ontogênica, evidentemente), o Cristianismo também possui uma história ontogênica. A saber: Moisés-Abraão (judaísmo) à João Batista-Hillel (essenismo) à Paulo-Timóteo (cristianismo).

Mas, o que importa saber qual o esquema filogênico, implícito nas intenções de Bloch. (Certamente que Ernst Bloch tem consciência de que o socialismo utópico foi sombra do socialismo científico. Mas ele não se atém à ontogenia. Não está interessado nela. O que busca é a filogenia. Ele quer é estabelecer a relação entre o cristianismo e o socialismo, que intui serem esquemas morfológicos e de essência próximo um do outro. Certamente que Ernst Bloch não está satisfeito com a relação apresentada por Marx, superestrutura – infra-estrutura (2). De modo que o que se busca aqui é apresentar a verdadeira filogenia, que na verdade cristianismo e socialismo são faces da mesma realidade, como o são óvulo e espermatozóide. Portanto essa relação em Adamir Gerson se acha muitíssimo distante de Marx e distante de Ernst Bloch. Eis a sua evolução dialética).

Bem, qual mesmo o esquema filogênico verdadeiro? Ei-lo: Paulo (infância) à Marx (adolescência) à Jesus (ser adulto que deixou para trás as coisas de menino, ver ICoríntios 13.8-13)

Ora, porque Paulo e Marx são metadilidades e não totalidades, parciais (ICoríntios 13.9), Paulo recebeu de Jesus o fundamento espiritual do Reino – quando a História no seu movimento real se achava na plenitude dos tempos espirituais – e Marx, por iluminação agostiniana, recebeu de Jesus o fundamento material do Reino – quando a História no seu movimento real se achava na plenitude dos tempos materiais – ora, sendo assim, o esquema filogênico tanto pode ser PAULO - MARX - JESUS, como MARX - PAULO – JESUS. Em uma palavra, o adolescente se torna adulto reconciliando-se com o seu passado de infância, re-passando por ele, e o infante se torna adulto passando pelo estágio de adolescência, de modo que o ser adulto só pode ser o resultado dos dois momentos anteriores (2).

Quer dizer, o esquema PAULO-MARX-JESUS é para os cristãos irem ao Reino de Deus (os cristãos só vão ao Reino de Deus se passar por Marx e apanhar ali a flor pura de sua materialidade, que antes de estar em Marx, ser histórico, esteve em Jesus, ser de razão. Passando por Marx então se acharão na presença de Jesus Cristo para ocuparem as moradas eternas que ele um dia disse as iria preparar para os seus); e o esquema MARX-PAULO-JESUS é para os marxistas irem ao Comunismo (os marxistas só vão ao Comunismo se passarem por Paulo e apanhar ali a flor pura de sua espiritualidade. Passando por Paulo então se acharão na presença do Comunismo. No seu real território, a ocupar ali as moradas eternas que Jesus um dia disse as iria preparar para os seus, que certamente são, também, os marxistas, como se acha em Mateus 25.40. Sem esse fundamento espiritual que Jesus depositou em Paulo é impossível o Comunismo, posto que a sua essência – não buscar para si a vantagem senão que para a outra pessoa (I Coríntios 10.24)) – não é atributo econômico senão que religioso. A sua seiva não se extrai da Economia senão que da Religião.

Em uma palavra, Comunismo e Reino de Deus não são realidades distintas, incomunicáveis, sem qualquer relação entre si, como é visão tanto de cristãos como de marxistas, mas tratam-se da mesma realidade. Do referencial cristão é Reino de Deus; do referencial marxista é Comunismo.

Ora, Paulo e Marx formam uma unidade indissociável porque todos os conceitos possuem dois lados, não sendo diferente com o conceito de mais-valia. De fato, o conceito de mais-valia possui dois lados, mais-valia material (Marx) e mais-valia espiritual (Paulo).

Mais valia material quer dizer a exploração que se exerce sobre o corpo que trabalha e gera todas as riquezas, o corpo do trabalhador; e mais-valia espiritual quer dizer a exploração que se exerce sobre o corpo que ama e gera a vida, o corpo da mulher. Marx pregou a igualdade material, a divisão justa dos frutos produzidos pelo trabalho (Mateus 20. É por isso que se diz que antes de estar em Marx esteve em Jesus), e Paulo pregou a igualdade espiritual, o respeito e a fidelidade entre o homem e a mulher. Numa sociedade que vive debaixo da materialidade socialista e debaixo da espiritualidade cristã não se observa esse fenômeno corriqueiro de indivíduos querendo se locupletar no suor alheio e não se observa esse fenômeno corriqueiro de lares sendo desfeitos, com a dor menor ficando para os pais, mas a dor maior para os filhos. 

A título de exemplo, o amor eterno que um casal jura no altar, por causa deste alicerce cristão e por causa do alicerce socialista que norteia todas as relações sociais, será indissolúvel. Diante de tão grande alicerce protetor, a incorruptibilidade do amor é assegurado. O corpo feminino revela-se realmente prolongamento do corpo masculino e o corpo masculino revela-se realmente prolongamento do corpo feminino. Qualquer coisa que sofra imediatamente a dor é sentida pelo outro. É nisto que se assenta o vaticínio do profeta Miquéias, 4.4: E na parte final dos dias realmente sentar-se-ão, cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os faça tremer; porque a própria boca de Javé dos exércitos falou isso
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(1)  É certo que Paulo vaticinou o completo desaparecimento daquilo que pregava, que entendia e sabia era parcial. Preparava o caminho para o advento daquilo que seria, então, completo. Mas esse aniquilamento de que Paulo falou deva ser entendido como aniquilamento dialético. O que essa parcialidade tem de verdadeiro não é aniquilado, mas sobrevive e é conteúdo também disto que é completo. Está ali. Certamente que as coisas de menino que enfeitam isto que é parcial – e elas são necessárias, pois o Evangelho neste momento está sendo dirigido a meninos – serão sim aniquilados. Como será aniquilado no Marxismo o ateísmo, por exemplo.

(2)  Ora, essa relação do cristianismo com o socialismo em Marx, de super estrutura – infra- estrutura, que mostra o cristianismo umbilicalmente ligado aos poderes da terra, sem qualquer ligação com o socialismo, embora não seja uma verdade, todavia foi necessária (logicamente que foi uma verdade com a Cristandade, certamente que não com o Cristianismo, que enquanto manteve a essência recebida foi antagônico aos poderes da terra). É que a escatologia do profeta Sofonias mostra Deus derramando a sua ira não só contra os poderes da terra como contra seu próprio povo. O que Deus fez contra Judá por intermédio de Nabucodonozor Deus iria novamente fazer na escatologia. De modo que se fazia necessário que os revolucionários, todos eles nascidos em berço cristão, expurgassem de si qualquer referência ao cristianismo. Se desligassem dele por completo. Só assim Deus teria preparado os vasos por intermédio de quem a sua ira iria ser derramada contra seu próprio povo e contra os poderes estabelecidos da terra. De modo que quando Deus derramava a sua ira escatológica sobre a terra por intermédio do povo revolucionário nascido a Marx, e os religiosos cristãos amaldiçoavam os comunistas, davam testemunhos de possuírem o mesmo espírito dos sacerdotes de Judá que odiaram o profeta Jeremias. Não tinham o espírito de Jeremias, por saber que o castigo que estavam recebendo das mãos comunistas foi merecedor, por terem se desviados do caminho de Jesus Cristo e irem segundo o caminho dos homens. Mas, como explicar Ernst Bloch já se esforçando por produzir uma nova relação do cristianismo com o socialismo? Ora, a ira que Deus derramou sobre Judá por intermédio dos caldeus não tinha um fim em si mesmo, mas era parte de um processo maior. De fato, depois de Nabudodonozor, Deus vai tratar com o seu povo agora com o persa Ciro. Tendo descarregado neles a sua ira, e ela tendo produzido os frutos justos do cativeiro babilônico, agora Deus irá tratá-los com benevolência. Irá sarar as feridas. Vai restabelecê-los novamente em suas terras. De modo que quando Ernst Bloch, inconformado com a relação marxista, se lançou a uma nova relação, já era então a escatologia se deslocando de Nabucodonozor-Marx para Ciro-Jesus. Se deslocando do Dia da ira de Javé, conforme Sofonias, para o Dia da Graça de Javé, conforme Isaías. Tendo sido a relação de Ernst Bloch esse elo de transição, o processo se consuma em Adamir Gerson. De fato, a essa relação aparecer agora em Adamir Gerson já como de termos complementares, irmãos com gênese comum em Deus (Apocalipse 6.11; 12.10), tudo se acha encaminhado para se reviver novamente – a aliança de medos e persas que sob Ciro libertou do cativeiro babilônico ao povo de Javé, agora entre cristãos e socialistas. E na formação desta aliança então se cumprirá Apocalipse 18: Depois destas coisas vi outro anjo descer do céu, com grande autoridade; e a terra ficou iluminada com a sua glória. E ele clamou com forte voz, dizendo: Caiu! Caiu Babilônia, a Grande, e ela se tornou moradia de demônios, e guarida de toda exalação impura, e guarida de toda ave impura e odiada. Pois todas as nações caíram vítimas por causa do vinho da ira da sua fornicação, e os reis da terra cometeram fornicação com ela, e os comerciantes viajantes da terra ficaram ricos devido ao poder de sua impudente luxúria. Como o crer vem pelo ouvir e o ouvir da Palavra de Deus, ora, como à mente ficou claro que está se desenhando na realidade novamente a aliança do passado firmada entre medos e persas, e como é sabido que não obstante a Palavra de Deus apresentar Ciro como Messias – no entanto jamais Ciro foi Messias, com tal só podendo ser entendido como Deus tendo colocado em Ciro o fundamento tipológico de Messias, prefigurou o Messias, ora, uma vez que a Palavra de Deus já falando de Ciro como Messias diz que ele é chamado desde o ventre, Deus tem feito menção do seu próprio nome, e uma vez que Ciro persa ficou para trás, então cabe a Adamir Gerson dizer que este segundo Ciro quando se manifestasse teria forçosamente que ter o nome de Gerson. Seus pais lhe deram esse nome por inspiração divina. Como assim? Ora, Ciro persa era chamado por seus pais e seus conterrâneos do dia a dia como Ciro, mas por Deus por outro nome, Gerson. Porque tal? Porque os nomes de um modo geral eram o resultado de uma específica ação. E uma vez que Deus estava fazendo uma obra fora de sua terra natal, fora de Israel, na Pérsia, aquele personagem persa só podia ser chamado por Deus de Gerson (Êxodo 2.22). Em uma palavra: se tomar o negativo Ciro e revelar, no seu positivo aparece o nome Gerson. Portanto se aparecer e se apresentarem em nome de Jesus, como seu enviado, e, no entanto, não tiverem o nome Gerson, não creiais e não vades após eles porque o seu messianismo dura só até ao meio-dia. Vindo o sol, tudo é derretido e escoa pelo ralo, mesmo que haja criança também a água do banho. Não obstante é preciso dizer   sobre a obra do Imitador que procura imitar a obra de Deus para confundir as mentes e tomar o lugar de Deus. É que em Israel se manifestou um personagem com o nome de Gerson Salomão se dizendo o Messias e dizendo ser sua missão reconstruir o Terceiro Templo. E esse Gerson Salomão, arrastando atrás de si uma multidão, se indispôs contra Ariel Sharom por achar que o mesmo era “muito moderado” em relação aos palestinos. É que qualquer plano para reconstruir o Terceiro Templo passa necessariamente pelo aniquilamento do povo palestino e a demência tem de suplantar a própria demência. O que é esse Gerson Salomão? Seria que o Aparvalhado, tendo visto que no distante Brasil Deus estava construindo a sua obra final através de um humano por nome Gerson, e ele, sem saber que tal nome tinha significado profético, encostou-se em um humano com esse nome e passou a inspirá-lo na sua obra, carnal e não espiritual? De modo que dizia para si mesmo, o Aparvalhado: Ora, como as esperanças messiânicas deles estão voltadas para Israel, que poder terá esse Gerson do Brasil, sem eira e nem beira, com esse Gerson de Israel, um rabino, mais ainda, no lugar que eles esperam? Quão diferente é a reconstrução do Terceiro Templo no Gerson do Brasil! A sua reconstrução é espiritual. É o terceiro momento da síntese. Não é demolir a Mesquita do Domo da Rocha, como quer esse Gerson Salomão, mas é remover todo muro de separação entre judeus e palestinos. É fazer deles um só povo, um só Estado, um só governo, e Jerusalém una e indivisível a capital deste Estado governado por judeus e palestinos. Mais do que isso, é a derrubada dos muros entre os filhos de Jesus na mediação de Paulo apóstolo e os filhos de Jesus na mediação de Marx. É a derrubada dos muros levantados pela Serpente Original para melhor dominar e oprimir os filhos e filhas de Deus. A construção do Terceiro Templo há de se dar nos corações, removendo o que ali não tem origem em Deus e instalando no lugar os frutos do sacrifício na cruz.

(3) Quão diferente é a filosofia celestial da filosofia positivista e mesmo do Materialismo Dialético! Nestas filosofias, devido o movimento ser linear, os fenômenos são classificados temporalmente, passado, presente e futuro. Paulo representa o passado. Mas, como na filosofia celestial o movimento segue uma curvatura, então tudo se torna muito relativo. De fato, o marxista que no positivismo e no Materialismo Dialético olhou para trás e viu distante Paulo-Religião Cristã, cada vez mais se apagando no horizonte, se ele prosseguir na sua caminhada, por causa desta curvatura, chegará um momento em que ele avistará adiante Paulo-Religião Cristã. De modo que aquilo que para ele foi passado, agora é futuro. Penetrando nesta realidade e vendo as coisas reais e verdadeiras, presenciando o martírio cristão nos coliseus de Roma, e se lembrando do martírio socialista nos porões das ditaduras, o seu psicologismo intuiu ter chegado numa realidade futura. E começa a associá-la com a realidade do “passado”, assim como faz com clareza Adamir Gerson e assim como está na Palavra de Deus (Apocalipse 6.11; 12.10)

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