Ernst Bloch e a Filogenia-Ontogenia do Reino
Ernst Bloch o marxista que mais teve simpatia pelo cristianismo,
concebeu-o como sonho de juventude do socialismo. Na visão de
Ernst Bloch o que diferia o cristianismo do socialismo é que um tinha ciência e
outro não. Em uma palavra, se colocar-se ciência no cristianismo o que temos é
socialismo; se tirar-se a ciência do socialismo o que sobra é cristianismo.
Este juízo de Ernst Bloch é verdadeiro? Com certeza ele já reflete o elo
de transição da Escola de Frankfurt, entre o judeu Marx e o judeu Jesus. Entre
a imanência e a transcendência. Entre o Marxismo e o Reino de Deus.
Mas, o Cristianismo é sonho de juventude do socialismo? Se assim for,
então, por necessidade dialética, o fim último do cristianismo é o completo
desaparecimento (1), posto transformou-se naquele. Deixou de ser o que é para
ser algo diferente de si, embora este algo diferente de si seja ao menos
morfologicamente parecido. Conservam traços com graus de parentesco.
Ora, que o socialismo teve um sonho de juventude isto é verdadeiro, mas
chama-se Socialismo Utópico e não Cristianismo. Não só teve um sonho de
juventude como, também, teve uma infância. E se o seu sonho de juventude se
chama socialismo utópico, a verdade é que a sua infância se chama Materialismo
Inglês.
Assim, ao esquema evolutivo de Ernst Bloch: Moisés-Abraão (judaísmo) à Jesus-Paulo (cristianismo) à Marx-Engels (socialismo) o que temos
é este esquema evolutivo: Adam Smith-Ricardo (Materialismo Inglês) à Saint Simon-Proudhon (Materialismo
Francês) à Marx-Engels (Socialismo).
Ora, se esta é a História do Socialismo (ontogênica, evidentemente), o
Cristianismo também possui uma história ontogênica. A saber: Moisés-Abraão
(judaísmo) à João Batista-Hillel (essenismo) à Paulo-Timóteo (cristianismo).
Mas, o que importa saber qual o esquema filogênico, implícito nas
intenções de Bloch. (Certamente que Ernst Bloch tem consciência de que o
socialismo utópico foi sombra do socialismo científico. Mas ele não se atém à
ontogenia. Não está interessado nela. O que busca é a filogenia. Ele quer é
estabelecer a relação entre o cristianismo e o socialismo, que intui serem
esquemas morfológicos e de essência próximo um do outro. Certamente que Ernst
Bloch não está satisfeito com a relação apresentada por Marx, superestrutura –
infra-estrutura (2). De modo que o que se busca aqui é apresentar a verdadeira
filogenia, que na verdade cristianismo e socialismo são faces da mesma
realidade, como o são óvulo e espermatozóide. Portanto essa relação em Adamir
Gerson se acha muitíssimo distante de Marx e distante de Ernst Bloch. Eis a sua
evolução dialética).
Bem, qual mesmo o esquema filogênico verdadeiro? Ei-lo: Paulo (infância)
à Marx (adolescência) à Jesus (ser adulto que deixou para
trás as coisas de menino, ver ICoríntios 13.8-13)
Ora, porque Paulo e Marx são metadilidades e não totalidades, parciais
(ICoríntios 13.9), Paulo recebeu de Jesus o fundamento espiritual do Reino –
quando a História no seu movimento real se achava na plenitude dos tempos
espirituais – e Marx, por iluminação agostiniana, recebeu de Jesus o fundamento
material do Reino – quando a História no seu movimento real se achava na
plenitude dos tempos materiais – ora, sendo assim, o esquema filogênico tanto
pode ser PAULO - MARX - JESUS, como MARX - PAULO – JESUS. Em uma palavra, o
adolescente se torna adulto reconciliando-se com o seu passado de infância,
re-passando por ele, e o infante se torna adulto passando pelo estágio de
adolescência, de modo que o ser adulto só pode ser o resultado dos dois
momentos anteriores (2).
Quer dizer, o esquema PAULO-MARX-JESUS é para os cristãos irem ao Reino
de Deus (os cristãos só vão ao Reino de Deus se passar por Marx e apanhar ali a
flor pura de sua materialidade, que antes de estar em Marx, ser histórico,
esteve em Jesus, ser de razão. Passando por Marx então se acharão na presença
de Jesus Cristo para ocuparem as moradas eternas que ele um dia disse as iria
preparar para os seus); e o esquema MARX-PAULO-JESUS é para os marxistas irem
ao Comunismo (os marxistas só vão ao Comunismo se passarem por Paulo e apanhar
ali a flor pura de sua espiritualidade. Passando por Paulo então se acharão na
presença do Comunismo. No seu real território, a ocupar ali as moradas eternas
que Jesus um dia disse as iria preparar para os seus, que certamente são,
também, os marxistas, como se acha em Mateus 25.40. Sem esse fundamento
espiritual que Jesus depositou em Paulo é impossível o Comunismo, posto que a
sua essência – não buscar para si a vantagem senão que para a outra pessoa (I Coríntios
10.24)) – não é atributo econômico senão que religioso. A sua seiva não se extrai
da Economia senão que da Religião.
Em uma palavra, Comunismo e Reino de Deus não são realidades distintas, incomunicáveis,
sem qualquer relação entre si, como é visão tanto de cristãos como de
marxistas, mas tratam-se da mesma realidade. Do referencial cristão é Reino de
Deus; do referencial marxista é Comunismo.
Ora, Paulo e Marx formam uma unidade indissociável porque todos os
conceitos possuem dois lados, não sendo diferente com o conceito de mais-valia.
De fato, o conceito de mais-valia possui dois lados, mais-valia material (Marx)
e mais-valia espiritual (Paulo).
Mais valia material quer dizer a exploração que se exerce sobre o corpo
que trabalha e gera todas as riquezas, o corpo do trabalhador; e mais-valia
espiritual quer dizer a exploração que se exerce sobre o corpo que ama e gera a
vida, o corpo da mulher. Marx pregou a igualdade material, a divisão justa dos
frutos produzidos pelo trabalho (Mateus 20. É por isso que se diz que antes de estar
em Marx esteve em Jesus), e Paulo pregou a igualdade espiritual, o respeito e a
fidelidade entre o homem e a mulher. Numa
sociedade que vive debaixo da materialidade socialista e debaixo da
espiritualidade cristã não se observa esse fenômeno corriqueiro de indivíduos
querendo se locupletar no suor alheio e não se observa esse fenômeno
corriqueiro de lares sendo desfeitos, com a dor menor ficando para os pais, mas
a dor maior para os filhos.
A título de exemplo, o amor eterno que um casal jura no altar, por causa deste alicerce cristão e por causa do alicerce socialista que norteia todas as relações sociais, será indissolúvel. Diante de tão grande alicerce protetor, a incorruptibilidade do amor é assegurado. O corpo feminino revela-se realmente prolongamento do corpo masculino e o corpo masculino revela-se realmente prolongamento do corpo feminino. Qualquer coisa que sofra imediatamente a dor é sentida pelo outro. É nisto que se assenta o vaticínio do profeta Miquéias, 4.4: E na parte final dos dias realmente sentar-se-ão, cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os faça tremer; porque a própria boca de Javé dos exércitos falou isso
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(1) É certo que Paulo vaticinou o completo
desaparecimento daquilo que pregava, que entendia e sabia era parcial.
Preparava o caminho para o advento daquilo que seria, então, completo. Mas esse
aniquilamento de que Paulo falou deva ser entendido como aniquilamento
dialético. O que essa parcialidade tem de verdadeiro não é aniquilado, mas
sobrevive e é conteúdo também disto que é completo. Está ali. Certamente que as
coisas de menino que enfeitam isto que é parcial – e elas são necessárias, pois
o Evangelho neste momento está sendo dirigido a meninos – serão sim
aniquilados. Como será aniquilado no Marxismo o ateísmo, por exemplo.
(2) Ora, essa relação do cristianismo com
o socialismo em Marx, de super estrutura – infra- estrutura, que mostra o
cristianismo umbilicalmente ligado aos poderes da terra, sem qualquer ligação
com o socialismo, embora não seja uma verdade, todavia foi necessária
(logicamente que foi uma verdade com a Cristandade, certamente que não com o
Cristianismo, que enquanto manteve a essência recebida foi antagônico aos
poderes da terra). É que a escatologia do profeta Sofonias mostra Deus
derramando a sua ira não só contra os poderes da terra como contra seu próprio
povo. O que Deus fez contra Judá por intermédio de Nabucodonozor Deus iria
novamente fazer na escatologia. De modo que se fazia necessário que os
revolucionários, todos eles nascidos em berço cristão, expurgassem de si
qualquer referência ao cristianismo. Se desligassem dele por completo. Só assim
Deus teria preparado os vasos por intermédio de quem a sua ira iria ser
derramada contra seu próprio povo e contra os poderes estabelecidos da terra.
De modo que quando Deus derramava a sua ira escatológica sobre a terra por
intermédio do povo revolucionário nascido a Marx, e os religiosos cristãos amaldiçoavam
os comunistas, davam testemunhos de possuírem o mesmo espírito dos sacerdotes
de Judá que odiaram o profeta Jeremias. Não tinham o espírito de Jeremias, por
saber que o castigo que estavam recebendo das mãos comunistas foi merecedor,
por terem se desviados do caminho de Jesus Cristo e irem segundo o caminho dos
homens. Mas, como explicar Ernst Bloch já se esforçando por produzir uma nova
relação do cristianismo com o socialismo? Ora, a ira que Deus derramou sobre
Judá por intermédio dos caldeus não tinha um fim em si mesmo, mas era parte de
um processo maior. De fato, depois de Nabudodonozor, Deus vai tratar com o seu
povo agora com o persa Ciro. Tendo descarregado neles a sua ira, e ela tendo
produzido os frutos justos do cativeiro babilônico, agora Deus irá tratá-los
com benevolência. Irá sarar as feridas. Vai restabelecê-los novamente em suas
terras. De modo que quando Ernst Bloch, inconformado com a relação marxista, se
lançou a uma nova relação, já era então a escatologia se deslocando de
Nabucodonozor-Marx para Ciro-Jesus. Se deslocando do Dia da ira de Javé,
conforme Sofonias, para o Dia da Graça de Javé, conforme Isaías. Tendo sido a
relação de Ernst Bloch esse elo de transição, o processo se consuma em Adamir
Gerson. De fato, a essa relação aparecer agora em Adamir Gerson já como de
termos complementares, irmãos com gênese comum em Deus (Apocalipse 6.11; 12.10),
tudo se acha encaminhado para se reviver novamente – a aliança de medos e
persas que sob Ciro libertou do cativeiro babilônico ao povo de Javé, agora
entre cristãos e socialistas. E na formação desta aliança então se cumprirá
Apocalipse 18: Depois destas coisas vi outro anjo descer do céu, com grande
autoridade; e a terra ficou iluminada com a sua glória. E ele clamou com forte
voz, dizendo: Caiu! Caiu Babilônia, a Grande, e ela se tornou moradia de
demônios, e guarida de toda exalação impura, e guarida de toda ave impura e
odiada. Pois todas as nações caíram vítimas por causa do vinho da ira da sua
fornicação, e os reis da terra cometeram fornicação com ela, e os comerciantes
viajantes da terra ficaram ricos devido ao poder de sua impudente luxúria. Como
o crer vem pelo ouvir e o ouvir da Palavra de Deus, ora, como à mente ficou
claro que está se desenhando na realidade novamente a aliança do passado
firmada entre medos e persas, e como é sabido que não obstante a Palavra de
Deus apresentar Ciro como Messias – no entanto jamais Ciro foi Messias, com tal
só podendo ser entendido como Deus tendo colocado em Ciro o fundamento
tipológico de Messias, prefigurou o Messias, ora, uma vez que a Palavra de Deus
já falando de Ciro como Messias diz que ele é chamado desde o ventre, Deus tem
feito menção do seu próprio nome, e uma vez que Ciro persa ficou para trás,
então cabe a Adamir Gerson dizer que este segundo Ciro quando se manifestasse
teria forçosamente que ter o nome de Gerson. Seus pais lhe deram esse nome por
inspiração divina. Como assim? Ora, Ciro persa era chamado por seus pais e seus
conterrâneos do dia a dia como Ciro, mas por Deus por outro nome, Gerson.
Porque tal? Porque os nomes de um modo geral eram o resultado de uma específica
ação. E uma vez que Deus estava fazendo uma obra fora de sua terra natal, fora
de Israel, na Pérsia, aquele personagem persa só podia ser chamado por Deus de
Gerson (Êxodo 2.22). Em uma palavra: se tomar o negativo Ciro e revelar, no seu
positivo aparece o nome Gerson. Portanto se aparecer e se apresentarem em nome
de Jesus, como seu enviado, e, no entanto, não tiverem o nome Gerson, não creiais
e não vades após eles porque o seu messianismo dura só até ao meio-dia. Vindo o sol, tudo é derretido e escoa pelo ralo, mesmo que haja criança também a água do banho. Não obstante é preciso dizer sobre a obra do Imitador que
procura imitar a obra de Deus para confundir as mentes e tomar o lugar de Deus.
É que em Israel se manifestou um personagem com o nome de Gerson Salomão se
dizendo o Messias e dizendo ser sua missão reconstruir o Terceiro Templo. E
esse Gerson Salomão, arrastando atrás de si uma multidão, se indispôs contra
Ariel Sharom por achar que o mesmo era “muito moderado” em relação aos
palestinos. É que qualquer plano para reconstruir o Terceiro Templo passa
necessariamente pelo aniquilamento do povo palestino e a demência tem de
suplantar a própria demência. O que é esse Gerson Salomão? Seria que o
Aparvalhado, tendo visto que no distante Brasil Deus estava construindo a sua
obra final através de um humano por nome Gerson, e ele, sem saber que tal nome
tinha significado profético, encostou-se em um humano com esse nome e passou a
inspirá-lo na sua obra, carnal e não espiritual? De modo que dizia para si
mesmo, o Aparvalhado: Ora, como as esperanças messiânicas deles estão voltadas
para Israel, que poder terá esse Gerson do Brasil, sem eira e nem beira, com
esse Gerson de Israel, um rabino, mais ainda, no lugar que eles esperam? Quão diferente é a reconstrução do Terceiro
Templo no Gerson do Brasil! A sua reconstrução é espiritual. É o terceiro
momento da síntese. Não é demolir a Mesquita do Domo da Rocha, como quer esse
Gerson Salomão, mas é remover todo muro de separação entre judeus e palestinos.
É fazer deles um só povo, um só Estado, um só governo, e Jerusalém una e
indivisível a capital deste Estado governado por judeus e palestinos. Mais do
que isso, é a derrubada dos muros entre os filhos de Jesus na mediação de Paulo
apóstolo e os filhos de Jesus na mediação de Marx. É a derrubada dos muros
levantados pela Serpente Original para melhor dominar e oprimir os filhos e
filhas de Deus. A construção do Terceiro Templo há de se dar nos corações,
removendo o que ali não tem origem em Deus e instalando no lugar os frutos do
sacrifício na cruz.
(3) Quão diferente é a filosofia celestial
da filosofia positivista e mesmo do Materialismo Dialético! Nestas filosofias,
devido o movimento ser linear, os fenômenos são classificados temporalmente,
passado, presente e futuro. Paulo representa o passado. Mas, como na filosofia
celestial o movimento segue uma curvatura, então tudo se torna muito relativo.
De fato, o marxista que no positivismo e no Materialismo Dialético olhou para
trás e viu distante Paulo-Religião Cristã, cada vez mais se apagando no horizonte,
se ele prosseguir na sua caminhada, por causa desta curvatura, chegará um
momento em que ele avistará adiante Paulo-Religião Cristã. De modo que aquilo
que para ele foi passado, agora é futuro. Penetrando nesta realidade e vendo as
coisas reais e verdadeiras, presenciando o martírio cristão nos coliseus de
Roma, e se lembrando do martírio socialista nos porões das ditaduras, o seu
psicologismo intuiu ter chegado numa realidade futura. E começa a associá-la
com a realidade do “passado”, assim como faz com clareza Adamir Gerson e assim
como está na Palavra de Deus (Apocalipse 6.11; 12.10)
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