sábado, 29 de dezembro de 2012

Respondendo a Karl Brasil



Adamir Gerson postou na comunidade do Face, PES- Páginas da Esquerda Socialista, o trabalho PT, Partido dos Trabalhadores e o PAREPA, PArtido da REconstrução do Paraíso, e colheu do internauta Karl Brasil a reação que segue abaixo.
28 de dezembro de 2012 17:42
Chega disso! Na sociedade livre, não há pessoas presas às religiões. A condição humana terá se emancipado tanto que as religiões serão passado. Nunca vi alguém que tenha se emancipado por meio de alguma religião; pelo contrário, sido vítima de mil e uma alienações.

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Como é missão de Adamir Gerson conduzir esta humanidade que se acha aprisionado naquilo que Platão chamou de “caverna”, por conta de sistemas filosóficos e teológicos, sim, como é sua missão conduzir para fora da caverna a todos que estão nela, políticos e religiosos, filósofos e teólogos, grandes e pequenos, ricos e pobres, brancos e negros, ocidentais e orientais, homens e mulheres, Adamir Gerson lançará mão da postagem de Karl Brasil para ajudar esta humanidade a dar mais um salto de qualidade em sua existência, um grande salto, e saindo definitivamente para fora da caverna, para o lugar maravilhoso da luz e das coisas verdadeiras e reais. Lugar a que primeiro Adamir Gerson foi levado, por Jesus, desde aquele ano de 78, com a missão de voltar para o lugar de seus irmãos e os ajudar sair fora, a ocupar as moradas eternas que ele um disse as iria construir para os seus, todos os que estão na caverna, tanto os que estão nos seus profundos, onde não entra nenhum lustro de luz, como aqueles que estão na sua boca de saída vendo projetado nas paredes sombras das coisas reais e verdadeiras que se movem fora.

Porque Karl Brasil teve uma reação assim com a postagem de Adamir Gerson? Donde ele chegou à conclusão de que numa sociedade livre não há pessoas presas à religião? Donde ele tirou que a emancipação implica no fim da religião e que numa sociedade plenamente emancipada religião se tornou passado? Teria sido da frase do John Lennon que indispõe os espíritos contra religião, em especial os mais jovens?

Com certeza que do positivismo de August Comte e do Materialismo Filosófico. Tanto em Comte como no Materialismo Filosófico a evolução cuidará em pôr fim à religião, com ela sendo passado e vivendo somente nas exposições dos museus. Os museus guardam as suas relíquias, a atestar a autoridade de filósofos como Kant, David Strauss, Max Stirner, Ernest Renan, Ludwig Feuerbach, Haeckel, sem falar nos monstros sagrados do Marxismo.

Bem, quem mesmo, quem mais contribuiu para que se formasse uma consciência negativa de que religião é formato de pensamento que o devir histórico está deixando para trás na tábua da evolução, apenas aguardando a chegada do coveiro que há de levá-la para a sepultura? Sem dúvida August Comte com a sua Lei dos Três Estados. Quem penetra na corrente sanguínea da Lei dos Três Estados de Augusto Comte cria a convicção de que religião na medida em que o homem mais avança e mais se desenvolve intelectualmente, mais e mais ele tende a se afastar da religião. Numa humanidade plenamente emancipada não há espaço para a religião e para os seus conteúdos.

Bem, o que é mesmo a Lei dos Três Estados de Comte? Tratou-se de uma apreensão da História e do seu devir, e que Comte sintetizou-a na sua Lei dos Três Estados.

A História se desenvolve em três sucessivos momentos, Teológico, Metafísico e Positivista ou Científico. O seu devir é marcado indelevelmente pela idéia de progresso, com o terceiro momento, o positivista ou científico, sendo a quintessência do ser. Lugar onde a Verdade fez morada e nada a desaloja.

Ora, na filosofia celestial também aparece esta Lei dos Três Estados. Mas ligeiramente se diferenciando da de Comte quanto à forma, e radicalmente quanto ao conteúdo.

Quanto à forma porque o segundo momento, que ele nomeou como metafísico, não representa negação, mas variação do primeiro momento. Metafísica não é negação do teológico, mas variação ou nome diferente para tratar do mesmo assunto.

Bem, como é mesmo a Lei dos Três Estados na filosofia celestial? Teológico, Materialista e Celestial ou Científico.

Ao contrário de Comte que estabelece tábua de evolução entre os diferentes momentos, conferindo a uns, mais qualidade que a outros, não é assim na filosofia celestial. O segundo momento, que Comte chama de Metafísico e que na filosofia celestial aparece como Materialista, em hipótese alguma representou ganho de qualidade em relação ao momento anterior, o teológico, como assim se deduz do pensamento de Comte e certamente endossado pelo Materialismo Dialético. É absurdo porque a evolução só pode ocorrer no interior do conceito, realizando a si mesmo. Teço juízo de beleza sobre uma moça particular acareando a sua beleza com outra moça particular. Mas não tem sentido acareá-la com um poste e chegar a conclusão que é mais bela. O poste terá de ser julgado e avaliado com postes precedentes. Os postes de cimento representam superação dos antigos postes de madeira.

Ora, o primeiro momento, Teológico, pode-se dizer que se encerrou ao final da Idade Média, com o movimento da História entrando então no Materialismo, que se deu com e a partir da Renascença. Estamos falando do movimento real da História.

Na visão de August Comte, naturalmente endossada pelo Materialismo Dialético, o que se manifestou com e a partir da Renascença representou superação do estágio anterior, o Teológico. O antropologismo que então se inaugurou no movimento real da História, colocando o Homem no Centro, representou superação da antiga idéia teológica, em que Deus era o Centro. Em uma palavra, na visão de Comte o Antropocentrismo trouxe superação para o Teocentrismo. Esta é uma visão corrente.

Mas isto não é verdadeiro. Não corresponde aos fatos. O materialismo que então se manifestou, com o seu antropocentrismo, o mesmo não superou o teológico com o seu teocentrismo. Que houve virada antropológica, virada de estação, isto é fora de dúvida. Mas esta virada antropológica não significou superação, como é crença generalizada e está arraigado no mundo acadêmico-intelectual, mas, sim, negação! E negação dialética é qualquer coisa bem diferente do que seja superação dialética.

Negação dialética quer dizer simplesmente que o fenômeno que surgiu é a outra face do fenômeno que está negando. O Real é constituído do espiritual e do material, e o materialismo não veio negar, mas completar o teológico. Marx não veio negar, mas completar Paulo. Em uma palavra, como o espermatozóide é a outra face do óvulo, mesmo tendo origens diferentes e estando em corpos diferentes, de igual modo o antropocentrismo não é superação, mas complementação do teocentrismo. Deus e o Homem são uma unidade indissolúvel.

O internauta Karl Brasil disse no seu escrito que religião, numa sociedade plenamente emancipada, é passado.

Mas, a História é constituída de passado? Caso tenha tido passado é porque teve futuro. Qual o seu futuro? Sabemos, o Materialismo que afirma que a  sociedade quando se achar plenamente emancipada nela não haverá espaço para religião. Tornou-se fenômeno do passado. Mas, então a História pararia no tempo? Porque as duas pontas são passado e futuro... se desconhecendo qualquer outra classificação para o tempo.

Mas, será que a História tem passado? Ora, para um indivíduo que está na estação da primavera o outono está para ela no futuro. Mas quando estiver no outono quem está no futuro agora é a primavera...

Porque, embora completamente desconhecido de Comte e do Materialismo Dialético, a história na verdade se move em um espaço curvo. Afirmam que não, que se move retilineamente. Mas, um marxista que queira evoluir, crescer, o mesmo entende que tem de se afastar cada vez mais da religião. E toma o rumo retilíneo, cada vez mais a religião ficando para trás. Cada vez mais um pontinho. E de repente ele olha para trás e não mais vê. Sente que se tornou um fenômeno que deixou a história. E ele continuando a caminhar para frente, sempre em linha retilínea, por causa da curvatura da história, chegará um momento em que ele divisará no futuro a religião. O que estava atrás de si agora aparece na frente de si. E prosseguindo andando cada vez mais a religião vai estar próxima dele, até que penetra no seu território fenomênico, e finalmente no seu númeno, a coisa em si de Kant.
E agora tudo mudou. O que era passado virou futuro e o que era futuro virou passado. Espanta-se com os fenômenos que então contempla. Na sua realidade numênica, observa cristãos sendo arrastados de suas casas por pagãos e levado para serem martirizados nas arenas de Roma. Vê serem chicotados, arrastados por bigas com os pés amarrados, e se recorda que no passado presenciou tudo isto acontecendo com os marxistas. Intrigado pela semelhança procura saber dos seus fundamentos. E então descobre que o martírio marxista e o martírio cristão são as duas faces do conceito de martírio. São parte de um mesmo e único processo, o da redenção da humana pago pelo preço do sangue de mártires.

O internauta Karl Brasil fez a pronúncia: Nunca vi alguém que tenha se emancipado por meio de alguma religião; pelo contrário, sido vítima de mil e uma alienações.

Primeiro, em 88 Adamir Gerson conheceu Marcos Donatan, militante do PCB e naquele ano ajudando o PT a se desenvolver na cidade. Cerca de doze anos depois encontrou Marcos Donatam embriagado no centro da cidade. Estava parado num ponto de ônibus aguardando a Circular. O ônibus parou e Adamir Gerson procurou ajudá-lo a subir ao ônibus. Mas era pesado, e acabou caindo batendo a cabeça na calçada. Muito sangue, Adamir Gerson ligou para o 190 e logo chegou uma viatura policial que o levou para o hospital.

Passado algum tempo soube que se tornara evangélico. Não só abandonou o álcool como se casou na igreja, tornando-se nova criatura, e, no entanto, não abandonou o socialismo. Tendo-se tornado pai, na eleição passada foi candidato a vereador na cidade pelo PSOL.

Segundo, Comandante Flávio é um marxista que deixou o conforto de Curitiba e de fazer revolução atrás de um computador e foi para Rondônia, para ajudar sem-terras do Movimento Camponês Corumbiara. E Comandante Flávio deu este testemunho, que passou um ano na igreja Congregação do Brasil e criou a respeito deles este juízo: eles vivem um socialismo primordial!

Portanto meu caro Karl Brasil, você precisa rever seus conceitos a respeito de religião. Religião emancipa sim, liberta sim. Não liberta do capitalismo porque esta não é sua missão; Deus não a fez para isto, mas para isto fez o Marxismo. Marcos Donatam se tornou um homem de verdade. O marxismo era morto para a sua espiritualidade. Não dizia nada, não interferia em nada. Mas encontrou na religião quem o pudesse resgatar. Porque ali estava aquele que veio para que todos tivessem vida e vida em abundância.

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