quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Humanidade Atravessando o Jordão e Entrando na Manhã do Milênio - Parte SEGUNDA


A História
(Quem tem estado ativo e tem feito isso, convocando as gerações desde o começo?), Isaías 41.4

Ora, como as boas novas do socialismo celestial é a manifestação da ciência, e a ciência tem por norma apresentar os seus enunciados de forma clara, inteligível (1), Adamir Gerson sente que precisa destrinchar essa questão histórica, apresentá-la com mais conteúdo de modo a boas novas ser convincente. Afinal diz a Palavra de Deus que se a trombeta tocar com som incerto quem se aprontará para a batalha? O que Adamir Gerson fará em seguida é literalmente afinar o instrumento, para que todos possam executar o seu concerto. (Lembrando que Hegel fez vaticínio sobre o nascimento da ciência e que seu nascimento seria como o de uma criança. Isto significa dizer que ela nasceria com o seu edifício de síntese não estando suficientemente solidificado. Como uma criança, nasceria necessitando de mãos para ajudá-la no seu crescimento, até que se tornasse ciência de fato, compacta nos seus enunciados e nos seus anúncios)

Prosseguindo. Bem, muitas são as escolas históricas, e agora os espíritos irão ter a oportunidade de conhecer mais uma escola histórica, a do socialismo celestial. E no presente trabalho a mesma será apresentada em resumo.

Bem, a História no socialismo celestial é apresentada como se desenvolvendo em três momentos, o teológico, o antropológico e o teopolicrato (teoantropológico). O teológico foi todo o período da humanidade até ao final da Idade Média, o antropológico foi todo o período que se iniciou com o Renascimento, e Adamir Gerson trata o início do pensamento teopolicrato (teoantropológico) precisamente no advento da Teologia Humanista, na primeira metade do século XX. Embora a Teologia tivesse efetuado uma virada antropológica em Tomás de Aquino, o que conta foi a virada antropológica que a Teologia fez na primeira metade do século XX, pois então o que se manifestou como Ser de Razão em Tomás de Aquino, se revelou como Ser Histórico em teólogos como Karl Rahner, Chenu, Rudolfo Bultmann, Jurgen Moltmann, Karl Barth, Tillich, Metz, Bardiaev (movimento real da Teologia-História) (Mas, o momento em que a Antropologia efetuou uma virada teológica, no seu movimento real, foi mesmo com a Escola de Frankfurt. De modo que virada antropológica e virada teológica representam o momento em que o Espírito, no seu longo calvário, então principiou a unificar a si mesmo, a fim de se revelar em toda a sua totalidade).

Estes três momentos na forma repetem a lei dos Três Estados de Comte. Não, porém, no conteúdo. Em Comte os três momentos são concebidos como estágios evolutivos, em que o seguinte possui mais conteúdo que o anterior, culminando que o terceiro estado, que Comte diz ser a manifestação da Ciência, o mesmo se tornou a medida de todas as coisas em relação a todo o seu passado. Gera uma euforia com o presente e um desconforto-nostalgia com o passado. A lei dos Três Estados não é assim nas boas novas do socialismo celestial. Ela é concebida na correnteza do hegelianismo. De modo que o primeiro momento, o teológico, é a tese, o segundo momento, o antropológico, a antítese, e o terceiro momento, teopolicrato ou científico, é tão somente a síntese dos dois momentos anteriores.

Certamente que a história concebida assim leva o espírito a reatar com o passado, a ver o seu ser como constituído de passado e presente, e carregando as potencialidades do futuro. Daí o homem e mulher, celestiais, vasculharem o passado da História para encontrar o que de perene ela produziu, e não simplesmente defenestrá-lo no conjunto de sua obra, como faria o homem e a mulher modernos. (Há cerca de oito anos um internauta assim reagiu em um grupo político do Orkut do qual Adamir Gerson participava: joga para fora do grupo esse nosso amigo pré-socrático que passa a noite revolvendo o lixo da história e de dia vem infectar-nos com o seu mau cheiro. Adamir Gerson guardou aquelas palavras e teve-as, não de um tolo, mas de alguém que estava aprendendo (um jovem) em escolas históricas que produzem um homem fragmentado revestindo um fragmento de totalidade. Em breve essas escolas históricas, esgotado a quota de sua participação no devir histórico, darão lugar a novas visões de mundo certamente que mais abrangentes e mais próximas de construir um homem realmente integral).

Bem, no caso acima relatado, do jovem que se indispôs com a forma de Adamir Gerson apresentar a História, o seu movimento, ao seu espírito um retrocesso puro e simples, se faz necessário gastar palavras para a sua correção. E a razão única da sua reação negativa é que a modernidade tem como certo e assunto encerrado (Apocalispe 6.14) que o antropologismo que se manifestou na História com e a partir do Renascimento o mesmo representou superação dialética. Trouxe superação para tudo que existiu antes. Comparando   o passado à luz das novas ferramentas trazidas pela antropologia (que a passos largos foi sendo apoderada pela ideologia) o passado revela-se sem sentido. É como se o ano 1 da História do Homem tivesse feito o seu nascimento no século XIV, se engatinhado então e vivido a infância no Renascimento, adentrou o estado adolescente no Iluminismo e tornou-se adulto no Materialismo.

Mas, façamos a pergunta: o que se manifestou com e a partir do Renascimento realmente representou superação dialética, como é corrente no mundo acadêmico-intelectual? Que isto nunca aconteça!

O que de fato aconteceu foi negação dialética! Negação dialética é uma coisa, superação dialética, outra. As duas produzem conteúdos distintos, por conseguinte, visões de mundo diferente.

De fato, negação dialética significa que tudo que se manifestou com e após o Renascimento, seja lá o que for, tratou-se da outra face de tudo que a História tinha produzido na existência teológica. Como o movimento da Terra em torno do sol na estação do inverno-primavera  produz flores, mas as flores são a outra metade dos frutos que o movimento da Terra em torno do sol irá produzir quando estiver na estação do verão-outono, de igual modo os conceitos novos que surgiram com e a partir da renascença na verdade vieram completar os conceitos que então foram produzidos na existência teológica da História. Tais conceitos, elaborados na existência teológica e na existência antropológica, simplesmente o resultado do Absoluto em movimento, cujo movimento percorre um meio arco de 180 graus, negativos, e um meio arco de 180 graus, positivos. Movimento este que certamente não é linear, como estaria no positivismo de Comte, mas se dá dentro de um espaço curvo da História, que não somente produz a sua negação como, também, a sua síntese. Após produzir os dois meios arcos, negativos e positivos, ato contínuo o movimento do Absoluto irá mergulhar um no outro criando a síntese. 

Só um exemplo, a Antropologia não é superação da Teologia, mas, sim, A SUA OUTRA FACE E QUE A COMPLETA. Não é superação, mas, sim, complementação. Bem como a Teologia é a outra face da Antropologia e que a completa. Frases do tipo: religião não se mistura com política só tem sentido a uma mente que ainda não se emancipou intelectualmente, porque na verdade trata-se de duas metades que quando cada uma delas cresce e amadurece tende naturalmente para a outra (tudo o que sobe, converge, Teilhard de Chardin). Mutuamente se penetram.

A própria Sociologia padece desse vício. Embora a problemática social tenha causa dupla, material e espiritual, porque a realidade é em si material e espiritual, no entanto o seu filtro só consegue captar a problemática social de causa material, com a problemática de causa espiritual ela enfiando goela adentro de sua sociologia por insistir que ela também tem causa   material. Só pode ter causa material, porque ela reduz tudo ao material (o que acontece com o Materialismo Dialético que reduz o cristianismo à categoria de superestrutura, desconhecendo a independência que o seu sistema tem em relação ao infra-estrutural. É também infra-estrutura. Destarte, não é um planeta girando em torno de uma estrela, mas, sim, uma estrela binária girando em torno de outra estrela. É justo reduzir a Cristandade ao conceito de superestrutura, não, porém, o Cristianismo) (É justo reduzir o óvulo à categoria de superestrutura biológica, tendo o espermatozóide como categoria de infra-estrutura? Pois isto faz Augusto Comte na sua Lei dos Três Estados, avalizado pelo Materialismo Dialético).

Mas tem um espaço sociológico que pertence só ao religioso. Ele combina psicologia e religião para a sua resolução. Por ser tese, certamente que o religioso também padece do mesmo vício, porque também reduz tudo ao espiritual. O seu filtro só capta a problemática social de causa espiritual. A problemática social de causa material ele enfia goela adentro de sua sociologia religiosa. O desempregado acaba sendo responsabilizado do seu desemprego, retirando a culpa de um sistema social iníquo que o produz. Sempre terá argumento para responsabilizar o desempregado, amorfo em relação ao sistema sócio-político em que vive. Inversamente proporcionalmente o sociólogo hodierno concebe a desestruturação familiar em causas materiais. Para ele a desestruturação familiar é proporcional aos graus de desenvolvimento do capitalismo. Se o capitalismo é concentrador de renda maior o número de famílias que se desestruturam; se é distribuidor de renda menor é o número de famílias que se desestruturam. E isto vale para toda a problemática social, o alcoolismo, os vícios, o suicídio, a mendicância, a inveja, o ódio, a briga, o adultério, a prostituição e etc.

Esclarecendo melhor essa questão: temos o conceito de adultério e prostituição. Para o sociólogo adjetivado, e aí se inclui o Sociólogo hodierno, fruto das ciências sociais, e o Sacerdote, fruto da religião, tanto um como outro reduz os dois conceitos a uma única causa. Adultério-Prostituição é resultado de causas espirituais, segundo uns, e de causas materiais, segundo outros. Porém, a verdade é que adultério é o resultado de causas unicamente espirituais, ao passo que prostituição o resultado de causas puramente materiais. Donde para a resolução deste problema em sua totalidade se exige a combinação da ação religiosa com a ação política. Este se incumbe daquele, e aquele se incumbe deste, de modo nada escapar ao seu ângulo de ação (3).

E é exatamente isto o vaticínio do profeta Miquéias: “E na parte final dos dias (...) realmente sentar-se-ão, cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os faça tremer; porque a própria boca de Javé dos exércitos falou isso” (4.4) E foi isto que também visionou o profeta Zacarias: “Naquele dia, é a pronunciação de Javé dos exércitos, chamareis um ao outro, enquanto debaixo da videira e debaixo da figueira” (3.10).

Certamente que tanto o vaticínio de Miquéias como o de Zacarias estarão se cumprindo quando o Sacerdote passar a ter também a consciência do Sociólogo, e o Sociólogo a ter também a consciência do Sacerdote. As duas instâncias se imbricarem em uma com os seus dois olhos, dois faróis, vasculhando toda a realidade e nada ficando fora do seu ângulo de visão.

Ora, o que de fato aconteceu nos idos dos séculos XIV, XV e XVI, que fez nascer uma consciência que se indispôs com o passado, foi que o Espírito no seu longo calvário de retorno a si mesmo, na acepção hegeliana, ao percorrer os 180 graus negativos da História, o teológico e que foi a sua infância, por causa da curvatura da História, seguindo o espaço curvo da História, então, do outro lado, voltando, começou a percorrer e a produzir os 180 graus positivos, o antropológico e que foi a sua adolescência.

Mas, como essa passagem se dá no hegelianismo, tese e antítese, ora, o fenômeno da antítese para ter existência efetiva terá necessariamente que negar todo o seu passado. Ele irá construir a nova identidade justamente na negação da tese. Irá reconhecer a si naquilo que negou. Todo o seu psicologismo ativado informa-o de que é fenômeno novo, que está inaugurando e instaurando o novo. O que explica porque a consciência nova que surgiu com e a partir do Renascimento realizou uma ruptura com todo o passado. Para que os valores novos da Antropologia pudessem se estabelecer fez-se necessário negar os valores da Teologia. Para que o antropocentrismo se estabelecesse fez-se necessário a negação do teocentrismo.

Vejamos o adolescente: como surge o adolescente? Ele se firma negando o seu ser de infância. Uma virada de 180 graus, da dependência para a independência. No entanto quando esgota a fase adolescente e começa a entrar na fase adulta, ora, esta faze adulta que se manifesta não é outra coisa senão que o sujeito adolescente reconcilia-se com o sujeito infante. O sujeito adulto é a soma do sujeito infante com o sujeito adolescente. O sujeito adulto sabe os momentos certos em que é independente e sabe os momentos certos em que é dependente. Tem os dois em sua palma de mão.

É certo que tem muitos que estão dizendo: mas, quem disse que tudo o que surgiu após o Renascimento fez ruptura com o passado se o que caracterizou o Renascimento foi justamente um resgate do passado, presente na cultura greco-romana?

Sendo assim, é certo que tudo o que se manifestou com e a partir do Renascimento fez ruptura com o teológico e tudo que lhe diz respeito, tanto o que se achava no presente como o que se achou no passado, e procurando criar mecanismos para que não se manifestassem em algum tempo do futuro.

De fato, o que caracterizou o novo mundo que surgiu com e a partir do Renascimento, em todos os campos do saber, foi que concepções materialistas surgidas no passado e que ao longo da história foram preteridas ou por assim dizer hibernavam, de repente renasceram. Era como se fossem uma semente no coração da história que então fez o seu nascimento em uma arvore, que iria ser frondosa e dar os seus frutos. De modo que não é justo dizer que foi renascimento grego ou romano, mas de concepções materialistas presentes em suas culturas e que foram filtradas. Tanto é que a modernidade computou Aristóteles híbrido demais, que teria indevidamente agregado uma alma à matéria de Demócrito e Leucipo, com Aristóteles pouco diferindo de Platão.

Bem, como explicar esse renascimento greco-romano que se deu ao final do período da Idade Média? O que se deu na verdade é que estava em curso o desenvolvimento do conceito de renascimento. O renascimento que surgiu ao final da Idade Média já foi o segundo momento do conceito de renascimento. E certamente que a humanidade iria entrar em terceiro renascimento.

Quer dizer, no passado tivemos a confecção da Semente. E como a semente é composta de dois gametas, o feminino e o masculino, o gameta feminino da Semente foi o religioso manifestado no Egito; e o seu gameta masculino foi o materialista que então se manifestou na Grécia. E a semente propriamente dita, com os seus dois gametas, se manifestou em Israel. O sonho de Jacó, de uma escada que ligava a terra ao céu, por onde subiam e desciam anjos, ilustra bem a essência da cultura hebréia, ligada ao céu, ligada a terra, sem separação entre transcendência e imanência.

No que interessa, Adamir Gerson trabalha com o Egito de Akhenaton e a Grécia de Aristóteles, embora não tenha podido prescindir de Platão.

Podemos dizer que o período da Idade Média, de cerca de mil anos, teria sido um período do renascimento do Egito de Akhnaton? A excessiva preocupação religiosa, que tomou conta de boa parte da vida na Idade Média, é porque a religião tomou conta de boa parte do reinado de Akhnaton, que teria relegado as questões de Estado a um segundo plano? O fato da rainha Nefertiti não raro ter feito o papel de Faraó, tendo também se incumbido dos negócios do Estado, é porque a Igreja Católica no período da Idade Média não raro também exerceu o poder, se não diretamente, indiretamente, por quem nomeava ou coroava? O fato de Akhnaton ter sido um homem voltado às artes e à ciência esse espírito teria existido na Idade Média?

Podemos chamar o período da Idade Média de “renascimento egípcio (Akhenaton)-platônico”? Há elementos para isto?

O que temos são duas certezas: a primeira é que no século XIV, XV e XVI realmente foi um período de renascimento da cultura greco-romana, livrada de suas manifestações religiosas e metafísicas; e que a humanidade está prestes a experimentar em suas vidas o renascimento judaico-cristão. É possível que na Teologia da Libertação tenham surgido lampejos já deste renascimento, que seguramente inaugura o início do Milênio. O Milênio nasce com este renascimento, com homens como o profeta Isaías, totalmente desconhecido do mundo acadêmico-intelectual, começando a ser alvo de estudo e de interesse, pois se descobre que Isaías pode ter sido o maior intelecto que se manifestou na História. O próprio acontecimento do Êxodo, apenas um mito no universo acadêmico-intelectual, começaria a ser visto com outros olhos, que a sua narrativa foi antecipação profética e esconde a realidade da Revolução.

Novamente a História

Acima foi falado sobre o Espiritualismo Histórico, no ventre do qual foi elaborado a Religião Cristã, o ético emergindo sobre o amoral (e a reação transformou o amoral em imoral). Sim, a preocupação com o próximo emergindo no lugar da preocupação consigo. E também foi falado sobre o Materialismo Histórico no ventre do qual foi elaborado o Socialismo, o ético emergindo sobre o amoral. Sim, a preocupação com o próximo emergindo no lugar da preocupação consigo. (O capitalismo que nasceu com o protestantismo pertenceu ao amoral; mas na sua reação ao socialismo o que era amoral transformou-se no imoral. Já não há mais desculpas diante da nova revelação).

Eis o Espiritualismo Histórico, certamente que inacabado e faltando elementos que certamente aparecem em outros esquemas: MONOTEÍSMO PRIMITIVO (W. Schmidt) – animismo, totemismo, fetichismo, politeísmo, JUDAÍSMO, CRISTIANISMO, REINO DE DEUS
Eis o Materialismo Histórico: COMUNA PRIMITIVA (Karl Marx) – escravatura, feudalismo, capitalismo, SOCIALISMO UTÓPICO, SOCIALISMO CIENTÍFICO, COMUNISMO.

Espiritualismo Histórico. Tese. Materialismo Histórico. Antítese

Se no primeiro momento do Espiritualismo Histórico tivemos o antropólogo e padre alemão Wilhelm Schmidt sustentando que primitivamente a religião do homem foi monoteísta, com ele   acreditando na existência de um único Deus, com morada no céu, um Deus criador do mundo e condutor dos destinos pessoais e históricos, mas por alguma razão esse monoteísmo primitivo se degenerou em religiões de estilo simples, animismo, totemismo, fetichismo, e finalmente o monoteísmo primitivo fez retorno em religiões como a cristã, e se no segundo momento, o Materialismo Histórico encontramos uma descrição parecida por parte de Karl Marx, primeiro de tudo o que houve foi um sistema social em que os homens viviam em igualdade, se respeitando, se ajudando, só depois o mesmo foi corrompido e surgiu no lugar formas de exploração de uns por outros, todavia a comuna primitiva fez retorno com o socialismo, ora, no terceiro momento, ao conceber a História, Adamir Gerson vai lançar mão dos mesmos recursos utilizados pelos alemães Wilhelm Schmidt e Karl Marx. Vai trabalhar com a idéia de Tese, de Alienação e de Desalienação.

E Adamir Gerson toma como ponto de partida a história de Adão e Eva como nela estando incluso tanto a história de Wilhelm Schmidt como a história de Marx. Em Adão e Eva reinam a harmonia espiritual e material. Há entre eles uma igualdade absoluta.  Neles liberdade gira em torno de igualdade e igualdade gira em torno de liberdade. O Paraíso Primitivo é o seu momento primeiro e ponto de partida. Toda a história posterior está indelevelmente ligada a ele como todo o desenvolvimento da planta está indelevelmente ligado à sua semente.

A verdade é que por causa do pecado original, aquela harmonia foi desfeita e uma história de brutalidade tomou conta do gênero humano. No entanto essa história de brutalidade era o calvário por onde Adão e Eva estavam retornando. No devir histórico iriam tomar consciência de si, e se encontrar novamente, com o conseqüente retorno do Paraíso.

Primeiro Momento. Teológico. Retorno de Eva
Moisés/Abraão (Judaísmo) à João Batista/Hillel (Essênios) à Paulo/Pedro (Cristianismo).

Segundo Momento. Antropológico. Retorno de Adão
Adam Smith/Ricardo (Materialismo Inglês) àProudon/Saint Simon (Materialismo Francês) à Karl Marx / Engels (Socialismo Científico)

Terceiro Momento. Teoantropológico. Encontro de Eva e Adão
No primeiro momento, após longo calvário – animismo, totemismo, fetichismo, politeísmo – Eva finalmente se desaliena e faz a sua libertação do calvário no Judaísmo. E porque as pálpebras de seus olhos estavam entreabertas, a sua consciência se apresentava opaca, começou novo calvário para encontrar-se a si mesma, o que se deu com a religião cristã. Com os olhos abertos e a consciência desembotada imediatamente ela se lembrou de Adão e uma saudade imensa tomou conta do seu ser. De modo que começou um novo calvário agora para encontrá-lo, encontro que se dará no Reino de Deus.

O segundo momento é uma repetição pura e simples do primeiro momento. Adão, depois de passar pela alienação – escravatura, feudalismo, capitalismo – então vence a sua resistência e se liberta no socialismo utópico. No entanto as suas pálpebras se acham entreabertas e a sua consciência se apresenta opaca. Começa então novo calvário para encontrar-se a si mesmo, que se dá no socialismo cientifico. Com os olhos abertos e a consciência clarificada, então lhe vem imediatamente lembrança de Eva. E uma saudade imensa invade todo o seu ser. De modo que começa novo calvário agora para encontrá-la, encontro que se dará no Comunismo.

Portanto no terceiro momento – teoantropolicrato – o que se dá é todo um processo para o encontro de Adão-Socialismo com Eva-Religião Cristã. Processo que se dá nas duas direções, de Adão-Socialismo para Eva-Religião Cristã e de Eva-Religião Cristã para Adão-Socialismo. Em três momentos evolutivos.

Calvário de Eva-Religião Cristã para encontrar Adão-Socialismo. Três Momentos

Primeiro Momento. Teologia Humanista. Karl Rhaner, Rodolfo Bultmann
Segundo Momento. Teologia da Libertação. Gustavo Gutierrez, Rubem Alves
Terceiro Momento. Socialismo Celestial (Paulo 50% Liberdade + Marx 50% Igualdade= 100% FRATERNIDADE (REINO DE DEUS REAL)

Calvário de Adão-Socialismo para encontrar Eva-Religião Cristã. Três Momentos

Primeiro Momento. Existencialismo. Soren Kierkegaard, Martin Heidegger
Segundo Momento. Socialismo Democrático-Frankfurtiano. Rosa Luxemburgo, Horkheimer
Terceiro Momento. Socialismo Celestial. Marx 50% Igualdade + Paulo 50% Liberdade= 100% FRATERNIDADE (COMUNISMO REAL).

É certo que os cristãos não fazem distinção entre Cristianismo e Reino de Deus, não raro confundindo os nomes como se fosse um só, e é certo que os marxistas não fazem distinção entre Socialismo e Comunismo, não raro confundindo os nomes como se fosse um só.

Mas os cristãos só entrarão no Reino de Deus se passar pelo Marxismo e apanhar ali a flor pura de sua materialidade. Estão na mesma condição de Jacó que para voltar para a sua terra natal teve de passar por Esaú. O mesmo se diz dos marxistas, que só entrarão no Comunismo se passar pelo Cristianismo e apanhar ali a flor pura de sua espiritualidade. De modo que o socialismo que caiu na União Soviética e no Leste Europeu não volta mais, porque é o Espírito em novo calvário para se levantar em nova figura de espírito, agora a figura de espírito do Comunismo. Do Comunismo que é gestado no esquema apresentado e está no espírito de Adamir Gerson. Destarte, aquelas populações terão de entrar na correnteza do Espiritualismo Histórico, e passar pelo seu calvário bruto – animismo, totemismo, fetichismo, politeísmo – emergindo na figura de espírito do Judaísmo. E deste emergir então na figura de espírito do Cristianismo, para finalmente chegar ao Comunismo. Não há Comunismo fora disto, como não há Reino de Deus fora do ventre do Materialismo Histórico, a tal ponto que cristãos ansiosos do Reino de Deus se embrenharam no Materialismo Histórico e, olhando no espelho refletor das suas ferramentas de ciências sociais, que busca as causas das desigualdades sociais principiando por modelos econômicos ancestrais, acabaram por descobrir nele a presença de Adão e de todo o seu calvário.

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