A UNIFICAÇÃO DA HISTÓRIA NO CORPO DA PALAVRA DE DEUS
“E Javé, meu Deus, certamente chegará, estando com ele todos os santos”, Zacarias 14.5
“Pois temos conhecimento parcial e profetizamos parcialmente; mas, quando vier o que é completo, o que é em parte será aniquilado” ICoríntios 13.9-10
A relação CRISTIANISMO – SOCIALISMO em três pensadores distintos, Karl Marx (Trier, 1818 - Londres, 1883), Ernst Bloch ((Ludwigshafen, 1885 - Tubinga, 1977), Noubarus Gerson (Estrela do Norte, 1953 – )
É comum as pessoas viverem certas crenças e terem certas concepções de mundo como se não houvesse nada mais além; no entanto quando se deparam com visões diferentes começam a repensar e a colocar em dúvida o que antes achavam era o limite último. E muitos, de espírito livre, abraçam a novidade, outros nem tanto. Mas será através daqueles que abraçaram a novidade que o novo vai se estabelecer, e a humanidade-conhecimento darão um novo salto de qualidade.
Vamos agora abordar a relação CRISTIANISMO – SOCIALISMO, muito conflituosa e causas de discórdia e paixões acaloradas, em três pensadores distintos, Karl Marx, Ernst Bloch e Noubarus Gerson. A visão que os três apresentam desta relação por certo que não é a mesma.
Karl Marx (Trier, 1818 - Londres, 1883).
Como Marx apresentou a relação CRISTIANISMO – SOCIALISMO? Ora, fazendo leitura no Materialismo Histórico então se vê ali que a luta entre proprietários e não proprietários, na mediação do econômico, são substratos e a base de toda evolução histórico-social. Infra - estrutura, que sustenta e conduz todo o seu devir.
E que lugar ocupa o Cristianismo neste devir da História? Uma posição periférica, pertencente e sendo classificado como fenômeno da superestrutura. Como as religiões primitivas, animismo, totemismo, politeísmo, que sempre foram ligadas umbilicalmente aos poderes estabelecidos, o Cristianismo também não fugiu à regra. Mesmo que em certos momentos de sua existência conheceu independência em relação aos poderes políticos estabelecidos (quem interessou por este período de independência foi Engels; Marx passou ao largo, pois tal não ajudava na sua construção teórica), todavia logo se encaminhou para ser braço espiritual posto a serviço dos poderes estabelecidos. Ao longo de sua longa história. A tal ponto que a luta do socialismo do século XIX e XX teve pela frente também a resistência dos vários ramos do Cristianismo, todos eles tendo se colocado ao lado das forças políticas, econômicas e militares em luta contra os revolucionários marxistas.
Ernst Bloch (Ludwigshafen, 1885 -Tubinga, 1977)
Ora, se a relação CRISTIANISMO – SOCIALISMO foi vista assim por Marx, como foi por Ernst Bloch, como Marx também de família judia?
Quem foi Ernst Bloch? Tratou-se de um dos luminares da Escola de Frankfurt, quiçá o marxista que mais teve simpatia pelo Cristianismo. Como Bloch apresentou a relação CRISTIANISMO – SOCIALISMO? Já em bases inteiramente novas, ou seja: o Cristianismo foi apresentado por ele como “sonho de juventude” (*1) do socialismo.
Para Ernst Bloch o socialismo não foi outra coisa senão que no amadurecimento dos tempos históricos o Cristianismo foi fecundado de ciência. Pondo ciência no Cristianismo então temos o Socialismo; tirando do Socialismo a ciência o que resta é o Cristianismo.
Noubarus Gerson (Estrela do Norte, 1953 – )
Se a relação CRISTIANISMO – SOCIALISMO já é bem diferente em Ernst Bloch, agora se revelará avassaladoramente diferente em Noubarus Gerson.
É verdade, ele tanto rejeita a visão de Marx sobre esta relação em questão como a de Ernst Bloch. Se o Cristianismo pertence à categoria de superestrutura, como aparece em Marx, ora, uma vez que estas categorias de superestruturas são dependentes da infra-estrutura, o seu viver depende do seu viver, e esta infra-estrutura tende ao desaparecimento, isto significa dizer que o futuro do Cristianismo era desaparecer junto. Também tendo de desaparecer em Ernst Bloch, pois o socialismo não é outra coisa senão que aquele corpo se converteu neste.
Então, como é a sua relação em Noubarus Gerson? De termos complementares! O Cristianismo não é superestrutura da infra-estrutura e não é sonho de juventude do socialismo, mas é termo complementar. O Socialismo tal como se conhece não é uma construção substantivada, como é a crença de todos, mas construção adjetivada.
O que é isso? Que a idéia de Socialismo, enquanto substantivo desenvolve-se em três sucessivos momentos, socialismo espiritual (**2), socialismo material (***3) e Socialismo (****4). Pois é, o Cristianismo é este socialismo espiritual, o socialismo marxista é este socialismo material, e quanto ao socialismo substantivado é ainda uma construção teórica, para ser materializado na História. Quando for construído na realidade é que surgirá, então, o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades.
Porque ter segundo as suas necessidades só o econômico não basta; é necessária, também, certa espiritualidade, amiúde encontrada no Cristianismo. Destarte, uma sociedade em que se vive tendo segundo as suas necessidades, os impulsos de sua sustentação partem do coração e são sentidos, traduzidos e com alegria de espírito, recebidos pelo coração e não pelo estômago.
O MATERIALISMO HISTÓRICO (Karl Marx): Comuna Primitiva – escravatura – feudalismo – asiatismo – capitalismo – SOCIALISMO – COMUNISMO.
O ESPIRITUALISMO HISTÓRICO (W. Schmidt): Monoteísmo Primitivo – animismo – totemismo – fetichismo – politeísmo – JUDAÍSMO – CRISTIANISMO. (*****5)
Em Noubarus Gerson o Materialismo Histórico deva ser visto como o “Testículo da História”. Há um processo dialético que vai construir e elaborar o espermatozóide. E quando se achar maduro será estimulado e liberado, tomando o rumo das Trompas de Falópio para ali se encontrar com o óvulo, elaborado no ovário e quando maduro então liberado, para o encontro que vai produzir e gerar a vida.
Assim, se o Materialismo Histórico é este “Testículo da História”, o Espiritualismo Histórico, por sua vez, é o “Ovário da História”. No seu ventre construíram gametas, masculino e feminino respectivamente, que um dia iriam ser unidos em um só corpo, gerando então a vida.
Se Cristianismo e Socialismo têm raiz comum, como tem raízes comum óvulo e espermatozóide (ou se entende de uma visão metafísica ou não se entende de modo algum, porque são estruturas que se encaixam, logicamente que feitas para se encaixar, todavia tendo nascimentos em corpos distintos, ocularmente sem nada que os ligue, de modo que a sua ligação e encontro ou se entende de uma visão metafísica ou se quiser entendê-la fora é adentrar o campo do misticismo), porque os cristãos não selaram a sua união com o Socialismo, ficando de fora, sendo atiçados e inflados para se engajarem na luta contra a sua construção?
Ora, não se engajaram na luta para a construção do Socialismo porque este chegou a eles nesta relação apresentada por Marx. E aderir à sua luta nos termos desta relação não tinha como fazer deles cidadãos de primeira classe senão cidadãos marginalizados. Não tinham garantia alguma de seu futuro no socialismo. A rigor, acreditavam que mesmo tendo contribuído para o triunfo da luta socialista, dado a natureza intrínseca do Marxismo, o passo seguinte é que os revolucionários agora os novos detentores do poder iriam cuidar em remover deles a sua fé religiosa.
Sendo termos complementares, porque os marxistas, também, não fizeram adesão ao Cristianismo? Porque o Cristianismo chegou a ele como possuindo o valor de superestrutura, e tomaram a história da Cristandade, feita de sangue, suor e lágrima – dos outros! – como prova irrefutável deste juízo condenatório.
Mas, eis que agora, no advento de Gerson, tudo vai mudar. Os muros de separação estão sendo derrubados, rente ao chão, pela ciência. Cristãos e marxistas, com uma luz na sua frente a alumiar o caminho (Isaías 42.13-17) se encaminharão para a reconciliação, sim, para se reconhecer osso do mesmo osso e carne da mesma carne. Destarte, quando aqueles que circulam os seus seres na corrente sanguínea do Materialismo Histórico passar a fazê-los circular também na corrente sanguínea do Espiritualismo Histórico, tendo o mesmo juízo de valor para os fenômenos religiosos e políticos, tratando-os com isonomia intelectual, sim, quando aqueles que circulam os seus seres na corrente sanguínea do Espiritualismo Histórico passar a fazê-los circular também na corrente sanguínea do Materialismo Histórico, tendo o mesmo juízo de valor para os fenômenos políticos e religiosos, tratando-os com isonomia intelectual, então Cristianismo e Socialismo são um só na palma da mão da Humanidade, como foram um só na palma da mão da Divindade que rompeu as entranhas da transcendência e no-los deu para ajudar-nos na nossa caminhada na eternidade (E havia dois raios saindo de sua mão, e ali se escondia a sua força, Habacuque 3.4).
Deveras, Marx e Paulo, que estiveram de costas na vida de cristãos e marxistas, agora passam a estar de frente, olhando um no olho do outro, já sabendo que da sua união é que vai nascer um novo mundo, buscado e chamado pelos cristãos e marxistas de Reino de Deus e de Comunismo respectivamente.
De tudo o que foi falado então se descobriu que tanto a visão de Marx como a de Ernst Bloch sobre a relação Cristianismo-Socialismo estavam fundadas na subjetividade e não tinham nenhum fundo de verdade, que agora está sendo trazida por Noubarus Gerson? Que isto nunca aconteça!
Tanto a visão de Marx como a de Ernst Bloch, bem como a trazida por Noubarus Gerson, deva ser vistas como momentos de um mesmo e único processo; que se desenvolve no plano da relatividade, não, porém, de uma relatividade subjetiva, mas, sim, de uma relatividade objetiva (******6).
Marx
O pensamento de Marx trata-se do movimento do Absoluto adentrando a sua existência histórica enquanto ser adolescente. Fora antes ser infantil quando a História, no seu movimento real, se achava e transitava pela sua fase teológico-espiritualista; mas agora que ela deixou para trás esta existência, que teve fim ao final da Idade Média, e entrou na nova existência antropológico-materialista, que teve início com e a partir da Renascença, ora, eis que então as condições começaram a ser preparadas para a manifestação adolescente do Absoluto.
Por ser a antítese, a verdade é que o ser adolescente se manifesta em negação ao ser infante. Ele vai negar, e re-negar, todo o seu passado infante. Contudo, este negar é condição necessária para que o ser firme e construa a sua nova identidade, que se solidificará na medida inversa da negação do seu momento anterior, bem assim como acontece com o fruto que vai se formando na razão inversa do desaparecimento da flor. Apesar desta manifestação se dar como negação, o psicologismo do ser é constituído de tal forma que ele entende como superação. Ele não está negando, que é estar construindo a outra face do mesmo fenômeno, mas está superando. Quer dizer, ele não está superando, mas negando. Mas não tem consciência da superação senão da negação. E isto é de suma necessidade, pois se tem a consciência da negação então iria entender a si mesmo como a metade de um ser que se manifesta para completar a outra metade deste mesmo ser. Mas isto não se adéqua ao processo da formação do ser, que segue o curso da lógica dialético- hegeliana da tese, antítese e síntese, as partes sendo concebida separadamente e sem consciência do processo-outra, para só então, na chegada do terceiro momento da síntese, então o sujeito reconhecer que é a soma exata dos dois momentos anteriores. Destarte, essa sensação de superação é necessária e é o que de fato irá ajudar o ser na construção desta sua nova identidade, embora adolescente nem isto reconhecer, pela qual irá se reconhecer e como tal ser reconhecido pelas manifestações que ocupam e dividem os espaços histórico-espaciais.
E outra positividade a ser destacada nessa visão de Marx sobre a relação Cristianismo – Socialismo é referente ao cumprimento da Profecia e da Escatologia. Sem essa visão de Marx não têm como se cumprir. É a condição única do seu cumprimento, como o calvário de Jesus foi condição única para o cumprimento de Isaías 53.
Profecia. Ora, encontramos no livro do profeta Isaías, capítulo 65, a descrição do aparecimento na cena histórica de uma nação paradoxal: diferente de todas as nações esta seria uma nação que não invocaria o nome de Deus, não dobraria seu joelho diante de Deus, todavia seria esta nação que traria os frutos do Reino. E no livro de Mateus, no verso 43 do capítulo 21, encontramos Jesus fazendo uso destas palavras proféticas de Isaías e se dirigindo aos sacerdotes dos seus dias e lhes dizendo que o reino de Deus lhes seria tirado e dado a uma nação que produziria seus frutos. Mais na frente, capítulo 25 verso 40 do mesmo livro de Mateus, encontramos a descrição do diálogo do Justo Juiz com este povo paradoxal, logicamente que tal se dando no desenlace escatológico, dois mil anos depois.
Bem, quem seria esta nação que segundo Isaías e Jesus produziriam os frutos do Reino? Teria sido a nação socialista? Afinal, fazendo uso do silogismo aristotélico, não obstante a sua simplicidade, todavia portador dos fundamentos da ciência que revela e propaga a Verdade, a sua dedução conduz unicamente para a nação socialista.
Esta nação é mesmo a nação socialista? Então se explica o sentido dado por Marx para a relação Cristianismo-Socialismo. Ao Marx suprimir e tornar desnecessário o Cristianismo e toda a sua gênese era neste momento que estava sendo formada e construída esta nação de que falou Isaías e Jesus. O que deixa claro a presença do Divino na gênese da formação do Marxismo. Pois quê, tanto em Isaías como em Jesus, esta nação trazia em oculto Deus ou Deus a formava em oculto (*******7).
Escatologia. O cumprimento escatológico se dá em dois momentos distintos e complementares, o Dia da Ira de Javé, segundo o vaticinado pelo profeta Sofonias, e o Dia da Graça de Javé, segundo o vaticinado pelo profeta Isaías. Este Dia da Ira de Javé tem como fundamento tipológico a destruição de Judá por parte de Nabucodonozor e dos caldeus; E este Dia da Graça de Javé tem como fundamento tipológico a conquista de Babilônia por parte de Ciro e o retorno dos cativos à Judá. Ora, como a ação de Nabucodonozor e de Ciro foram partes de um único e mesmo processo, o castigo sob Nabucodonozor foi condição para que os rebeldes e renitentes de Judá passassem a dar ouvido às Palavras de Deus pelos seus profetas, ora, isto quer dizer que a ação revolucionária se daria em dois momentos distintos, mas complementares: um que reviveria as ações de Nabucodonozor contra Judá (********8) e outro que reviveria as ações de Ciro contra Babilônia (*********9). De modo que a violência revolucionária não seria gratuita, mas necessária: a condição para que num segundo momento o conjunto dos homens pudesse aceitar a via do socialismo com alegria no coração e não mais medo.
Bem, o que seria mesmo este Dia da Ira de Javé segundo o vaticinado pelo profeta Sofonias? Este escatológico Dia da Ira de Javé seria que num preciso e determinado tempo histórico a ira divina alcançaria os sacerdotes, todos os sacerdotes, os filhos do rei, e o rei, e os príncipes, e os que usavam vestuário estrangeiro, burguesia, e os que pesavam a prata, comerciantes, e os poderosos, de modo que nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar da ira de Javé. E uma vez que entendemos de forma inequívoca ser a Cristandade o antítipo de Judá, ora, para que Deus a tratasse da mesma forma que tratou Judá, com um novo Nabucodonozor, fez-se necessário o juízo negativo de Marx sobre o histórico Cristianismo. Era neste juízo negativo de Marx sobre o histórico Cristianismo e tudo que lhe diz respeito que Deus estava criando a força material com a qual iria derramar a sua ira escatológica, naqueles que pelas suas ações se tornaram merecedores.
Assim, pois, mais uma vez, temos razão de sobra para afirmar o caráter divino do Marxismo, que se até aqui não foi reconhecido, não obstante a sinalização dos profetas de Deus, que vicejaram na Teologia da Revolução e na Teologia da Libertação, em anúncios, mas também em ações, como o desprendimento e doação de Camilo Torres, é porque o espírito que estava nos proeminentes de Judá estava também na Cristandade, nos seus sacerdotes, nos seus príncipes, nos seus reis, nos seus juízes, nos seus donos de propriedades, nos seus poderosos.
Ernst Bloch
No que diz respeito ao juízo de Ernst Bloch, já se encaminhando para a apreensão do seu númeno, da sua Verdade, o mesmo deva ser visto como já mudança no Absoluto. Em Marx ele estabeleceu a Antítese, o seu momento adolescente, e, então, com a Escola de Frankfurt, principiou ao momento terceiro da síntese. Começou, pois, todo um processo para a reconciliação, da essência do Marxismo, a sua materialidade, com a essência do Cristianismo, a sua espiritualidade. De modo que o juízo de Ernst Bloch sobre a relação Cristianismo – Socialismo já reflete este novo momento do Absoluto, de aproximação.
Noubarus Gerson
E no que diz respeito à Noubarus Gerson tudo o que concebe já é o resultado do Absoluto ter reconciliado em si os dois momentos anteriores; tê-los postos a girar em harmonia um em torno do outro, na mediação de um centro que tem nome: Jesus de Nazaré, que, por humildade e reconhecimento, do ventre teológico e do ventre antropológico como distintos e ponto de partida (do “Ovário” da História e do “Testículo” da História), divide os espaços com Che Guevara a flor mais pura elaborada no ventre antropológico da História-Humanidade (**********10). Paz e Graça.
NOTAS DE RODAPÉ
(*1) O Cristianismo Como “Sonho de Juventude” do Socialismo
Ora, no trabalho foi dito que a visão de Marx e de Ernst Bloch sobre a relação do Cristianismo com o Socialismo, bem como a de Noubarus Gerson, na verdade refletem um determinado estado de espírito do Absoluto em seu movimento de retorno a si mesmo, que se encontra a si mesmo no absoluto total da História. Não são apreensões objetivas senão que subjetivas não, porém, da subjetividade finita senão que da subjetividade transcendente. Os vetores são instrumentos pelos quais revela e expressa estes seus momentos. Isso, porém, não quer dizer que a subjetividade tenha um fim em si; que todos os momentos do Absoluto são subjetivos ou relativos, como tal pode constar no manual kantiano. Não é isso. O que de fato ocorre é que o Absoluto está metido em processo, no qual cada vez mais a objetividade vai se revelando, e o que se capta dele neste momento, embora seja ele, dele, todavia não é ele na sua totalidade e completeza. Mas, quando enfim se revela em corpo inteiro então as opiniões divergentes vão perdendo posição, com a objetividade ou Verdade se impondo até atingir a inquestionabilidade. O absoluto acaba, pois, por se impor bem assim como se impõe o sol do meio-dia. Bem assim como se impôs a afirmação de que era a terra que girava em torno do sol e não o seu contrário.
No que aqui estamos tratando, ora, a apreensão exata da relação CRISTIANISMO – SOCIALISMO se deu mesmo neste terceiro momento, representado por Noubarus Gerson. É neste terceiro momento que tudo é clareado e as coisas são colocadas no seu devido lugar, nem mais nem menos. Destarte, é este o patamar onde foi assento a cadeira de juiz.
Bem, como analisar o juízo de Ernst Bloch no qual o Cristianismo apareceu como sonho de juventude do socialismo? O Cristianismo é mesmo sonho de juventude do socialismo? É uma instância de pensamento que enchida de ciência então se levantou no novo corpo do socialismo? Este esquema evolutivo de Ernst Bloch: Judaísmo – Cristianismo – Socialismo é apreensão destes fatos históricos no seu liame e no desabrochar de suas qualidades intimamente ligadas e mutuamente pertencentes? Sendo a fonte do Cristianismo, Jesus teria sido a adolescência de Marx, ao passo que Moisés a sua infância?
Ora, que o socialismo teve um sonho de juventude isto é fora de dúvida, mas devemos encontrá-lo no socialismo utópico e não no Cristianismo!
Assim, o esquema correto seria este: Materialismo Inglês, Infância do Socialismo; Materialismo Francês, Adolescência do Socialismo; e Materialismo Alemão, que foi a idéia de socialismo que, enfim, se revelou na sua forma de ciência. Então este deva ser o esquema verdadeiro: Adam Smith – Proudhon – Marx.
E o Cristianismo não pode ser uma instância de pensamento contada como juventude do socialismo porque a sua essencialidade é contada como espiritual e a sua conceituação é catalogada como pertencente ao campo restrito da religião. Embora o seu campo de interlocução fosse universal, todavia o cristianismo nasceu como religião. Foi religião no seu nascimento; de modo que a sua essência e seu valor só podem ser comparados, medidos e acareados com outras religiões. O que implica dizer que o socialismo tem de ser medido e comparado com sistemas afins. É nesta acareação com sistemas afins que se pode descobrir o seu real valor. O que, convenhamos, tal tem sido feito pela filosofia celestial que buscou a gênese do Marxismo, não em sistemas religiosos, mas no materialismo inglês, e, passando pela transitoriedade dos socialismos utópicos, então chegou à sua forma de ciência, no caso o Socialismo Científico que, por ser ciência, realmente deslanchou a luta por igualdade na terra.
Mas, é certo que Ernst Bloch não desconhecia o afirmado; se vivo com certeza reagiria: não vejo nisto nenhuma novidade!
Não, mas Ernst Bloch estava preocupado e empenhado em descobrir a verdadeira relação do Cristianismo com o Marxismo. Como um verdadeiro revolucionário não estava contente com a forma como Marx tratou o assunto, e intuía que isto iria se revelar desastroso para a revolução, pois as massas, trazendo impresso em suas almas a religião, quando não mais tivesse fome de pão, por certo que iria abandonar o Marxismo e a Revolução só podendo voltar para o antigo vômito. De modo que refletindo já o pensar novo da Escola de Frankfurt buscou estabelecer a ligação do Cristianismo com o Socialismo em bases que não a estabelecida por Marx e por epígonos. Via o Cristianismo manietado e sufocado no Marxismo. Pelo seu passado e essência achou que merecia lugar melhor. E acabou por colocar o Cristianismo em posição melhor, sonho de juventude do socialismo.
É verdade, dentre as inúmeras variedades do Cristianismo, pedríneo, paulíneo, tiaguista, joanista, sobrou uma essencialidade que abaliza todo o trabalho de Ernst Bloch. A caridade cristã que é seu corpo universal e comum a todas as suas ramificações. E neste momento se revela a magnanimidade da apreensão de Ernst Bloch.
De fato, a caridade cristã, a preocupação e ação do Cristianismo no campo sócio-material (econômico), é, deveras, sonho de juventude do Socialismo. O que quer dizer que todo cristão, todo verdadeiro cristão, tende para o socialismo, pois o carrega em germe, em potência. E se for desenvolvido nele a ciência fatalmente se levantará em novo corpo, nova existência, defenestrando a caridade e passando a lutar para que as pessoas sejam libertas e não fiquem à mercê de caridade. E isto se daria através de uma leitura científica da realidade sócio-política-econômica, descobrindo então o que motiva a caridade é um sistema baseado em leis que faz com que grandes contingentes da sociedade sejam conservados na miséria. E esta descoberta leva a que se lute pela superação deste sistema, instaurando no seu lugar um novo sistema, que trabalha a libertação de todos os segmentos da sociedade, com prioridade para o segmento então marginalizado.
Mas, convenhamos, a caridade cristã não é todo o corpo do Cristianismo e nem mesmo a sua parte mais importante. É acidente e não essência. O que é de fato essência no Cristianismo?
A essência do Cristianismo nos remete ao campo espiritual. O Cristianismo era a ciência que acabava de se manifestar neste campo. Confrontando e se medindo com as religiões existentes, pelo seu valor, pela sua qualidade, o Cristianismo era simplesmente o nascimento da ciência. Trazia as respostas certas para as necessidades e inquietações das pessoas. As pessoas sofriam e buscavam nas religiões respostas ao seu sofrimento; mas o Cristianismo, portando o amor, então mostrou que a causa do seu sofrimento estava nelas mesmas. Tinham de passar por novo nascimento, experimentar o amor de Deus que ele enviava na mediação única de Jesus. E as religiões tornaram-se desnecessárias, com o Cristianismo explodindo por todo o império, não por imposição, mas porque as pessoas tiveram a oportunidade de experimentá-lo; e pela experiência puderam ver a sua grande diferença com as religiões então existentes.
Ora, se buscamos a essencialidade do socialismo na sua luta material contra o capitalismo, a essencialidade do cristianismo é encontrada na sua luta contra o paganismo. E esta essencialidade não é de modo algum sonho de juventude do socialismo, mas complemento do socialismo, que por sua vez é complemento do Cristianismo (ver I Coríntios 13.9-10).
Para concluir, a relação científica entre Cristianismo e Socialismo deva ser esta: o Cristianismo foi a Primavera da História, conquanto o Judaísmo o seu Inverno. De modo que o Cristianismo não foi outra coisa senão que na plenitude dos tempos espirituais o botão do Judaísmo se abriu na mais linda e na mais pura das flores, que veio à existência à custa do sangue de muitos mártires.
Mas, primavera e flores não têm um fim em si mesmo, são momentos de um processo maior. De fato, chega o momento em que as flores começam a fenecer, e a murchar, até que morrem. E nos seus lugares começa a nascer o fruto. Mas, quem murcha e morre são as pétalas da flor. A sua essência íntima, o seu néctar, se passa para o fruto em nascimento; e vai se ocultar nos seus recônditos. E no tempo certo, na chegada do Outono, então este néctar é despertado e começa a fermentar e a se espalhar pelo fruto, amolecendo-o e o tornando adocicado e saboroso.
Pois é, esta é a relação científica do Cristianismo com o Socialismo: o Socialismo procede do Cristianismo assim como o fruto procede da flor. E não foi por acaso que tudo começou com um judeu protestante, Karl Marx, que na medida em que foi teorizando o Socialismo mais e mais foi se desvencilhando e se afastando da religião e de tudo que lhe dizia respeito. Mas, o que morria em Marx eram as pétalas da religião, que quer dizer as suas fantasticidades, a sua beleza ímpar, mas o seu néctar, que é o amor ao próximo, se passava para o fruto do socialismo em nascimento, sendo o verdadeiro alicerce sobre o qual Marx teorizava. De modo que o socialismo quando nascia, não obstante a sua imperceptibilidade, já trazia em oculto, nos seus recônditos, este néctar que nasceu com a religião cristã. De modo que quando chegasse o seu tempo, o outono da Revolução-Marxismo, que é o outro lado da primavera da Igreja-Cristianismo, então este néctar iria se desenvolver no interior do socialismo, amolecendo a sua carne dura e expurgando para fora todo o seu amargor, adocicado e saboroso, então se transformando em alimento de todos, para todos. E este Outono do Marxismo-Revolução, que palpitava no coração de Che Guevara ansiando o seu nascimento, se aproxima o seu nascimento agora no advento da filosofia celestial, que é o socialismo plenamente maduro, de todos, para todos, todavia tendo chegado a tal depois de passar pelo estágio de vez da Escola de Frankfurt.
(**2) Socialismo Espiritual
No corpo do escrito o conceito de socialismo foi apresentado como o mesmo sendo formado e constituído de três partes, que é seu corpo único, uno, indivisível, pois é assim que ele se achava na sua realidade primeira e mais profunda, no plano espiritual. E que partes eram estas? O Socialismo Espiritual, o Socialismo Material e o SOCIALISMO, que é na verdade um Universal sustentando e dando vida a estas suas duas adjetivações, sim, elas girando em torno deste centro e ligadas a ele, produzindo vida de forma ininterrupta.
E o que é mesmo o Socialismo Espiritual? Trata-se de uma manifestação voltada para as questões espirituais da sociedade e para os seus indivíduos, procurando estabelecer a igualdade de relacionamento entre todos. Nesta sociedade é ensinada aos indivíduos a não extrair mais-valia espiritual, que é explorar e profanar o corpo, pois o mesmo é sagrado, é templo do Espírito Santo. Numa sociedade assim a união são estáveis, pois os elementos que produzem desagregação nos lares não estão presentes. A extração da mais-valia espiritual é abominável.
O Socialismo Espiritual se manifestou após longo tempo sendo gestado no coração da História. A sua manifestação se deu com o advento do Cristianismo, mas é possível se observar alguns traços seus nas religiões que o antecedeu, em especial no Judaísmo.
Para facilitar a sua compreensão tomemos um exemplo moderno que em muito ajudará na sua compreensão.
No ano de 1906 explodiu em Los Angeles um movimento religioso que ganhou o mundo e hoje se conta em toda a terra o número dos seus seguidores em cerca de quatrocentos milhões. Estamos falando do moderno movimento pentecostal que por todos os ângulos de análise é renascimento do movimento dos primeiros cristãos, daqueles que começaram a se formar após Paulo Apóstolo.
O que foi este movimento? Este movimento nasceu em um templo construído pelos metodistas para ser novo lugar de culto, mas que nunca veio a ser. Se achando abandonado então um grupo nascente de pentecostais o transformou em lugar de culto. Como eram portadores da novidade do falar em línguas estranhas, e de amor entre todos seus freqüentadores, logo as boas novas se espalhou de modo que de toda a Los Angeles e entorno vinham aos milhares para aquele lugar. E ali, na presença e mediação de um homem simples do povo, William Joseph Seymour, filho de ex-escravos, negros e brancos, ricos e pobres, trabalhadores e patrões, asiáticos e mexicanos, lavadeiras negras e patroas brancas se abraçavam e se reconheciam como irmãos.
Mas, convenhamos, esta igualdade espiritual entre eles se dava em uma sociedade em que o sistema político-econômico era baseado na desigualdade, e isto refletia em suas vidas, não raro de forma amarga, pois não raro a forma material acabava se impondo nas escolhas e decisões. O fel amargo desta anfibilidade foi também provado por muitos luminares do protestantismo, que passaram a viver a igualdade espiritual de Jesus, mas em um mundo dominado pela desigualdade e competição materiais. Ainda hoje esse antagonismo põe muitos corações em sofrimento e é responsável pela quase totalidade dos cristãos que se desviam da igualdade espiritual de Jesus. A desigualdade material e todos os seus frutos acabam interferindo e corrompendo esses corações.
(***3) Socialismo Material
O Socialismo Material não é negação do socialismo espiritual, pois quê pertence à outra ordem de fenômeno. Ele diz respeito às questões materiais.
No socialismo material a extração da mais-valia material não existe. O que nele é sagrado são o corpo e o trabalho do trabalhador. Ninguém tem o direito de explorá-lo e de se locupletar com o seu suor.
Uma sociedade que vive sob o regime do socialismo material não tem falta de bens materiais, pois tudo o que é produzido é para a divisão e uso de todos. Se problemas climáticos reduzem a colheita então o pouco que se tem é repartido de forma equânime entre todos.
Mas, as dificuldades apontadas para quem vive o socialismo espiritual numa sociedade dominada pelas desigualdades materiais, ora, de forma inversa, tal ocorre com quem vive no socialismo material. Como o socialismo material está desligado do socialismo espiritual, pois foi concebido na tríade hegeliana da tese e antítese, por falta desta espiritualidade, as pessoas não raro são tentadas a criar para si privilégios. Em especial os que ocupam postos no aparelho de Estado. E a falta da espiritualidade cristã no socialismo material vai pouco a pouco corroendo o caráter e fazendo com que muitos se desinteressem dele, como no lado oposto a falta do socialismo material corrói caráter fazendo com que muitos se desinteressem do socialismo espiritual.
(****4) SOCIALISMO
Ora, a partir do que foi exposto, o socialismo enquanto substantivo só pode ser entendido como sendo a união em corpo único do socialismo espiritual com o socialismo material. Estiveram apartados, sem qualquer comunicação entre si, mas agora são reconciliados e unificados em corpo único, se justapondo, de modo um ajudar e sustentar o outro.
Este estágio, por um lado, é aquilo que marxistas chamam de Comunismo, e, por outro, o que cristãos chamam de Reino de Deus. Não foi assim visto jamais por marxistas e cristãos, é certo, mas estas são as suas únicas engrenagens. Se for entendido por Comunismo e Reino de Deus como sistemas sociais em estado de perfeição, as suas engrenagens únicas são estas: os marxistas construirão o Comunismo quando se deixarem fecundar pela espiritualidade cristã; e os cristãos construirão o Reino de Deus quando se deixarem fecundar pela materialidade socialista.
É então o reino perfeito, cujo arquétipo se acha remotamente no livro de Êxodo (Êxodo 16.14-21), no episódio em que Deus mandou do céu o alimento do maná. E cada qual o apanhava segundo o número de pessoas em sua tenda, não podendo apanhar além do que tinha necessidade.
E nunca é demais lançar mão de exemplos simples a fim de ser compreendido tudo que está sendo exposto e se procura compreensão para tal. Foi falado sobre o nascente movimento pentecostal em Los Angeles, naquele ano de 1906, e foi falado de como ali pessoas vinham de todos os lugares e não importa a sua condição social ou de raça se abraçavam e se entendiam como irmãos.
Mas, suponhamos que no socialismo espiritual um jovem pobre se apaixone por uma moça rica. Haveria o casamento? Já houve situações assim em que a questão da desigualdade social não interferiu prevalecendo o caráter como riqueza maior, mas houve situações em que a questão da desigualdade social interferiu sim. E como ficou aqueles corações, em especial o do moço pobre? Pois é, no SOCIALISMO substantivado, que tanto pode ser chamado de Comunismo como de Reino de Deus tal não acontecerá. Porque todos são socialmente iguais. Iguais tanto no plano espiritual como no plano material.
Então, podemos dizer que este estágio, da união do Cristianismo com o Socialismo, mais precisamente que da união de Paulo com Marx (porque muitos já falaram nesta união se atendo a muitos aspectos do cristianismo, em geral econômicos, mas quanto a Paulo passaram ao largo o que explica terem excluídos do seu projeto este fabuloso contingente dos evangélicos pentecostais) a sua construção na sociedade não resta à menor dúvida é o renascimento do paraíso, com a espiritualidade cristã e a materialidade socialista sendo representativos hoje de Eva e Adão respectivamente. É mesmo o momento em que é dito na Palavra de Deus: Eis que a tenda de Deus está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão os seus povos. E o próprio Deus estará com eles. E enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram (Apocalipse 21.3). Como diz o profeta Isaías, não serão mais lembradas e não subirão mais ao coração (Isaías 65.17).
(*****5) A Nova Visão da História
“Quem tem estado ativo e tem feito isso, convocando as gerações desde o começo? (...) Quem é que contou alguma coisa desde o começo, para que a saibamos, ou dos tempos passados, para que digamos: Ele tem razão? (...) A tal ponto surpreenderá muitas nações. Por causa dele, reis fecharão a sua boca, pois verão realmente aquilo que não se lhes narrou e terão de dar sua consideração àquilo que não ouviram”, Profeta Isaías
No trabalho se acha a visão dos esquemas históricos do Materialismo Histórico e do Espiritualismo Histórico, bem como o esquema histórico de um pensador da Escola de Frankfurt, Ernst Bloch, sobre a relação do Cristianismo com o Socialismo. Todas estas visões são válidas; mas, não obstante, o leitor terá agora acesso a uma nova visão da História, muito mais abrangente, muito mais abarcadora dos fenômenos históricos libertadores, transcendendo os esquemas apresentados, indo muito além; não os negando, porém, senão que os integrando no seu novo sistema, com eles também sendo partes constitutivas de si. E o que vai agora ser revelado é com certeza os seus momentos que dizem respeito diretamente à libertação; que tem parte ativa na libertação, com os seus momentos remotos não sendo preciso a sua nomeação mesmo porque eles se acham tanto no Materialismo Histórico como no Espiritualismo Histórico.
Qual é, pois, o esquema da História segundo a filosofia celestial? Este novo pensar que vem se manifestando cujo corpo é composto de tudo o que de bom e verdadeiro foram produzidos ao longo dos tempos?
Ela tem, basicamente, três momentos distintos e evolutivos, e cada um destes momentos tem, por sua vez, também três momentos distintos e evolutivos. Trata-se de um processo altamente dialético, indo do mais simples ao mais complexo, e, ao final, porque o mesmo se move na tríade hegeliana da tese, antítese e síntese, então revelando toda a sua teia de complexificação. Eis o novo esquema da História:
PRIMEIRO MOMENTO – TESE: Abraão / Moisés (Judaísmo) – Hillel / João Batista (Essênios) – PAULO & PEDRO (CRISTIANISMO)
SEGUNDO MOMENTO – ANTÍTESE: Adam Smith / Ricardo (Materialismo Inglês) – Saint Simon / Proudhon (Materialismo Francês) – MARX & ENGELS (SOCIALISMO)
TERCEIRO MOMENTO
O Terceiro Momento é o de síntese. E ele será apresentado se como gêmeos vitelinos de sexo diferente, espiritualismo e materialismo, fecundados e gestados no ventre da História para um nascimento que está prestes a ser dar. Vamos a estes gêmeos vitelinos de sexo diferente.
TERCEIRO MOMENTO – SÍNTESE ESPIRITUALISTA: Primeiro Momento do TERCEIRO MOMENTO (Embrião): TEOLOGIA HUMANISTA (Carl Rahner / Rudolf Bultmann) – (Mas, Jurgen Moltmann, Richard Shaull, Johann Baptist Metz, José Comblin, são elos de transição do primeiro para o segundo momento) – Segundo Momento do TERCEIRO MOMENTO (Botão): TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO (Gustavo Gutierrez / Rubem Alves) – Terceiro Momento DO TERCEIRO MOMENTO (Nascimento do Ser): LIBERDADE – PAULO (Mas, Leonardo Boff – Clodovis Boff – Angélico Sândalo – Paul Freston – Robinson Cavalcante – Ariovaldo Ramos = FREI BETO + PASTOR DAVI à SANDINISMO, já é o momento em que o Espírito, subindo e convergindo para o seu ser-outra-metade, na busca da reconciliação do finito no Infinito, a sublimação de Mestre Ekhart e Teilhard de Chardin em Hegel Redivivo, está chegando e se aproximando do patamar IGUALDADE - MARX, pelos seus profetas mensageiros. É o momento em que a pomba da Parúsia, ainda invisível, na invisibilidade da Parúsia, começa a exercitar o bater das asas para o seu vôo nupcial, o Casamento do Cordeiro, e quando faz, batendo as suas asas, na medida em que vai se aproximando, mais e mais vai completando a sua transformação e metamorfose, até que quando chega e pousa a planta dos seus pés na terra seca, já visível, na visibilidade da Parúsia (Lucas 17.24), é tão somente PAULO – MARX! Que pelo esvaziamento de suas imperfeições (ICoríntios 13.9-10) (uma realidade cindida ou tendo apenas partes, por causa do pecado original, que preenche os espaços vazios, a imperfeição se acha ali presente) acabaram por se fazer expressão real da Luz! Expressão real da Vida! Destarte, tudo, absolutamente tudo, ficou para trás como os seus momentos histórico-constitutivos. Até mesmo o conjunto da obra elencado, Leonardo Boff – Clodovis Boff – Angélico Sândalo – Paul Freston – Robinson Cavalcante – Ariovaldo Ramos = FREI BETO + PASTOR DAVI à SANDINISMO, que é a Teoria-Ação do Reino no seu quase ser, que começa a ser neste ano de 2011, na força dos seus jovens e na força dos seus intelectuais, bem como na força dos seus homens e mulheres de fé, ao se completar exatos 33 anos em que Jesus começou a construir o Seu reino no jovem Gerson de então 25 anos, um operário iletrado, de raiz nordestina, naquele ano de 78, que queiram ou não será marco divisor da História. Antes deste ano de 78, até o ano de 77, o domínio daqueles que pela violência combateram a justiça e instauraram a injustiça e o domínio daqueles que pela violência combateram a injustiça e instauraram a justiça, mas, deste ano de 78 em diante, o domínio eterno d’Aquele que veio para que todos tivessem vida e vida em abundância, quer os que com violência combateram a justiça para instaurar a injustiça quer os que com violência combateram a injustiça para instaurar a justiça. E, porque a dialeticidade só existe no Criador (Gênesis 1.2), pois quê é função da dialética tão somente comunicar a novidade, à criatura, e não criá-la, que é obra da metafísica (no seu grande banquete Ele colocará porções no prato de Heráclito, mas cinco vezes mais no prato de Sócrates), de modo que a criatura não pode ir além senão aquém, porque foi dotada de memória para registrar o Devir como se lhe apresentou (As coisas escondidas pertencem a Javé, nosso Deus, mas as coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos por tempo indefinido, para cumprirmos toda a palavra desta lei, Deuteronômio 29.29), e porque, por causa do pecado original, que introduziu o Mal na criação, que não tem assento na novidade oculta senão que na novidade revelada, lhe foi permitido este Assento, de modo que a novidade não se estabelece sem que entre em luta de morte e vença a Reação, que é libertação da criatura, a verdade é que o conjunto da obra elencado, Leonardo Boff – Clodovis Boff – Angélico Sândalo – Paul Freston – Robinson Cavalcante – Ariovaldo Ramos = FREI BETO – PASTOR DAVI à SANDINISMO, ao mesmo tempo em que representa o ponto mais avançado do Espírito e a sua mais alta excelência, por causa do pecado original, em presença na obra do Criador (Jó 1.6; Apocalipse 12.4), representa também o último refúgio da Serpente Original e é o último inimigo a ser vencido, de tal modo que quando este último inimigo for vencido, sem mais qualquer barreira de resistência, na sua mais completa liberdade, é então este o momento em que se acende a luz da Parúsia (Apocalipse 18; Lucas 17.24). Na sua derrota, na sua mais completa derrota, esvaziados de si (Miserável homem que eu sou! Quem me resgatará do corpo que é submetido a esta morte? (Romanos 7.17-24), sem mais nada para si senão que com as obras que os acompanham, é então que um corpo humilde e manso, como humilde e manso foi o corpo de João Batista, se fará presente, se apresentando como interlocutor-intérprete das palavras de Isaías, dizendo: E naquele dia certamente se dirá: Eis! Este é o nosso Deus. Pusemos nossa esperança nele, e ele nos salvará. Este é Javé. Pusemos nossa esperança nele. Jubilemos e alegremo-nos na salvação por ele. Dessa forma abrindo caminho para que as grandes massas nas avenidas d’ACidade, nas suas avenidas em tapete, cumprindo o sonho da jovem Joseane, possam dizer, com palmas em suas mãos: Bendito o que vem em nome do Senhor! (Certamente que o sábio entende as palavras de Isaías como referência não a uma pessoa que é Javé, mas, sim, que é Javé a obra que ela porta. Tem a sua marca, as suas impressões digitais). E a verdade é que este esvaziar-se de si, sem ter nada para si, e então exclamar: ó que homem miserável eu sou! Sim, esta obra libertadora Deus já começou a realizar com o conjunto da obra elencada, se apagando nela, com Clodovis Boff no ano de 2007, na questão do erro de princípio em que os pobres foram penalizados na perda da primazia do amor divino, e em Leonardo Boff no ano de 2010 ao colocar Lula e governo do PT numa altura que de modo algum corresponde ao que de fato o são, o que, dado o grau intelectual dos atores em presença e a moralidade-espiritualidade de que de fato são depositários http://anovateologiadalibertacao.blogspot.com/2010/09/o-aparecimento-do-verdadeiro.html, condenou a nação a longos anos de imobilismo político e a classe dominante e dominadora a longos anos de sossego político, destarte, adiou mesmo a libertação do povo pobre ao tempo de uma geração política, que finda quando os oprimidos descobrem, enfim, que com eles tiveram melhora, mas que sem eles poderiam estar muito mais melhor, como o povo russo conheceu melhora no Governo Provisório de Kerensky e cadetes, mas a libertação somente no governo de Lênin (que seja a sua recompensa o encobrimento eterno dos seus corpos pelas águas e pela terra que se fez lama que a fúria da natureza fez descer dos morros da região serrana do estado do Rio de Janeiro, engolindo os inocentes que ali estavam, mas que podiam estar em outro lugar, num outro lugar que Lula e PT eram para ter sido colocado).
Frei Beto e Pastor Davi. Ora, no ano de 94 Noubarus Gerson pondo um escrito nas mãos de Frei Beto, no centro de São Paulo, então Frei Beto, folheando e olhando para Noubarus Gerson, fez a ele a pergunta, já carregada de intenções afirmativas: Você é Josué? E no ano seguinte, em 95, se achando na presença de pastor Davi, batista e naquele ano presidente da Associação Evangélica do município de São Bernardo do Campo, então pastor Davi tendo folheado um escrito escatológico que ficou com ele por um dia, pois fora orientado por pastores Paulo e Marcos da pastoral universitária da Faculdade Metodista de São Bernardo do Campo que o procurasse, e o fez, deixando o escrito com sua secretária, pois não se achava presente, sim, então Pastor Davi, depois de levá-lo a um canto, então indagou dele sinceramente: não me negues e não me ocultes: Você é Jesus? (e ele não negou e não ocultou, mas disse: Não, mas sou aquele que haveria de iniciar o trabalho da restauração de todas as coisas, de modo todas as coisas vir a estar em Jesus e Jesus vir a estar em todas as coisas).
Por que Frei Beto e Pastor Davi tiveram uma reação assim? Porque representam o ponto mais elevado do Espírito, a sua mais alta excelência, além do qual não há mais nada senão a Parúsia? Quando viram aquele estranho à sua frente, o conteúdo do escrito que portava, e tiveram uma reação assim foi na verdade que no seu coração a criança da Parúsia (Apocalipse 12) saltou ansiando o nascimento? Que saltará e ansiará o nascimento na vida de todos os que são limpos de mão e puros de coração?
TERCEIRO MOMENTO – SÍNTESE MATERIALISTA: Primeiro Momento DO TERCEIRO MOMENTO (Embrião): EXISTENCIALISMO (Soren Kierkegaard / Friedrich Nietzsche) (Mas, Karl Jaspers, Gabriel Marcel, Heidegger, Paul Sartre, são elos de transição do primeiro para o segundo momento) – Segundo Momento DO TERCEIRO MOMENTO (Botão): SOCIALISMO DEMOCRÁTICO-FRANKFURTIANO (Rosa Luxemburgo / Horkheimer) – Terceiro Momento DO TERCEIRO MOMENTO (Nascimento do Ser) (IGUALDADE – MARX) (Mas, Ernst Bloch – Roger Garaudy – Marcuse – Theodor Adorno – Habermas – Walter Benjamim = ANTONIO GRAMSCI + NORBERTO BOBBIO à ZAPATISMO, são elos de transição e ligação do segundo para o terceiro momento, e representam o socialismo no seu momento de quase já Comunismo. Depois deles o que vem para o marxista é o reino da liberdade concreta, de modo que para onde irá o conjunto da obra elencada que parte do fundamento do Cristianismo, Leonardo Boff – Clodovis Boff – Angélico Sândalo – Paul Freston – Robinson Cavalcante – Ariovaldo Ramos = FREI BETO + PASTOR DAVI à, é para lá que vai também o conjunto da obra elencada que parte do fundamento do Marxismo, de dois em dois, nos seus pares, a ocupar na Arca o lugar que o Novo Noé lhes determinar.
No que diz respeito a esse terceiro momento da Síntese, ora, como ele é a reconciliação e junção da tese e antítese em único corpo, então o processo da síntese se dará nas duas direções: do Cristianismo para o Socialismo e do Socialismo para o Cristianismo, um crescimento que não obstante o seu mútuo imbricamento, todavia as partes são independentes, como independentes são o homem e a mulher. Chegando ao Cristianismo, do seu referencial, é Reino de Deus. Paulo é o princípio feminino que amadureceu e reconheceu no fora de si Marx o princípio masculino que completa o seu ser. Mas, chegando ao Socialismo, do seu referencial, é Comunismo. Marx é o princípio masculino que amadureceu e reconheceu no fora de si Paulo o princípio feminino que completa o seu ser. Portanto, não há Reino de Deus e Comunismo fora deste processo; e o que se apresentar como sendo tal que seja anátema.
Ora, no que diz respeito a Roger Garaudy, é preciso trazer esclarecimentos que se tivesse tido ao seu tempo por certo que teria sido a ação para a teoria em Ernst Bloch. Como é do conhecimento Roger Garaudy, também da Escola de Frankfurt, ao contrário dos seus luminares que na sua abertura ao Transcendente e ao religioso tomaram decididamente o caminho do Cristianismo Roger Garudy, depois de caminhar por ele e não ter encontrada terra sob os pés acabou tomando o caminho do Islã, se convertendo e passando a ser muçulmano. È que para Garaudy a estrutura intrínseca do Cristianismo não dava vazão para o Marxismo senão que o alienava de sua essência. Mas, o Islã, não só por eleger o estado teocrático como síntese e mediador das instâncias políticas e religiosas, não tratar de forma separada o material e o espiritual senão que na sua relação indissolúvel como se manifesta no cotidiano, no dia a dia das pessoas, e por não condenar a violência ou apoiá-la aberta ou veladamente como instrumento de também propagação da fé, ora, Roger Garaudy enxergou no Islã o instrumento adequado para penetrar nas massas populares e a partir da imanência de sua religiosidade levantá-las para a revolução.
O que se observa, e com clareza, é que Roger Garaudy entendia o Marxismo como um ser estático e acabado, possuidor de uma essência que fazia dele o que era. Na sua imutabilidade, que acordo poderia haver entre ele e o cristianismo, essência tão distinta não obstante se perceber certos graus de parentesco?
Mas, o que Roger Garaudy não sabia é que o Marxismo na verdade carregava a sua negação que iria fazer dele inteiramente outro, como a negação que o judaísmo carregava fez dele inteiramente outro. O Marxismo era a Lei, mas carregava em oculto a negação da Graça. E quando ele se manifestasse em graça então tudo estava preparado para a sua união com o Cristianismo (Apocalipse 19.7-8). As massas populares por certo que iriam se levantar de sua inércia revolucionária, não para construir a Ditadura do Proletariado, mas para construir o socialismo, que pode se chegar a ele por metodologia inteiramente diversa, obrada no ventre desta síntese: o pode da Educação, que trás conhecimento, que é luz para o caminho, e o poder do Evangelho, que trás amor, que é luz para o caminho. Já não mais iria ser necessária a destruição das forças inimigas para a construção do socialismo senão que a sua transformação, pois quê o seu bastão de comando está agora nas mãos Daquele que teve o poder de suscitar a pedras filhos a Abraão, que vendiam as suas propriedades e repartiam os valores com toda a comunidade, possibilitando a todos terem segundo as suas necessidades.
Então, no lugar de ter feito opção pelo Islã, destoando de todos os seus pares, o que teria de ter feito era o aprofundamento da abertura do Marxismo ao transcendente e à religião, até o momento em que acabaria de chegar, fatalmente chegaria, ao Transcendente e à Religião, tendo deixado para trás, como conquista do deserto, ao transcendente e a religião da Escola de Frankfurt. E ali estava a resolução de todos os problemas sociais unicamente pelas ferramentas do amor, norteando à práxis revolucionária a conseguir seus objetivos escafuncando e tirando dos ricos e da classe rica filões potenciais e úteis à revolução, pelas suas margens, pelas suas beiradas, que levarão certamente todo o sistema a ruir-se sobre si mesmo.
E se Roger Garaudy tivesse tido uma visão dinâmica do Marxismo, portador de uma negação positiva (mas o capitalismo é a sua negação negativa), não teria jamais negado os horrores nazistas sobre o povo judeu, vendo aí tão somente uma construção psicológica rica de imagens que fundamentava e empurrava para a necessária criação do Estado de Israel. Mas, que fazer, se o espírito que se apagou em Clodovis Boff em 2007, com a carne falando e se expressando nos seus sofismas, também tinha de se apagar em todos eles, só assim, e somente assim, surgindo as condições reais para a construção do reino da liberdade concreta, em que cada um tem realmente segundo as suas necessidades, que não são só sociológicas, e ainda na mediação de uma ideologia que teve acesso ao lado claro da realidade e não ao seu lado oculto, mas ontológicas? Dadas por Deus no nascimento de cada um?
Zapatismo. No início do ano de 94 um grupo guerrilheiro ocupou diversas repartições públicas no estado pobre de Chiapas, México. Porque os guerrilheiros não tinham o objetivo de lutar contra o sistema senão que o de exigir melhorias para a população pobre do país, em especial os índios de Chiapas, e porque depois daquele episódio único pareceu que eles “depuseram as armas”, a verdade é que, mormente comunicado romântico e de humor, e o seu líder Subcomandante Marcos escondendo a sua identidade é a sua subscrição, o movimento zapatista tem adquirido conotação negativa entre as forças de esquerda. Sendo apenas visto como um grupo político reformista, sem projeto de transformação, sem intenções de aprofundar as contradições no interior da sociedade mexicana e levá-la a confrontos revolucionários com o poder estabelecido.
Isto é verdadeiro? Do ponto de vista positivista, que vê o aparente, o que se manifesta à retina, isto é verdadeiro. Mas o movimento zapatista deva ser visto com outros olhos, pelo viés filosófico.
Na verdade o movimento zapatista foi o resultado do Espírito em movimento de retorno a si mesmo. Na sua transformação de um extremo ao outro, do extremo da Lei para a Graça, do extremo da Ditadura do Proletariado para o extremo da Democracia de Jesus. Nesta cadeia, o movimento zapatista no México já foi o segundo momento, tendo sido o sandinista o seu primeiro momento, e o que está prestes a se manifestar no Brasil o seu terceiro momento.
Do que estou falando? Ora, tivemos na América não ianque a revolução cubana. E ela fez reviver as revoluções da velha Europa. Literalmente a russa. Foi leninista na tomada do poder, foi plekhanovista na introdução da NEP, e por fim foi stalinista. A revolução cubana seguiu este mesmo ideário da revolução russa.
Mas, a revolução russa trazia no seu ventre uma negação, que haveria de construir a igualdade no ventre da liberdade, de modo que nela liberdade e igualdade, que tanto na revolução russa como na francesa estiveram de costas, apartadas, em puro antagonismo, nesta nova revolução estariam juntos. Se relacionando, mutuamente se ajudando, de modo que a sua igualdade iria ser uma nova Igualdade, porque construída no ventre da liberdade, e a sua liberdade iria ser uma nova Liberdade, porque construída no ventre da igualdade. E como esta nova revolução iria ser construída no continente latino-americano, eis a revolução cubana, o reviver neste lado do mundo, da revolução russa.
Então veio o seu segundo momento, a revolução sandinista, que foi leninista, teve o momento da NEP russa, mas não foi stalinista. E como o stalinismo é corpo inseparável do leninismo, o leninismo se completa no stalinismo, e sem esta complementação a revolução se esvanece, se encaminhava para morrer na NEP que só não se deu porque salva pelo stalinismo, e onde não teve a complementação do stalinismo morreu, o caso da revolução portuguesa, mas também o caso da revolução sandinista.
Ora, se o Espírito estava em processo de transformação, indo de um extremo a outro extremo, tanto do extremo geográfico, da eurásia para a América Latina, como do extremo ideológico, da Ditadura do Proletariado para a Democracia de Jesus, e se na revolução sandinista já produzira uma nova figura de espírito, não só a revolução foi feita com a presença maciça dos cristãos como não foi stalinista, foi leninista, mas não stalinista, a verdade é que com os zapatistas o Espírito dá um novo salto de qualidade: vai deixar de ser também leninista! E certamente que na sua consumação, a se dar no país Brasil, não só não leninista e não só não stalinista, mas, pela primeira vez, na revolução, então o rosto de Jesus aparece no lugar do rosto de Marx. Uma nova autoridade!
Então o movimento zapatista deva ser visto com olhar metafísico e não mais positivista. O movimento zapatista não se trata de apenas um movimento reformista, interessado apenas em melhoria para o povo no interior do sistema, sem maiores implicações que estas. O movimento zapatista deva ser visto como o momento em que na revolução se dá a completa negação do leninismo. Uma nova tomada de consciência revolucionária, o momento mesmo em que o Espírito sai à sua procura.
Destarte, o leninismo, uma vanguarda revolucionária, que toma sobre si a responsabilidade da revolução, com a sua capacidade intelectual e a sua força suprindo toda a falta e fraqueza do proletariado, é isto que agora será contestado em benefício de uma nova práxis. Não se trata mais de uma vanguarda fazer a revolução em nome do povo e governar em nome do povo, mas, sim, do povo fazer a revolução e não mais ter governantes como seus representantes senão que eles mesmos são seus representantes. Não se trata mais de repetir uma prática que a experiência demonstrou que será catastrófica ao final. O edifício do socialismo foi construído sobre seu alicerce. Mas se sabe que pela qualidade do material empregado na construção da obra, e aí diz respeito ao seu embasamento teórico, quando no interior da obra se revelar novas necessidades será então que começarão a aparecer rachaduras. Certamente no edifício, mas também no alicerce, porque o material do conjunto da obra é o mesmo. De rachadura em rachadura chega um momento em que todo o edifício implode (não faltando aqueles que sairão a reunir seus cacos pensando com os cacos reconstruir toda a obra).
Pois é, é esta a visão do zapatismo, construir o socialismo na via tradicional do lenininismo, como muitos grupos estão empenhados, é ter a certeza de que o tempo revelará que todo esforço foi em vão. Tudo terá de novamente ser repetido, é um ciclo, se buscando Bode Expiatório – que não é o Bode – para legitimar o recomeço de tudo, como fazem estes grupos que querem construir o socialismo pela via tradicional do leninismo, que eles dizem única, justificando a sua luta para reconstruir o que ruiu apontando com o dedo indicador ora para Stálin, ora para Trotsky, mas nem um único se virando para Marx e dizendo, com o dedo indicador na posição de riste: FOI VOCÊ! Construímos a casa do socialismo conforme as medidas que você nos deu, e veio o vento dos descontentes e ele não suportou o peso do seu sapateado.
Então foi dito que o movimento zapatista está construindo o socialismo por novas armas, por via própria? Não, mas foi dito que ele representa o momento da tomada de consciência por parte da revolução que é preciso um novo existir revolucionário. A experiência amarga e que deixou marcas profundas forçou o Espírito a nova imaginação revolucionária. Detectou um ciclo a que está sujeito, e se pôs a contorná-lo, buscando alternativa. O movimento zapatista não pode construir o socialismo por esta via porque implica todo um trabalho para que os odres velhos sejam transformados em odres novos; e aí sim então deixar neles o vinho novo do socialismo. Um trabalho assim é missão do socialismo celestial, e tudo está preparado no país Brasil para que um trabalho assim aconteça. Dessa forma, do começo de tudo em Cuba, passando pela Nicaraguá sandinista e subindo ao estado Chiapas do sul do México, então tudo está preparado para a sua consumação no Brasil, berço deste novo existir revolucionário.
Que se manifesta já trazendo em si a marca do zapatismo. Só um exemplo, se os trabalhadores têm a capacidade de abrir estrada e construir sobre ela o asfalto, não tem também condições de gerenciar as praças de pedágio? E as praças de pedágio revertem o fluxo do dinheiro para os próprios usuários, pois são empregados ao longo da rodovia em benefício de todos, na construção de oficinas, postos de atendimento médico, e etc. E praça de pedágio agregada à praça de pedágio o resultado é a formação de uma única praça de pedágio, nas mãos dos trabalhadores, que, dessa forma, estão usufruindo plenamente do trabalho de suas próprias mãos, como vaticinou o profeta Isaías. O que vale para a praça de pedágio, como exemplo, vale para tudo na sociedade. E é esta a essência do zapatismo, não aguardar o fim do capitalismo ou trabalhar o seu fim para então construir a nova sociedade, mas construir a nova sociedade no seu interior, como quem constrói a casa nova dentro da casa velha, expulsando seus cômodos velhos até que a casa nova se tornou única.
E temos já à nossa frente uma preparação, estes milhões de rostos de brasileiros sem nome a se esconder atrás de uma máscara social, mas que de uma forma ou outra passaram a conhecer o poder do evangelho em suas vidas. Foram transformados espiritualmente ou ao menos ficaram sabendo que o Evangelho tem o poder de transformar os indivíduos; fazer com que abandonem os vícios, o desamor familiar, a futilidade, e assim sendo, disponibilizados como odres novos aptos a receber o vinho novo das boas Novas. O novo socialismo nasce das entranhas do Evangelho, ou nasce dele ou não nasce de modo algum. E é preciso que ele primeiro chegue aonde se forma e desenvolve a sua força intelectual, e estamos falando dos muitos centros de estudos teológicos espalhados Brasil afora. E destes às grandes massas que já foram transformadas espiritualmente e destas às grandes massas que ainda não experimentaram em suas vidas o poder que o Evangelho tem para fazer delas novas criaturas.
Democracia de Jesus. O que é Democracia de Jesus? Trata-se do resultado do desenvolvimento do Espírito e de estágio a que ele inexoravelmente ascende. A Democracia de Jesus tanto é a negação da Ditadura do Proletariado como a negação da democracia burguesa. Trata-se de um conceito que primeiro tem de se desenvolver nos inúmeros centros do ensino teológico espalhado país afora, para depois chegar ao povo cristão e deste para o resto da sociedade.
Ela é negação da Ditadura do Proletariado porque a força do seu poder se acha espalhado e disseminado pelas inúmeras organizações que então construiu em todo o país, que se relaciona entre si, se entrelaçam entre si, com o Estado sendo a expressão desta força e deste poder. É negação porque o socialismo é um bem não só para os trabalhadores oprimidos, mas para toda a sociedade; e que ele chega às pessoas, não depois de ter passado pelo Estado, mas chega ao Estado porque nasceu e passou pelas pessoas. Ele nasce nas pessoas, se forma e se sustenta nas pessoas, e depois, então, vai removendo todas as estruturas velhas de poder, como as cobras que trocam de peles, expelidas pela chegada da pele nova.
É mais ainda negação da democracia burguesa. Completa negação. Na democracia burguesa todos têm o direito da participação, mas porque feita de cartas marcadas, ao final somente os maus e espertos vencem; mas na Democracia de Jesus ao final que vence são sempre os honestos. Ela tem necessidade que toda forma de pensamento se manifeste, porque então a sociedade amadurecida, pela presença em todas as suas instâncias do Evangelho, saberá escolher o que lhe convém e o que não lhe convém.
O Sonho da Jovem Joseane. Ora, no ano de 2003, 2004, Noubarus Gerson se achava na igreja Obras do Espírito Santo, localizada no Jardim Guanabara desta cidade de Presidente Prudente. E estava ali para falar das boas novas para o seu dirigente, pastor Luis Baldez. E o que sucede é que quando estava ali, indo e vindo, eis que chegou uma jovem da igreja Nova Jerusalém por nome Joseane. E assim que se familiarizou com o lugar então Joseane narrou um sonho que tivera naqueles dias. Que sonho narrou? Narrou que viu uma grandíssima caminhada acontecendo no centro de Presidente Prudente. Uma multidão imensa, incalculável, caminhava do seu centro em direção ao Parque do Povo. E quando ia entrar no Parque do Povo eis que na sua boca de entrada uns clérigos se olhavam e se perguntavam: quem deu poder para estes fazerem isto? E a multidão finalmente entrou no Parque do Povo e foi se postar diante de um grande palanque ali armado ocupado por ministros da Palavra de Deus.
Narrando o sonho então dizia que a multidão que caminhava no centro da cidade era composta de católicos e de evangélicos, mas os católicos eram maioria; e quanto aos ministros da Palavra de Deus que ocupavam o Palanque eram pastores evangélicos e padres católicos. Mas os pastores evangélicos eram maioria.
O que sucede é que quando acabou de narrar o sonho então disse: o dia e o ano eu não sei, mas que esta caminhada vai acontecer nas avenidas de Presidente Prudente tenho certeza que sim, pois o sonho que tive foi muito claro. Pouco tempo depois retornou para a igreja Nova Jerusalém, todavia deixando a pergunta: o que foi fazer na igreja onde se achava o homem que Deus vem preparando para uma grande obra do Reino em cima da terra? Por ventura que foi enviada ali pelo Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os profetas? De modo que Deus tem mesmo uma grande obra para realizar na terra, e quando ela for realizada é para honra e glória do seu nome, pois a deu e a cumpriu?
E o que seria esta caminhada? Porque ventura que as novas forças políticas do Reino mostrarão a sua força para o mundo nas avenidas de Presidente Prudente, lugar onde tudo começou naquele ano de 78? Se o grande acontecimento da chegada de Lênin do exílio e o seu desembarque na estação Finlândia sendo recebido com um ramalhete de flores, e com holofotes, e com banda marcial, e pelo agitar de centenas e centenas de bandeiras vermelhas, todos esperançosos e confiantes de que Lênin estava chegando para livrá-los dos seus fardos, tal foi antítipo da chegada de Moisés do exílio de Midiã montado em um jumento para libertar os escravos hebreus e os conduzir libertos para Canaã, para o lugar que tempos antes Abraão creu seria de descanso de sua descendência peregrina, ora, como transcendendo a volta de Moisés a Palavra de Deus trás as imagens de Jesus entrando triunfalmente em Jerusalém montado em uma jumentinha, prefigurando de como seria a sua volta gloriosa, muito mais gloriosa do que a volta de Moisés, pois então seria a libertação da inteira humanidade e a sua condução para Canaã Celestial, a fim de ocupar as moradas eternas construídas pelo filho do carpinteiro, ora, não seria então que o sonho tido pela jovem Joseane e por ela narrado foi da festa deste retorno glorioso? Com milhares e milhares nas avenidas de Presidente Prudente, vindo de todas as partes do Brasil, com os seus tambores, batendo fortes os seus tambores, com as suas bandeiras, agitando fortes as suas bandeiras, com os seus cânticos, os mais belos cânticos, acenando e agitando para os homens e mulheres escolhidos por Deus para começar na terra o governo de seu filho Jesus, que, em cima do caminhão, acenam para as multidões... Cristovam Buarque, Marina Silva, Plínio de Arruda Sampaio, Eduardo Suplicy... e tantos e tantos homens e mulheres escolhidos por Deus para começar na terra o governo de seu filho Jesus, governo de paz e de sabedoria, que resolve as questões mais angustiantes, não com pedras na mão, mas com o dedo escrevendo no chão... E na frente deles, na frente de todos eles, jovens empurrando um carrinho, três jovens, da Assembléia de Deus, e os dois jovens ladeando um jovem da Igreja Católica... E em cima do carrinho um grande livro aberto e nas suas abas escrito palavras, deste lado a palavra EVANGELHO e daquele lado a palavra EDUCAÇÃO... E os jovens seguem pelas suas avenidas empurrando o carrinho com o livro em cima do seu dorso, mas, atrás deles, seis passos de três, seguem dois jovens em cima de cavalos brancos. Deste lado de cá segue um jovem levando no ombro uma grande bandeira branca, e do lado de lá um jovem levando no ombro uma grande bandeira vermelha. E eles seguem pelas suas avenidas rodando intermitentemente a bandeira nos seus ombros, de modo que se alternam as imagens nas suas faces. Ao rodar sobre suas mãos a bandeira branca eis as imagens de Francisco de Assis e de John Wesley, mas ao rodar a bandeira vermelha eis as imagens de Che Guevara e de João XXIII. E a multidão finalmente entra no Parque do Povo para fazer chover sobre a terra uma chuva de rosas, brancas e vermelhas, para aqueles que foram martirizados nos coliseus de Roma, mas também para aqueles que foram martirizados nos porões das ditaduras. E as suas pétalas brancas e vermelhas sobem aos céus e descem e cobrem o chão do Parque do Povo. E a multidão, a grande multidão vista em sonho pela jovem Joseane, as toma em suas mãos e delas faz uma só, no lugar das pétalas brancas e vermelhas então pétalas rosa... Da Rosa de Sarom... E as lança para o alto, e o seu perfume universal, levado na força do vento, então segue para as extremidades da terra, para todos os lugares, os seus lugares mais longínquos, com a semente da sua paz e da sua justiça sendo plantada em todos os corações, nascendo então novos céus, e uma nova terra, fraterna, solidária, em que há mais alegria em dar do que receber, em buscar, não a sua vantagem, mas a da outra pessoa (ICoríntios 10.24).
A Questão da Relatividade Objetiva (******6)
O que seria isto? Relatividade objetiva quer dizer uma manifestação objetiva se dando em um contexto em mudança. Trata-se de uma manifestação verdadeira, mas que, em virtude de mudanças no sistema, perde seu valor de verdade e de objetividade.
É o caso, por exemplo, de se usar no inverno blusão de frio. Trata-se de uma relação verdadeira, entre o objeto, blusão de frio, e o sujeito que o usa. Mas, quando se opera mudanças objetivas no sistema, a estação da primavera toma o lugar da estação do inverno, então a relação se perdeu. O sujeito perdeu toda objetividade e é pura subjetividade. Isto deva servir de alerta porque muitos ensinam o conhecimento científico como sendo algo que não pode conter relatividade. Se for relativo não contém caráter de verdade e não pode ser ciência. Mas isto não é de modo algum verdadeiro. Para maiores esclarecimentos ver http://anovateologiadalibertacao.blogspot.com/2010/10/questao-do-conhecimento-cientifico.html
A Questão Desta Nação Profetizada Por Isaías e Por Jesus (*******7)
É certo que nas descrições dadas tanto por Isaías como por Jesus esta nação foge por completo do padrão de todas as nações. Não tem ligação alguma com qualquer divindade. Mas, por outro, também é verdadeiro que encontramos tanto em Isaías como em Jesus uma nova descrição sobre ela: o muro que a separa de Deus sendo removido; e então surge o mútuo reconhecimento, com ela dizendo, sobre Deus: Tu és o meu Deus, e Deus lhes respondendo: E tu és o meu povo!
Encontramos em Isaías a remoção do muro que os separa no verso 14 do capítulo 66 do livro que leva seu nome. Como segue: E certamente vereis, e vosso coração forçosamente exultará, e os vossos próprios ossos florescerão como a tenra relva. E a mão de Javé há de ser dada a conhecer aos seus servos, mas ele verberará realmente seus inimigos.
Isto significa dizer que, primeiro, a origem do ateísmo marxista se acha em Deus, segundo, que seria transitória. Iria chegar um momento em que Deus iria dar-se a conhecer a eles e neste momento os marxistas iriam se levantar crentes em Deus.
E esse momento de reconciliação entre Deus e esta sua nação em Jesus é encontrado em Mateus 25.40. O relato deste diálogo, entre o Justo Juiz e o povo que segundo Isaías não invocaria o nome de Deus e nem dobraria seu joelho – mas faria sua vontade; e que segundo Jesus produziria os frutos do Reino de Deus, ora, este diálogo é mesmo indicativo do momento da conversão do povo marxista.
E uma vez que a conversão não raro exige presença de certas condições prévias, como o abatimento de coração, a perda de caminho e de certas certezas, a perda da estima e do respeito externo, ora, uma vez que os marxistas têm passado por tudo isto, estando ainda a viver tudo isto, então só temos que crer que está muito próximo este novo viver em suas vidas, mesmo porque as ferramentas de sua conversão, a filosofia celestial, já é também uma realidade, afinando as suas cordas, para revelar a existência deste novo mundo desconhecido.
(********8) A Questão da Destruição de Judá
No corpo do trabalho foi dito que a escatologia se desenvolveria em dois atos distintos, todavia intimamente ligados entre si, como partes de um mesmo e único processo. E tal seria assim porque a escatologia já se acha previamente dada, nos acontecimentos tipológicos passados, tanto da destruição de Judá por Nabucodonozor como da conquista de Babilônia por Ciro que não obstante terem ocorridos em tempo e espaço diferentes, todavia na Palavra de Deus, no estrito interesse do Divino então judaico, tais acontecimentos foram partes de uma única ação de Deus.
A destruição de Judá por parte do rei caldeu Nabucodonozor e a conquista de Babilônia por parte do rei persa Ciro foram acontecimentos concebidos para servir de fundamento escatológico? Eles iriam nortear e ser modelos condutores do acontecer escatológico? Que seguiria passo a passo os seus passos? Os passos tipológicos dados no passado? O que significa dizer o aparecimento no final dos tempos de um novo Nabucodonozor e de um novo Ciro?
Estas são as coisas que Jesus tem revelado ao seu profeta para que ele o declare a todos os filhos e filhas de Deus, bem como a todos que estão com o ouvido aberto para ouvir a novidade. E é isto que será feito agora, num primeiro momento, as abordagens sobre os dramáticos acontecimentos da destruição de Judá e num segundo momento uma abordagem sobre os acontecimentos que levaram à queda de Babilônia.
Apesar de que no livro escatológico por excelência, Apocalipse, há referências que ligam diretamente a escatologia à Babilônia, por outro não há referências que a ligam à destruição de Judá. Abundam sim, mas por profetas fora da Bíblia, do tempo da modernidade. E eles serão abordados ao final desta nota de rodapé.
Mesmo que não haja no livro do Apocalipse qualquer referência que concebe a escatologia a partir das imagens de destruição de Judá, ora, como que na Palavra de Deus Veterotestamentário a destruição de Judá e a conquista de Babilônia se tratam de atos intimamente ligados entre si, indissociáveis, isto significa dizer que para que acontecesse a escatologia revivendo a conquista de Babilônia a escatologia teria de acontecer antes revivendo a destruição de Judá e de tudo que lhe diz respeito, pois quê se os acontecimentos de Nabucodonozor e de Ciro eram partes do mesmo processo então uma escatologia baseada nos acontecimentos de Ciro teria de ser previamente antecedida de uma escatologia baseada nos acontecimentos da destruição de Judá por parte de Nabucodonozor. Quem o diz é simplesmente a equação matemática.
Sendo assim, então podemos indagar se a escatologia já teria se manifestado a partir das imagens da destruição de Judá, um Novo Nabucodonozor esteve entre nós, e passou despercebido de todos?
Ora, por volta do ano de 95, 96, num programa religioso numa antiga rádio aqui da cidade de Presidente Prudente, o ministro da Palavra de Deus que o apresentava então fez leitura do capítulo 1 do livro do profeta Sofonias, do verso 1 ao 18. E ele exaltava a Palavra dizendo que era iminente o cumprimento de Sofonias; que em breve os ricos e os poderosos iriam gritar amargamente nas mãos de Deus, gritando por socorro, mas nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar. Porque, dizia ele, este é o quinhão que aguarda o homem que dá mais valor para a riqueza do que para Deus.
Façamos a pergunta: a profecia de Sofonias, claramente escatológica, pois fala do Grande Dia da Ira de Deus, é ainda para acontecer, como dizia cheio de animosidade aquele ministro da Palavra de Deus, ou na verdade trata-se de profecia que já se cumpriu, apenas que esteve invisível aos homens?
Que esteve invisível é fora de dúvida; mas, como a Palavra de Deus diz que chegaria um tempo em que tudo que acha em oculto seria revelado, cabe a este que escreve fazer a solene declaração: Sofonias é profecia que já se cumpriu, e o Novo Nabucodonozor já esteve entre nós, fez a obra e as ações que a Palavra de Deus diz ele faria, e já se foi. Como assim? Por ocasião da revolução socialista ocorrida no final do ano de 1917 no país russo. Ali estiveram os seus acontecimentos.
A revolução russa, os seus dramáticos acontecimentos, foram revivência escatológica dos dramáticos acontecimentos da destruição de Judá? Lênin foi um novo Nabucodonozor? Vejamos:
_____ Nabucodonozor destruiu Judá em três sucessivos golpes. O PRIMEIRO foi desfechado contra o rei Joaquim; O SEGUNDO foi desfechado contra o rei Zedequias, onze anos e três meses depois; e O TERCEIRO foi desfechado um mês depois por Nebuzaradã, enviado de Nabucodonozor, que passou a queimar a casa de Javé e a casa do rei, e todas as casas de Jerusalém; queimando com fogo a casa de todo homem proeminente e demolindo as muralhas da cidade, não deixando pedra sobre pedra.
Mas, não foi isto mesmo que aconteceu no caso russo? Os revolucionários realmente não destruíram a Cristandade, que era o reino do Czar, em três sucessivos golpes? O PRIMEIRO foi, pois, a revolução de 1905; o SEGUNDO foi, pois, a revolução de março de 17, onze anos e três meses depois; e o TERCEIRO foi desfechado um mês depois quando Lênin voltando do exílio passou a demolir todo aquele mundo não deixando pedra sobre pedra?
_____ Relata a Palavra de Deus que quando o cerco de Nabucodonozor se tornou insuportável então por uma brecha, na calada da noite, fugiu Zedequias e toda a sua família e colaboradores. Fugindo na direção do Arabá, quando se achavam na planície desértica de Jericó, foram pegos pelos soldados caldeus. Andando com eles o levaram finalmente a Ribla, mais ao norte, onde o rei Nabucodonozor tinha armado seu quartel-general. Após ter-se feito a leitura de uma decisão judicial a seu respeito então os caldeus abateram ao fio da espada toda a família de Zedequias, todos os seus filhos, a julgar pela idade do pai eram eles muito jovens. E em seguida cegaram-no levando-o a Babilônia onde viveu e morreu na Casa de Custódia.
Mas, não foi isto que ocorreu no caso russo? O Czar Nicolau II quando viu que os revolucionários se assenhoreavam do poder e que seu fim político tinha chegado, enquanto estava sob custódia em Tsarskoye Selo, então na calada da noite planejou fugir da Rússia indo se asilar na Inglaterra, então governada pelo seu primo o rei Jorge V. Mas os revolucionários souberam dos planos e cercaram todas as estradas, com Nicolau II não tendo como fugir. E em agosto o transferiram para a Sibéria, para a cidade de Tobolsk, com Nicolau II e toda a sua família, bem como dezenas que prestavam serviços à família imperial, seguindo em um trem escoltado por trezentos soldados. E em Tobolsk foram aprisionados na Casa do Governador. E finalmente em março do ano seguinte foi transferido de cidade, de Tobolsk para Ekaterimburgo, nos Montes Urais, sendo aprisionados na Casa Patien. E no dia 17 de julho daquele ano de 1918 o capitão Yakov Yurovski, um fotógrafo que sofrera horrores nas prisões do Czar, entrou até o porão onde se achava a família imperial e fez perante eles a leitura de uma decisão judicial que fora tomada pelo soviete local. Estritamente por ele, porque tal ato não estava escrito no ESPÍRITO-DNA do Lênin. E em seguida todos que estavam no porão foram mortos, o Czar e toda a sua família, bem como mordomos que os acompanhava, não sendo poupado nem mesmo o cão spaniel de estimação da família.
_____ Relata a Palavra de Deus que após o massacre dos filhos de Zedequias e o seu cegamento a ira dos caldeus continuou acesa, de modo que mais e mais membros da família real, e outros que serviram próximos ao rei, foram aprisionados e conduzidos a Ribla; e ali na presença de um rei imperdoável eram impiedosamente mortos.
Mas, não foi isto que ocorreu no caso russo? Depois do massacre dos Romanov os revolucionários continuaram aprisionando membros da família imperial e os enviando para Ekaterimburgo; e ali eram julgados e executados. E isto teve prosseguimento até o mês de janeiro do ano de 19, de modo que no período foram cerca de 20 os membros da família imperial que foram julgados e tiveram fim trágico nas mãos dos revolucionários que faziam guarda na região dos Montes Urais.
_____ Relata a Palavra de Deus que os filhos da rebeldia ficaram setenta anos em Babilônia expiando o seu pecado. Mas, ao final de setenta anos de cativeiro, então foram libertos e tiveram permissão de retornar para o lugar de onde foram tirados.
Mas, o que teria sido isto? Por ventura que o tempo de duração do Comunismo que foi realmente de setenta anos? Após esse período então a Cristandade foi novamente restabelecida ao seu antigo lugar?
Haveria alguma ligação entre o massacre dos Zedequias e o massacre dos Romanov? O fato de na profecia de Sofonias constar explicitamente: e vou voltar a minha atenção para os filhos do rei, teria sido isto? De modo que os infelizes já estavam com a sorte traçada muito antes de sua própria existência?
Vejamos o que diz o profeta Sofonias: Está próximo o grande dia de Javé. Está próximo e se apressa muitíssimo. O ruído do dia de Javé é amargo. Ali o poderoso, deixa escapar um grito. Este dia é dia de fúria, dia de aflição e de angústia, dia de tempestade e de desolação, dia de escuridão e de trevas, dia de nuvens e de densas nuvens, dia de buzina e de sinal de alarme, contra as cidades fortificadas e contra as altas torres de ângulo. E vou causar aflição à humanidade, e hão de andar como cegos; porque foi contra Javé que eles pecaram. E seu sangue será realmente derramado como pó e suas vísceras como fezes. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da fúria de Javé. Comparem agora com o que foi retirado da Wikipédia: As últimas a morrer foram Anastásia, Tatiana, Olga e Maria, que foram golpeadas por baionetas. [73] Elas vestiam mais de 1,3 quilos de diamantes, o que proporcionou a elas uma proteção inicial das balas e baionetas. [74]
Mas, é preciso este esclarecimento: Noubarus Gerson está falando do massacre dos filhos de Zedequias e dos filhos de Nicolau II estabelecendo uma ligação profético-escatológica entre os dois fatos apenas para cumprir com o seu dever de historiador e restaurador da verdade bíblica e histórica. Não sente nenhum prazer em fazê-lo, mormente que está falando de crianças inocentes e jovens que ocupavam aquelas posições por obra do acaso, de modo que não entende tanta ira tanto por parte dos caldeus como por parte dos revolucionários (certamente que Deus deve entender). Mas o assunto foi exaustivamente abordado porque, além do dever de ofício, por outro a ignorância humana tem cometido muita blasfêmia contra Deus e contra a Sua Palavra. Partindo de setores externos à Palavra de Deus até que é compreensível, mas partindo de homens e mulheres que tem a responsabilidade de zelar pelo que é de Deus e pelo seu nome, e o que vem de Deus eles rejeitam e amaldiçoam, então é preciso uma intervenção de Deus para que se tenha mais zelo e mais respeito com a Sua Palavra, que mesmo na morte é portadora da vida, sim, que mesmo na morte, que dele advém, é caminho para a vida.
John Acquila Brown. No ano de 1823 circulou em Londres o livro The Even – Tide (a noite) publicado por John Acquila Brown. Interpretando a profecia dos sete tempos que aparece no livro do profeta Daniel (4.16-17) Brown entendeu que este era um tempo profético de 2520 anos, ao final do qual o domínio político de Deus seria restabelecido na terra. De modo que este longo período de 2520 anos representava o tempo em que a terra ficou sem governo divino, tendo sido o rei Zedequias o último governante do reino teocrático de Javé, uma linguagem que é muito usada por grupos religiosos. Tomando como base e ponto de partida a destruição de Jerusalém pelos caldeus, que ele datou no ano 604ª.c, então, segundo John Acquila Brown, o final deste período profético iria se dar no ano de 1917. No ano de 1917, portanto, o reino teocrático de Javé seria restabelecido e a magnanimidade de sua autoridade seria novamente reconhecida e respeitada.
John Acquila Brown foi verdadeiro na sua interpretação e no seu vaticínio?
Chama à atenção que algum tempo depois de Acquila Brown outro estudioso da Palavra de Deus, Charles Tasse Russel, no ano de 1870 foi também revelado que os sete tempos de Daniel representavam realmente um período de 2520 anos, tempo em que na terra não haveria governo teocrático de Javé, mas ao seu término, enfatizava Russel, o governo teocrático de Javé seria novamente restabelecido e seria este o início da restauração do paraíso terrestre. Apenas que Russel, influenciado por Nelson Barbour – que no ano de 1875 publicou no seu periódico Herald of the Morning (arauto da manhã) que o período dos 2520 anos acabaria no ano de 1914. Barbour partiu do princípio que a destruição de Jerusalém se dera no ano de 607ª.c e não 604ª como anteriormente afirmado por John Acquila Brown – sim, apenas que Russel, influenciado por Barbour, creu que o ano em que Deus iria restabelecer o senhorio do seu governo na terra era o ano de 1914. Tendo passado o ano de 1914 e nenhum acontecimento a indicar o aparecimento do governo divino da terra, a guerra que neste ano adquiriu proporções mundiais Russel a descartou, a verdade é que no ano de 1916, pouco antes de morrer, de forma confusa, começou a achar que o socialismo, que por todos os cantos da terra ameaçava irromper como nova forma de governo diferente de tudo que existia, pudesse ser o fenômeno real da profecia ou que estaria de alguma forma ligada a ela.
Mas, deixemos de lado Charles Tasse Russel e Nelson Barbour e voltemos a John Acquila Brown. Bem, o período dos 2520 anos se cumpriu mesmo no ano de 1917? O reino teocrático de Javé, representado nos reis de Israel, e que findou na destruição de Jerusalém por parte dos caldeus, sendo Zedequias seu último ocupante, ele foi restaurado no ano de 1917? Mais ainda, já tomando os acrescentamentos de Charles Tasse Russel, neste ano de 1917 começou mesmo a restauração do paraíso terrestre?
Ora, no dia 2 de novembro do ano de 1917 ocorreram dois acontecimentos de grande monta que podem estar intimamente ligados ao vaticínio de Brown. E quais foram eles? A assinatura da Declaração Baulfour e a “assinatura” da Revolução. Neste dia tanto o chanceler britânico Lord Balfour assinou a histórica Declaração Balfour, que outorgou de forma oficial ao povo judeu o direito de retornar à Palestina e construírem ali para si um “Lar Nacional”, deixando de andar peregrino e de ser enxotado de nação em nação, como também Lênin e os líderes bolcheviques decidiram pela realização da revolução, de uma revolução que iria dar aos trabalhadores um “Lar Nacional”, o socialismo, com eles deixando de ser oprimidos pelos patrões e de ser enxotados de emprego em emprego.
Como analisar que o socialismo irrompeu na terra, mesclado, misturado, indissoluvelmente ligado ao judeu? A tal ponto que não somente foram tanques soviéticos que derrubaram os portões e muros dos campos de concentração nazista e libertaram os prisioneiros judeus como foi os soviéticos o responsável maior pela criação do Estado de Israel em 48? Estados Unidos ficou do lado da Inglaterra que apoiava os árabes em sua luta contra o recém criado Estado de Israel, mas a União Soviética lhe deu apoio decisivo, não só diplomático (os Estados Unidos se absteve) como também foram armas comunistas postas em suas mãos razão de sua vitória?
Como explicar que não somente líderes importantes da revolução eram judeus, como Marx e Trotsky, ou meio-judeus, como Lênin, mas também o Conselho dos Comissários do Povo, instância máxima de poder da Revolução, das suas 556 cadeiras nada mais nada menos que 457 eram ocupadas por judeus? Sem falar, claro, no embrião do socialismo que foi construído pouco antes pelos judeus, os kibutzins? E podendo ser acrescentado até mesmo os “pogroms”, feito pelo Czar contra os judeus, pois entendiam que os judeus eram a causa da revolução e da desordem, e acabar com os judeus era acabar com eles?
Segundo George Riffert no seu livro A Grande Pirâmide de Gizé o comunismo foi gestado no ventre da Liga Judaica. Simplesmente saiu das entranhas do judeu. Isso é verdadeiro?
Bem, John Acquila Brown foi verdadeiro no seu vaticínio? O que teria de fato acontecido naquele ano de 1917 ligado aos mistérios profundos da Palavra de Deus?
Ora, o que aconteceu neste ano de 1917 foi tão-somente que se deu o aparecimento DO FRUTO DO REINO e a sua respectiva SEMENTE. O fruto do Reino sendo o judeu Marx – personificado no triunfo do socialismo – e a sua semente, Abraão, personificado no Sionismo, o que explica a revolução – movimento de emancipação da classe trabalhadora – e o sionismo – movimento de emancipação do povo judeu – ter se manifestados juntos, entrelaçados entre si, pois quê o fruto quando se manifesta trás dentro de si sua respectiva semente, que ao seu plantio desaparece para dar lugar a arvore, mas que no final do processo reaparece junto ao fruto.
Mas, como a semente possui em si dois gametas, e eles são a causa do fruto e se acham presentes nele, sendo a carne do fruto o resultado do seu gameta masculino e o seu sabor específico e docilidade no seu lugar amargo o resultado do seu gameta feminino, ora, a verdade é que tanto a semente do Reino, o judeu, como o seu fruto, o socialismo, se manifestaram carregando ambos a sua negação. A sua negação dialética, sendo a negação do socialismo o cristianismo e a negação do judeu o palestino. Depois de choques e entrechoques o final é que iria dar-se entre eles a reconciliação, com o socialismo se reconciliando com o cristianismo e o judeu se reconciliando com o palestino, osso do mesmo osso, uma só carne, um só espírito. E podemos dizer que esta reconciliação já foi divisada no horizonte pelo espírito, estando a caminho já o seu processo no aguardo de consumação: por um lado a Escola de Frankfurt – movimento de judeus marxistas que principiou a uma reconciliação do marxismo com o cristianismo – e de outro os acordos de paz firmados por Yitzac Rabin e Yasser Arafat no ano de 93, em Oslo, e que eram preâmbulo para a completa harmonia entre os dois povos a ser conseguida proximamente.
Ora, sabemos que os vaticínios sobre os sete tempos de Daniel apontavam para um período de tempo de 2520 anos ao final do qual Deus iria restabelecer o senhorio do seu governo teocrático, sim, sabemos que seus vaticinadores mais exaltados, em especial Charles Tasse Russel, foram claros de que este governo teocrático não era tão somente o renascimento da nação de Israel, mas, muito mais, o estabelecimento do governo de Deus que iria iniciar todo um trabalho para a construção do paraíso terrestre, em todo o orbe terrestre pois quê no princípio tudo estava nas mãos de Deus. Não iria reiniciar-se o mesmo ciclo, mas seria um novo tempo, em que a presença de Deus não estaria mais presente e limitada a uma única nação, mas seria presença universal. Ora, façamos a pergunta: o governo socialista que foi vitorioso naqueles anos de 1917, 1918 e 1919 a sua forma de governar era então já a construção deste paraíso terrestre? Como o profeta Isaías descreveu o início da construção do paraíso terrestre? “Pois eis que crio novos céus e uma nova terra; e não haverá recordação das coisas anteriores, nem subirão ao coração. Mas exultai e jubilai para todo o sempre naquilo que estou criando. Pois eis que crio Jerusalém como causa para júbilo e seu povo como causa para exultação. E eu vou jubilar em Jerusalém e exultar pelo meu povo; e não se ouvirá mais nela o som de choro, nem o som dum clamor de queixume. Não virá a haver mais um nenê de poucos dias procedente daquele lugar, nem ancião que não tenha cumprido os seus dias; pois morrer-se-á como mero rapaz, embora da idade de cem anos; e quanto ao pecador, embora tenha cem anos de idade, invocar-se-á sobre ele o mal. E hão de construir casas e as ocuparão; e hão de plantar vinhedos e comer os seus frutos. Não construirão e outro terá morada; não plantarão e outro comerá. Porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore; e meus escolhidos usufruirão plenamente o trabalho das suas próprias mãos (...).” (Isaías 65.17-25) (O grifo foi meu).
Claramente o profeta Isaías está contrapondo dois sistemas sociais, um em que aqueles que plantam e constroem não comem e não moram, mas outros no seu lugar comem e moram que é entendido de forma clara como constituídos daqueles que não plantaram e não construíram.
Ora, esta forma de governo pela primeira vez na História se deu com a revolução socialista. Ela suprimiu a figura do proprietário de mão de obra de modo que aqueles que plantavam e construíam o faziam para si próprio. Tanto é que no socialismo a falta de moradia e a falta de comida foram resolvidas. E quando o profeta Isaías está descrevendo este reino futuro, a ser trazido por Javé, e diz que os escolhidos de Deus “usufruiriam plenamente do trabalho das suas próprias mãos” é claro este novo sistema social ser o socialismo, pois nele não há a figura do capitalista para extrair mais-valia do trabalho do trabalhador. Ele usufrui plenamente do trabalho de suas próprias mãos. (Para aprofundar a questão ver a parábola que aparece em Mateus 20 onde Jesus lança mão de símbolos para, através deles, descrever o reino futuro de Javé).
Como foi dito que se cumprindo a Palavra de Deus, e não a palavra do homem, então naquele final do ano de 1917 se deu este cumprimento profético, Daniel, Sofonias – mas também profetas modernos que foram usados pelo Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os profetas, e estamos falando de John Acquila Brown e até mesmo de Charles Tasse Russel – de modo que Deus restabelecia a sua soberania e a sua autoridade política a partir tanto do socialismo como do sionismo (mas socialismo e sionismo ainda na existência de negação, tese e antítese, ainda não síntese, de modo que o socialismo era Esaú desligado e sem a complementação de Jacó, Cristianismo, e o sionismo era Jacó desligado e sem a complementação de Esaú, Palestino; mas, na síntese, iria haver a completa reconciliação, o socialismo iria reconciliar-se com o cristianismo, deixando de ser Esaú este e deixando de ser Jacó aquele para agora os dois serem Isaque, e agora no corpo e na figura de Isaque se porem à construção do reino da liberdade concreta em que cada um tem segundo as suas necessidades, e o mesmo se dizendo de judeus e palestinos que agora no corpo e na figura de Isaque iriam pôr-se realmente à construção da Nova Jerusalém, Nova Jerusalém esta que será mesmo a capital desta terra construída por cristãos e marxistas, e é uma cidade assim, não tem qualquer barreira de divisão e de separação, mas é cidade livre, em que judeus e palestinos, bem como cristãos, atravessam-na de lado a lado sem haver que os interrompa e indague: para onde vais, ora, sendo assim, vamos fazer mais uma análise para que a questão se torne ainda mais madura na mente e no coração daqueles que são limpos de mão e puros de coração (Mas, antes de prosseguir, é preciso esclarecer: não que deixam de ser Esaú e Jacó para ser Ismael, desse modo adquirindo uma nova identidade espiritual. Não, mas o seu sentido profundo é que evoluem, amadurecem e acabam, pois, descobrindo no outro a sua complementação. A sua geminilidade. De modo que se reconciliam e começam a transitar entre si NA MEDIAÇÃO DE ISAQUE!). Prosseguindo. Bem, o fato de que os bolcheviques quando fizeram a revolução e já estavam longe na construção do socialismo e as nações imperialistas da terra inteira invadiram a Rússia revolucionária por todos os flancos para impedir o recém-criado estado socialista e esmagar a revolução, trazendo assim o seu povo de volta à casa dos escravos, quatorze nações, as nações mais seletas, Turquia, Japão, França, Inglaterra, Estados Unidos, querendo impedir o nascimento do recém estado socialista e o esmagar – mas foram esmagadas pelo poder revolucionário, perecendo nas águas do seu Mar Vermelho espiritual –, ora, este fato, que é da mesma essência do fato ocorrido com o nascente estado de Israel, em que as nações árabes avançaram sobre ele para destruí-lo e o esmagar, mas foram derrotadas – bem, esses fatos têm alguma relação entre si, relação que diga respeito aos profundos mistérios da Palavra de Deus? Afinal não somente a mão do judeu foi auxílio ao poder revolucionário na conquista do poder e na sua luta contra o imperialismo como a mão do comunista, trinta anos depois, foi auxilio na criação do Estado de Israel...
Mais fatos esclarecedores. Ora, fazendo leitura da profecia em que Daniel faz menção dos sete tempos (4.25), se deduz que ao seu cumprimento Deus estabeleceria no reinado ou começaria o seu reinado a partir de um povo humilde, pois, contrapondo o orgulho e a soberba de Nabucodonozor, é dito: até saberes que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser até mesmo que estabelece nele o mais humilde da humanidade. E esta dedução ganha verossimilhança quando ao vaticínio de Daniel é agregado o vaticínio do Magnificat, clarividente sobre a questão, que aparece em Lucas 1.46-53, claramente inspirado nas palavras de Daniel, pois quê veja-se o que diz o Magnificat: “(...) Ele tem agido valorosamente com o seu braço, tem espalhado os que são soberbos na sua intenção de coração. Tem derrubado de tronos homens de poder e tem enaltecido humildes; tem plenamente saciado os famintos com coisas boas e têm mandado embora, de mãos vazias, os que tinham riqueza”.
Façamos a pergunta: uma vez que a revolução se deu a partir do proletariado, realmente o mais humilde da humanidade, homens e mulheres rudes, analfabetos, que não possuíam nada senão a sua força de trabalho, e não tinha nada a perder senão as algemas sobre as suas vidas, e há o relato sobre o marinheiro Krilenko, membro do triunvirato encarregado da defesa da marinha, que ao datilografar as suas ordens revolucionárias concernentes ficava com o indicador procurando as letras no teclado máquina, como se diz no jargão popular: catando milho! ... Um toque aqui outro ali... E assim ia aprendendo o ofício de datilógrafo... Sim, o fato da revolução, ter sido feita pelo proletariado seria mais uma prova contundente da origem divina do Marxismo e da Revolução? Foi Javé que estabeleceu o proletariado no poder e no tempo designado?
Como última indagação – e perguntar não faz mal a ninguém: uma vez que o advento da revolução socialista foi cumprimento da Palavra de Deus, se cumprindo até mesmo nos mínimos detalhes, como Isaías 53 se cumpriu em Jesus até nos mínimos detalhes, ora, como explicar que os sacerdotes da Cristandade sempre amaldiçoaram a revolução comunista, vendo-a como obra do homem pecador? Maldição que proferiram contra ela que faz lembrar as maldições proferidas por Balaão contra o povo recém-saído da escravidão, contratado pelo rei Balaque, para uma recompensa, como aparece na carta de Judas? Os sacerdotes da Cristandade seriam tipos dos sacerdotes de Judá, seus arquétipos? De modo que o espírito que esteve naqueles era o espírito que estava nestes?
Certamente que muitos irão refletir, caindo de joelho perante Deus, clamando as suas misericórdias e o seu perdão, procurando conhecer mais os acontecimentos da História na mediação e interpretação da Palavra de Deus e não mais no interesse e na interpretação dos homens.
Como indagação, vejamos o que diz Daniel sobre o sonho do rei Nabucodonozor sobre a arvore que nasceu pequena mas que cresceu sendo vista de todos os lugares da terra.frondosa que teve
(**********9) A Questão de Babilônia
Foi exposto de forma exaustiva (para que ninguém tenha desculpa) que a escatologia se desenvolve em dois atos consecutivos e complementares, embora distintos em qualidade e em imagens. Atos estes que são tão somente o reviver, no plano escatológico, dos dois atos passados envolvendo a destruição de Judá por parte do rei caldeu Nabucodonozor e a conquista de Babilônia por parte do rei persa Ciro.
E uma vez que foi exposto de forma clara, inquestionável, que os dramáticos acontecimentos da revolução comunista ocorrida na Rússia no ano de 1917, sim, a forma como os revolucionários trataram a Cristandade foi da mesma essência e magnitude como os caldeus trataram o reino de Judá, ora, certamente que a equação matemática está a exigir e desloca agora a escatologia do plano da destruição de Judá para o plano da conquista de Babilônia. Inversão completa dos fatos.
De fato, se na Palavra de Deus a destruição de Judá foi ato de Deus para punir a sua nação que então se tornara rebelde, incapaz de ouvir e seguir seus conselhos, que então enviava pelos seus mensageiros profetas; e ele revestiu de servo a um rei pagão, e encheu a sua mão de poder para que o fogo de sua ira fosse derramado sobre a nação rebelde, a verdade é que tendo extravasado sua ira, justamente, agora vai florescer no seu coração o amor, a bondade e a misericórdia. A sua ira quebrantara o seu coração, e eles no cativeiro refletiram muito sobre as razões que fizeram Deus se encher de ira contra eles e os entregar cativos na mão de pagãos. Agora, destarte, o Deus soberano e condutor da História vai tratá-los de modo diferente. Sendo assim, o que isto representa na questão escatológica? Que este novo Ciro vai tratar e se relacionar com a Cristandade de forma diferente, no lugar da punição para que ela forçasse-os no conhecimento de Deus e se voltassem para ele contritamente, logrará tal agora por mergulhar seus corpos nas águas limpadas da Educação e da Palavra de Deus, ensinando-os como o pai ensina o filho nos primeiros passos. Tendo conhecimento dos acontecimentos históricos e da Palavra de Deus, associando-os e os correlacionando, desse modo se converterão em homens e mulheres que não apenas pregam a Palavra de Deus, mas que também a vivem em todas as suas dimensões. Deveras, é este o tempo em que se cumpre o dito da Palavra de Deus: E todos os teus filhos serão pessoas ensinadas por Javé e a paz de teus filhos será abundante. Mostrar-te-ás firmemente estabelecida na própria justiça. Estarás longe da opressão – pois não temerás a ninguém – e daquilo que aterroriza, porque não se chegará a ti. (Isaías 54:13-14).
Antes de prosseguir é preciso um preâmbulo importantíssimo, para que tudo seja clareado e dúvidas dirimidas quanto a este novo momento na história do homem.
Ora, é sabido que o cativeiro babilônico durou setenta anos (os quarenta e nove anos descritos pela história oficial não compromete os nossos estudos) e ao seu final voltaram para o lugar de onde tinham sido expulsos de modo a reconstruir as suas mesmas coisas. E é sabido que o regime comunista durou setenta anos e ao final ruiu. Isto enseja perguntas inquietantes e ao mesmo tempo pertinentes: sendo assim então não podemos dizer que as forças do novo Ciro foram a forças que se uniram e derrubaram o comunismo? Mesmo porque sabemos que a partir de tal a Cristandade passou realmente a voltar para o antigo lugar de onde foi banida, reconstruindo e reconquistando suas antigas posições, tudo como aconteceu com os cativos no seu retorno a Judá? Quiçá porque sabemos que foi a união de forças políticas e religiosas que levaram á derrocada do comunismo? Mais ainda, que não somente no caso tipológico as forças de medos e persas contaram com a cumplicidade de comerciantes babilônios que abriram os portões de sua cidade para a entrada das forças invasoras como tal também ocorreu no antítipo, pois forças do próprio comunismo se fizeram cúmplices com forças externas na derrocada do comunismo? O que explica não só a conquista de Babilônia ter sido pacífica como também a queda do comunismo, pois quê não tinha ninguém para defendê-lo?
Não resta a menor dúvida que isto é um novelo para ser destrinchado. Ora, se os acontecimentos têm corroborado tal, e não faltam aqueles que elegeram o Papa João Paulo II como o novo Ciro, o Libertador da Cristandade, realmente estamos diante de um novelo para ser destrinchado.
Bem, o que sucede é que na Palavra de Deus não há apenas um Ciro senão que dois. Bem assim como não havia um Moisés senão que dois (Deuteronômio 18.15). Há o Ciro persa, particular, com a missão de libertar o povo hebreu e o levar de volta para Judá, mas há também o Ciro Universal com a missão de libertar a Humanidade e a levar de volta ao domínio de Deus. Mesmo que a Palavra de Deus se refira a Ciro persa como “o meu Cristo” na verdade Ciro persa era apenas sombra do Ciro Universal, e de fundamental ele lhe emprestava os fundamentos tipológicos. Não resta a menor dúvida que Isaías 45 é uma referência direta a Ciro persa, e é sobre Ciro persa que Isaías 44.28 está versando, mas, no que diz respeito a Isaías 49, deva se buscar aí ao Ciro Universal.
Vejamos: Escutai-me, vós ilhas, e prestai atenção, vós grupos nacionais longínquos. O próprio Javé me chamou até mesmo desde o ventre. Desde as entranhas de minha mãe ele tem feito menção do meu nome. E passou a fazer a minha boca igual a uma espada afiada. Escondeu-me na sombra da tua mão. E aos pouco fez de mim uma flecha polida. Escondeu-me na sua própria aljava. E prosseguiu, dizendo-me: “Tu és meus servo, ó Israel, tu és aquele em quem mostrarei a minha beleza.”
Mas eu, da minha parte, disse: “Foi em vão que labutei. Gastei o meu próprio poder para irrealidade e vaidade. Verdadeiramente, meu julgamento está com Javé, e meu salário, com o meu Deus.
E agora Javé, aquele que me formou desde o ventre como servo seu, disse que eu lhe trouxesse de volta Jacó, a fim de que o próprio Israel fosse ajuntado a ele. E eu serei glorificado aos olhos de Javé, e meu próprio Deus se terá tornado a minha própria força. E ele passou a dizer: “Foi mais do que um assunto trivial que te tornaste meu servo para levantar as tribos de Jacó e trazer de volta os resguardados de Israel; e eu te dei também por luz das nações, para que a minha salvação viesse a existir até a extremidade da terra”.
Assim disse Javé, o Resgatador de Israel, seu santo, ao que é desprezado na alma, ao que é detestado pela nação, ao servo de governantes: “Os próprios reis verão e certamente se levantarão, bem como príncipes, e eles se curvarão em razão de Javé, que é fiel, o Santo de Israel, que te escolhe.”
Assim disse Javé: “Num tempo de boa vontade te respondi e num dia de salvação te ajudei; e eu te estive resguardando para te dar como pacto para o povo, para reabilitar a terra, para fazer que se reentre na posse das desoladas propriedades hereditárias, para dizer aos presos: ‘Saí!’, aos que estão em escuridão: ‘Revelai-vos!’ Pastarão junto aos caminhos e seu pasto será em todas as veredas batidas. Não terão fome, nem terão sede, nem se abaterá sobre eles o calor abrasador ou o sol. Porque aquele que se apieda deles os guiará e os conduzirá junto às fontes de água.” (Isaías 49.1-10).
Ora, neste vaticínio de Isaías, embora abundem descrições tipológicas de Ciro persa, por outro também é certo que abundam descrições referentes a outro personagem que não Ciro persa. Basta ver que descrições que aparecem nos versos 8 e 10 são transcritas no livro do Apocalipse, o que quer dizer que tratam-se de profecias que não se cumpriram com Ciro persa senão que iriam se cumprir 2500 anos depois.
Bem, se as forças que se uniram para derrubar o comunismo, e o Papa João Paulo II foi o seu campeão, representavam o Ciro particular, corruptível, que libertou o corruptível e os mandou de volta para o corruptível, para reconstruírem o corruptível, ora, que forças, então, representam o Ciro Universal cuja missão é libertar, não um povo particular, mas a inteira humanidade do domínio de Babilônia Apocalíptica? Que forças são estas que na Palavra de Deus são chamadas de “reis do nascente do sol” (Apocalipse 16.12) que vem sobre Babilônia Apocalíptica e a conquistam e libertam todos os povos do seu domínio?
Não resta a menor dúvida que estas forças novas, conduzidas pelo Ciro Universal, serão compostas da união de cristãos e de marxistas. A sua união em corpo único é que formará a “Esplêndida Superioridade de Javé” de que fala o profeta Isaías (2.10). E será esta “Esplêndida Superioridade de Javé” que conquistará e vencerá o imperialismo, libertando a inteira humanidade do seu jugo, que põe tudo e a todo escravos do dinheiro e escravos do circo, não do circo que trás entretenimento e alegria para as crianças, mas do circo do consumismo, do sensualismo e do hedonismo. E esta será uma conquista pacífica, porque ao povo socialista será acrescentado também o povo católico e o povo evangélico que se vestiram das armaduras de Deus, cortando todo e qualquer apoio ao imperialismo, o vencendo a partir do seu próprio interior, do seu próprio povo que desejaram livrar-se do seu estilo de vida depredador, da vida, do caráter e da própria natureza.
Caiu! Caiu Babilônia! Faz pouco o canal de Televisão Hit promoveu um debate com teólogos acerca dos Estados Unidos, ser ou não a Babilônia que aparece no livro do Apocalipse. E o que levou a emissora televisiva a promover o debate é que cresce cada vez mais nos meios evangélicos a crença de que a nação americana só pode ser Babilônia, não a vista por Isaías com duzentos anos de antecedência, mas a vista por João com quase dois mil anos de antecedência.
E o canal televisivo promoveu o debate porque quis colocar a limpo a questão, para que um debate limpo, imparcial, pudesse esclarecer as mentes até que ponto os Estados Unidos é ou não a Babilônia moderna?
Apesar da aparente imparcialidade do mediador, é dever dizer que ali esteve presente aquilo que a Palavra de Deus chama de “as coisas profundas de Satanás”.
A começar que todo e qualquer debate televisivo ou em rádio que envolve temas conflituosos, com opiniões divergentes, é natural que seja trazido para o debate representantes dos dois lados. E os representantes de cada posição, debatendo em intermitência, expondo a lógica do seu raciocínio, acabam por fornecer aos telespectadores e ouvintes uma farta massa de dados possibilitando a eles exercitarem bem o juízo e fazer a escolha que julgou certa. O que não foi o caso da questão posta, pois todos os teólogos que ali compareceram foram unânimes de que os Estados Unidos não é a Babilônia esperada, o que, por si só, compromete a lisura e honestidade do debate.
É verdade, enquanto uns disseram que Babilônia não era os Estados Unidos, mas algo por ainda aparecer, e outros disseram que era isto aquilo, não se viu um único defender a posição que era de muitos telespectadores, conforme entrevista feita nas ruas e exibidas no transcorrer do debate: Babilônia hoje são os Estados Unidos!
E chama à atenção para o argumento bizarro e descontextualizado de que lançaram mão para defender os Estados Unidos do estigma de ser Babilônia; estigma que cresce dia a dia nos meios evangélicos: como os Estados Unidos pode ser a Babilônia se é o país que mais exporta missionários para o mundo, se achando presente em praticamente todos os lugares da terra, pregando a Palavra de Deus e anunciando a salvação em Jesus Cristo?
Realmente, se for olhar por este ângulo os Estados Unidos não tem como ser Babilônia. Mas devemos dizer que tal se tratou de premissa alienada, descontextualizada da questão em foco. O profeta Isaías ao estar vaticinando sobre Babilônia Apocalíptica, e João tão somente transcreveu as suas palavras, lhes dando, é certo, enriquecimento lingüístico e de imagens, que excita e põe o psicologismo do leitor em redobrada atenção, ora, em momento algum as palavras de Isaías dão direito a que se tome o fato concreto dos Estados Unidos serem nação exportadora de missionários com a Palavra de Deus para isentá-lo de ser Babilônia. Isaías parece estar num outro mundo, diferente, distante, sem qualquer contato com o mundo dos teólogos ali presentes.
De fato, vejamos a descrição exata de Isaías sobre Babilônia, certamente que concebido já a partir dos fundamentos tipológicos de Babilônia caldéia, bem assim como Sofonias, quarenta anos antes, profetizou sobre o escatológico dia da ira de Javé a partir dos fundamentos tipológicos da destruição de Judá, embora estes fundamentos tipológicos ainda não estivessem presentes, como não estavam presentes os fundamentos tipológicos concernentes a Babilônia, que só iriam aparecer duzentos anos depois (Sofonias profetizou aparentemente sobre a destruição de Judá cerca de quarenta anos antes e Isaías sobre a queda de Babilônia cerca de duzentos anos antes). Eis a descrição de Isaías sobre Babilônia, que deveria ter sido a premissa a que os teólogos em questão deveriam ter lançado mão:
“E terá de acontecer, no dia em que Javé te der descanso da tua dor, e da tua agitação, e da dura escravidão em que foste escravizado, que terá de encetar esta expressão proverbial contra o rei de Babilônia e dizer: ‘Como cessou aquele que compeliam outros a trabalhar, como cessou a opressão! Javé destroçou o bastão dos iníquos, a vara dos governantes, aquele que incessantemente golpeava povos em fúria com um golpe, aquele que subjugava nações em pura ira, com perseguição sem freio. A terra inteira chegou a descansar, ficou sossegada. As pessoas ficaram animadas, com clamores jubilantes. Até mesmo os juníperos se alegraram de ti, os cedros do Líbano, dizendo: “Desde que te deitaste, não sobe contra nós nenhum lenhador.”’”
Ora, quando lançamos mão de premissas verdadeiras e contextualizadas a situação dos Estados Unidos, temporariamente aliviada nas explanações dos teólogos presentes ao debate televisivo, volta a ser difícil. De fato, quem conhece a história da nação ianque, de intervenção política e militar não só em inúmeros países da América Latina (estavam prontos para intervir no Brasil em 64), mas em todos os continentes da terra, e intervenções sempre a favor de governantes não raro corruptos, mas sempre servis aos seus interesses, se convence de que esta nação imperialista alvo dos vaticínios de Isaías trás todas as indicações de serem mesmo os Estados Unidos.
A rigor, analisando as descrições de João sobre a universalidade das suas relações comerciais, com viajantes comerciantes de todos os lugares, de todos os ramos de negócio, que se enriqueceram com ela, é impossível surgir uma voz que não diga: Basta! Já sabemos quem realmente é Babilônia!
É esclarecedor a análise a ser feita sobre o conteúdo de Isaías 14.15-17, como segue: “Todavia, no Seol serás precipitado, nas partes mais remotas do poço. Os que te virem te fitarão; examinar-te-ão de perto, dizendo: ‘É este o homem que agitava a terra, que fazia tremer os reinos, que fez o solo produtivo como deserto, que lhe derrubou as próprias cidades, que nem aos seus prisioneiros abriu o caminho para casa?’”
Ora, por ocasião da invasão do Kwait por forças invasoras de Saddan Hussein, na resposta militar rápida e contundente dos Estados Unidos, que destroçava o exército iraquiano a galope, então Saddan Hussein sentindo na carne que entrara numa enrascada, e que a única coisa que tinha que fazer era se retirar o mais rápido possível do Kwait, então fê-lo pensando conservar o orgulho próprio ao dizer que tivera um sonho e no sonho era dito que se retirasse do Kwait.
Bem, o que sucede é que quando as forças de Saddan Hussein se retiravam do Kwait, e de forma desordenada e desesperada, é então que o vaticínio de Isaías sobre Babilônia começa a merecer a nossa atenção. Uma vez que os iraquianos estavam retornando para casa, mas tinham de passar pelas tropas da coalizão, que fizeram um gancho na sua retaguarda, ora, o que se sabe com certeza é que milhares de soldados iraquianos foram mortos quando a lógica militar e diplomática exigia que fossem poupados, pois não estavam mais em luta senão que se retirando dela.
Mas, porque bloquearam o seu retorno para casa enchendo o deserto de milhares e milhares de corpos de iraquianos mortos, que àquela altura só pensavam em chegar às suas casas? Para mostrar para o mundo a sua força e o seu poderio? Que aquele era o destino de toda e qualquer força que afrontasse qualquer dos seus aliados ou contrariasse qualquer dos seus interesses mundo afora? Como diz o profeta Isaías: Subirei aos céus. Enaltecerei o meu trono acima das estrelas de Deus e assentar-me-ei no monte de reunião, nas partes mais remotas do norte. Subirei acima dos altos das nuvens; assemelhar-me-ei ao Altíssimo.
Mas, como diz o mesmo Isaías: “Como caíste do céu, ó tu brilhante, filho da alva! Como foste sim cortado rente a terra, tu que prostrava as nações!” E como diz João, de forma mais simples é impossível: “Caiu! Caiu Babilônia, a Grande, e ela ser tornou moradia de demônios, e guarida de toda exalação impura, e guarida de toda ave impura e odiada.”
O que é isso? Ora, por ocasião da queda de Babilônia frente aos medos e persas e por ocasião do decreto de retorno de Ciro, muitos judeus passaram a voltar para Judá com a firme esperança de reconstruir o reino que uns entendem como teocrático de Javé. Mas muitos permaneceram em Babilônia, acostumados e integrados aos seus costumes e à servidão dos seus deuses. Pois é, estes que acham que os Estados Unidos não são de modo algum Babilônia, e que mesmo diante da revelação do Espírito – o “decreto de Ciro” –, continuam apegados à sua ideologia e ao seu estilo de vida, gozando das delícias de um mundo falsamente chamado de livre e não sentindo nenhum desejo de estarem entre as forças que irão se empenhar para a restauração do paraíso de Deus na terra, ora, temos de afirmar: estes são os demônios que continuam fazendo dela moradia!
O que foi falado deva servir de alerta e reflexão para o povo de Deus. O povo de Deus, Judá e Samaria, se achavam em Babilônia. É verdade, viviam em Babilônia, mas não eram Babilônia. Pois é, católicos e evangélicos devem pensar, e pensar muito, que não são Babilônia, mas estão sim em Babilônia, pois qualquer lugar da terra que está sob domínio e influência do imperialismo americano se está em Babilônia. É por isso que a Palavra de Deus diz: Sai dela, povo meu! Se não quiserdes compartilhar com ela nos seus pecados e se não quiserdes receber parte das suas pragas (...). Sai da sua ideologia e do seu sistema de vida, que se é alegria para homens, é abominação para Deus.
E deva servir de alerta e reflexão, sobretudo, para os teólogos que tomaram parte no debate televisivo. Que a questão deva ser aprofundada, muito aprofundada, trazendo para o campo de juízo um leque muito maior de informações. Como são homens de Deus, seguramente homens de Deus, pois não somente Deus diz: sai dela POVO MEU como também estavam ali defendendo posições que a sua razão entendia ser a verdadeira, ora, analisando agora a questão em outros ângulos, em premissas internas e constitutivas do silogismo, certamente que também chegarão à conclusão: é verdade, e o assunto também está resolvido para nós!