BENTO XVI E A VINDA DO FILHO DO HOMEM

sexta-feira, 18 de março de 2011

BENTO XVI E A VINDA DO FILHO DO HOMEM

BENTO XVI E A VINDA DO FILHO DO HOMEM

“(...) E assim, agora sabeis o que age como restrição, visando que ele seja revelado no seu próprio tempo devido. Verdadeiramente, o mistério daquilo que é contra a lei já está operando; mas apenas até que aquele que agora mesmo age como restrição esteja fora do caminho. Então, deveras, será revelado aquele que é contra a lei, a quem o Senhor Jesus eliminará com o espírito de sua boca e reduzirá a nada pela manifestação de sua presença (...)”, IITessalonicenses 2

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A Palavra de Deus adverte os homens contra a sua tentação de julgar. Não julgueis para que não sejas julgado; Com a medida que julgardes com ela será julgado. E Bento XVI pareceu desconhecer esse recado divino. Manifestações históricas que claramente se originaram de Deus, o Marxismo, e a Teologia da Libertação, que foi Deus saindo da Lei, o Marxismo, e se encaminhando para a Graça, o Socialismo Celestial, foram objetos do juízo severo de Bento XVI como sendo manifestações não oriundas de Deus senão que do homem. E brandiu a sua espada tanto contra o Marxismo como contra a Teologia da Libertação. E isto nos remete ao que diz a Palavra de Deus concernente à figura assim chamada de Anticristo: ele se assentará no trono de Deus, querendo se parecer Deus, lutando e se opondo contra tudo que vem de Deus. Por ser profecia, alguém teria de desempenhar este papel. Na distribuição dos papéis aos atores inseridos no mesmo processo, coube a Bento XVI este papel. Alguém que ocupa cadeira tão importante teria de ir ao sacrifício, executando um papel tão inglório, mas necessário ao cumprimento da Palavra de Deus.

"Com o seu anúncio, Jesus realizou uma separação entre a dimensão religiosa e a dimensão política, uma separação que mudou o mundo e que realmente pertence à essência de sua nova via", Bento XVI, Pontífice sucessor de João Paulo II

O excerto acima foi retirado do último livro publicado por Bento XVI. E começamos com a pergunta: o que levou Bento XVI a afirmar que Jesus operou radical separação entre o religioso e o político? É o resultado de uma constatação factual, e então Bento XVI estaria fazendo ciência, esclarecendo as mentes desta separação operada por Jesus no mundo da realidade, ou Bento XVI ao afirmar tal na verdade é parte do desmonte da Teologia da Libertação? Porque se Jesus realizou uma separação “definitiva” entre a dimensão religiosa e a dimensão política os espaços que restam à Teologia da Libertação dentro da igreja católica se reduziram drasticamente, já se tornaram poucos, e mais pouco ficou ainda. Para não dizer que a Teologia da Libertação passaria a ser vista sim como um corpo estranho no seio da igreja católica.

Ora, sabemos hoje, em que a humanidade, depois da experiência amarga de sistemas políticos antagônicos ao socialismo, que onde dominaram deixou apenas o rastro da miséria, da miséria material sim, mas também da miséria moral, isto tem levado a que muitos quando se despertam para a política naturalmente se despertam para o socialismo. Pessoas que carregam enraizadas nos seus seres o amor ao próximo e um forte sentimento de justiça quando se despertam para a política naturalmente se revelam pessoas socialistas, indignadas com o capitalismo e tudo que lhe diz respeito. De modo que podemos dizer sim que se foi o tempo em que a manipulação da ideologia capitalista através de seus escribas fazia as massas crerem em seus líderes políticos; hoje existe uma cultura fortemente alicerçada no socialismo, e junto a ela cresce também a crença de que Jesus foi sim um revolucionário que hoje se confundiria com os revolucionários pelo socialismo.

Façamos então a pergunta: ao afirmar que no seu anúncio Jesus realizou uma separação definitiva entre a dimensão religiosa e a dimensão política a intenção oculta de Bento XVI era na verdade afastar os fiéis católicos de se acordarem para o socialismo? Uma vez que a Teologia da Libertação busca entre os fiéis católicos militantes para a causa do socialismo dando a eles a certeza de que este é o chamado de Jesus, então o que estaria por detrás da afirmação de Bento XVI de que o anúncio de Jesus separou definitivamente a dimensão religiosa da dimensão política é sim tentativa de fechar a fonte abastecedora da Teologia da Libertação?

Mais ainda, toda a propaganda anticomunista não é mais suficiente, pois que todo o mal que eles apontavam no socialismo a experiência demonstrou que ocorre na verdade nos sistemas antagônicos por eles defendidos, aberta ou veladamente. Quer dizer, fizeram política anticomunista tendo o fascismo e o nazismo como a sua alternativa e superação. Investiram tudo nestes sistemas na década de 30 e início da década de 40. Apontaram para a União Soviética como o alvo da sua destruição. E depois que fascismo e nazismo revelaram sua natureza diabólica então se continuou fazendo política anticomunista, mas agora apresentando as democracias ocidentais como a sua alternativa e superação. Mas estas democracias ocidentais, todas elas ligadas ao imperialismo e chamadas por eles, com o pescoço inchado, de “mundo livre”, ora, depois que elas mostraram sua verdadeira face, fábricas da libertinagem política, econômica e moral, devastadoras de tudo, começando pelo caráter até findar com a natureza, de modo que a sua liberdade deva ser situada sim naquilo que Jesus chamou de porta larga e espaçosa, ora, a verdade é que estas forças ficaram sem ter a quem apelar. Então lhes restou o último recurso: não mais levar o assunto para o centro da discussão das massas, e após pintar o comunismo negativamente, então lhes apresentar a solução, pintada positivamente, como fizeram com o nazismo e o fascismo na década de 30 e início da década de 40, e após estes, passando a pintar positivamente as democracias ocidentais, mas agora simplesmente tomar medidas para afastar as massas de tais discussões. Tornar tal assunto proibido, anátema. Uma vez que mudanças sociais são operadas pelas massas, que são fecundadas pelo anúncio revolucionário, ora, impedir estas mudanças sociais basta privar o anúncio revolucionário do seu contato com as massas.

Façamos a pergunta: Bento XVI ao ter dito que no anúncio de Jesus ele fez definitiva separação entre a dimensão política e a dimensão religiosa, o que ele tinha em mente era exatamente isto, impedir que as massas católicas se despertassem revolucionariamente? A sua fala sobre Jesus estaria carregada sim de ideologia, parte da luta contra o socialismo?

Ora, ao afirmar gratuitamente que Jesus no seu anúncio fez separação radical e definitiva entre a dimensão religiosa e a dimensão política, não foi isto uma sutileza da luta? Afinal, ao isolar o povo do contato político, que é escola, que é aprendizado, fatalmente este povo estará politicamente ao lado das forças antagônicas ao socialismo, pois as forças antagônicas ao socialismo se compõem de um núcleo dominante sim, mas que se alimenta da ignorância do povo. Quanto mais despolitizado mais se faz política ao lado dos opressores.

Bem, uma pergunta precisa ser feita: Se Jesus separou definitivamente a dimensão religiosa da dimensão política ele teria feito opção para uma das dimensões ou teria rejeitado a ambas? O que escreve não leu o livro de Bento XVI senão o excerto acima, mas se entende que para Bento XVI Jesus teria feito opção pela dimensão religiosa. Ora, se as duas dimensões estavam juntas, entrelaçadas como uma só unidade, porque para Jesus a dimensão religiosa teria mais valor que a dimensão política? Ora, se tinha como interlocutor aos gentios, não só a sua dimensão política, mas também a sua dimensão religiosa, eram pagãs; se tinha como interlocutor ao judaísmo, ora, Deus se comunicava com o povo judeu não só na mediação religiosa, mas também na mediação política. Como ocorre hoje com o Islã, também o judaísmo não fazia separação entre a dimensão política e a dimensão religiosa. Idéia impensável. Ora, se eram inseparáveis, e as duas dimensões tinham o mesmo peso na vida das pessoas e na vida das nações, porque Jesus teria feito opção por uma delas, quando as duas se achavam em falta?

É verdade, o portentoso movimento dos cristãos primitivos era um movimento eminentemente religioso e não político. Os cristãos eram martirizados todos os dias, não por causa da sua luta política contra os romanos, mas por causa da sua luta religiosa. Os cristãos não lutavam para que a igualdade material fosse estabelecida no império, mas, sim, para que nele fosse instaurada a igualdade espiritual. Se os césares e os políticos romanos reagiam violentamente contra os cristãos é porque eles, além da dimensão política, tinham também a dimensão religiosa, inseparáveis. E era esta dimensão religiosa inseparavelmente presente em seus espíritos que se sentia ofendida; e os movia em ação contra os cristãos.

É possível que alguém tenha dito: então você acabou de abalizar a fala de Bento XVI, pois é isto que ele está querendo dizer, que Jesus inaugurou um reino religioso e não reino político.

Sim, mas é preciso fazer uma distinção radical entre Jesus e Paulo apóstolo. Quem de fato realizou essa separação radical entre a dimensão religiosa e a dimensão política foi Paulo e não Jesus. Essa separação não se observa nem lustre dela em Jesus. De fato, antes de Paulo ela não existia. Quer dizer, essa separação entre a dimensão espiritual e a dimensão política começou de fato a se formar a partir de Pentecostes, se consumando em Paulo.

Então alguém vai dizer: mas, uma vez que Pentecostes e Paulo foram Jesus, ora, esta separação radical entre a dimensão religiosa e a dimensão política esteve neles porque antes esteve em Jesus. Eram apenas porta-vozes desta dimensão religiosa de Jesus.

É verdade, esteve neles porque antes esteve em Jesus. Mas precisamos fazer uma distinção entre o Jesus Histórico e o Jesus Ressuscitado. Jesus Histórico deve ser visto como uma semente, uma bendita semente, que precisou morrer para dar seus frutos. E uma vez que ele morreu então principiou a dar seus frutos. E como surgem os frutos?

Ora, toda e qualquer semente possui dois gametas, o feminino e o masculino. Primeiro se manifesta o seu gameta feminino, e a árvore dá flores; depois se manifesta o seu gameta masculino, e a arvore dá frutos. Quer dizer, as flores, depois de um auge, então vão fenecendo; e onde estão morrendo então começa o nascimento dos frutos.

Pois é, o que ocorreu no caminho de Damasco foi que a bendita semente tirou de si o gameta feminino e o plasmou no espírito de Paulo. Daí a explicação do porque dos cristãos primitivos, diferente dos judeus, serem portadores da dimensão religiosa e não da dimensão política. Daí a explicação de Jesus ter realmente inaugurado um reino religioso e não um reino político.

E Paulo, profeta do Senhor, faz esse reconhecimento. Vejamos o que ele diz em ICoríntios 13.8-14: “(...) Pois temos conhecimento parcial e profetizamos parcialmente; mas, quando chegar o que é completo, será eliminado o que é parcial (...) Pois, atualmente vemos em contorno indefinido por meio dum espelho de metal, mas então será face a face. Atualmente eu sei em partes, mas então eu saberei exatamente, assim como eu também sou conhecido exatamente (...)”

Ora, se Paulo reconhece esse reino religioso como parcial, e este reino religioso foi recebido de Jesus, isto faz de Jesus parcial? Que isto nunca aconteça!

Jesus, por ser a bendita semente, nele habitava tanto a dimensão religiosa como a dimensão política. Tanto a libertação do jugo de Sodoma, como a libertação do jugo do Egito (Apocalipse 11.8). Em uma palavra, em Jesus habitava a plenitude da Redenção, aquilo que Paulo chamou de “Completo”.

O que sucede é que aquele era o tempo teológico-espiritual da História. Mas a História não era estática, mas dinâmica. Ela tinha um movimento. De fato, quando esgotasse seu tempo teológico-religioso, ela iria, então, entrar no seu tempo materialista-político, que, pelo seu movimento se dar na tríade hegeliana, a fase materialista-política iria ser negação da fase teológico-religiosa. E o que sucede é que quando a História entrasse no seu tempo materialista então Jesus iria tirar de si O GAMETA MASCULINO e o iria plasmar na História. E quando isto acontecesse então Jesus iria inaugurar também o seu reino político!

Se Jesus inaugurou o seu reino religioso com Paulo, quando foi que ele inaugurou seu reino político? Com Marx! Se em Pentecostes ele começou a preparação para o seu reino religioso, que se deu em Paulo, a verdade é que no socialismo utópico ele começou a preparação para o seu reino político, de modo que podemos dizer que a diferença de Pedro para Paulo é a mesma de Proudhon para Marx, do socialismo utópico para o socialismo científico. Não só em Paulo o cristianismo rompe totalmente com o judaísmo, se revelando em identidade própria, como em Marx o socialismo rompe totalmente com o capitalismo se revelando em identidade própria.

Reino Religioso de Jesus, mas também Reino Político de Jesus.

E para que se tenha uma clareza disto é preciso um comentário rápido sobre Apocalipse 6.9-11.

Bem, Apocalipse 6.9-11trás os mártires do Cristianismo clamando justiça e vingança pelo seu sangue contra os habitantes da terra. E a cada um deles foi dada uma comprida veste branca; e foi-lhes dito que descansassem mais um pouco, até que se completasse também o número dos seus co-escravos e dos seus irmãos, que estavam para ser mortos assim como eles também tinham sido.

Quem são estes co-escravos e estes irmãos dos cristãos primitivos que estavam para ser mortos como eles também foram? Indiscutivelmente que se tratam dos mártires pelo socialismo. Tudo o que passaram os cristãos primitivos, também passaram os marxistas. Ou seja: assim que terminaram seu testemunho, pela igualdade espiritual, cristãos, pela igualdade material, marxistas, testemunhos que eram testemunhos de Jesus, ora, a besta que ascende do abismo fez-lhes guerra, e os venceu, e os matou, não deixando que seus cadáveres fossem postos num túmulo, sim, e todos os que moravam na terra se alegrando por causa deles e regalando-se, e enviando dádivas uns aos outros, porque estes dois profetas tinham atormentados os que moram na terra (Apocalipse 11). E vale acrescentar, para que se cumprisse a Palavra de Deus e não a palavra do homem, que os marxistas passaram pelo mesmo martírio dos cristãos que o episódio acontecido no nascimento do cristianismo, quando Nero incendiou Roma e jogou a culpa nos cristãos, desencadeando uma feroz perseguição contra eles, tal veio também a ocorrer quando os nazistas atearam fogo no Parlamento e lançaram a culpa nos comunistas. Desencadeando uma feroz perseguição contra eles, com muitos sendo mortos e as prisões nazistas se enchendo deles.

Ora, se foram o reino religioso e o reino político de Jesus, e estas manifestações estavam vindo à tona na tríade hegeliana, é certo, muito certo, que Jesus iria conceber o terceiro momento, de síntese, quando então o seu reino religioso e o seu reino político iriam se manifestar juntos, em um só corpo. E este certamente seria o momento da vinda do Filho do homem, com poder e grande glória, a fim de fazer com que os reinos do mundo se tornassem em reinos de nosso Senhor, como são as imagens de Apocalipse 11.15-18.

Mas, por ser processo, esta manifestação final do Filho do homem seria precedida de elos preparadores. De fato, pelo lado do seu reino político o seu elo de preparação foi a Escola de Frankfurt, e pelo lado do seu reino religioso o seu elo de preparação foi a Teologia da Libertação. E agora é o momento em que todo o ciclo se fecha: na vinda do Filho do homem então a vinda real de Jesus. Quem trás Jesus em si e para si, ele libertado de toda e qualquer subjetividade humana, é somente o Filho do homem. E quando o Filho do homem se manifesta então todo discurso a respeito de Jesus, que não passa pela sua aprovação, é reduzida a cinzas. (Ora, essa passagem do Marxismo para a Escola de Frankfurt, e do Cristianismo para a Teologia da Libertação, é na verdade amadurecimento de Jesus. E quem não passar por estes elos de transição jamais verá a Jesus).

Pois é, quando isto se dará? Como se dará? Conhecemos como se iniciou toda a história do reino religioso de Jesus com Paulo, toda a história do reino político de Jesus, com Marx, bem como toda a história da Escola de Frankfurt e toda a história da Teologia da Libertação: Mas, este momento sublime de todo o processo, a sua consumação mesmo, que é a história do Filho do homem, como se dará? Como? Quando? Quando é que o Cordeiro abre um dos sete selos, e eis um cavalo branco; e o que está sentado nele tem um arco; e é lhe dado uma coroa, e ele sai vencendo e para completar a sua vitória?

Ora, no ano de 2003 Adamir Gerson se achava na igreja Obras do Espírito Santo. Ali estava porque levado por Jesus para que falasse ao seu dirigente o pastor Luis Baldez sobre as boas novas de eternas.

E sucedeu que naqueles dias veio à Igreja uma jovem por nome Joseane, da igreja Nova Jerusalém. E assim que se acomodou ela então narrou um sonho que tivera naqueles dias. O que narrou? Uma grandíssima caminhada acontecendo na cidade de Adamir Gerson, Presidente Prudente. Uma multidão imensa, incalculável, caminhava no seu centro em direção ao Parque do Povo. E quando a multidão ia entrar no Parque do Povo uns clérigos ali parados na sua boca de entrada começaram a dizer entre si: quem deu poder para estes fazerem isto? E a multidão entrou no Parque do Povo e foi se postar diante de um grande palanque ali armado, ocupado pelos ministros da Palavra de Deus.

Narrando o sonho, então a jovem disse que a grande multidão que viu caminhando no centro de Presidente Prudente era composta de católicos e de evangélicos; mas, como ela mesma disse, os católicos eram maioria. Quanto aos ministros da Palavra de Deus que ocupavam o palanque eram padres e pastores; mas, como ela mesma disse, os pastores eram maioria.

Assim que acabou de narrar o sonho então a jovem disse que não sabia o dia e o ano, mas que a caminhada que ela viu em sonho acontecendo nas avenidas de Presidente Prudente iria acontecer, pois, como ela disse, o sonho lhe foi muito claro. E algum tempo depois retornou para a sua igreja, todavia deixando a pergunta: o que foi fazer naquela igreja onde estava o homem que Deus vinha preparando para realizar por seu intermédio a grande obra de entronização do reinado de Jesus Cristo? Fora ali por acaso ou na verdade foi enviada pelo Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os profetas?

Se Jesus partiu o pão e deu aos seus discípulos, mas também deu a eles o vinho, quem fez a separação definitiva entre a dimensão espiritual e a dimensão política foi Jesus ou na verdade foi Bento XVI? E aí Isaías 4.1, que alcança toda a cristandade, indistintamente, também alcançaria Bento XVI?

Legislando em Causa Própria

Foi falado que Bento XVI ao dizer que Jesus no seu anúncio fez separação definitiva entre a dimensão religiosa e a dimensão política na verdade tal foi parte da luta contra as forças do socialismo, com grande presença na Igreja Católica. Mas a verdade é que podemos sim fornecer mais imagens, distintas, sobre a ação de Bento XVI com o nome de Jesus.

Ora, uma vez que foi dito que Jesus com Paulo inaugurou o seu reino religioso, mas com Marx ele inaugurou o seu reino político, como ficarão todos os religiosos cristãos que tentaram por todos os meios impedir o nascimento do socialismo, e quando ele nasceu envidaram todos os meios para que o mesmo fosse destruído (a Segunda Guerra nasceu deste desejo, pois eram forças religiosas que fortaleciam o nazismo e o fascismo, com o interesse da destruição do comunismo), o que nos faz lembrar em muito o ocorrido com Jesus, com os homens tentando impedir seu nascimento, na morte dos inocentes, e depois que ele nasceu, após o seu batismo com João, então os homens envidaram todos os esforços para que fosse destruído? Como ficarão estes?

Sabemos da divisão no mundo da teologia a respeito da genealogia do Marxismo, tendo surgido corrente que o concebeu como Divino, nasceu do Divino, e correntes que o viu apenas como ideologia humana, sem ligação alguma com Deus e com a sua Palavra. Coisa de homem, e na visão destes, do homem pecador, pois estes viam o Marxismo como obra do Mal.

Ora, como que esta corrente que apresentou o Marxismo de certa forma ligado ao Divino, e aqui estamos falando da Teologia da Revolução cujos teólogos não chegaram a afirmar precisamente a origem divina do Marxismo, mas intuíram, e foram os que estiveram mais próximos, de que o Marxismo só podia ter origem divina; muitas das suas proposições estiveram antes na boca dos profetas de Israel, e até mesmo de Jesus, a verdade é que estes religiosos que negam por completo qualquer origem divina do Marxismo, porque estes que procuraram aproximação dos cristãos com o Marxismo se embasaram nas Escrituras Sagradas, isto tem feito com que estes religiosos contrários ao Socialismo, e que são sinceros, não raro tenham crises de consciências. Sabedores que foi uma tradição os sacerdotes se oporem a Deus, perseguiram e mataram os profetas, e fizeram o mesmo com o próprio Jesus e seus discípulos, então estes sacerdotes em crise de consciência no fundo de sua alma perguntam a si mesmo: mas, e se o comunismo for obra de Deus e não obra do homem? E neste momento eles se vêem a si mesmos tendo o mesmo destino dos assassinos dos profetas e o mesmo destino dos assassinos de Jesus. Pior ainda, chega-se mesmo a ver no comunismo uma armadilha de Deus, oculto nele, para ajustes de contas com os assassinos de seu filho Jesus. Pois que estes que vêem o socialismo como algo puramente humano são os mesmos, é da mesma essência, daqueles que viram Jesus como um impostor que quis tomar o lugar do Messias. O comunismo é um impostor que quer tomar o lugar do reino de Deus.

Certamente que estes religiosos em crise de existência iriam tomar medidas para aquietar os seus espíritos. Que somente se aquietaria tendo a certeza de que o Marxismo foi mesmo coisa de homem, e que toda a sua luta contra ele foi luta a favor de Deus e do reino de seu filho Jesus. De modo que podemos fazer a pergunta sim: ora, quando Bento XVI disse que Jesus no seu anúncio fez separação definitiva entre o discurso religioso e o discurso político, inaugurando o seu reino, que só pode ter sido religioso, o que ele objetivava com isto não era criar as condições para que seu espírito ficasse em paz? Afinal estamos diante de um homem que durante toda a sua vida lutou contra o socialismo, desde os dias da sua mocidade, quando fez parte da juventude nazista, até os dias de sua velhice, quando fez parte das forças que causaram a derrocada do comunismo. Ao dizer que Jesus fez separação entre o religioso e o político não estaria na verdade querendo justificar esta sua existência anticomunista? Mesmo porque sabemos que foi esforço seu dizer que nunca foi nazista senão que fez parte da juventude nazista pelas circunstâncias. E se há essa preocupação em se livrar do estigma nazista, quando o anticomunismo nazista o acompanhou por toda a vida, esse espírito não seria propenso a desenvolver uma teologia que corte qualquer laço de parentesco entre a figura de Jesus e o socialismo, dessa forma crendo que a posteridade saberá reconhecer o seu valor?

Rolando a Pedra na Sua Sepultura

Foi dito que a afirmação de Bento XVI de que Jesus no seu anúncio fez separação definitiva entre o discurso religioso e o discurso político isto é a mais pura subjetividade, tendo agido assim tanto por motivos ideológicos como por motivos psicológicos, e não teológicos ou científicos. Não existe nenhuma teologia ou ciência em quem afirme que Jesus operou radical separação entre o religioso e o político.

Mas, além dos pontos já enumerados, Adamir Gerson crê que na verdade toda a ação de Bento XVI com a sua visão apolítica de Jesus é na verdade que ele tenha rolado uma pedra pesada na sepultura do socialismo para que ele não levante.

Ora, foi dito que depois de se esgotar vários sistemas como alternativos ao socialismo, então o que restou às forças inimigas do socialismo foi criar mecanismos para impedir que as massas populares tivessem contato com o discurso revolucionário. E foi dito que a visão de Bento XVI sobre Jesus foi parte desta preocupação.

Mas, porque Bento XVI teria esta preocupação, se o socialismo está morto e práxis marxista alguma o revive? Quer dizer, se algum dia for difundido a notícia da ressurreição do socialismo a sua ressurreição se deu a partir do cristianismo e não fora dele?

Ora, se é certo que nenhuma práxis marxista levanta o socialismo, mas ele pode se levantar a partir do Cristianismo, então não podemos dizer que na verdade Bento XVI ao dizer que Jesus no seu anúncio fez separação definitiva entre o discurso religioso e o discurso político na verdade isto foi apenas, e tão somente, uma pedra que ele rolou na boca da sepultura do Socialismo para impedir o seu renascimento? Afinal, a trajetória do socialismo tem sido a mesma de Jesus: depois dos seus muitos milagres feitos no meio do povo oprimido, multiplicou para eles o pão, deu para eles conhecimento, levantou a sua auto-estima, sendo por eles seguido até ainda a década de 70; mas depois foi traído, preso, abandonado pelos seus, julgado e cuspido pelos homens, preterido pela populacha: solta o capitalismo e à morte com o socialismo, finalmente sendo crucificado entre dois malfeitores, o nazismo e o fascismo (*), morto e sepultado, só lhe restando a ressurreição, para tudo em si ser idêntico em Jesus, ora, o que impede que essa visão de Bento XVI sobre Jesus não seja na verdade aquele momento em que os homens rolaram uma pedra sobre a sepultura de Jesus?

Mas, relata a Palavra de Deus que ao terceiro dia, quando as mulheres foram ao túmulo de Jesus, eis que encontraram dois homens em vestes reluzentes, tendo rolado a pedra e feito o anúncio da ressurreição de Jesus.

E não resta a menor dúvida que os homens rolaram uma pedra na sepultura do socialismo para que ele nunca mais se levantasse; pedras de todos os tipos e tamanhos.

Mas esta pedra está sendo rolada, e doravante todo o povo cristão, católico e evangélico, irá cada vez mais adquirir a consciência, primeiro, que Jesus no seu anúncio não fez separação entre o discurso religioso e o discurso político, segundo, que o socialismo é o próprio Jesus, já presente no meio de nós.

Quanto aos religiosos cristãos que lutaram contra o socialismo temos de dizer que o fizeram por permissão de Deus, porque o socialismo enquanto em Marx se achava em corpo mortal, mas trazendo em oculto o corpo imortal, aquele que aparece em Daniel 2.44. E para que este corpo imortal se manifestasse seria necessária a morte do corpo mortal. De modo que a ação destes religiosos para o fim do socialismo se insere na ação dos sacerdotes de Israel que lutaram para a morte de Jesus. Jesus teria de passar pelo seu calvário, já visto muito tempo antes pelo profeta Isaías, e eles estavam contribuindo para isto. Mas devem ser vistos como o Mal de Santo Agostinho, que coopera para o aparecimento do Bem. Mas quando este Bem aparece então o Mal é sumamente descartado. E tem chegado o tempo do fim dos sacerdotes contrário ao Socialismo.

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*O episódio em que o soldado tomou a lança e furou um dos lados de Jesus, saindo água e sangue, se certificando que realmente estava morto, ora, este episódio sem sombra de dúvida se deu quando o “soldado” Boris Yeltsin ordenou o bombardeio do Parlamento, matando dezenas de comunistas que estavam no seu interior, com seus corpos e o seu sangue escorrendo sendo vistos nas suas escadarias.