segunda-feira, 7 de março de 2011

Os Mártires do Reino na Recompensa de Sua Glória

Os Mártires do Reino na Recompensa de Sua Glória

“(...) E a cada um deles foi dada uma comprida veste branca; e foi lhes dito que descansassem mais um pouco, até que se completasse também o número dos seus co-escravos e dos seus irmãos, que estavam para ser mortos assim como eles também tinham sido.” (Apocalipse 6.9-11

No ano de 1992, um pouquinho mais, um pouquinho menos, então Adamir Gerson, inspirado, escreveu um trabalho dando resposta definitiva ao que aparece em Apocalipse 6.9-11.

O que fala Apocalipse 6.9-11? Ora, este texto do livro do Apocalipse trás as imagens dos mártires do cristianismo que João viu por debaixo do altar; e eles estavam clamando vingança pelo seu sangue e dizendo: Até quando, Soberano Senhor, santo e verdadeiro, abster-te-á de julgar e vingar o nosso sangue dos que moram na terra?” E o texto escrito pelo apóstolo João na ilha de Patmos então diz que a cada um deles foi dado uma comprida veste branca; e foi-lhes dito que descansassem mais um pouco, até que se completasse também o número dos seus co-escravos e dos seus irmãos, que estavam para ser mortos assim como eles também tinham sido.

Ora, como Javé revelara para Adamir Gerson naquele ano de 1981 que estes co-escravos e estes irmãos dos cristãos primitivos que foram martirizados nos coliseus de Roma eram os marxistas que foram martirizados nos porões das ditaduras, apesar de que a totalidade dos teólogos tinha visão diferente, e hoje não é menos diferente, então quando Adamir Gerson elaborou o trabalho naquele início da década de 90 então colocou no mesmo uma ilustração, que ajudaria o leitor na sua compreensão.

E que ilustração colocou no trabalho? Pagou para um jovem desenhar a seguinte cena: dum lado uma cena de tortura feita por um soldado romano contra um cristão. E ele estava despejando sobre ele uma balde com água fervendo; e na outra borda o jovem desenhou um marxista em uma sessão de tortura. Assim: um torturador tocava nele dois fios eletrocutados, reluzindo faíscas e o seu torpor.

Ora, como o título do trabalho era E A HISTÓRIA SE REPETE DUAS VEZES, e havia um subtítulo, no título de cima NO SENTIDO HEGELIANO e no título de baixo NO SENTIDO ELIANISTA, ora, se no título de cima colocou as duas seções de tortura, feita por um soldado romano contra um cristão e feita por um torturador contra um marxista, a verdade é que no título de baixo colocou a multidão dos escravos hebreus e não hebreus saindo do Egito rumo à terra da promessa, e no lado de cá, em cima de uma pedra e com o bastão na mão a figura de Moisés, e do lado de lá, em cima da mesma pedra e com um bastão na mão, a figura de Lênin.

O que sucede é que tendo feito o trabalho então Adamir Gerson procurou o padre Maurício com o trabalho. E o colocou em sua presença. E padre Maurício olhando para as ilustrações, do cristão sendo torturado pelo romano e do marxista sendo torturado no porão da ditadura, então colocou o dedo indicador no marxista sendo torturado no porão da ditadura e fez a pergunta: porque você não colocou aqui um padre?

E é bom dizer: em momento algum padre Maurício negou que os marxistas martirizados não fossem estes co-escravos e estes irmãos dos cristãos primitivos segundo o que aparece em Apocalipse 6.9-11, mas, porque, muitos sacerdotes católicos também sofreram o mesmo martírio nas mãos das forças da repressão e dos grupos paramilitares, e temos aí o nome de padre Josimo Tavares, Dom Oscar Romero, frei Tito, João Burnier, aquelas freiras que foram mortas em El Salvador, e mais recentemente a nossa eterna Dorothy Stang, que deixou a vida sem dificuldade dos Estados Unidos e veio se juntar aos oprimidos do norte do Brasil.

Passado um tempinho, porque continuava ainda vivo no espírito a reação de padre Maurício sobre o trabalho que elucidava os mistérios profundos de Apocalipse 6.9-11, uma elucidação que o próprio Deus deu para o seu Profeta, então eis que o mesmo Deus requereu dele um segundo trabalho, complementador daquele. E o escreveu e deu a ele o título de APOLOGISTAS!

Ora, quando os cristãos primitivos se manifestaram e começaram a sua luta, na década de trinta do século primeiro, até a metade do século seguinte os cristãos levaram a sua luta a sós. Não tinha ninguém do sistema, absolutamente ninguém, que pudesse estar ao seu lado ou auxiliá-los nas suas dificuldades do cotidiano. Quando eram arrancados de suas casas e levados para o martírio nos coliseus de Roma, ou para os tribunais romanos, para responder por aquilo que não fizeram, não aparecia ninguém para defendê-los e dar uma palavra a seu favor, mas os que apareciam era para encher as mãos dos assassinos, pois, deveras, a populacho tinha adquirido medo e pavor dos cristãos, tendo criado a respeito deles um juízo negativo, sumamente negativo, a ponto que Paulo escreveu: “(...) Pois, parece-me que Deus tem posto a nós, os apóstolos, os últimos em exibição, como homens designados à morte, porque nos temos tornado um espetáculo teatral para o mundo, e para anjos e para homens. Nós somos tolos por causa de Cristo, mas vós sois discretos em Cristo; nós somos fracos, mas vós sois fortes; vós sois bem conceituados, mas nós estamos em desonra. Até a hora atual, continuamos a ter fome e também sede, e a estar precariamente vestidos, e a ser surrados, e a estar em desabrigo, e a labutar, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando injuriados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos isso; quando difamados, suplicamos; temo-nos tornado como o refugo do mundo, a escória de todas as coisas, até hoje.” (ICoríntios 4.8-13).

Pois é, a verdade é que depois de um longo tempo levando sozinho o fardo da luta os cristãos finalmente encontram pessoas do próprio sistema que passaram a estar do seu lado. A defendê-los das acusações de que eram vítimas todos os dias e a escondê-los em lugar seguro. Estamos falando dos apologistas, Aristides de Atenas, Atenágora, Tertuliano, Justino, o seu discípulo Quadrato Taciano, e tantos e tantos que usando o prestígio que gozavam na sociedade passaram a usá-lo na defesa dos cristãos. Escreviam “apologias”, escritas que enviavam a todos no império, ao próprio imperador e ao próprio senado, clamando justiça para o que se estava fazendo com os cristãos. E porque estes apologistas se tornaram intrépidos na defesa dos cristãos e do cristianismo, anexando ao seu pedido de justiça também a afirmação da racionalidade do culto cristão e a sua superioridade moral e ética frente aos pagãos, concluindo eles que o Estado perseguia os cristãos equivocadamente, ora, isto trouxe a ira dos romanos também contra estes apologistas. E muitos deles também pagaram com o próprio martírio. Foi o caso de Justino, mártir maior dos apologistas.

Pois é, estamos no ano de 1847. Marx e Engels lançam em Londres o “Manifesto Comunista”. Setenta anos depois acontece na Rússia a primeira revolução socialista do mundo. Os revolucionários, que já vinham sendo perseguidos em toda a terra, então se intensificam contra eles a perseguição. E em todos os lugares da terra os comunistas são caçados como se caça animais. Seus partidos são proscritos, e seus líderes são encarcerados e não raros mortos sob torturas nas prisões. Os tribunais se enchem deles, para responderem por crimes e acusações que não fizeram. Em 1933 os nazistas incendeiam o Parlamento e lançam a culpa nos comunistas. Desencadeia na Alemanha uma perseguição nunca dantes vista contra eles. O seu partido foi proscrito e muitos foram mortos e levados para as novas prisões nazistas. No final da década de quarenta e até meados da década de 50 se desencadeia nos Estados Unidos uma feroz perseguição contra eles, comandada pelo senador Joseph MacCarthy. Na década de 60 e 70 praticamente em todos os países da América Latina se desencadeia uma feroz perseguição aos comunistas. Milhares são mortos quer em combate quer nos porões das ditaduras militares. Os tribunais se enchem deles, e dali saem diretamente para as prisões, nem todos, porque muitos são mortos a caminho, e aqueles que entram nas prisões vão sofrer todo tipo de tortura para darem informações sobre seus companheiros. Nada escapa; homens, mulheres, jovens, idosos, e na Argentina se tornou comum eles matarem pais comunistas para ficar com seus filhos, e aqui no Brasil houve episódios, e não foram raros, em que os filhos eram arrancados de suas casas e levados para assistirem a tortura dos pais, para, assim, arrasados psicologicamente, eles pudessem entregar seus companheiros (*).

É verdade, os comunistas desde os dias do lançamento do “Manifesto Comunista” até a primeira metade do século XX levaram o fardo da luta sozinho. Não tinham do seu lado ninguém para defendê-los senão que pessoas para acusá-los e os delatar, e uma populacho que aprendera a ter muito medo deles, tremendo ao simples anúncio do seu nome, achando que eles bebiam sangue humano e eram canibais de criancinhas. É verdade, por cerca de cento e cinqüenta anos eles levaram o fardo da luta sozinho, sem ninguém que lhes estendessem a mão, mas na década de 60 encontraram mão amiga que passaram a estar do seu lado e a defendê-los publicamente. Estamos falando dos sacerdotes católicos, do grande Dom Helder Câmara, do Grandíssimo Dom Paulo Evaristo Arns, homens do sistema, que aproveitando o prestígio e o respeito que gozavam na sociedade passaram a usá-los na defesa dos perseguidos politicamente. Na intrepidez de um Tertuliano, do Grande Tertuliano, homens como Dom Helder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, pondo em perigo a própria vida, passaram a defender publicamente sindicalistas, e trabalhadores, e políticos, e intelectuais, e estudantes, contra a dura repressão que se abatera contra eles. E muitos destes sacerdotes, por se colocarem ao lado da justiça, contra os filhos da injustiça, acabaram pagando com a própria vida. Foi o que aconteceu com o Arcebispo de El Salvador, Dom Oscar Romero, morto com um tiro no coração quando celebrava a missa, e o que aconteceu no Brasil com o padre Josimo Tavares cujo assassino assim se defendeu: não matei um padre, matei um comunista!

Ora, então foi explicado, e cientificamente, a questão: quem forma um par com os cristãos primitivos são os marxistas, tese e antítese que haveriam de se reconciliar na síntese de Apocalipse 11.11, ao passo que os cristãos progressistas, católicos e protestantes, estes formam um par com os Apologistas. Padre Maurício, que hoje é Arcebispo de Botucatu, a última vez que teve notícia dele foi esta, por ser homem de Deus, do Verdadeiro Deus, com certeza que dará aval de aprovação para tudo que se acha escrito nestas páginas de vida e de justiça, reparadora, feita pela justiça divina.

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*Durante estas seções de torturas muitos revolucionários não suportavam e acabavam entregando seus companheiros. Muitos, é verdade, preferiram à morte à entregar o lugar de esconderijo dos seus companheiros, mas outros não suportando o peso da tortura se tornavam em delatores. Este fenômeno também aconteceu entre os cristãos primitivos. É verdade, milhares e milhares deles foram mortos sem que indicasse quem da família, ou da parentela, ou da vizinhança, fosse cristão; mas muitos não suportando a sessão de tortura acabavam entregando os cristãos que conheciam. E eles entraram para a história como os “Lapsos”.

Outro fato a se assemelhar entre o martírio cristão e o martírio comunista é que a perseguição de que eram vítimas não tinham a mesma intensidade. No caso dos cristãos ela variava de imperador para imperador. Às vezes subia ao trono um imperador que não dava muita importância aos cristãos, se preocupando muito mais com as questões militares e políticas do império; e os cristãos experimentavam certo alívio, sendo este um período de fértil crescimento. Mas jamais houve período de total ausência de perseguição. Mesmo no reinado de Vespasiano houve perseguições contra os cristãos, embora fatos isolados. O mesmo se diga dos comunistas, que durante todo esse tempo de ilegalidade foram perseguidos, mas dependendo do governante de plantão a perseguição podia ser maior ou menor. Se o homem que mais matou, cristãos, foi o César Galério, indicado co-imperador para o oriente por Diocleciano, general que foi aclamado pela tropa imperador, de modo que Galério devotando o mesmo ódio de Diocleciano aos cristãos encharcou o solo do oriente do sangue dos seguidores de Jesus, ora, ao longo da história a maior matança de comunistas se deu na Indonésia, no ano de 1965. Trezentos mil comunistas foram mortos neste período.

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