UMA ACAREAÇÃO ENTRE A EXPOSIÇÃO DO JESUITA JOHN HAUGHEY E EXCERTOS DO TRABALHO “BENTO XVI, LEONARDO BOFF, O MARXISMO E OS 100 ANOS DA ASSEMBLÉIA DE DEUS”. Abaixo segue excerto da publicação de Jonh Haughey, e em seguida excerto do trabalho de Adamir Gerson, abraços
Não atraiçoar o sábado
«Sábado» deriva do hebraico shabat, que significa repousar, ou deixar de trabalhar. Encontra-se na Bíblia no fim da narração da criação (Génesis 2) e assume-se em todos os livros como o fundamento da visão social e económica da Bíblia. Os homens são convidados a imitar a Deus na prática do sábado: recorde-se a típica narração de fome e de pão do Êxodo (o maná do cap. 16), encaixada num contexto de histórias de sede e de água.
Os antigos israelitas, tal como os modernos norte-americanos, não conseguiam imaginar um sistema económico diferente do dominante, na altura o egípcio: um sistema complexo, militar, industrial, tecnológico, que os havia tornado escravos. Os israelitas foram libertos da escravidão, mas encontravam-se a viver a dura realidade da sobrevivência fora do sistema imperial, de encontrar que comer.
O maná não é apenas um milagre que enche o estômago. É a alternativa de Deus à economia do Egipto: o pão que cai do céu é símbolo da sementeira e da colheita como dons de Deus. O primeiro ensinamento ao povo liberto diz respeito a uma forma de produção económica!
Moisés dá três indicações concretas para entrar nesta economia alternativa.
1. Cada família deve recolher só o necessário para o seu consumo. Na economia de Deus não há lugar para o demasiado ou para o pouco de mais: isto contrasta radicalmente com o capitalismo moderno em relação à riqueza e à miséria. Esta teologia do «quanto basta» é sublinhada por uma outra versão do trecho do maná, provavelmente posterior (Números 11), onde o povo, que se lamentava por só ter maná e não carne, é castigado com carne «de mais».
2. O maná não pode ser acumulado nem armazenado. No Egipto, riqueza e poder definiam-se pela capacidade de poder armazenar coisas supérfluas. Não é por acaso que o trabalho forçado do povo israelita consistia na construção de cidades-armazéns para o faraó (Êxodo 1), onde se recolhiam os despojos e as taxas das populações vencidas: esta acumulação prefigura já o capitalismo moderno. A Bíblia entende que as civilizações dominantes exercem uma força convergente e absorvem trabalho, recursos, riquezas e uma cada vez maior concentração de poder idolátrico (o protótipo deste processo é a história da Torre de Babel, Génesis 11). Por isso, Israel é convidado a fazer circular a riqueza redistribuindo-a e não a concentrá-la acumulando-a.
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Excerto do trabalhão “BENTO XVI, LEONARDO BOFF, O MARXISMO E OS 100 ANOS DA ASSEMBLÉIA DE DEUS”, como segue:
A Arca do Pacto
Ora, quando os escravos saídos do Egito foram atravessar o Jordão então na frente de todo o povo seguia os sacerdotes de Deus, levando no ombro a Arca do Pacto. Guardando distância, deveriam seguir para onde a Arca do Pacto os levasse, pois, deveras, iam para um luar que não conheciam e que antes não vieram estar. O que é isto? O que isto quer dizer para nós precisamente?
Que a Arca do Pacto hoje é o Partido Celestial. E é ele que terá de ir à frente do povo, levado nos ombros dos sacerdotes de Deus. Organizando o povo, criando lideranças, e dando vitalidade aos movimentos sociais, ora, o Partido Celestial por certo que levará todo o povo brasileiro e todo o povo da terra ao reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, pois que é portador do seu combustível teórico.
A Arca do Pacto e o Partido Celestial
Quando os escravos saídos do Egito principiaram à travessia do Jordão seguindo a Arca do Pacto, ora, a Arca, embora no Velho Testamento não tenha havido alusão, todavia no livro Aos Hebreus é narrado que ela tinha como conteúdo as duas tábuas da lei, o jarro com o maná e a vara de Arão que havia florescida.
Estes são o conteúdo sublime do Partido Celestial, de modo ele se apresentar como sendo o único representante escatológico? Vejamos:
O Jarro com o Maná. Segundo o livro Aos Hebreus no Lugar Santíssimo estava a Arca do Pacto e dentro dela havia objetos que vindicavam e representavam a soberania de Deus sobre toda a criação. Ali estava o jarro de ouro com o maná, a vara de Arão que havia florescido, bem como as duas tábuas da lei.
Qual o profundo significado do vaso de ouro com o maná?
Ora, sabemos que o maná foi o alimento que Deus enviou ao seu povo no deserto para saciar-lhe a fome e com algumas recomendações, como segue: (...) Esta é a Palavra que Javé ordenou: Colhei disso, cada um proporcionalmente ao que come. Deveis tomar a medida de um gômor para cada um, segundo o número de almas que cada um de vós tem em sua tenda. E os filhos de Israel começaram a fazer isso; e foram apanhá-lo, alguns recolhendo muito e outros recolhendo pouco. Quando o mediam pelo gômor, quem tinha recolhido muito não tinha sobra e quem tinha recolhido pouco não tinha falta. Apanharam-no cada um proporcionalmente ao que comia. E é dito claramente: este é o alimento que Javé vos dá.
Certamente que o vaso de ouro com o maná, que segundo o livro Aos Hebreus estavam com a Arca do Pacto no Lugar Santíssimo, é dos combustíveis do Partido Celestial. Os celestiais por certo que irão confrontar essa cultura que incentiva as pessoas a ter para além do que tem necessidade. Atuará forte nos espíritos, tentando reviver neles a simplicidade, e a austeridade, de modo cada um lutar pelo estritamente necessário. Essa cultura do consumismo, que pode levar a terra à exaustão – pois ela está presa a limites, não, porém, esse espírito consumista que desconhece limite – certamente que será combatida pelos celestiais, através de uma intermitente educação que chegará a eles na mediação do Evangelho de Jesus Cristo. “Que cada um procure ter segundo a necessidade do corpo e segundo a necessidade da alma; o que passar disto seja anátema”, dirão os celestiais.
Além de que os celestiais se dirigirão às massas populares com as imagens do jarro de ouro contendo o maná; e por elas as massas se conscientizarão que o Maná que Deus enviou ao seu povo por alimento é a completa negação do alimento oferecido pelo sistema capitalista. Farão mesmo uma associação do alimento que Deus mandou ao seu povo no deserto com a parábola de Mateus 20; e por elas as massas se conscientizarão de que o socialismo é Deus encoberto.
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