segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pe. Hilton

Bento XVI, Leonardo Boff, o Marxismo e os 100 Anos da Assembléia de Deus

“De todos os lugares vinham aos milhares; E em pouco tempo eram milhões; Invadindo ruas, campos e cidades (Joel 2.9); Espalhando amor aos corações”, música Guerra dos Meninos, anúncio profético da chegada da práxis celestial. Escute que tenha ouvido!

Leonardo Boff publicou o texto de sua autoria “Faz falta um pouco de marxismo ao papa”, e chama à atenção que todas as críticas que endereça aos juízos do papa Bento XVI contidos na encíclica Caritas in Veritate, de 07 de julho de 2009, se voltam também contra ele. Não representa distinção, a tal ponto que podemos dizer que estamos diante de dois irmãos siameses. Faces da mesma moeda.

Senão vejamos, sendo sucinto: a crítica mais contundente que Leonardo Boff dirige ao atual papa é que este, de forma inconsciente, assume a ideologia funcional da sociedade dominante, simplesmente a achando correta. Bento XVI não vê a sociedade moderna portadora de contradições, mas, sim, de disjunções, a mercê de corretivos. Vai mais além, dizendo que a tônica de Bento XVI não é a da análise, mas a da ética, a do que deve ser (tautologia sacerdotal). De modo Bento XVI não ser, pois, um profeta, mas um doutor e mestre, que por não se ater à complexidade dos problemas que pululam na realidade, para além dos que há na sua superfície, visível aos olhos, também os que se escondem nos seus labirintos ideológicos, acaba, pois, por se tornar simplista, principista, equilibrista mesmo, se pautando pela indefinição (leia-se, falta de solução).

É notável como Leonardo Boff se coloca como Juiz Supremo contra Bento XVI e o reduz a cinza, a tal ponto que fica a impressão de que a humanidade pode estar diante do cumprimento profético de IITessalonicenses 2.8. Destarte, uma supremacia intelectual que se revela com a chancela da ciência ao constatar de forma clara e inequívoca que Bento XVI vê os problemas e sabe da sua existência, a ponto de dissecá-los e enumerá-los, mas peca no momento de sua solução. Toma posição que não irá esfumá-los senão que escamoteá-los, encobri-los mesmo com uma cal ao invocar como instância de solução a vaga e inconsistente Doutrina Social da Igreja (elaborada às pressas na tentativa de impedir o rebanho católico de ser ganho pelo avanço comunista, na luta dos revolucionários recém-saídos do Egito contra Balaque capitalista, se prestando ao inglório papel de Balaão, dirá Adamir Gerson). E Leonardo Boff está cônscio de sua superioridade intelectual porque está cônscio de que também vê os problemas vistos por Bento XVI, os vê como vistos por Bento XVI, com a diferença de que aponta solução para eles. Aponta o caminho de sua resolução, o que, no seu dizer e no entender dos seus leitores mais próximos, Bento XVI não faz.

Bem, as críticas de Leonardo Boff ao papa Bento XVI são verdadeiras? Indiscutivelmente que sim. Bento XVI representa o que ali está escrito. Nem mais nem menos. Os problemas passam diretamente sobre e sob sua face, e prosseguem sem nada que lhes dê cobro, deixando atrás de si um rastro de sangue e de lágrimas, corações que foram feitos pelo Criador para amar e ser amado e que, no entanto, se acham sob Seus Olhos completamente despedaçados. E Bento XVI, por estar preso em invólucro ideológico e não científico, revela-se incapaz de restaurá-los.

Acontece, porém, que Leonardo Boff, na falta de qualquer resposta por parte de Bento XVI aos problemas que aponta amiúde, a verdade é que ele também, ao encurralar Bento XVI por manifestar de forma clara a existência de dois sistemas que não permitem tergiversação por caminho diferente, ou é o sistema capitalista, criador da dor e do pecado, ou é o sistema socialista, a cura do pecado e da dor – não este ou aquele socialismo que abundaram após a crise e queda do socialismo real, mas aquele socialismo singular que tem o poder de cortar o mal pela raiz, o socialismo marxista – ora, é neste momento que se descobre claro que toda crítica que Leonardo Boff endereça a Bento XVI, como bumerangue, se volta contra ele. A tal ponto que as mentes clarividentes, nas pegadas de Adamir Gerson, irão ponderar que de fato não há mesmo diferença de fundo entre aquele que propõe solução para os problemas no bojo do capitalismo e aquele que propõe sua solução no bojo do Marxismo. Após os dramáticos acontecimentos do Leste Europeu, que revelaram o Marxismo incapaz de solução perene – é capaz de lidar com estômagos vazios, mas se perde na resposta quando tem diante de si corações sedentos – ora, sejamos sucintos, para economizar palavras: invocar o Marxismo não é mais estar propondo cura para a ferida, mas é estar lhe dando chute que apenas alargará os espaços geográficos da ferida. Ademais, não só sabemos que todo e qualquer conhecimento é e sempre será a relação do sujeito com o objeto cujo resultado é dado pela experiência – ela sim juiz neutro, imparcial – como também sabemos que todo e qualquer médico antes de começar a terapia analisa previamente as condições de reação do paciente, pressão arterial, se é diabético, alérgico a isto ou aquilo, etc, o que significa dizer que se Leonardo Boff levasse em consideração o leque de forças contrárias engatilhadas a reagir contra o Marxismo, e a fragilidade de suas forças para fazer frente a elas, se tivesse ficado calado teria feito melhor. Mesmo porque o Marxismo não quer dizer um livro escrito, mas um conjunto de idéias que adquire vitalidade quando penetra no corpo popular, o que há muito deixou de fazer, ou porque seus depositários perderam o jeito da evangelização ou porque as condições objetivas que fez germinar sua semente o devir histórico levou embora; e outras tomaram o seu lugar, com ele perdendo todo o sentido anterior, apenas sobrevivendo nas subjetividades que ainda não adquiriram maturidade intelectual (para a alma faminta toda coisa amarga é doce, diz o livro Provérbios) (O Marxismo em si não é doce e nem amargo; tornou-se amargo pela perda de identidade da Teoria com a Realidade. Perdeu-se a relação, a sintonia com o movimento real das massas populares que adquiriu mui desejável crescimento intelectual e pode ser crítico com aspectos culturais presente no marxismo) (É correto dizer que o Marxismo sobrevive por causa da imaturidade intelectual? Que a imaturidade intelectual abunda é fora de dúvida, haja vista que no ano de 99 Adamir Gerson se espantou com jovens do PC do B que diziam estavam se preparando para a revolução que iria eclodir por volta do ano de 2005, no mais tarde o ano de 2006 ou 2007. Segundo disseram, em todo o país estava havendo preparação para a revolução comunista; e então os burgueses iriam comer o que a mão revolucionária lhes desse, diziam com a maior das convicções. Mas também é correto dizer que o Marxismo sobrevive porque não surgiu Nova Teoria, uma nova teoria a ocupar o seu lugar. E ela está surgindo, e é o socialismo celestial. E é certo que muitos marxistas quando se aprofundarem na sua leitura e no seu conhecimento irão se acordar para ele e aderir. E estes que irão aderir são na verdade os frutos maduros para a Colheita do Senhor. E no que diz respeito àqueles jovens do PC do B confiante no triunfo da revolução certamente que são dos mesmos frutos, apenas que ainda no estágio verde. Mas eles também irão ficar maduros, pois, deveras, na Colheita do Senhor, os seus anjos virão para apanhar os frutos já maduros. Mas, quando frutos maduros são colhidos, no exemplo de sua colheita, os que estão de vez vão ficando maduros e os que estão de fato verdes, vão ficando de vez. Até que todos os frutos da Seara do Senhor foram colhidos (Mateus 25.33-40).

É verdade, Bento XVI apontou amiúde os problemas da sociedade moderna e os deixou sem solução, pois na visão de Leonardo Boff teria forçosamente que passar pelo caminho amargo do Marxismo; no entanto fica a pergunta, mais uma vez para que não percamos o nosso foco central: mas, o Marxismo é a sua cura? Representa a cura? Um moribundo morre não morre pode ser invocado para curar um doente terminal? Tomar o seu lugar e ser a sua alternativa? Ora, Bento XVI propondo solução para os problemas sem, no entanto, questionar o capitalismo de forma paradigmática e Leonardo Boff propondo a sua solução no bojo do Marxismo, não é indício claro de que tudo irá continuar como está? Bento XVI escrevendo Encíclicas, Leonardo Boff dando palestra em Universidades, e o povo continuando no seu sofrimento do dia a dia sem nada que estanque a sua dor? Ora, uma vez que não existe marxismo sem marxistas, sem uma militância que o materialize, e uma vez que a luta dos marxistas contra o capitalismo está encerrada, as energias que lhes sobrou a usam para se digladiarem entre si sobre quem é o responsável pela queda do socialismo, ora, se a luta dos marxistas é agora entre si, não por posição, que é anterior à ascensão do socialismo, mas para saber quem é o real culpado pela tragédia marxista, ora, uma vez que a luta dos marxistas não é mais para encontrar solução para os problemas sociais então o mesmo tem de ser ignorado. Simplesmente ignorado e se ir atrás de nova solução literalmente deixando que os mortos enterrem seus mortos.

Ora, achar que o Marxismo tem resposta para a sociedade atual e suas crises é trilhar o caminho da ingenuidade. A começar que o Marxismo é parte da crise geral. Não se trata de um remédio de fora a ser receitado, mas a experiência que fez do capitalismo um doente a mercê de cura, cuidou em fazer o mesmo do Marxismo (as necessidades reais do ser humano esgotaram estes dois sistemas, que se revelaram incapaz em atender às aspirações do espírito humano na sua grandeza e na sua totalidade). Destarte, o Marxismo tem permanecido de pé porque, primeiro, criaram bode expiatório e o responsabilizaram pela crise e perda de credibilidade do socialismo, blindando o verdadeiro responsável; segundo, como o próprio Marx disse, uma formação social só desaparece quando o de vir dialético-histórico preparou uma nova formação social e tornou-a apta a ocupar o seu lugar, o que tal ainda não foi divisado em nenhum pensador atual, seja ele quem for – o que é em si explicação porque muitos ainda acreditam nele e o invocam. (O Bode Expiatório criado é que atribuíram culpa pela queda e crise do Marxismo aos criadores do socialismo real, que na visão destes deturparam o pensamento de Marx. O que não é verdade. Ninguém deturpou o pensamento de Marx. Se o que se manifestou trouxe o selo da imperfeição ela deva ser procurada na base da Teoria, no próprio Marx, e jamais fora dele. Eles foram o que Marx deixou escrito, como o fruto que se manifesta é o que está escrito na sua semente. É verdade, o pensamento de Marx não cria o Perfeito, mas é caminho para ele, que, convenhamos, é algo bem diferente, como foi algo bem diferente o cristianismo do judaísmo. E uma vez que Leonardo Boff invoca o Marxismo há de se supor que ele também é daqueles que separam os criadores do socialismo real dos criadores da Teoria, poupando uns e fustigando outros; de modo que tudo deva ser reiniciado, apenas que agora em outras mãos, mãos sábias, que não irão jamais repetir os “erros” daqueles que tiveram sobre si a missão de criar o socialismo a partir do nada, do quase nada, de modo estas mãos sábias darem encaminhamento fidedigno ao que Marx realmente deixou como ensinamento e então, como dizem eles, surgir verdadeiramente o reino da liberdade concreta, sim, o reino em que cada um tem segundo as suas necessidades, abortado pelos criadores do socialismo real, no entender deles e é o que afirmam amiúde).

É Verdade, Leonardo Boff foi incisivo e claro – apontando na direção de Bento XVI: És representante de Jesus? Então em verdade vos digo que deves se empenhar para que o modelo em que vivemos seja mudado e não apenas retificado; que haja troca e não conservação de paradigma; deves se empenhar para que tenhamos libertação e não apenas reformas. Mas, com a mesma incisividade e clareza, Adamir Gerson aponta na direção de Leonardo Boff: És Profeta do Senhor? Então em verdade vos digo que deves se empenhar para que o Marxismo seja mudado e não apenas retificado; para que haja troca de seu paradigma pelo novo paradigma trazido por Adamir Gerson; para que haja a sua libertação e não apenas a sua reforma. Se Bento XVI for obediente às palavras de Leonardo Boff, as entendendo como palavras do Divino – como veio finalmente entender Eli que era Deus – e Leonardo Boff obediente às palavras de Adamir Gerson, as entendendo como palavras do Divino, como finalmente veio entender Eli que era Deus, por certo que é neste momento que os corações despedaçados estarão sendo restaurados, surgindo diante dos nossos olhos o belíssimo quadro visionado pelo profeta Isaías: E a terra inteira chegou a descansar. Ficou sossegada. As pessoas ficaram animadas, com clamores jubilantes (Isaías 14.7). Quadro este que é portal para o mais belo quadro bíblico e o mais belo quadro de toda literatura universal: (...) Quem são estes que trajam compridas vestes brancas e donde vieram? (...) Estes são os que saem da grande tribulação, e lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro. É por isso que estão diante do trono de Deus; e prestam-lhe serviço sagrado, dia e noite, no seu templo; e O que está sentado no trono estenderá sobre eles a sua tenda. Não terão mais fome, não terão mais sede, nem se abaterá sobre eles o sol, nem calor abrasador, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, os pastoreará e os guiará a fontes de águas da vida. E Deus enxugará toda lágrima dos olhos deles (Apocalipse 7.9-17).

É verdade, quando Adamir Gerson, contrapondo à frase de Leonardo Boff, lança a nova frase: que falta faz ao Marxismo um pouco de Cristianismo (e vice-versa) tudo começa a se modificar e tudo começa a se encaminhar para a sua solução. Na frase de Leonardo Boff olha-se para a sociedade e se vê apenas a opressão material que o capitalismo exerce sobre o conjunto dos trabalhadores, dos mais fracos; mas na frase de Adamir Gerson se vê além, ao lado da opressão material que o capitalismo exerce sobre o conjunto dos mais fracos, se vê também a opressão espiritual que o paganismo (hedonismo) exerce sobre os corpos mais fracos. Vê-se opressão material, mas também se vê opressão espiritual. Vê-se uma grande cidade que em sentido espiritual se chama Egito e Sodoma (Apocalipse 11.8), porque nela se mesclam os que sofrem por causas materiais e os que sofrem por causas espirituais. E se tem claro que o remédio para a opressão material é o socialismo, por outro se tem claro que o remédio para a opressão espiritual é mesmo o cristianismo.

É neste momento que se descobre que o Marxismo tem de passar por refundação. Tem de nascer de novo. Porque com uma mão ele tira o pecado, mas com a outra ele conserva o pecado. Pois ao desconhecer a natureza da Religião e qual a sua verdadeira utilidade, achando-a desnecessária, dessa forma impede que o pecado QUE TEM CAUSA ESPIRITUAL seja expurgado para fora da sociedade e para fora dos corações. O pecado que tem causa espiritual o socialismo no momento da comemoração e da realização de suas grandes giestas sociais tira os seus espaços; e ele vai ficar ali, sem espaço, todavia aguardando o seu momento. E quando o socialismo satisfaz materialmente, e brota naturalmente a sede espiritual nas pessoas (como brota naturalmente naquele que se fartou do salgado o desejo do doce), então esta é a ocasião para o male espiritual se manifestar. Na falta da água límpida, impedida de entrar, então a água suja, elaborada com esmero pelos escribas do imperialismo, vai fazer entrada e morada e subverter tudo, de modo à porca lavada voltar ao seu antigo vômito (porque o Bem espiritual se acha encarcerado no Marxismo. Encarcera o Bem espiritual, mas não encarcera a vontade pelo espiritual, tal qual acontece no capitalismo que encarcera aos trabalhadores, o Bem material, mas não encarcera o seu desejo pelo material. O desejo de viver em igualdade é uma chama que nunca se apaga na mente e no coração dos trabalhadores).

E isto é um ciclo a que o socialismo não escapa. Pois que é um ser pela metade (ICoríntios 13.9). Falta-lhe o fundamento que o torna completo, de modo a saciar também espiritualmente. E na sua falta, os inimigos do socialismo aproveitam a brecha e, destarte, dão de beber a eles da espiritualidade poluída do paganismo (hedonismo), que indispõe o espírito contra o socialismo e trás a sede do capitalismo. A espiritualidade paganista-hedonista – porque há distinção de fundo entre o amoral e o imoral. O imoral corrompe e torna a cultura pagã hedonista – só pode dar vazão aos seus desejos e instintos carnais e só se realiza no capitalismo. O completo oposto da espiritualidade cristã que somente no socialismo para se manifestar em toda a sua beleza – a espiritualidade cristã e a materialidade socialista se atraem mutuamente. Destarte, foi isto (e nada fora disto!) que aconteceu no Leste Europeu com aquelas massas que saltaram o muro e foram beber da espiritualidade hedonista que há no lado ocidental, babando nos cartazes que estavam nas portas dos seus shoppings sex, fazendo filas para entrar neles que dobravam quarteirões (como à época mostrou o jornal Folha de São Paulo), nas suas vitrines de exposição do luxo, na sua indumentária sensual e extravagante, na sua música que ativa o corpo e não o espírito e etc. Parafraseando Deuteronômio, foram trocar os valores espirituais pelos valores carnais, primeiro os que pertencem à dimensão espiritual; e depois, arrastados por estes, os que pertencem à dimensão material. (Quando Jesurum engordou então deu coice. Engordaste, engrossaste, ficaste empanturrado. De modo que abandonou a Deus, que o fez, E desprezou a rocha da sua salvação. Com deuses estranhos começaram a provocá-lo ao ciúme; Ofendiam-no com coisas detestáveis. Foram oferecer sacrifícios a demônios, não a Deus, A deuses que não conheciam, Novos, que entraram recentemente, com os quais os vossos antepassados não estavam familiarizados. Passaste a esquecer da Rocha que te gerou, E começaste a excluir Deus da memória, Aquele que te produziu com dores de parto, Deuteronômio 32.15-18).

Mais ainda, que na sociedade atual a opressão e o sofrimento que tem causas espirituais têm se tornado muito mais abundante do que a opressão e o sofrimento que tem causas materiais. O que explica nas últimas três décadas as massas terem procurado mais religião do que política, terem se interessado mais pelo cristianismo do que pelo socialismo.

Há famílias que se desintegram por causas materiais? Certamente que sim, mas há também famílias que se desintegram por causas espirituais. O socialismo se mostrou capaz de impedir a desintegração da família por causas materiais, não, porém, as que se desintegram por causas espirituais, que é objeto de análise e de solução unicamente por parte da religião e não pela política.

E vale para tudo. O socialismo tem o poder de realmente acabar com a prostituição, mas não tem poder algum de acabar com o adultério. É uma realidade que escapa ao seu ângulo de análise e de compreensão. Embora seja também uma realidade social, todavia é inapreensível pela sua sociologia. É verdade, cria leis para lidar com esta questão, mas jamais impedirá a sua manifestação – como impede a manifestação da prostituição; pois que cortou pela raiz a sua causa primeira tornando-a impossível. E o que foi dito vale para todos os males sociais, o suicídio, o alcoolismo, o assassinato, a inveja, o ódio e etc. Porque tudo tem duas causas que o produz (conceito filosófico assim chamado de dualidade do conceito, ainda restrito ao celestialismo), se houve remédio que o eliminou por suas causas materiais, o socialismo, por outro continuará a vicejar na sociedade os que têm causas espirituais. Todos os males sobreviverão no socialismo, pois não somente prostituição e adultério são as faces do mesmo conceito, como todo e qualquer quisto social se apresenta nos seus pares, e se aquele que se manifesta pelo lado material o remédio marxista tem o poder da sua cura, o mesmo não se pode dizer com aqueles que se manifestam pelo lado espiritual. Como a religião cristã, cujo remédio cura pela raiz o male espiritual, mas o male material o seu remédio apenas ameniza – a caridade cristã diminui, mas não põe fim à exploração e à sociedade fundada na distinção social – ora, de um modo inverso os males espirituais o Marxismo os diminui, mas não acaba com eles. Aqui e acolá acontecem assassinatos, alcoólatras, rixas, brigas e etc.

Adamir Gerson nivela Bento XVI e Leonardo Boff? Que isto nunca aconteça! Leonardo Boff é um cristão que tem de passar pela segunda ressurreição (Tem de atravessar o Jordão), mas Bento XVI um cristão que tem pela frente duas ressurreições a percorrer (tem de romper com Faraó, tem de vencer Faraó na travessia do Mar Vermelho, tem de caminhar no deserto em meio a cobras venenosas e escorpiões, tem de chegar ao Jordão e o atravessar) a fim de vir estar na presença de Deus, face a face, como foi o vaticínio do apóstolo João (I João 3.2). O que deixa Leonardo Boff à sua frente, muitos anos luz. Bento XVI tem de morrer para o capitalismo e renascer no Marxismo, ao passo que Leonardo Boff tem de morrer para o Marxismo e renascer no Celestialismo. E ficar ali aguardando que Bento XVI morra para o Marxismo e renasça no Celestialismo (Boas Novas do Reino de Deus), completando então o ciclo de sua ressurreição (ICoríntios 15.42.58). Então os dois estarão intelectualmente e moralmente nivelados, feitos à imagem e semelhança do Cristo da Cruz, isto é, quando certo vaticínio de Paulo se cumprir em suas vidas. (Neste lugar todos estarão moralmente e intelectualmente nivelados. E se vai a este lugar unicamente passando pelas duas ressurreições, o Cristianismo e o Marxismo. Fora dele é estar no devir, que tende naturalmente para ele. E estarão moralmente e intelectualmente nivelados porque então feitos à imagem do Cristo da cruz, que está neste lugar para onde levou os seus (João 14.3).

Bento XVI tem de reconhecer que o Marxismo é Deus. Não este ou aquele aspecto – como aproveitando a ocasião dos acenos ideológicos do Concílio Vaticano II e dos acenos ecumênicos do Conselho Mundial das Igrejas teólogos com lampejos divinos começaram a apontar nele este ou aquele aspecto como tendo o selo de Deus – mas o Marxismo é Deus NO CONJUNTO DA OBRA! Como o Judaísmo foi Deus no conjunto de sua obra, não obstante as suas imperfeições. Destarte, os espinhos desta rosa, o seu ateísmo e a sua irreligiosidade, foram sobejamente antecipados pelo profeta Isaías e pelo Senhor Jesus. Quando Isaías falou de uma nação paradoxal que iria se manifestar na história, não dobrando o seu joelho diante de Deus e não invocando o seu nome, todavia fazendo a sua vontade, e quando Jesus, fazendo das palavras de Isaías as suas palavras, se dirigiu aos sacerdotes dos seus dias e lhes disse que o Reino de Deus iria lhes ser tirado e dado a uma nação que produziria seus frutos, por certo que esta nação é mesmo a nação socialista.

É verdade, o Marxismo tem de ser visto como tendo vindo à existência a partir do ventre divino, com Deus não apenas tendo de ser glorificado nas suas grandes giestas sociais e militares (Isaías 42.8), quer na destruição das forças militares imperialistas que naquele ano de 1918 invadiu o território revolucionário por todos os flancos, para destruir a revolução e trazer o povo liberto de volta às masmorras do capitalismo, e quer na sua vitória sobre o Amaleque Hitler, que atacou pelas costas a nação de Deus, quando o seu povo, o Proletariado, estava exausto e cansado, quer pela guerra civil quer pela grande fome (Êxodo 17.14-16; Deuteronômio 25.17-19), sim, como também tem de ser responsabilizado por aquilo que a modernidade não perdoa na revolução e é um estigma que a tem acompanhado até os dias de hoje. E aqui Adamir Gerson está falando sobre os Julgamentos de Moscou, que liquidou com a velha guarda bolchevique. De fato, se a invasão do território revolucionário naquele ano de 1918 pelas nações imperialistas foi o antítipo das forças de Faraó que foram reunidas e levadas ao encalso do povo que acabara de sair do Egito e seguia rumo à Canaã e se o ataque nazista à nação soviética foi o antítipo do ataque de Amaleque aos escravos hebreus que acabara de atravessar o Mar Vermelho e seguia pelo deserto, cercado de nações hostis e em meio a escorpiões e cobras venenosas, ora, por certo que os Julgamentos de Moscou, que liquidou com a velha guarda bolchevique, foi obrado, só pode ter sido obrado, por Aquele que diante da falta de fé em suas palavras, de levá-los e os estabelecer em Canaã, então jurou pela sua direita que os iria exterminar no deserto (Números 13 e 14). Não os iria deixar impune por terem em certo momento da caminhada a colocado em risco. Por certo que a liquidação da velha guarda bolchevique foi mesmo o antítipo da liquidação da velha guarda hebréia, mesmo porque a equação matemática assim o requer. De modo que a reta razão só tende a crer que o Flagelo que flagelou os maiorais das tribos de Israel foi o “flagelo” que alcançou toda a velha guarda bolchevique.

É verdade, Bento XVI tem de olhar para a grandeza de João Paulo II que olhou retrospectivamente para trás e reconheceu que a Igreja errou e pecou ao longo do seu caminhar. Bento XVI precisa completar a grandeza de João Paulo II, olhando agora para o presente e reconhecendo de que a Igreja que errou e pecou no passado é a mesma que tem errado e pecado no presente, por se unir às forças do imperialismo e às forças capitalistas na sua luta contra o socialismo. Tem de reconhecer de que quando lutavam contra o socialismo era contra Deus que lutavam. Porque o Marxismo, na sua inteireza, na sua completeza, embora tenha sido trazido por homens, todavia por homens que eram instrumentos no cumprimento de Sua Santa e Bendita Palavra.

A rigor, as palavras que Ele colocou na boca do profeta Sofonias, que iria voltar a sua atenção para os sacerdotes, tanto os sacerdotes de Javé como os sacerdotes de deuses estrangeiros, sim, que iria voltar a sua atenção para os sacerdotes, e para os filhos do rei, e para os príncipes, e para o rei, e para os que usavam vestuário estrangeiro (burguesia), e para os que pesavam a prata (comerciantes), e para os poderosos, e nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar, ora, tudo isto teve seu cumprimento profético na ação dos revolucionários comunistas, que podemos dizer acertadamente contra a “Nova Judá”, que com certeza tem sido a Cristandade. O que os comunistas fizeram com a Cristandade, quer na Rússia, quer na Ásia, quer em Cuba, foi tudo o que os caldeus fizeram com Judá. E não eram os caldeus, mas Javé, através de Nabucodonozor, a quem chamou de O Meu Servo, palavras que modernamente devam ser entendidas e estendidas a Vladimir Illich Ulianov, o conhecido Lênin. (Para um aprofundamento científico da questão, ver http://anovateologiadalibertacao.blogspot.com/2011/02/questao-da-destruicao-de-juda.html)

Que tenha a humildade do profeta Jeremias, que não amaldiçoou Deus por ter dito que iria trazer os caldeus contra a nação da qual dependia e da qual era um de seus filhos, mas que, mesmo com o risco da própria vida, cuidou em se dirigir aos filhos da rebeldia, aos que se desviaram dos seus estatutos, seus reis e seus príncipes, bem como seus sacerdotes, e lhes comunicou o que Deus decidira fazer com eles, para que provassem o fel amargo do quanto vale se desviar dos mandamentos que tinha deixado a eles por intermédio dos seus profetas mensageiros. E quando vimos o papa João Paulo II pedindo perdão pelos erros e pelos pecados que a Igreja cometeu ao longo de sua existência então é claro que o que a Cristandade sofreu nas mãos dos comunistas foi uma punição pelos seus pecados. Uma punição por ter-se apaixonado pelos filhos da Assíria, dos governadores e dos delegados governantes que estavam perto, vestidos com esmero, cavaleiros montados em cavalos – todos eles jovens desejáveis, como vaticinou o profeta Ezequiel (catolicismo e protestantismo que se ligaram umbilicalmente a reis e a príncipes para servi-los, na escravização de negros e índios, na exploração dos trabalhadores, sim, que se uniram aos governantes desta escuridão, como muitos deles estenderam a mão para apoiar e ajudar o nazismo e as ditaduras militares, não escapará jamais do estigma de Oolá e Oolibá. Nasceram em Deus e estavam em Deus, como nasceram em Deus e estavam em Deus Samaria e Jerusalém. Mas isto não impediu deles receberem, uns, o poder do dragão, e outros, de começar a falar como dragão. Destarte, só mais um pouquinho e as massas cristãs, amadurecidas intelectualmente, realmente os reconhecerão como Oolá e Oolibá. E isto será um grande bem que estará prestando a eles, pois então terão a oportunidade de trocar as vestes de Oolá pelas vestes da Samaria de Deus, Lucas 10.33-35, e as vestes de Oolibá pelas vestes da Jerusalém de Deus, Isaías 65.18-19). E se não bastasse, temos de reconhecer que João Paulo II esteve muito atrasado em relação a Deus, que não pediu perdão pelos pecados da Igreja, mas que a puniu por intermédio dos comunistas, cortando o seu poder, colocando-a no pó dos mortais, enviando-a para um exílio de 70 anos que se encerrou naquele ano de 89, quando os filhos da rebeldia puderam retornar, e novamente revolver o corpo e a alma no lamaçal do pecado, pois que aquelas foram às forças do Ciro corruptível, que uniu o corruptível, Cristandade e Capitalismo, e marchou sim sobre o corruptível – governos socialistas – vencendo-os e restaurando no lugar o corruptível, todavia preparando o caminho e as oportunidades para a chegada do Ciro incorruptível (Apocalipse 16.12), que unindo o incorruptível, Cristianismo e Socialismo, iriam vencer o corruptível e instalar no lugar o Incorruptível, Jesus Cristo de Nazaré. O reino que segundo o profeta Daniel não passaria jamais a outro domínio, ver 2.44. (Como Deus usou Nabucodonozor e os caldeus para castigar a impenitente e rebelde Judá, ele teria usado os comunistas para fazer o mesmo com a Cristandade? E porque Papa PioXI chegou a afirmar que o comunismo era o “chicote do Diabo”? Que era chicote é fora de dúvida: mas, era do Diabo ou era de Deus? Certamente que se Pio XI tivesse esperado um pouco mais, até que a terra na água barrenta se assentasse, ele teria reconhecido que o comunismo foi chicote sim, mas de Deus e não do Diabo que, pelo contrário, sofreu agruras deste Chicote).

Prosseguindo. Bem, Bento XVI será obediente às palavras de Adamir Gerson? Mudará da água pro vinho em relação ao Marxismo? Dirigir-se-á aos marxistas e lhes dirá: o choro pode durar toda a noite, mas a alegria vem pela manhã? Dirigir-se-á a eles e lhes dirá realmente: a alegria da manhã que está chegando agora para mim está também chegando para vós! Está chegando para a humanidade inteira! Saudamos em uníssono e estejamos cheios de glórias pela chegada da alegria da manhã... Bento XVI agirá assim?

Certamente que sim, pois tudo está nas mãos e no controle de Deus. E o Deus que pôs na boca do profeta Isaías o aparecimento futuro de uma nação paradoxal, que não iria invocar o nome de Deus e nem iria dobrar o seu joelho diante de Deus – todavia seria esta nação paradoxal quem iria fazer a sua vontade – ora, o mesmo Deus também cuidou em colocar na boca de Isaías um segundo momento, desenlacial, quando então iria remover o véu que o separava deste seu povo e este povo paradoxal iria se acordar para Deus.

Senão vejamos a descrição de Isaías sobre o aparecimento futuro da nação paradoxal: Deixei-me buscar por aqueles que não perguntaram por mim. Deixei-me achar por aqueles que não me tinham procurado. Eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui! A uma nação que não invocava o meu nome.

E vejamos a sua descrição sobre o momento em que o véu que separa esta nação de Deus é removido e se reconciliam entre si: E certamente vereis, e vosso coração forçosamente exultará, e os vossos próprios ossos florescerão como a tenra relva. E a mão de Javé há de ser dada a conhecer aos seus servos, mas ele verberará realmente os seus inimigos. (Isaías 65; 66.14).

E Bento XVI certamente que fará assim, pois há uma nuvem de Testemunho muito grande pedindo para ele agir assim. Pois deveras, não só Isaías, mas Jesus também depois de se dirigir aos sacerdotes dos seus dias e lhes comunicar que o Reino de Deus lhes seria tirado e dado a uma nação que produziria seus frutos, ora, o mesmo Mateus que nos legou estas palavras de Jesus ele mesmo, coroando o silogismo de Isaías, cuidou em mostrar o momento exato em que Jesus remove o véu que o separa deste povo que ele mesmo disse produziria os frutos do Reino e ele se reconciliando com este povo. Onde? Como? Ora, o diálogo escatológico que Mateus narra entre o Justo Juiz e o povo que cuidou dos oprimidos (25.40), lhes dando de comer, de beber, vestindo-os, e cuidando de sua saúde, ora, este povo é o mesmo povo visto pelo profeta Isaías e é o mesmo povo que Jesus disse produziria os frutos do Reino. E esse povo é o povo marxista e nenhum outro. Neste diálogo, Mateus narra à conversão do povo marxista. Mais precisamente que toda a dialética de sua conversão. E isto Bento XVI deverá levar em consideração, a menos que tome partido do outro povo, que ouviu a dura, mas justa sentença: Apartai-vos de mim, vós os que tende sido amaldiçoados, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos. (Este apartai-vos de mim pressupõe tratar-se de pessoas religiosas ligadas ao nome de Jesus. Deva ser religiosos que não se preocupam com o sofrimento dos pobres senão que na defesa dos seus poderes, religiosos ou econômicos).

Bento XVI e os Marxistas

Se Bento XVI em campo antagônico ao Marxismo tem de passar por duas ressurreições para ter a oportunidade de ver Deus face a face, ora, é certo, muito certo, que os marxistas também terão de passar por duas ressurreições, até se levantarem em um novíssimo patamar de existência. E quando se levantarem neste novíssimo patamar de existência, hão de olhar para a sua luz e para as coisas reais e verdadeiras que se movem perante seus olhos, a sua paz e a sua justiça que não tem fim, e exclamarão: este lugar de Perfeição não é aquele que nossos pais disseram o socialismo era preparação e caminho para ele, chamado por eles de Comunismo e que vemos muitos ao nosso redor o chamando de Reino de Deus?

É verdade, os marxistas terão mesmo que passar por estas duas ressurreições; a primeira pelo cristianismo, e a segunda, pelo celestialismo.

E qual o profundo significado dos marxistas passarem por este primeira ressurreição?

Nesta primeira ressurreição eles ganham o amor sem qualquer restrição a priori. No lugar do amor metido nas contradições do processo, e que é amor ideológico, se move no pecado original, agora o amor que transcende o processo e se move nos cânones da ciência, da santidade original.

Destarte, nesta primeira ressurreição é que literalmente o fuzil em suas mãos estará se transfigurando em Escola e o livro O Capital, em A Palavra de Deus. Que o ódio revolucionário estará se convertendo em amor revolucionário, em potência em Che Guevara, mas em ato em Adamir Gerson. De modo que no lugar de se buscar a construção do socialismo na destruição dos ricos e dos opressores procurarão a sua construção na sua conversão e transformação. Destarte, a libertação dos pobres estará vinda na razão inversa da libertação dos ricos da opressão do amor ao dinheiro e às riquezas, cujos objetivos serão alcançados porque não se lançou sobre eles palavras emocionais, mas se espargiu neles o sangue derramado na cruz. E estarão convictos desta conversão e transformação porque eles também passaram por ela; experimentaram em seus corpos e em suas almas o pode de cura que tem o sangue de Jesus. De modo que agora sábios no celestialismo (socialismo celestial), sabem que o que acontece a um dos pólos da contradição também acontece ao outro. “Se o impossível aconteceu com nós porque também não com os nossos inimigos ontológico-históricos”, dirão os novos sábios.

A Importância Pedagógica da Palavra de Deus

Por que procurar ensinar às massas o caminho e a vivência no socialismo tendo nas mãos o livro O Capital se tal pode ser feito tendo nas mãos a Palavra de Deus? Que contém uma linguagem imediatamente assimilada pelos humildes?

Senão vejamos: Vinde agora, vós ricos, chorai, uivando por causa das misérias que vos hão de sobrevir. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas exteriores ficaram roídas pelas traças. Vosso ouro e vossa prata estão corroídos, e a sua ferrugem será por testemunho contra vós e consumirá as vossas carnes. Algo como fogo é o que armazenastes nos últimos dias. Eis que os salários devidos aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, mas que são retidos por vós, estão clamando, e os clamores por ajuda, da parte dos ceifeiros, chegaram aos ouvidos de Javé dos exércitos. Vivestes em luxo na terra e vos entregastes ao prazer sensual. Engordastes os vossos corações no dia da matança. Condenastes. Assassinastes o justo. Não se opõe ele a vós? (Tiago 5).

Ora, porque se dirigir aos humildes com o livro O Capital se o texto de Tiago 5 contém informações técnicas sobre o conceito de mais-valia que não deixa margem à dúvida? É esclarecedor ao extremo? Com a vantagem de que dá ao humilde segurança, pois então compreende que o socialismo e a revolução estão na Palavra de Deus e são cumprimentos das palavras que saíram da boca de seus profetas? Que está se ligando a Deus e não a homens, que um dia está pelos pés e outro pela cabeça (maldito o homem que confia em outro homem)?

Vaticinou Isaías: Aí dos que juntam casa a casa, e dos que anexam campo a campo, até não ter mais espaço e se ter feito que vós moreis sozinhos no meio da terra (5.8). Ora, porque explicar os mecanismos da concentração de renda por conceitos de difícil acesso se este vaticínio de Isaías explica tudo, e de forma clara? O Ai de Isaías não é claro de que a contínua concentração de renda leva à revolução? E donde Jesus tirou o seu Ai de Vós, Ricos, senão deste Ai de Isaías?

A Conversão Marxista

Foi dito que Isaías e Jesus tiveram a visão futura de um povo paradoxal, que iria estar nas mãos de Deus e fazendo a sua vontade sem, no entanto, ter essa consciência. E que tanto Isaías como Jesus deram prosseguimento ao seu vaticínio sobre este povo por apresentar as glórias de um segundo momento, o da sua conversão para Deus.

Ora, é verdade, no início da década de 60 presenciamos atos que podemos dizer foi o namoro do cristianismo com o marxismo. Aquele momento em que desabrocha no coração do jovem e da jovem o primeiro lampejo da paixão de um pelo outro, parece que foi isto que presenciamos. Aquele pipocar de teologias políticas por toda a Europa – todas elas de certa forma procurando convergir cristianismo e marxismo – até a sua culminância no Encontro de Salzburgo, preparado para selar a união de cristãos e marxistas na sua luta para a construção de um novo mundo, ora, podemos dizer que aquele momento ímpar na História já foi o próprio Deus no seu devir-redencionista dando os primeiros passos no cumprimento de Sua Santa e Bendita Palavra.

É verdade, a nova manifestação teológica e política que se deu no início da década de 60, nas pegadas do Concílio Vaticano II o pipocar de teologias políticas – da Revolução, do Êxodo, da Impugnação e etc –, o Encontro de Salsburgo, o livro de Roger Garaudy Um Marxista Se Dirige Ao Concílio, tendo prosseguido por toda a América Latina, Medellín e Puebla, e aqui no Brasil na união de jovens cristãos com jovens marxistas na sua luta contra a ditadura militar, jovens católicos e evangélicos que se uniam a jovens marxistas não só dispostos a lutarem contra os golpistas como até mesmo doarem as suas vidas em prol do nascimento de um Brasil justo, livre de qualquer opressão, de qualquer arbitrariedade, ora, tal momento da História não pode passar por nós, despercebido.

E não resta a menor dúvida que tal não foi outro senão que naquele momento, Cristianismo e Marxismo no espírito de Deus, sim, Paulo e Marx no espírito de Deus, começaram a se olhar mutuamente, como aquele momento aguardado, em que um dia na curva da História Adão e Eva, apartados pelo pecado original e lançados na alienação, cada qual perdendo o contato com o outro e a sua própria identidade, um dia o devir histórico iria cuidar em realizar o seu re-encontro. Iriam se encontrar no Cristo e se reconhecer no Cristo, na Sua Mediação, numa grande festa de casamento (Apocalipse 19.7). E o que aconteceu na década de 60, o broto em cristãos e marxistas do interesse de um pelo outro, como portadores de muitos pontos em comum, ora, tal pode perfeitamente ter sido este momento esperado, em que na curva da história, bem longe um do outro, Adão e Eva se avistaram e começou entre eles o esforço de mútuo reconhecimento, que um dia iria levar cristãos e marxistas a dizerem: somos osso do mesmo osso e carne da mesma carne. Um só espírito (João 10.16).

Mas é fato que não obstante os inúmeros colóquios entre cristãos e marxistas ao longo da segunda metade do século XX é fato que os marxistas não se converteram a Deus. Esse tempo passou e ainda hoje encontramos os marxistas de posse da mesma visão sobre Deus, Religião e Bíblia anteriores ao Concílio e àquele tempo específico. É certo que os inúmeros colóquios, e a grandeza do Concílio Vaticano II e do Conselho Mundial das Igrejas, tiveram o poder de fazer os marxistas baixarem as críticas e até mesmo, no exemplo destes cristãos, como o de Camilo Torres, de Rubem Alves, de Jaime Wright, do Cardeal Arns, expressar certa simpatia pelo Cristianismo. Mas quanto à conversão em si nada teve o poder de acordar os marxistas para Deus, nem o Concílio Vaticano II, nem o Encontro de Salzburgo, nem a Teologia da Libertação e nem o Protestantismo. Até mesmo a simpatia pelo Cristianismo, que o exemplo pessoal de cristãos, fez desabrochar nos marxistas, hoje já não existe mais, pois os marxistas estão convictos de que foram os cristãos quem esteve à frente da derrubada do socialismo.

João Paulo II

Há uma profunda diferença entre a ação de João Paulo II e das forças do socialismo democrático e a ação de Ronaldo Reagan e das forças de direita na derrubada do socialismo. A ação de João Paulo II e das forças do socialismo democrático deve ser vista em modo positivo. Altamente positivo. Pois, deveras, acima do socialismo marxista que se manifestara havia o socialismo celestial para se manifestar, tal como acima da lagarta há a borboleta. E o que sucede é que no esgotamento do Marxismo então chegou o tempo de Deus criar uma nova figura de espírito. Deveras, o Marxismo fora criado para agir sobre o capitalismo enquanto destituído de anticorpos; quando naturalmente se revestisse de anticorpos, então um novo modelo praxístico teria de ser elaborado de modo a continuar a sua luta contra ele. De modo que para que essa mudança fosse operada se fez necessário o desmanche do socialismo. Com o terreno limpo então a nova casa poderia ser re-construída. E João Paulo II foi o instrumento escolhido nesta sua obra, não por acaso um Papa oriundo de um país comunista.

Mas, como o Diabo não é dialético, não tem o espírito, enxerga com os olhos do positivismo e não com a visão da metafísica, então entendeu que a ação de João Paulo II foi preparação sim para o seu retorno. Daí Ronaldo Reagan e as forças de direita envolvidas na destruição do socialismo ser apenas oportunistas.

Mas, alguém poderá objetar: ora, e aqueles países não retornaram mesmo para o capitalismo? Estão hoje na esfera de influência dos Estados Unidos e do capitalismo mundial?

É certo. Mas a preparação não foi para o retorno do capitalismo, mas, sim, para o socialismo celestial. É que o socialismo celestial estava sendo gestado no distante Brasil, e na sua falta os germes do capitalismo tomaram todos os corpos e todas as almas. Mas em breve o socialismo celestial estará se levantando no Brasil e é certo que tomará todos os rumos, em especial o rumo do Leste Europeu e da própria Rússia a fim de ocupar um lugar que foi preparado para ele e não para estranhos. Então, quando o socialismo celestial estiver dominando naqueles corações e mentes, é que eles irão então reconhecer o importante papel de João Paulo II e das forças do socialismo democrático, pois então o socialismo que se manifesta é fruto maduro, adocicado, saboroso, que há de alimentar tanto o Leste como o Oeste, tanto o Sul como o Norte.

A Árvore do Sonho de Nabucodonozor

Relata o livro do profeta Daniel um sonho tido pelo rei Nabucodonozor. O rei, depois de chamar os sacerdotes-magos e os conjuradores que havia no império, bem como os astrólogos, para que dessem uma interpretação, finalmente fez entrar até si a Daniel. E relatou a Daniel o sonho que tivera.

E eis que havia uma árvore no meio da terra, sendo enorme a sua altura. A árvore tornou-se grande e ficou forte, e a própria altura dela por fim atingiu os céus, e ela era visível até a extremidade da terra inteira. Sua folhagem era bela e seu fruto abundante, e havia nela alimento para todos. Debaixo dela os animais do campo procuravam sombra e nos seus galhos habitavam as aves dos céus, e toda a carne se alimentava dela.

Façamos a pergunta: quem seria esta árvore do sonho profético do rei Nabucodonozor? Podemos afirmar categoricamente que seja o socialismo? Afinal o socialismo começou pequeno, como começa toda árvore, e foi crescendo, crescendo, e finalmente chegou a ser visto literalmente até na extremidade da terra... E sua folhagem era bela... E seu fruto abundante... E nele havia alimento para todos...

E Nabucodonozor prosseguindo narrando o sonho então diz que eis que havia um vigilante, sim, um santo, descendo dos próprios céus. E ele clamava em voz alta e dizia o seguinte: Derrubai a árvore e cortai-lhe os galhos. Sacudi a sua folhagem e espalhai os seus frutos. Fujam os animais de debaixo dela e as aves dos seus galhos.

Quem seria este vigilante, sim, este santo, que o rei viu no seu sonho descendo dos céus e clamando para que a árvore fosse derrubada? Podemos afirmar que estamos diante de João Paulo II? João Paulo II teria sido este vigilante, sim, este santo?

A árvore ele clamou para que fosse derrubada, contudo disse que era para deixar na terra o seu toco, preso com banda de ferro e de cobre.

O que é isso? O que é esse toco que foi deixado na terra? Por ventura que teria sido Cuba? Afinal o socialismo desmoronou na terra inteira, contudo continuou na ilha de Cuba...

Isso explica o colóquio havido entre o Papa João Paulo II e o presidente Fidel Castro? Entre o Papa e a Santa Sé e o dirigente máximo da revolução cubana?

Ora, sabemos que João Paulo II foi duro com todos os regimes comunistas da terra, no entanto com relação a Cuba teve reação completamente diferente. Não somente elogiou o sistema de Cuba, que segundo o Pontífice cuidava do povo, como até mesmo elogiou o internacionalismo de Cuba, segundo João Paulo II era feito para ajudar os povos. Mais do que isso, em visita aos Estados Unidos, em Miami, os exilados cubanos fizeram ao Papa dois pedidos, que fossem recebidos por ele e que ele visitasse a Virgem da Caridad del Cobre, padroeira de Cuba e que eles erigiram em Miami para lançar sobre ela seus pedidos. E João Paulo II não somente se recusou a recebê-los como se recusou a visitar a Virgem da Caridad Del Cobre, frustrando os anticastristas que por ocasião da beatificação do Papa lançaram discursos inflamados contra argumentando que um Papa que não condenou o comunismo de Cuba na merecia ser beatificado.

E na histórica visita que fez a Cuba quando sobrevoava a Flórida então repórteres quiseram saber dele o que achava de Che Guevara. E João Paulo II disse que deixava os mistérios de Che Guevara para Deus, mas que tinha convicção de que Che Guevara foi um homem que se dedicou ao serviço com os pobres. E em Cuba, diante das suas autoridades, eclesiásticas e políticas, então João Paulo II fez um chamado a um diálogo profundo e fecundo entre crentes e não crentes (leia-se comunistas), cuja finalidade era comum, servir ao homem. Mais do que isso, que falou até mesmo em síntese cultural entre os cristãos da ilha e os comunistas.

Como explicar esse colóquio entre o regime cubano e o Papa João Paulo II? Ao ponto de que Fidel Castro, numa entrevista que deu ao jornal Clarín, em 96, disse que o mundo estaria em boas mãos se estivesse nas mãos do Papa João Paulo II? Teria sido por causa da profecia, que preservou o toco da árvore na terra, muito embora que preso por banda de ferro e de cobre que sabemos foi sim a continuação do embargo, não questionada de forma clara por João Paulo II, pois que foi o próprio vigilante, sim, o próprio santo quem disse que era para deixar o toco da árvore na terra, todavia preso com banda de ferro e de cobre?

Mas o assunto não deve parar aí. Temos de avançar no desvendamento dos seus mistérios porque já chegou o tempo e não haverá mais demora. Ora, sabemos que o rei Nabucodonozor, pela altivez e o orgulho, acabou sendo expulso de entre a humanidade, e a sua morada passou a ser entre os animais do campo e começou a comer vegetação entre os touros.

O que teria sido isto? Por ventura que uma referência direta aos comunistas cujo reino se afastou deles de modo que estariam de modo espiritual, morando com os animais do campo e se alimentando de vegetação como a touros? No caso específico do Brasil não podemos dizer que Aldo Rebelo e os comunistas que fazem parte do governo do PT foram expulsos de entre a humanidade e estariam comendo vegetação como a touros? O polêmico projeto de defesa florestal que teve como responsável Aldo Revelo não revela isto? Exatamente como está na profecia segundo a qual Nabucodonozor veio ter o entendimento mudado, passando a morar e a viver com os animais selváticos da terra que são homens com comportamento animal e não humano?

Ora, Nabucodonozor trás um depoimento que nos ajuda a alavancar as esperanças. Diz ele que ao fim dos dias levantou os olhos ao céu e o seu próprio entendimento passou a retornar a ele. E ele bendisse o próprio Altíssimo, louvou e glorificou Aquele que vive por tempo indefinido. De modo que no mesmo instante, para a dignidade do seu reino, começaram a retornar a ele a majestade e o esplendor, e ate mesmo os seus altos funcionários e os seus grandes começaram a procurá-lo ansiosamente, de modo que ele foi restabelecido no próprio reino e foi lhe acrescentado extraordinária grandeza.

O que seria isso? Por ventura que os marxistas, vivendo os dias do materialismo, irão levantar os olhos ao céu, com o entendimento retornando a eles, então bendizendo o próprio Altíssimo, louvando e glorificando Aquele que vive por tempo indefinido? Ora, é sabido que se passaria sobre Nabucodonozor sete tempos, até que ele viesse saber que o Altíssimo era Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser: este sete tempos não são indicativos de que os marxistas não viverão para sempre no opróbrio dos homens, mas é um tempo em que eles têm de passar. E mui provavelmente para que tenha a reação de Nabucodonozor, o reconhecimento de que o Altíssimo é governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser. Então o reinado começará a retornar a eles, e numa perspectiva inteiramente nova.

“Agora, eu, Nabucodonozor, louvo, e enalteço, e glorifico o Rei dos céus, porque todas as suas obras são verdade e seus caminhos são justiça, e porque ele é capaz de humilhar os que andam em orgulho”.

Está próximo, muito próximo, este novo dia na vida dos marxistas. Em breve eles serão vistos pelas avenidas de Presidente Prudente, pelas avenidas das cidades da terra inteira, com as suas bandeiras vermelhas agitadas ao vento ao lado das bandeiras brancas do cristianismo e ao lado das bandeiras azuis dos celestiais, batendo fortes os seus tambores e cantando os mais belos cânticos, e dizendo: Bendito o que vem em nome do Senhor!

Voltando ao Foco da Conversão Marxista

Ora, a razão que os marxistas, não obstante os esforços evangelizadores da Teologia da Libertação e o exemplo pessoal de seus líderes, em especial Dom Helder Câmara e Dom Paulo Evaristo Arns, não terem se convertido para Deus é que a sua conversão não seria perda de identidade, mas, sim, que iriam ter a sua identidade acrescentada. Destarte, a sua conversão seria literalmente o despertar sexual, encontrar o seu lado oculto, e que lhe daria complemento. E como é claro na Palavra de Deus a conversão do povo marxista (e tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; a elas também convém agregar, sem falar em outras profecias como Mateus 25.40), eis que tem chegado este novo momento na vida dos marxistas – mas, também, na vida dos cristãos – pois, deveras, a conversão não será apenas ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, mas também ao Deus de Marx, Engels e Plekhanov. A conversão que se manifesta na escatologia, por causa do devir histórico, que é teológico, mas, também, antropológico, é em mão dupla. De modo que passando um pelo outro, e apanhando no outro a sua flor pura, enriquecidos (ICoríntios 13.10), então chegarão, e só assim, ao Deus três vezes santo, o Deus de Jesus Cristo. (O Deus três vezes santo pressupõe o Deus Teológico, e o Deus Antropológico e o Deus Teo-Antropológico, cuja santidade se realizaria ao longo da História. De fato, a sua realização teológica ao longo da História se encerrou ao final da Idade Média, começando então, com e a partir da Renascença, a sua realização antropológica ao longo da História, que pode estar se encerrando no ano de 2011 nas avenidas de Presidente Prudente (no mais tardar em 2012. Por que fazer em 2012 se pode ser feito em 2011?), começando então a sua realização teoantropológica ao longo da História, que é o assim conhecido período do Milênio. Destarte, é este o tempo em que é invocado o sonho de Jacó, com a sua escada sendo colocada, a ligar Terra e Céu, com anjos subindo e descendo por ela, transitando livre entre as duas dimensões da vida, todas elas. De modo que negros e brancos subirão e descerão por ela, judeus e palestinos subirão e descerão por ela, cristãos e marxistas subirão e descerão por ela, católicos e protestantes subirão e descerão por ela, Educação e Evangelho subirão e descerão por ela, Universidade e Igreja subirão e descerão por ela, o sacerdote e o sociólogo subirão e descerão por ela, o ocidente e o oriente subirão e descerão por ela, o turco e o árabe subirão e descerão por ela, ciência e fé subirão e descerão por ela, o gênesis e o darwinismo subirão e descerão por ela, a proto-história e a escatologia subirão e descerão por ela, o sábado e o domingo subirão e descerão por ela, o vegetariano e o animal de corte subirão e descerão por ela, crescimento econômico e ecologia subirão e descerão por ela, cristãos sendo levados para os Coliseus de Roma para serem torturados e despedaçados pelas feras famintas e marxistas sendo levados para os porões das ditaduras para serem torturados e mortos por homens animalescos subirão e descerão por ela, Jesus deixando Nazaré e indo para sofrer o martírio em Jerusalém, tendo antes passado por Jericó, e Che Guevara deixando Cuba e indo às selvas bolivianas para sofrer o martírio, tendo antes passado por África, subirão e descerão por ela, as vestes de Jesus que foram repartidas e os pertences pessoais de Che Guevara que foram repartidos subirão e descerão por ela (espaço aberto para que todos os ajudadores e que saíram a reunir o que iriam entrar na Arca, nos seus pares, faça-os entrar. Lembrando que só entrarão os pares que tiver sinal positivo e negativo, para que possa ser re-começada a vida. E o que estiver na falta terá sim uma nova oportunidade (Mateus 25.9). E ficou a pergunta: quem é essa escada que Jacó viu por ela anjos de Deus subindo e descendo, anjos estes que representam aqueles não têm maldade, não tem ódio, não alimentam vingança, senão que são movidos unicamente por sentimentos de amor? Quem é essa escada que ligava a terra ao céu e que por ela Jacó viu anjos de Deus subindo e descendo? Por certo que a Terra inteira, emancipada, dirá: É Jesus de Nazaré, o Único, o Unigênito filho de Deus, sim, o Único Mediador entre Deus e os homens. E vale trazer à lembrança palavras de Nietzsche sobre o Deus que estava morto. De fato, o Deus que estava morto era o Deus teológico, que precisou morrer para que o Deus antropológico pudesse se manifestar. É um requisito básico do mover dialético, pois que é assim que faz o sujeito adolescente frente ao seu passado de infância, como condição de firmar a sua nova identidade. E vale lembrar que Nietzsche concebeu o seu juízo quando a Razão Universal se movia na sua existência antitética e adolescente, o que quer dizer que os fenômenos eram vistos de forma parcial, nebulosos. Mas agora que a Razão Universal ingressou na sua existência sintético-adulta, então dizemos que o Deus teológico não morreu, mas, sim, deixou o lado claro e foi para o lado oculto (porque a Razão Universal se move em movimento duplo, rotação e translação). Mas iria retornar. Quando uma voz se manifestasse e dissesse, no costado de Nietzsche: o Deus antropológico também está morto! Neste momento tanto o Deus teológico como o Deus antropológico iriam retornar, mas em novo patamar de existência, ressuscitados, em corpo novíssimo, o adulto-sintético corpo do Deus Teo-Antropolicrato (Apocalipse 3.12). (O adulto não é nunca a superação do adolescente e infante, tendo-os deixado para trás e para sempre, como se acharia no pensamento de Comte, mas a síntese, em corpo único, dos dois momentos anteriores. O ser adulto se manifesta na medida em que os seres infantes e adolescentes crescem e amadurecem, e converge entre si, nesse espaço central da convergência se formando então o ser adulto).

Marxismo e Pentecostalismo

É verdade, a conversão dos marxistas não iria dar-se a partir de nada que surgiu do Concílio Vaticano II e nem a partir de nada que surgiu da Reforma Protestante, mas a partir de um movimento religioso, que por ter se manifestado à parte do Oficial e por ter se manifestado no meio dos pobres, ainda hoje continua tabu entre o cristianismo oficial e é pouco valorizado ou até mesmo desconhecido pelo universo acadêmico-intelectual. Adamir Gerson está falando do movimento pentecostal, que nasceu no ano de 1906 na cidade norte-americano de Los Angeles, em um casarão que metodistas construíram para ser igreja e que se achava abandonado, e tudo se dando na mediação de um pastor negro iletrado filho de ex-escravos por nome William Joseph Seymour. Que não por acaso nasceu no mesmo ano de Lênin, 1870, e viveu praticamente o mesmo tempo de Lênin, 52 anos (Lênin viveu quatro meses mais que Seymour). Aquele lampejo da paixão pelo sexo oposto, que brota no coração do jovem pela jovem que tocou seu coração, estará se manifestando no coração marxista quando ele olhar retrospectiva para aquele ano de 1906, para tudo o que se desenrolava naquele casarão situado numa rua que é conhecida por todo pentecostal, Azusa. Especialmente para aquele momento em que, em um país dominado pela segregação racial e social, então brancos e negros, ricos e pobres, asiáticos e mexicanos, lavadeiras negras e patroas brancas, se abraçavam e se reconheciam iguais perante Deus. Deveras, era que neste momento estava se dando o derramar de Deus do Socialismo Espiritual, então ele dando sequência a uma obra que começara a bem pouco, três anos antes, quando então na cidade de Londres, distante dali, do outro lado do Atlântico, derramara o Socialismo Material. Socialismo Material que ele derramara em Londres e Socialismo Espiritual que ele derramara em Los Angeles, mas que um dia, na consumação dos tempos, então ele iria trazer um ao outro, com socialismo espiritual e socialismo material se reconhecendo osso do mesmo osso e carne da mesma carne, um só espírito. E seria neste momento, e somente neste momento, que o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, não as necessidades ditadas por esta ou aquela ideologia, mas por Deus no nascimento de cada um, estaria então começando a ser construído, pois que, então, fora lançada a sua verdadeira fundações. (O Reino da Liberdade Concreta não nasce tendo como fundação o material, que reserva ao espiritual a categoria de superestrutura, como é ensinado no mundo acadêmico-intelectual, mas nasce no exato momento em que o material e o espiritual são colocados em equilíbrio como fundamentos. Pois que o Reino da Liberdade Concreta é o nascimento da vida, e a vida só pode nascer da junção de dois fundamentos, gameta feminino e gameta masculino) (Será somente quando olharem para os pentecostais, com o olhar de uma nova sociologia (logicamente que também com o olhar de uma nova epistemologia, de uma nova psicologia, de uma nova gnosiologia e etc, porque tudo está mudando de estação), e verem que eles na verdade praticam um socialismo de corte espiritual, é que os marxistas se reconhecerão a si mesmos, que são na verdade o seu outro lado, que os completam e são completados por eles. Conscientizarão de que não são depositários de um socialismo substantivado senão que adjetivado. E mais, que o socialismo substantivado nasce no exato momento em que os socialismos adjetivados, material (Marx) e espiritual (Paulo) são unificados em corpo único. É o aparecimento do Reino de Deus na terra, dirão os cristãos, mas os marxistas dirão, para aquela realidade única: é o aparecimento do Comunismo! Foi exatamente isto que aconteceu com Comandante Flávio, um jovem marxista idealista de Curitiba que hoje atua em Rondônia ao lado do Movimento Camponês Corumbiara, ajudando os sem-terra a terem um pedaço de terra. Tendo convivido com um ano com pentecostais, então Comandante Flávio deixou escapar: eles praticam um socialismo primordial! O que ele chama de primordial, na nomenclatura científica do socialismo celestial é chamado simplesmente de Socialismo Espiritual, termo que se contrapõe ao Socialismo Material (no sentido em que óvulo se contrapõe ao espermatozóide).

Prosseguindo. Ora, Adamir Gerson falou qualquer coisa em que acabou ligando os acontecimentos que deram origem ao moderno movimento da esquerda mundial e ao moderno movimento pentecostal. E é certo que não só marxistas como também pentecostais ficaram sem entender, pois nunca ouviram dizer, e desconheciam por completo, que pudesse haver relação entre eles, como partes de um mesmo e único processo. (Não nos esquecendo do relato do Gênesis segundo o qual foi no momento em que Deus trouxe a mulher ao homem e este foi tocado por ela que lhe foi manifesto a consciência da distinção sexual, reconhecendo nela o seu complemento e a parte que lhe faltava).

É verdade, o movimento revolucionário da esquerda mundial, que nasceu no ano de 1903 em Londres, quando o movimento bolchevique, que se gestara no ventre moderado menchevique, fizera então o seu nascimento – na histórica votação que deu maioria a Lênin – e o movimento pentecostal, que nasceu três anos depois, em Los Angeles, depois de ser gestado no ventre moderado metodista, ora, apesar de que nenhum homem em cima da terra veio saber, eram sim partes de um mesmo e único processo, o da redenção da humanidade. Mas que primeiro iria passar pelo processo de libertação dos pobres (e aí se revela a importância de Leonardo Boff e a não-importância do Clodovis Boff de 2007).

Mas, como em Deus a libertação se desloca dos pobres para a humanidade (em Hegel o Absoluto redime primeiro a si próprio para depois redimir a inteira humanidade, com Marx concordando, apenas que no lugar do termo Absoluto colocando o termo Proletariado (Mas em Adamir Gerson surge reconciliação entre o Absoluto de Hegel e o Absoluto de Marx, assim como estão em Mateus 25.40), ora, a verdade é que quando a libertação de Deus estivesse se deslocando dos pobres para a humanidade, neste momento Deus iria fazer um retorno tanto a John Wesley como a Plekhanov. Mas este John Wesley e este Plekhanov seriam novos, novíssimos, conduzidos pelas mãos dos pobres que saíram dos lombos de Seymour, naquele ano de 1906, e dos lombos de Lênin, naquele ano de 1903. Pois quê, quando Deus liberta os pobres é para forjá-los instrumentos de libertação da inteira humanidade – e neste momento se revela a não-importância do Leonardo Boff de 2011, ainda preso ao parcialismo marxista (salvo o seu amor e a sua luta na defesa do Planeta ameaçado, embora saibamos que a luta conseqüente na sua defesa tenha de se dar muito mais no campo político e não fora dele, pois a luta ecológica expõe o problema, mas a sua solução está na luta e decisões políticas) (Talvez tenha sido esta passagem que frei Clodovis Boff tenha captado intuitivamente, e, todavia, não soube expressar, se perdendo no significado das Palavras (do chamado) e na dialeticidade do processo. Mas com certeza agora irá se encontrar, pois, deveras, tem chegado o tempo em que, segundo o profeta Isaías, TODOS SERIAM PESSOAS ENSINADAS POR JAVÉ) (Ora, o movimento pentecostal para nascer teve de percorrer certo calvário, no seu parto final. William Joseph Seymour, depois que ganhou autonomia frente a Charles Fox Parham, como o Escolhido de Deus, ao estar começando a caminhada das boas novas entre a irmandade de uma igreja Holiness (da Santidade) que havia em Los Angeles, por não concordarem com o seu Ensino, expulsaram-no. No entanto, acolhido por uma família desta igreja em sua casa, os Asbery, logo a casa de Richard Asbery se tornara pequena demais. Pois não tardou e o carisma de Seymour estava atraindo centenas, que se reuniam todas as noites naquela casa, com a imensa maioria tendo de ficar do lado de fora, interrompendo a rua. A tal ponto que conta um historiador que acorria tanta gente para a casa de Richard Asbey que certa noite foi tanto barulho e tanto gritar nos dons de línguas que a casa quase desabou. Foi então que descobriram um antigo casarão que fora construído como uma igreja metodista africana, e que, no entanto, ela fora embora com o lugar sendo ocupado por atividades comerciais. E naquele momento específico era estábulo para animais. Foi neste casarão que um dia foi igreja metodista, e que se achava abandonado, era mesmo um gueto, que finalmente se deu o parto Pentecostal, hoje cerca de quatrocentos milhões ao redor do mundo, quarenta milhões no Brasil. Mas, não podemos dizer que este parto final do Pentecostalismo foi de certa forma uma repetição do parto final do Bolchevismo, que se dera três anos antes? De fato, partidários de Lênin e de Plekhanov escolheram Bruxelas para realizarem o Segundo Encontro do Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), em julho de 1903, ocasião em que, através da maioria, iriam decidir os rumos da revolução na Rússia. Mas, em Bruxelas, as discussões entre os partidários de Lênin e de Plekhanov tornaram-se tão acaloradas que a vizinhança, não suportando mais tanto barulho no casarão, que fora enfeitado de bandeirinhas vermelhas, decidiu chamar a polícia. Que nem preciso fora, pois a polícia quando soube de sua presença na cidade começou rondar o local. Expulsos, embarcaram rumo a Londres. E contam os historiadores que as discussões entre eles prosseguiram com tal intensidade na viagem que quem olhava de longe tinha a impressão de que o navio parecia estar sendo sacudido por fortes ondas. E finalmente em Londres, no lugar onde Marx e Engels meio séculos antes tinham lançado o Manifesto Comunista, então o movimento bolchevique fez o seu nascimento, se constituindo a parte, independente, um movimento com identidade própria, assim como três anos depois tal foi acontecer com o movimento pentecostal ao se desligar do protestantismo, onde fora gestado, se constituindo a parte, um movimento independente, com identidade própria.

O Petismo e o Socialismo Celestial

Quão diferente é o petismo do socialismo celestial! Jovens foram vistos nos corredores da Unesp de Presidente Prudente com uma cartilha debaixo do braço sobre Plekhanov lançada por intelectuais do PT. A julgar pelo Professor Adão Peixoto – no começo da década de 90, professor de filosofia nesta instituição de ensino e à época dirigente do PT – que analisando o que estava acabando de acontecer com os governos socialistas do Leste europeu, disse que o único responsável pela sua queda foi o próprio Lênin que no seu entender queimou e abortou as etapas que dariam amadurecimento e independência política aos trabalhadores, deixando-os a mercê de decisões que seriam tomadas por terceiros em seu nome. De modo que se entende claro que para professor Adão Peixoto a revolução teria de continuar nas mãos de Plekhanov, dos mencheviques, e nunca ter-se passado para as mãos de Lênin, para as mãos dos bolcheviques.

Ora, o socialismo celestial diz coisa diferente. Que o desenvolvimento apontado por Plekhanov não era nunca preparação para o socialismo, mas o seu afastamento (que diga a baixa politização em lugares onde o capitalismo e as forças produtivas se desenvolveram. Cada qual acha que as condições ajudam a lutar pelos seus interesses imediatos e pessoais, a ascensão social e não a coletiva toma o seu querer e o seu mover, com eles passando a fazer com partes da cultura burguesa também o seu viver).

Quer dizer, é afastamento a partir do momento em que se entende o socialismo sendo alma no corpo do Marxismo se expressando por intermédio dele, que acaba por ser afastamento do socialismo porque é afastamento do Marxismo. De modo que, contrariando lógica do professor Adão Peixoto e do próprio Plekhanov, a verdade é que quanto mais uma sociedade com fortes feições feudais se desenvolvesse, mais e mais ela tenderia a se afastar do Marxismo, pois que o Marxismo é um sistema científico, todavia recheado de ideologia (ciência é aceita por muitos, ideologia, por uns). Quando os trabalhadores se desenvolvem, porque não tem uma gênese cultural comum aos teóricos do marxismo e da revolução, acabam entrando em choque cultural com ele procurando desenvolver uma alternativa; que, por falta de teórico conseqüente, nunca vem, com eles acabando se conformando com um capitalismo menos opressivo. Portanto, somente no advento do socialismo celestial é que tal equação seria resolvida, a este separar nele ciência e ideologia, deixando a sua ideologia com a ortodoxia, todavia presenteando as massas, sedentas de justiça e paz, com a sua ciência.

Então a leitura do socialismo celestial é que o socialismo começou a nascer no exato momento em que Lênin rompeu com Plekhanov, pois que as condições objetivas de, então, favoreciam o seu nascimento. Eram propícias a ele. Sem contar que os vaticínios bíblicos sobre a revolução apontavam a sua ocorrência para exatamente quando se manifestassem estas condições objetivas peculiares. E se alguns anos depois ele veio a cair a razões são inteiramente outras. Caiu, não porque abortou etapas, mas porque esgotou etapas (amadureceu espíritos no fogo da revolução e das suas transformações sociais preparando-os para novos saltos em sua existência), necessário a que o socialismo fosse construído na acepção de Plekhanov (na sua forma, mas com outro conteúdo). De modo que este Plekhanov que retorna não é o pobre e a priori que anda nas mãos de intelectuais do PT (querendo blindar e justificar filosoficamente o inesperado rumo político que tomou), que praguejam Lênin e amaldiçoam Stálin, mas é outro, a posteriori, que se alienou de si para enriquecer-se em Lênin, e voltar, inteiramente outro, a tal ponto que diz: Naqueles dias e naquelas condições eu estava errado e Lênin, certo. Lênin modificou-me inteiramente. Fez-me conhecer melhor a psicologia humana e os caminhos e descaminhos da história. Então este Plekhanov novo que surge não pode nem mesmo ser chamado de Plekhanov, porque a sua relação com ele é a mesma do fruto maduro para o fruto verde. Um ser inteiramente novo, como Jesus foi inteiramente novo frente a Moisés.

Lula, a Bola da Vez

O rompimento de Lênin frente à Plekhanov é da mesma essência do rompimento de Marx frente à Proudhon e de Stálin frente a Trotsky. E a consumação do processo, no seu quarto nível, se dará agora no rompimento revolucionário do operário do ABC paulista Adamir Gerson frente ao operário do ABC paulista Lula Inácio. Mais uma vez a luz da aurora dará lugar à luz do meio-dia, que clareando tudo, nada resiste à sua força. Destarte, as sombras que se move na parede da caverna platônica mais uma vez irão dar lugar às coisas reais e verdadeiras que se movem fora. (Este fora pode ter muitos significados, mas nada se compara com o fora da metafísica, lugar onde as coisas reais são gestadas e chegam à imanência por iluminação agostiniana. Na acepção de Marx a revolução iria ocorrer nos lugares onde houvesse maior desenvolvimento das forças produtivas; mas, donde veio o leninismo, contrariando lógica de gigantes? Se no marxismo não estava é porque veio de fora, foi exterior a ele. E este fora só poder ser a metafísica).

É verdade, os dois pés sobre os quais se apóia e se move a revolução – que por causa do pecado original estão presentes, e são necessários na confecção do conhecimento verdadeiro, no encontrar do caminho que conduz aos objetivos (logo os dois pés estão inseridos na mesma unidade, partes do mesmo processo. É que o Absoluto quando esgota todas as possibilidades e chega à conclusão que no caminho não está o que procura, então rompe com ele, se desfaz, defenestra-o, e dá meia-volta, criando um caminho inteiramente novo, aparentemente começando do zero (logicamente que não, porque é a partir do erro anterior revelado pela experiência). Foi o que aconteceu com Marx frente à Proudhon, com Lênin frente à Plekhanov e com Stálin frente a Trotsky) (Este par, no plano da transcendência, é o mesmo sujeito, mas também no plano da imanência, porque partidários do socialismo utópico se convenceram de que o caminho a seguir era o trazido por Marx e não o apontado por Proudhon, rompendo com ele, o mesmo se dizendo com os mencheviques que naquele final de 17 se passaram para o lado de Lênin e dos partidários da revolução conseqüente, pois que se conscientizaram de que a revolução, nas mãos em que estava, não tinha como prosseguir, mas que prosseguiria seguindo as diretrizes traçadas e apontadas por Lênin. E tudo voltou a acontecer com Stálin frente a Trotsky quando os revolucionários reconheceram que a revolução mundial, naquelas condições de precariedade, não tinha como se sustentar, rompendo com Trotsky e indo para o lado de Stálin, pois ele colocou como responsabilidade primeira dos revolucionários a construção do socialismo onde ele já tinha triunfado (e certamente que na mesma teia de raciocínio muitos vão argumentar: Lula Inácio é o cara do Obama, mas Adamir Gerson é o cara de Jesus Cristo (Apocalipse 11.15). Porque o homem de Deus José Carlos gc2912, Petrópolis, eleitor de Marina Silva, disse a respeito de Adamir Gerson: esse é o cara! Palavras que usou reagindo a um trabalho onde Adamir Gerson aborda a questão penitenciaria e judicial em nova perspectiva, sintética, que atende tanto aos interesses dos presos enquanto seres humanos como aos interesses da sociedade, protege tanto o preso como a sociedade. (Ora, se há, contudo, aqueles que continuaram seguindo Proudhon, Kerensky e Trotsky crendo piamente naquilo é por causa da Serpente Original, que perdeu uma batalha, não, porém, a guerra (só iria perder a guerra no seu choque final com o Filho do homem vindo com poder e grande glória, Apocalipse 20). E ela isola aspectos verdadeiros, separa-os, e através dele vai continuar a sua luta. Isolado de contexto, a revolução mundial preconizada por Trotsky era tudo o que os revolucionários queriam. Mas no contexto era tudo que tinham de evitar, pois, deveras, havia uma cascavel no caminho com o bote armado esperando a sua passagem. Prosseguindo. Pois é, a revolução, na sua marcha inexorável, depois dos pés de Marx, Lênin e Stálin transcenderam os pés de Proudhon, Plekhanov e Trotsky – os pés que agem transcenderem os pés que conversam, o acerto transcender o erro – agora chegou o tempo de ela dar novo salto de qualidade, com a condução do bastão revolucionário saindo agora de Lula e indo para Adamir Gerson. Mas agora, porque o absoluto hegeliano entrou em existência sintético-adulta (deixou para trás a sua existência adolescente-antitética), imprimindo espírito adulto e de reconciliação aos vetores que fazem o devir histórico, e surge o “espelho histórico”, que trás a oportunidade ímpar de personagens presentes conhecerem a si mesmos, não pelo que diz de si e nem pelo que dizem dele, mas através de fatos e personagens do passado – a título de exemplo, os intelectuais do PT olham no espelho histórico interpolado entre eles e se reconhecem os mesmos mencheviques que vieram a estar no poder. Nem mais nem menos. Olham na aliança política construída por Lula e reconhecem nela a mesma aliança política construída por Kerensky. Nem mais nem menos. Olham em Adamir Gerson e se lembra da chegada de Lênin na estação Finlândia... Mas, que um aprofundamento teológico leva o interlocutor a olhar retrospectivamente para bem mais longe, para aquele momento em que Jesus, querendo prefigurar de como seria a sua volta, então entrou triunfalmente em Jerusalém montado em uma jumentinha, com a multidão lançando à sua passagem peças de roupas e galhos de árvores, e dizendo: Bendito o que vem em nome do Senhor! (E a volta de Jesus é tão somente que a sua obra, toda a sua obra ao longo dos tempos, aparece junto em um só feixe. Foi por isso que vaticinou o profeta Zacarias: E Javé, meu Deus, certamente que chegará estando com ele todos os santos. Todos os santos foram responsáveis por uma obra de Jesus ao longo dos tempos).

Pois é, como agora a Razão Universal adentrou a sua existência adulta, o que hegelianamente quer dizer que o espírito do tempo se manifesta agora em nova figura, em nova figura histórica, e agora trazendo o selo da reconciliação, a tal ponto que nada que não se ajustar a este seu novo perfil será por ela anatematizado (é o tempo dos pacificadores de que falou Jesus, o tempo do feminino, do feminino cantado pelo Gilberto Gil – que nada, minha porção mulher, que até então se resguardara, é a porção melhor que em mim trago agora, e que me faz viver), ora, a verdade é que Lula mais uma vez se revelará um sujeito de sorte. Pois deveras nada do que alcançou Proudhon, nada do que alcançou Plekhanov e nada do que alcançou Trotsky alcançará Lula. Porque a Razão Universal está hoje “paz e amor”, descansando das responsabilidades em que em um mundo de brutos teve de agir como bruto. (Certamente que no panteísmo hegeliano este mundo de brutos é a própria Razão Universal, não existindo fora de si senão que é ela mesma. Pois que é o espírito do tempo realizando o tempo do espírito e é o tempo do espírito realizando o espírito do tempo, espírito do tempo e tempo do espírito que é a própria Razão Universal. Mas agora não é ocasião para se tratar deste assunto em pormenores).

É verdade, Lula não terá diante de si aquele Moisés que desceu do monte e se indignou; irado triturando o bezerro de ouro e passando ao fio da espada três mil que pulavam e dançavam diante dele e diziam: ó Israel, este é o Deus que te fez sair do Egito! Mas Lula terá diante de si Àquele que no caminho de Damasco reluziu a sua luz sobre Saulo de Tarso e o derrubou do cavalo, fazendo dele um novo homem, que deixou de estar a serviço de forças mortas para estar a serviço da vida.

Voltando ao Foco Pentecostalismo – Marxismo

Bem, na verdade o movimento pentecostal e o movimento comunista tiveram um nascimento idêntico, ao menos quanto à forma, em virtude de profecia concebida no Velho Testamento, por Isaías, e reforçada no Novo Testamento, pelo apóstolo Tiago.

De fato, o profeta Isaías, tomando os acontecimentos do Êxodo, então o projetou para o futuro. Um novo êxodo iria acontecer, com um novo Moisés. (O Relato analógico de Mateus sobre a volta de Moisés de Midiã para o Egito e a volta de Jesus do Egito para Israel não pode se encaixar neste vaticínio isaítico. De fato, a volta de Jesus não repete pura e simples a volta de Moisés. Não é um acontecimento que caminha paralelo, mas sim um acontecimento que o transcende. A volta de Moisés foi para conduzir um povo para Canaã, do corruptível para o corruptível, mas a de Jesus seria uma nova caminhada, do corruptível para o incorruptível, de Canaã para uma nova Canaã, a Celestial. De onde Moisés parou é de onde Jesus iniciava a sua caminhada. Quando compreendemos a caminhada do proletariado rumo ao socialismo, esta sim paralela ao êxodo israelita, é que compreendemos este vaticínio do profeta Isaías).

Prosseguindo. Vejamos, pois, o que nos legou Isaías: Naquele dia virá a haver um altar a Javé na terra do Egito, e uma coluna a Javé ao lado do seu termo. E terá de mostrar ser como sinal e como testemunha para Javé dos exércitos na terra do Egito; pois clamarão a Javé por causa dos opressores, e ele lhes enviará um salvador, sim, alguém grandioso, que realmente os livrará, 19.19-20.

O grande vaticínio de Tiago, que teólogos da Teologia da Libertação e marxistas com conhecimento da Palavra de Deus tomam como tendo sido uma profecia da revolução proletária, que naquele ano de 1917 destronou os poderosos do poder e fez recair misérias sobre os ricos, com eles sendo despedidos de mãos vazias e as suas riquezas indo saciar os humildes, ora, com certeza, absoluta certeza, Tiago concebeu seu vaticínio a partir do vaticínio de Isaías (19.19-20), assim como os vaticínios de Jesus constante em Mateus 21.43 foram a partir de Isaías 65. Uma análise hermenêutico-exegética assim o dirá. A diferença que se observa é que Tiago enriquece (explícita o que está potência em Isaías) de sociologia e de política o texto de Isaías. Tiago fornece as causas porque os pobres clamariam a Deus: os opressores não estavam lhes pagando segundo o que tinham direito. Daí estarem em sofrimento, ao passo que aqueles que se apoderavam do produto de seu trabalho estavam vivendo em luxo e entregues ao prazer sensual, como diz Tiago.

Ora, como as profecias se cumprem ao tempo devido, a verdade é que naquele início primeiro do século XX, Deus, vendo o sofrimento dos pobres na terra inteira, que já fora registrado por Marx no ano de 1844, no livro Manuscritos Econômico-Filosóficos, a verdade é que o mesmo Deus que ouviu o clamor do seu povo no Egito e lhes enviou Moisés portando a sua libertação, vai novamente intervir. E como o sofrimento dos pobres se dava em duas mãos, a opressão material, mas também a opressão espiritual; clamavam a Deus contra o peso do Egito sobre seus corpos, mas também contra o peso de Sodoma sobre suas almas, a libertação de Deus para eles iria ser total, absoluta. Deus iria mesmo fazê-los se sentar debaixo de sua videira, mas também debaixo de sua figueira, não havendo mais nada que os fizesse tremer, como foram as palavras que colocou na boca do profeta Miquéias (4.4).

E como o mover de Deus se dá na tríade hegeliana, tese, antítese e síntese, criando a antítese apartada e aparentemente sem qualquer ligação com a tese, todavia os reunificando na síntese, eis a razão porque naquele início do século XX nasceram os dois maiores movimentos sociais dos tempos modernos, o comunista e o pentecostal. Fora na verdade Deus respondendo ao clamor dos oprimidos. Mais tarde, na plenitude dos tempos escatológicos, então Deus iria realizar o seu momento de síntese, ocasião em que o povo marxista e o povo pentecostal iriam se reconhecer osso do mesmo osso e carne da mesma carne, um só espírito. Iriam descobrir que as suas ações, distantes uma da outra e com motivos distintos, aos olhos positivistas (da letra) sem qualquer relação entre si, na verdade elas estavam libertando os pobres de todo o seu sofrimento, quer o sofrimento material quer o sofrimento espiritual, e os conduzindo seguramente para a Nova Jerusalém. E neste momento, quando todas estas coisas estivessem acontecendo, nascendo o verdadeiro socialismo (que não é outro senão aquele conhece a ressurreição), que se levanta a partir do alicerce da religião e não contra ela, que preparou os corações, transformou odres velhos, cheios de egoísmo, e de intriga, e de inveja, e de ira, e de cobiça, e de contenda, em odres novos, para que o vinho novo do socialismo tivesse, então, realmente onde se abrigar, ora, a verdade é que neste momento as massas, nas ruas de Belém do Pará, nas ruas de Londrina, nas ruas de Presidente Prudente, não cessariam de cantar, com o rei Roberto Carlos: Essa luz é Jesus! Essa luz só pode ser Jesus! (E lá no Oriente Médio, analistas atentos, com os olhos do Espírito, se perguntarão: toda essa revolta que varreu os países árabes não eram na verdade que a força transcendente estava preparando os nossos corações para a chegada de Isaque, que sem sabermos era Madhi que aguardávamos? Destarte, o tempo de Ismael já não se esgotou em nós, com nós tendo de preparar as nossas casas para um novo existir e um novo caminhar? As notícias que estamos ouvindo do Brasil, não dizem respeito a nós também? Porque elas estão dizendo que toda a revolta que varreu os países socialistas no final da década de 80 é que na verdade se esgotou neles a sua existência de Esaú; e que após a partida de Esaú, eles iriam viver o nome tempo de Jacó, um socialismo ligado na transcendência: Ora, isto também não diz respeito a nós? Essa revolta que varre os países árabes não se assemelha à revolta que varreu os governos socialistas?).

Jacó e Esaú

O fato do movimento comunista e o movimento pentecostal terem nascidos em tempo igual e os seus dois criadores terem nascidos no mesmo ano e vivido o mesmo tempo de vida, sim, o fato de tanto o movimento comunista como o movimento pentecostal terem se lançado na libertação dos pobres, apenas que com intenção e motivo diferente, um de posse da sociologia espiritual e outro de posse da sociologia material, com a sociologia espiritual preparando ação e se engalfinhando contra os pecados da carne e a sociologia material preparando ação e se engalfinhando contra os pecados do dinheiro, ora, não se pode dizer que na verdade o que ocorreu naquele início do século XX foi que se deu o parto de Rebeca Espiritual? O que aconteceu de fato foi que veio haver gêmeos no seu ventre, com o movimento comunista representando Esaú, ao passo que o movimento pentecostal, Jacó?

É verdade, o socialismo iria realmente se manifestar em dois momentos distintos, um que traria o imperfeito e outro que traria o Perfeito. O imperfeito nasceria primeiro, mas depois daria lugar ao Perfeito. E o que iria os distinguir, basicamente, é que o imperfeito seria imperfeito porque nasceria desligado de religião e de transcendência, entendendo o Homem como sendo produto de si mesmo e responsável e dono de seu próprio destino, ao passo que o Perfeito iria nascer ligado a Religião e entendendo o Homem corpo da Transcendência e co-responsável e co-participante da luta de libertação. Um novo socialismo, novíssimo, que os marxistas, para não ganhar a pecha de Saulo de Tarso, iriam ter de lançar mão do Espelho Histórico para compreendê-lo e compreender a si mesmo, se situando no tempo e no espaço.

Então Adamir Gerson acabou de dizer que Jacó representou o Perfeito e Esaú, o imperfeito? Que o movimento pentecostal representa o Perfeito, ao passo que o movimento marxista, o imperfeito? Que isto nunca aconteça!

O que foi dito é que o verdadeiro socialismo, o Perfeito, começaria a ser construído a partir do movimento pentecostal, da espiritualidade que enforma o seu tecido e que não há como negar: é a mesma que Jesus tirou de si no caminho de Damasco e a plasmou no espírito de Saulo de Tarso. O que significa dizer que os pentecostais são novos pentecostais (não confundir com neopentecostalismo, que é a sua negação. Para fazer frente ao neopentecostalismo, talvez este novo pentecostal deva ser chamado simplesmente de pentecosocialismo), Pois que não se acha mais no patamar e existência do Jacó amado por Rebeca, mas do Jacó amado por Deus. Aquele novo Jacó, que reconheceu em Esaú o seu irmão e viu a sua face como tendo visto a face de Deus, os dois sendo portadores de riqueza.

Portanto um novo Pentecostalismo, que reconhece no Marxismo o seu irmão Esaú, e sabe que para retornar na sua terra natal chamada Jesus tem de ir ao seu encontro, e reconhecer nele a sua essência divina, e com a sua essência divina, a igualdade social, se pôr então a construir o Reino de Deus. Não re-construir o socialismo, mas a partir do socialismo, da sua essência verdadeira, então construir o reino de Deus.

E vale a recíproca, pois quando os marxistas olharem para o movimento religioso que nasceu no casarão metodista naquele ano de 1906 é então que conhecerão e reconhecerão os seus limites, mas também a sua eternidade. E ser-se neste momento que estarão entrando em processo de ressurreição, para se levantar em corpo novo, novíssimo, o corpo do judeu Marx que pela morte do socialismo se levantou em corpo de Jesus Cristo, e agora o socialismo principiando a atrair todos a si. Destarte, na reconciliação de pentecostais e marxistas é Isaque que se manifesta.

A Ressurreição Real do Marxismo

Em trabalho um tanto antigo, Adamir Gerson, dentre as inúmeras figuras do espírito, trouxe uma em que a volta de Jesus estava se dando no corpo do socialismo. O socialismo, sem que os homens soubessem, era na verdade o próprio Jesus. O Cristo de Nazaré andando novamente entre os homens, agora de forma espiritual, no corpo do socialismo.

E a volta de Jesus assim era apresentada tanto filogenicamente como ontogenicamente. Filogenicamente o corpo de Cristo-Socialismo recapitulava a história do povo hebreu, desde Abraão, passando por Moisés, Josué, até chegar a João Batista e em Jesus. E ontogenicamente o corpo de Cristo-Socialismo recapitulava os passos de Jesus, que ele deu desde a sua infância em Nazaré, passando pelo Jordão, até a sua morte e ressurreição.

O que seria a filogenia do corpo de Cristo-Socialismo em sua volta gloriosa para reger as nações com vara de ferro?

Que toda a marcha do povo hebreu até se consumar em Jesus ela foi recapitulada. Agora, porém, para produzir o outro lado. Quer dizer, todo o caminhar de Abraão a Jesus na verdade foi uma meia volta de 180 graus, negativos; e os 180 graus positivos iriam se iniciar em Marx, até a sua consumação no Filho do homem. Assim, Teologia e Antropologia formam uma volta completa, 360 graus. É neste momento que os acontecimentos negativos e positivos são unificados em um só corpo, se manifestando uma realidade totalmente nova em relação a estes momentos anteriores, assim como a realidade do adulto é inteiramente nova em relação ao sujeito infante e adolescente.

Neste primeiro momento Adamir Gerson vai mostrar a recapitulação de toda a história do povo hebreu que Deus tem feito no corpo do Cristo-Socialismo. A sua filogenia. E depois, num segundo momento, vai mostrar a recapitulação de toda a história de Jesus feita no corpo do Cristo-Socialismo. A sua ontogenia.

A Filogênia do Cristo-Socialismo

Marx – Abraão. Marx teria sido o antítipo de Abraão? Os 180 graus positivos para os seus 180 graus negativos? De fato, Marx se casando naquele ano de 1843 e deixando a sua pátria, a casa de seus pais, e começando a sua jornada revolucionária, foi na verdade o antítipo daquele momento em que Deus disse para Abraão: sai da tua casa, e do meio da tua parentela, para uma terra que te mostrarei. Se Canaã foi terra que Deus mostrou para Abraão, a “terra” que Deus mostrou para Marx foi o socialismo. Se Abraão, depois de finalmente ter chegado à Canaã e ter atravessado todo o país até o lugar de Siquém, perto das árvores grandes de Moré, tocando o lugar e o vendo com os próprios olhos, todavia protelou a sua conquista, pois a mesma estava ocupada pelos cananeus, a verdade é que Marx deixando para trás cada vez mais o regime da burguesia finalmente chegou ao socialismo. E atravessou todo o país, todo o socialismo utópico, até ao lugar do socialismo científico, perto das árvores grandes de Moré, perto do socialismo francês e do materialismo inglês.

Ora, Abraão depois que deixou a casa de seus pais e tornou-se peregrino pelo mundo, indo de acampamento em acampamento para o Negebe, e aonde quer que ia levantava um altar a Javé, que lhe apareceu, e começava a invocar o seu nome, de modo que Deus estava emergindo do oculto para o meio-dia, dos profundos para a superfície, tornando-se conhecido, ganhando nome e identidade, e competindo com os deuses, se revelando mais forte e mais poderoso, cada vez mais o Deus único, o criador de todas as coisas, ora, Marx depois que deixou a casa de seus pais e tornou-se peregrino pelo mundo, sendo enxotado de nação em nação, como Abraão, aonde quer que chegava levantava um altar à classe trabalhadora, que havia “lhe aparecido”, e começava a invocar o seu nome. Quer através de uma revista, de um livro, de uma palestra sempre mostrando o poder e a força dos trabalhadores. De modo que assim o Proletariado estava emergindo do oculto para o explícito do meio dia, se revelando uma nova classe social, ganhando nome, identidade, e se mostrando mais forte sobre seus adversários, como a classe social única, criadora de todas as coisas.

Há o episódio em que Abraão por causa da severa fome, enxotado pela fome, então entrou no Egito. E Abraão temendo pelo seu futuro, negou o que tinha de mais precioso, Sara, dizendo para o príncipe do Egito que ela era sua irmã. De modo que foi assim que Abraão entrou no Egito. Ora, sem dúvida isto foi o momento em que se abateu sobre toda a Europa a grande perseguição de 1848, ante a revolta popular. E Marx sem ter para onde ir tomou o rumo da Bélgica do rei Leopoldo, lugar em que ainda se respirava certa liberdade. E Marx abdicou do que tinha de mais precioso em sua vida, a sua universal luta revolucionária, sem fronteiras, ao se comprometer com a polícia belga que não iria desenvolver nenhuma atividade revolucionária junto aos trabalhadores belgas. De modo que foi assim que o rei Leopoldo permitiu a estadia de Marx em seu território.

E Faraó tomou Sara e a levou para si. Mas foi tocado por grandes pragas, descobrindo o engodo. Então expulsou Abraão de sua terra (Em vista disso Faraó chamou Abraão e disse: Que é isto que me fizeste? Por que não me informaste de que ela era tua esposa? Porque disseste: Ela é minha irmã. De modo que eu estava para tomá-la por minha esposa? E agora, eis a tua esposa. Toma-a e vai-te! E Faraó deu ordens aos homens concernente a ele, e foram escoltar a ele e a sua esposa, e a tudo o que tinha). E narra a Palavra de Deus que Abraão quando subiu do Egito de volta ao lugar onde armara sua tenda no início, entre Betel e Ai, saiu dali muito abastado de manadas, e de prata, e de ouro. Ora, não foi isto mesmo que veio a acontecer com Marx? Por causa das revoltas populares também na Bélgica, e porque Marx não cessara de modo algum a sua atividade revolucionária, finalmente o rei Leopoldo agiu e expulsou Marx de seu território. E Marx quando subiu da Bélgica de volta ao lugar onde no início armara a sua tenda revolucionária, as tabernas operárias de Paris, a verdade é que Marx subiu dali muito abastado em riquezas, em riquezas espirituais, pois foi na Bélgica do rei Leopoldo que Marx juntamente com Engels elaborou a grande riqueza dos trabalhadores, o Manifesto Comunista, que iria torná-los mais fortes do que todos os burgueses juntos.

E relata a Palavra de Deus que Abraão quando saiu de Harã para ser peregrino pelo mundo junto com ele seguiu Ló, seu sobrinho. E aonde quer que Abraão ia Ló estava com ele. De modo que quando Abraão entrou no Egito Ló entrou junto com ele. E narra a Palavra de Deus que quando Abraão foi expulso do Egito e subiu dali, junto com ele também subiu Ló. E diz o texto sagrado que Ló era também abastado de manadas, e de prata, e de ouro. Não só Abraão adquiriu riquezas, como também Ló (Ora, Ló, que acompanhava Abraão, também possuía ovelhas, e gado vacum, e tendas). Mas, não podemos dizer que Engels foi este Ló que Marx teve? Andando sempre junto com Marx, inseparáveis, Engels também não possuía a mesma riqueza intelectual que Marx possuía, a tal ponto que elaboraram muitos trabalhos em comum?

E o que dizer da grandíssima Jenny, esposa de Marx, não somente uma mulher belíssima como também culta e intelectualmente elevada: ela não nos faz lembrar a grandíssima e belíssima Sara? E Agar, a serva que acompanhou a família de Abraão por longo tempo, cuidando de tudo que tinha e sendo para ele uma segunda esposa, ao ponto que lhe deu um filho, Ismael, que as forças das circunstâncias obrigaram-no a rejeitar, ora, Agar não nos remete à doméstica Demuth Lenchen, que veio morar com a família de Marx quando tinha oito anos de vida e ficou com ele até a morte, tendo cuidado de tudo da família de Marx, espiritualmente falando, sendo para ele uma segunda esposa? (é certo, muito certo, que quando os celestiais estiverem dominando muitas mães irão dar às suas filhas no nascimento o nome de Jenisara, de Lenchenagar, até mesmo aos filhos, de Marxabrão, Abramarx, Engeló e etc.

Para terminar este adendo vale recordar que é de todo verdadeiro que Abraão teve do seu lado a um grande companheiro, Ló, inseparáveis em todos os momentos, mas que um dia o destino reservou aos dois a separação – Ora, Ló, que acompanhava Abrão, também possuía ovelhas, e gado vacum, e tendas. De modo que o país não permitia que morassem todos juntos, porque os seus bens tinham ficado numerosos e não podiam morar todos juntos. E surgiu uma altercação entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e naquele tempo morava no país o cananeu e o perizeu. Portanto, Abrão disse a Ló: Por favor, não continue qualquer altercação entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, pois nós homens somos irmãos. Não te está disponível todo o país? Por favor, separa-te de mim. Se fores para a esquerda, então hei de ir para a direita; mas se fores para a direita, então hei de ir para a esquerda. Ló levantou assim os seus olhos e viu todo o Distrito do Jordão, que todo ele era uma região bem regada, antes de Javé arruinar Sodoma e Gomorra, semelhante ao jardim de Javé, semelhante à terra do Egito, até Zoar. Ló escolheu então para si todo o Distrito do Jordão, e Ló mudou seu acampamento para o leste. Separaram-se assim um do outro. Abrão morava na terra de Canaã, mas Ló morava entre as cidades do Distrito. (Gênesis 13.5-13).

O que é isso? Qual o antítipo disto? Há algum acontecimento que podemos dizer de forma razoável e racional forma com ele um par? Por ventura que aqui haveria uma alusão aos fatos que levaram ao fim da Liga Comunista? Ela se tornara insuficiente para atender a demanda revolucionária, pois que após a revolução de 48, se agigantou com ela não dando mais conta do recado? O que teria sido isto? Por ventura que a divisão ocorrida entre as forças revolucionárias, dum lado Marx e Engels em Colônia e de outro Schapper e Willich em Londres, a primeira divisão que então se verifica no movimento revolucionário?

Teria sido isto ou podemos dizer que o antítipo da separação dos amigos inseparáveis Abraão e Ló foi mesmo tipológico para a separação havida entre os amigos inseparáveis, Marx e Engels? Com Engels indo residir em Manchester e Marx em Londres? Como explicar essa separação entre Marx e Engels por mais de vinte anos, e separados por uma distância de apenas trezentos quilômetros, senão que o resultado da separação de Abraão e Ló?

Lênin - Moisés. É verdade, a história do povo judeu nasceu mesmo com Abraão, mas não se encerrou com ele. Abraão fora apenas o seu início. Ela prosseguiu em outros vetores, e em novas giestas. De fato, depois de Abraão o que marcou presença forte no espírito do povo judeu foi mesmo Moisés, o libertador do cativeiro egípcio e o homem que os conduziu para a terra da promessa, vista antes por Abraão que acreditou piamente que aquela terra um dia iria ser morada eterna de sua descendência peregrina.

Ora, Moisés, um príncipe entre a corte de Faraó, por ter tomado o lado dos seus irmãos escravos, acabou indo ao exílio. E no exílio, depois de longo tempo, então ouviu a voz de Deus lhe chamar e lhe dizer para que voltasse ao Egito e libertasse seu povo, assegurando a sua volta por dizer-lhe que estavam mortos todos que buscavam a sua alma para tirá-la. De modo que Moisés finalmente concordou em voltar. Foi ao seu sogro Jetro e pediu permissão para voltar ao Egito. O que Jetro não somente concordou como lhe deu um jumento como meio de transporte. E Moisés tomou a sua família, sua esposa Zípora e seu filho Gerson, e os montou no jumento e passou a voltar ao Egito. Façamos a pergunta: o fato de Lênin ter voltado às costas para um futuro promissor que o esperava no reino do Czar e ter tomado o lado do povo oprimido, e por isso indo ao exílio, isto não faz de Lênin antítipo de Moisés? Certamente que sim, pois Lênin, depois de longo tempo no exílio, lhe veio notícia de que era para voltar para a Rússia e assumir o comando da revolução. De modo que Lênin por algum momento “hesitante” depois decidiu firme o seu retorno. Tendo ido ao Kaiser e lhe pedido permissão para atravessar o seu país na sua volta à Rússia, Kaiser não somente permitiu como lhe ofertou um trem blindado como meio de transporte no qual Lênin fez subir sua família de revolucionários e passou a voltar para a Rússia.

Relata a Palavra de Deus que quando Moisés voltava, porque se lhe apresentou dificuldades, então Deus foi até Arão, seu irmão, e pediu-lhe que fosse ao encontro de Moisés no monte do Verdadeiro Deus. E Arão fez exatamente assim, indo a Moisés e o encontrando no monte do Verdadeiro Deus e o beijou; e os dois selaram uma aliança de vitória, pois, deveras, foi a partir da união de Moisés com Arão que se tornou exeqüível a libertação dos oprimidos, pois Moisés era o cérebro da libertação, mas Arão foi aquele que o comunicou aos anciãos dos filhos de Israel, com eles acreditando piamente que Moisés fora mesmo um homem enviado por Deus para ser seu libertador.

Mas, não foi isto que presenciamos no antítipo? Lênin desembarcou na Estação Finlândia naquele abril de 17 e um mês depois chegou do exílio Trotsky. Tendo se encontrado com Lênin os dois selaram uma aliança que foi ela a responsável pela vitória da revolução, pois, deveras, enquanto Lênin era o seu cérebro pensante, Trotsky era o homem que o comunicava às massas. Trotsky fez exatamente o papel de Arão, sendo a boca com a qual Lênin falava e sendo os pés com os quais Lênin caminhava.

Relata a Palavra de Deus que assim que Moisés e Arão foram jubilados pelos Anciãos dos filhos de Israel, então os dois foram até Faraó a fim de pedir a libertação do povo de Deus. E Faraó não somente recusou como os expulsou de diante de sua face, iniciando naquele instante uma severa perseguição aos filhos de Israel, dobrando-lhes o trabalho escravo – E posteriormente, Moisés e Arão entraram e passaram a dizer a Faraó: Assim disse Javé, o Deus de Israel: Manda embora meu povo, para que me celebre uma festividade no deserto. Mas Faraó disse: Quem é Javé, que eu deva obedecer? À sua voz para mandar Israel embora? Não conheço Javé, e ainda mais, não vou mandar Israel embora. No entanto, prosseguiram, dizendo: O Deus dos hebreus entrou em contato conosco. Por favor, queremos ir numa jornada de três dias ao deserto e oferecer sacrifícios a Javé, nosso Deus; senão ele poderia acometer-nos com pestilência ou com a espada. A isso lhe disse o rei do Egito: Por que é, Moisés e Arão, que fazeis o povo largar os seus trabalhos? Ide aos vossos fardos! E Faraó continuou: Eis que o povo do país é agora muito e vós deveras o fazeis desistir dos seus fardos (Êxodo 5.1-5).

O que é isso? Esta ida de Moisés e Arão até Faraó clamando por libertação, e naquele momento tendo entrado pela primeira vez cara a cara com Faraó, teria sido o momento das gloriosas Jornadas de Julho? A primeira investida dos revolucionários para chacoalhar a revolução e fazer separação entre os que eram a favor dos oprimidos e os que usavam os oprimidos para seus fins políticos?

Relata a Palavra de Deus que depois que Moisés e Arão entraram até Faraó e foi expulso de sua face então ele desencadeou uma feroz perseguição aos filhos de Israel a fim de quebrar-lhes a resistência e a confiança na libertação. De modo que o povo sentiu na carne a opressão dobrada de Faraó. – Os oficiais dos filhos de Israel viram-se então num sério apuro ao se dizer: Não deveis reduzir em nada os vossos tijolos da porção diária de cada um. Depois se encontraram com Moisés e Arão, que estavam para ali à espera deles ao saírem de diante de Faraó. Disseram-lhes imediatamente: Que Javé olhe para vós e julgue, visto que nos fizeste cheirar mal perante Faraó e perante os seus servos, de modo a pôr uma espada na mão deles para nos matarem. Moisés voltou-se então para Javé e disse: Javé, porque causaste o mal a este povo? Por que é que me enviaste? Pois, desde que compareci perante Faraó para falar em teu nome, ele tem feito o mal a este povo, e tu de modo algum livraste o teu povo (Êxodo 5.19-23).

O que é isso? Por ventura que isto é uma referência direta a tudo que sucedeu com os revolucionários logo após as Jornadas de Julho, com Kerensky irado passando a desencadear uma grande perseguição contra os líderes e o povo revolucionário? Prendeu Trotsky e só não deitou a mão no Lênin porque se escondeu num monte de feno?

Relata a Palavra de Deus que Javé então lutando contra Faraó por enviar-lhes pragas, uma após outra, o que sucede é que por ocasião da décima praga então ela caiu sobre Faraó e seu reino à meia-noite. Foi à meia-noite que os filhos de Israel começaram a ser libertos do Egito – E sucedeu, à meia-noite, que Javé golpeou todo primogênito na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó sentado no seu trono, até o primogênito do cativo que se achava na masmorra, e todo primogênito de animal. Faraó levantou-se então durante a noite, ele e todos os seus servos, e todos os demais egípcios; e começou a levantar-se um grande clamor entre os egípcios, pois não havia casa em que não houvesse um morto. Ele chamou imediatamente Moisés e Arão, à noite, e disse: Levantai-vos, saí do meio do meu povo, tanto vós como os demais filhos de Israel, e ide, servi a Javé, assim como declarastes. Tomai tanto os vossos rebanhos como as vossas manadas, assim como declarastes, e ide. Também, além disso, tereis de abençoar-me. E os egípcios começaram a pressionar o povo, a fim de mandá-los depressa para fora do país, porque, disseram eles, a bem dizer já estamos todos mortos (Êxodo 12.29-33)

O que teria sido isto? Por ventura que o fato concreto de que a revolução começou exatamente à meia-noite quando Lênin, disfarçado com uma atadura sobre a cabeça, saiu do esconderijo e se dirigiu ao Smolny, convento que foi transformado pelos revolucionários em quartel-general da revolução, e depois de vencer a resistência das sentinelas, que não sabia quem era então subiu para os andares de cima onde estavam os outros líderes revolucionários, e, assumindo o comando de tudo, então ordenou o início da revolução, de uma revolução que iria ser o maior acontecimento político-social de todos os tempos e uma revolução que iria cumprir milenares profecias, desde as mais remotas contidas no livro de Jó – Engoliu riqueza, mas ele a vomitará; Deus a desalojará do próprio ventre dele. Sugará o veneno das najas; A língua duma víbora o matará. Nunca verá os cursos de água, os rios torrenciais de mel e manteiga. Restituirá a sua propriedade adquirida e não a engolirá; Como a riqueza proveniente do seu intercâmbio, mas com a qual não se regalará. Pois tem esmagado, tem abandonado os de condição humilde; Tem arrebatado a própria casa que não passara a construir (20) – até a profecia contida no capítulo 5 do livro de São Tiago.

Relata a Palavra de Deus que quando o seu povo finalmente escapou do Egito então o coração de Faraó começou a mudar. Crendo que eles não tinham nenhum futuro, pois marchavam na direção do deserto de onde não tinham para onde sair, ficando encerrado ali, então Faraó começou a preparar as suas forças militares a fim de ir atrás do povo e os trazer de volta à casa dos escravos – Javé falou então a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que voltem e se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, à vista de Baal-Zefom. Deveis acampar-vos defronte dele, junto ao mar. Faraó certamente dirá então com respeito aos filhos de Israel: Estão vagueando em confusão pelo país. O deserto os encerrou. Assim, hei de deixar o coração de Faraó ficar obstinado e ele certamente ir-se-á no encalço deles, e eu obterei glória para mim por meio de Faraó e todas as suas forças militares; e os egípcios saberão certamente que eu sou Javé. (Êxodo 14.1-4).

O que é isso? Por ventura de que o fato ocorrido com as nações imperialistas que quando foram informados de que os bolcheviques tinham feito a revolução então cortaram todas as relações com o novo governo? De modo que a Rússia veio a ficar isolada do resto do mundo?

E qual o profundo significa do Faraó certamente dirá então com respeito aos filhos de Israel; Estão vagueando em confusão pelo país. O deserto os encerrou? Teria sido o fato concreto de que os bolcheviques não se entendiam entre si, a tal ponto que os ministros nomeados por Lênin todos apresentaram a sua carta de renúncia, somente Lênin e Trotsky tendo ficado firmes nos seus postos, como diz John Reed no seu livro OS DEZ DIAS QUE ABALARAM O MUNDO? (Certamente que outros líderes também permaneceram firmes nos seus postos, e não apenas Lênin e Trotsky, supondo que John Reed se firmou nos dois por causa da tipologia, Moisés e Arão). As dissensões entre os próprios líderes bolcheviques, com uns querendo dividir o peso da revolução com outras forças revolucionárias, mas Lênin permanecendo irredutível no exclusivismo bolchevique revelou ao mundo a imagem de que os bolcheviques estavam perdidos no poder? De modo que o isolamento e também a falta de unidade interna trata-se mesmo do estão vagueando em confusão pelo país. O deserto os encerrou?

Relata a Palavra de Deus que o povo quando finalmente ficou liberto de Faraó e principiou a deixar o país, então começaram a cozer bolos redondos, pães não fermentados, da massa que trouxeram do Egito, porque não tinha levedado, pois tinham sido expulsos do Egito e não podiam se demorar, nem tampouco tinha preparado provisões para si (Êxodo 12.39).

O que é isso? Por ventura que aqui está o fato de que o socialismo começou a ser construído na Rússia sem que tivesse passado por fases de preparação? Começaram a construir o socialismo não sobre os escombros do capitalismo, mas sobre os escombros do feudalismo? De modo que o profundo significado da massa não ter levedado é que o país não estava pronto para o socialismo, o que Lênin teria reconhecido ao ter lançado a NEP?

Relata a Palavra de Deus que quando o seu povo finalmente escapou do jugo de Faraó e tomou o caminho da liberdade, juntamente com ele subiu uma vasta mistura de povos que também vivia oprimido no Egito – E com eles subiu também uma vasta mistura de gente, bem como rebanhos e manadas, numerosíssima criação de animais (Êxodo 12.38).

Isto teria sido o fato concreto de que juntamente com o povo russo uma grande variedade de povos, que também viviam oprimidos no reino do Czar, aproveitou a oportunidade da revolução e também escaparam junto? Uma variedade de povos muito grande, cerca de duzentos povos de linhagem diferente, que os líderes da revolução tiveram que criar um ministério especialmente para cuidar do assunto, com Stálin estando nas suas responsabilidades? (Vale acrescentar que esta multidão de povos que escaparam junto com os hebreus e seguiram junto a eles mais na frente a Escrituras voltam a falar sobre eles. Está ali em Números 11 como segue: E a multidão mista que havia no seu meio expressou almejos egoístas, e também os filhos de Israel começaram a chorar novamente e a dizer: Quem nos dará carne para comer? Como nos lembramos dos peixes que costumávamos comer de graça no Egito, dos pepinos e das melancias, e dos alhos-porros, e das cebolas, e do alho. Mas agora a nossa alma está ressequida. Nossos olhos não vêem nada senão o maná. Podemos dizer que aqui estamos diante do fato que levou à desintegração da União Soviética com os vários povos no seu meio buscando a sua independência, isto é, viver desligado do coletivo nacional? Não só as várias nacionalidades que compunham o território da União Soviética, mas o próprio povo russo, pois é dito que até os filhos de Israel começaram a chorar novamente? O que é o maná que seus olhos não viam nada senão ele? Por ventura que o levantar-se e o deitar-se e fazer sempre a mesma coisa? O que é significativo de que ali faltava alguma coisa que fosse de suma importância, que saciasse jamais aqueles corações, ao contrário do econômico que os saciou e os empanturrou? Coisa esta de suma importância que entendemos claro a Transcendência?)

Prosseguindo. Relata a Palavra de Deus que quando o povo finalmente escapou do Egito e ganhou o rumo de Canaã então Faraó “se arrependeu” e passou a ajuntar seu povo a fim de ir atrás dos escravos fugitivos e os trazer de volta – Mais tarde foi comunicado ao rei do Egito que o povo tinha fugido. O coração de Faraó, bem como dos seus servos, mudou imediatamente para com o povo, de modo que disseram: Que é que fizemos, despedindo Israel de trabalhar como escravos para nós? De modo que passou a aprontar seus carros de guerra e tomou consigo seu povo. E passou a tomar seiscentos carros seletos e todos os outros carros do Egito, e guerreiros em cada um deles. Assim Javé deixou ficar obstinado o coração de Faraó, rei do Egito, e este foi no encalço dos filhos de Israel, enquanto os filhos de Israel saiam de mão erguida. E os egípcios foram no encalço dele, e todos os cavalos dos carros de Faraó, e os seus cavalarianos, e suas forças militares os alcançaram enquanto estavam acampados junto ao mar, junto a Pi-Hairote, à vista de Baal-Zefom. (Êxodo 14.5-9).

O que é isso? O que seria este mais tarde foi comunicado ao rei do Egito que o povo tinha fugido? Ora, a revolução aconteceu no dia 7 de novembro. Mas na véspera o embaixador dos Estados Unidos tinha comunicado seu país que tudo estava normal em Petrogrado, e que não havia indício de que os bolcheviques fossem tomar o poder. E o certo é que a revolução aconteceu no dia 7 de novembro e é certo que mais tarde, foi comunicado às nações imperialistas que a revolução tinha acontecido na Rússia e que o poder estava agora nas mãos dos bolcheviques... Eles fizeram a revolução, escaparam da masmorra de Faraó... De modo que as nações imperialistas começaram a preparar as suas forças militares a fim de intervir na Rússia contra o recém-instalado governo bolchevique. O povo trabalhava como escravos para eles, mas agora deixaram de fazê-lo. Eram livres, e isto eles não estavam dispostos a permitir.

Relata a Palavra de Deus que quando as forças de Faraó foram atrás do povo liberto e eles olharam para trás e viram as forças de Faraó vindo no seu encalso então aqueles que não tiveram fé na vitória do povo escravo e duvidaram de que Moisés pudesse levá-los a Canaã começaram a lançar na sua face o grande mal que fez ao povo hebreu, tirando-os da casa dos escravos, mas apenas os levando para ser mortos no deserto – Quando Faraó chegou perto, os filhos de Israel começaram a levantar os olhos e eis que os egípcios vinham marchando atrás deles; e os filhos de Israel ficaram muito amedrontados e começaram a clamar a Javé. E passaram a dizer a Moisés: É porque não há nenhumas sepulturas no Egito que nos trouxestes para cá, para morrermos no deserto? Que é que nos fizeste, conduzindo-nos para fora do Egito? Não foi esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, para servirmos os egípcios? Pois é melhor servirmos os egípcios do que morrermos no deserto. Moisés disse então ao povo: Não tenhais medo. Mantende-vos firmes e vede a salvação da parte de Javé, que ele realizará hoje para vós. Pois os egípcios que hoje deveras vede, nunca mais vereis, não, nunca mais. O próprio Javé lutará por vós e vós mesmo ficareis calados (Êxodo 14.10-14).

O que é isso? Por ventura que quando se manifestou a dura reação contra os bolcheviques, não só a interna, mas também a externa representada pelas nações imperialistas, aqueles revolucionários que nos primeiros minutos da revolução começaram a questionar Lênin e a dizer-lhe que deveria repartir os fardos da revolução com outras forças revolucionárias, pois os bolcheviques iriam ficar isolados, atraindo sobre si a ira de todos, que naquele momento concreto em que isto veio ser realidade não é que eles tivessem falados: Não tínhamos lhe falado Lênin, que apenas estava nos trazendo para morrermos no deserto? E agora como iremos escapar desta enrascada que nos meteu?

Relata a Palavra de Deus que quando os filhos de Israel levantaram seus olhos e viram que Faraó vinha marchando atrás deles então ficaram muito amedrontados, pois, deveras, ficaram sem escape, pois estavam impedidos pelas águas do mar e atrás vinha as forças de Faraó – Quando Faraó chegou perto, os filhos de Israel começaram a levantar os olhos e eis que os egípcios vinham marchando atrás deles; e os filhos de Israel ficaram muito amedrontados e começaram a clamar a Javé (Êxodo 14.10).

O que é isso? Por ventura que a difícil situação do povo que se libertara da escravidão do Czar, pois dum lado tinham a contra-revolução interna e do outro a invasão das nações imperialistas? De modo que ficaram literalmente na situação dos escravos saídos do Egito, espremidos entre seus inimigos internos e agora entre seus inimigos externos?

Relata a Palavra de Deus que quando viram que era assim, não podiam avançar porque impedidos pelas águas do mar e na sua retaguarda vinham as forças de Faraó, foi então que começou a dar-se a intervenção de Deus. Ele iria lutar pelo seu povo – Então o anjo do verdadeiro Deus que ia na frente do acampamento de Israel, afastou-se e foi para a sua retaguarda, e a coluna de nuvem afastou-se de sua vanguarda e pôs-se na retaguarda deles. Assim veio a estar entre o acampamento dos egípcios e o acampamento de Israel. Dum lado mostrou-se uma luz com escuridão. Do outro lado iluminava a noite. E este grupo não chegava perto daquele grupo durante toda a noite (Êxodo 14.19-20).

O que é isso? Por ventura que o fato concreto que veio acontecer na Rússia com os bolcheviques parecendo estar se movendo sob a luz ao passo que seus inimigos pareciam que eles se moviam sobre a escuridão? E este grupo não chegava perto daquele grupo durante toda aquela noite não é que durante os anos de guerra os inimigos dos revolucionários bolcheviques jamais conseguiram chegar onde estava o governo revolucionário comandando a luta contra os reacionários, o mais perto que conseguiram chegar foi em Tsarko-Selo? Embora eles dissessem que só mais um pouquinho e iriam chegar à Moscou e deitar a mão em Lênin e em todos os líderes revolucionários? O que é isso que o anjo do Verdadeiro Deus ia na frente do acampamento de Israel, de dia numa coluna de nuvem e de noite numa coluna de fogo? Que a revolução na verdade é conduzida por Deus e não por Internacionais que pode sim ser o lado visível desta sua condução?

Relata a Palavra de Deus que quando Deus decidiu intervir então mandou Moisés estender a mão sobre o mar. E Javé começou então a fazer o mar retroceder por meio dum forte vento oriental, durante toda a noite, e a converter o leito do mar em solo seco, de modo que as águas foram partidas. Por fim, os filhos de Israel passaram pelo meio do mar em terra seca, enquanto as águas eram para eles como muralha à sua direita e à sua esquerda. E os egípcios foram no encalço deles, e todos os carros de Faraó, seus carros de guerra e seus cavalarianos começaram a entrar atrás deles no meio do mar. E sucedeu, durante a vigília da madrugada, que Javé começou a olhar para o acampamento dos egípcios, desde a coluna de fogo e de nuvem, e passou a lançar o acampamento dos egípcios em confusão. E ele desprendia as rodas dos seus carros, de modo que os dirigiam com dificuldade; e os egípcios começaram a dizer: fujamos de qualquer contato com Israel, porque Javé certamente está lutando por eles contra os egípcios (Êxodo 14.21-25).

O que é isso? Estamos aqui diante do fato concreto de que as forças contra-revolucionárias realmente vieram estar em grande confusão, não sabendo como conduzir a guerra? A tal ponto que historiadores dizem que os bolcheviques venceram unicamente por causa da desunião dos seus inimigos? E ele desprendia as rodas dos seus carros, de modo que os dirigiam com dificuldade... Franceses enviados pelo seu governo para combater na Rússia ao lado das forças contra-revolucionárias no caminho os marinheiros se rebelaram e desistiram de prosseguir caminho... De modo que os dirigiam com dificuldade... E passaram a dizer: fujamos de qualquer contato com os bolcheviques, pois as massas populares certamente estão lutando por eles contra nós... Enviavam soldados para combater na Rússia, mas eram alcançados pela propaganda bolchevique que os esclareciam da verdadeira natureza daquela guerra. E quando descobriam toda a verdade então se passavam para o lado bolchevique..

Relata a Palavra de Deus que finalmente Javé disse a Moisés: Estende tua mão sobre o mar, para que as águas voltem sobre os egípcios, sobre seus carros de guerra e sobre seus cavalarianos. Moisés estendeu imediatamente a mão sobre o mar, e, ao amanhecer, o mar começou a voltar ao seu estado normal. Nesse ínterim, os egípcios fugiam do seu encontro com ele, mas Javé desembaraçou-se dos egípcios no meio do mar. E as águas voltavam. Por fim cobriam os carros de guerra e os cavalarianos, pertencentes a todas as forças militares de Faraó e que haviam entrado no mar atrás deles. Nem mesmo um só deles se deixou sobrar. Quanto aos filhos de Israel, andaram em terra seca no meio do leito do mar, e as águas foram para eles como muralha à sua direita e à sua esquerda. Assim, naquele dia, Javé salvou Israel das mãos dos egípcios e Israel chegou a ver os egípcios mortos à beira do mar. Israel chegou também a ver a grande mão que Javé pôs em ação contra os egípcios; e o povo começou a temer Javé e a ter fé em Javé e em Moisés, seu servo (Êxodo 14.26-31).

O que é isso? Que as águas que se voltaram contra as forças militares dos egípcios foram as forças revolucionárias que se voltaram contra as nações invasoras? E as águas que os cobriam era a vitória que o povo revolucionário estava tendo sobre seus inimigos? E nem um deles se deixou sobrar... No território revolucionário... E Israel chegou a ver os egípcios mortos à beira do mar... Na Rússia de forma espiritual, mas em Cuba na Baía dos Porcos de forma literal... O povo cubano pode vê-los mortos na beira do mar, boiando na água e as ondas levando seus cadáveres para a praia, assim como ocorreu com os egípcios...

E o povo começou a temer Javé... O que seria isso? Por ventura que está próximo o tempo em que os marxistas irão temer Javé, conscientes de que não foram homens, mas, sim, Deus que deu a vitória ao povo revolucionário?

Relata a Palavra de Deus que depois que se confirmou e se consagrou a vitória do povo saído do Egito contra as forças de Faraó então Moisés e os filhos de Israel passaram a entoar um cântico, um cântico de vitória, que convém transcrever uma de suas estrofes: O inimigo disse: Perseguirei! Alcançarei! Repartirei os despojos! Minha alma se encherá deles! Puxarei da minha espada! Minha mão os desalojará! (Êxodo 15.9).

O que é isso? Não foi tudo isto que disseram as nações imperialistas quando naquele ano de 1918 decidiram intervir no território revolucionário? Não tinham como certo que iriam repartir os despojos entre si? Que os iria desalojar? Mas, como segue o cântico de vitória... Sopraste com o teu fôlego, o mar os cobriu; Afundaram como chumbo em águas majestosas... Quem entre os deuses é semelhante a ti, ó Javé? Quem é semelhante a ti, mostrando-se poderoso em santidade? Aquele a ser temido com cânticos de louvor, Aquele que faz maravilhas. Estendeste a tua direita, e a terra passou a engoli-los. Tu, na tu benevolência, guiaste o povo que recuperaste; Tu, na tua força, certamente os conduzirás ao teu santo lugar de permanência...

Relata a Palavra de Deus que no tempo em que Faraó mandou o povo embora, que Deus não os guiou pelo caminho da terra dos filisteus, só porque era perto, pois Deus disse: Talvez o povo deplore isso ao virem a guerra e certamente retornem ao Egito. Deus fez por isso o povo dar volta pelo caminho do Mar Vermelho. Mas, foi em formação de batalha que os filhos de Israel subiram da terra do Egito. E Moisés levou consigo os ossos de José, porque este havia feito os filhos de Israel jurar solenemente, dizendo: Deus, sem falta, voltará a sua atenção para vós e tereis de levar meus ossos convosco para fora daqui. Êxodo 13.17-19.

O que é isso? Estamos aqui diante do lançamento da NEP por parte do Lênin? A NEP não foi isto? Implantar o comunismo logo após a vitória sobre o mundo “era perto”, afinal todos os obstáculos tinham sido removidos do caminho. Mas Lênin sentiu que o povo não estava suficientemente preparado para o socialismo, e que as dificuldades iniciais de sua implantação iriam ser aproveitadas pelas forças contra-revolucionárias que iriam lançar as massas contra o próprio governo comunista, e, assim, acabariam retornando ao capitalismo.

Não podemos dizer que a NEP, um contorno para se chegar ao socialismo, é prova inconteste de que a Revolução se move no corpo de Deus? Quando Lênin lançava a NEP era na verdade o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó tomando medidas segundo o que estava na tipologia, como o crescimento do fruto é segundo o que está em sua semente? Mesmo porque a NEP nunca esteve na cabeça de Lênin senão que se manifestou nele naquele momento preciso da chegada da implantação do socialismo.

Para encerrar esta epígrafe Adamir Gerson vai lançar mão de um adendo que era para ter sido abordado no começo desta epígrafe.

Ora, o livro do Êxodo trás no seu início as imagens dos hebreus entrando no Egito. Uma fome severa se abatera sobre a terra e ouviram que no Egito havia alimento para todos. E uma vez no Egito, morando apartados na terra de Gózen, não tardou e logo foram convertidos em escravos. Como cresciam e se multiplicavam, os egípcios passaram a sentir por eles um pavor mórbido, pois, deveras, temiam que eles pudessem ser acrescentados aos que os odiavam e sair do país – E os filhos de Israel tornaram-se fecundos e começaram a pulular; e multiplicavam-se e tornavam-se mais fortes numa proporção extraordinariamente grande, de modo que o país ficou cheio deles. Com o tempo se levantou um novo rei sobre o Egito, que não conhecia a José. E ele passou a dizer a seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós. Vamos! Lidemos com eles astutamente, para que não se multiplicam e suceda que, caso nos sobrevenha uma guerra, eles certamente sejam também acrescentados aos que nos odeiam e lutem contra nós, e subam, saindo do país (Êxodo 1.7-10)

O que é isso? Os hebreus terem entrado no Egito tangido pela severa fome, pois ouviram que no Egito era lugar de fartura e que tinha alimento para todos, teria sido o fato concreto de que o lumpen proletário começou a deixar o campo e a ir para os nascentes centros industriais? Com a promessa de que neles as suas vidas iriam mudar, e mudar para melhor? E uma vez nas cidades, morando apartados em favelas, a verdade é que acabaram se tornando em escravos da burguesia?

E o que teria sido a “astúcia” de Faraó? O que teria sido o “lidemos com eles astutamente, para que não se multipliquem e suceda que, caso nos sobrevenha uma guerra, eles certamente sejam também acrescentados aos que nos odeiam, lutando e subindo do país?” Esta astúcia teria sido a criação da Duma logo após a revolução de 1905? Afinal a Duma foi concebida como forma de aplacar a ira e a revolta do povo russo contra a autocracia.

Ou seria mais crível dizer que a “astúcia de Faraó” foi mesmo a “libertação” da servidão em 1861, feita pelo Czar Alexandre II? Afinal ela já foi uma tentativa de se conter o grande descontentamento do campesinato russo, que, aliado às crescentes atividades revolucionárias, que a partir da revolução de 1848 se multiplicou por toda a Europa, podia muito bem fazer com que os camponeses russos, da noite pro dia, pendessem para o lado da revolução que então já se esboçava, se unindo aos revolucionários e destruindo com a autocracia russa.

Stálin - Josué. Foi feito uma recapitulação da história do povo hebreu, desde Abraão até Moisés, onde se procurou mostrar que a Revolução se desenvolve a partir da história do povo hebreu, não saindo jamais fora do seu desenvolvimento. Destarte, tendo sido mostrado os acontecimentos que envolveram Abraão e Marx e Moisés e Lênin agora chegou o momento de se falar e de se recapitular a história de Josué, saindo agora de Abraão e Moisés para Josué, mas também de Marx e Lênin para Stálin.

Ora, se Marx e Lênin foram antítipos de Abraão e Moisés respectivamente, Stálin teria sido antítipo de Josué? Só podemos dizer que sim, pelo seguinte: É verdade, Moisés e Arão foram os homens da revolta hebréia e os homens que libertaram o povo escravo o conduzindo na direção de Canaã. Mas não foram eles quem guiou o povo em Canaã, mas outro. A rigor, Moisés foi levado ao alto do monte Nebo, ao cume do Pisga, e dali foi-lhe mostrado toda a terra de Canaã do outro lado, que a ele se permitiu contemplar com os olhos, mas que ele mesmo não entraria nela. Ora, é sabido que naqueles dias críticos da revolução, os anos de 17, 18 e 19, os dois homens que estiveram no comando da revolução e foram responsáveis pela sua vitória foram Lênin e Trotsky. Fizeram a revolução, tiraram o povo da escravidão do czarismo, mas não foram os dois quem introduziu o povo liberto no socialismo. A rigor, podemos dizer mesmo que Lênin subiu ao alto do monte da NEP e dali avistou do outro lado o socialismo, terra da promessa do proletariado, que ele mesmo não entrou nela, um outro entrou no seu lugar, Stálin.

Êxodo 23.20 – 33 trás a descrição de um “anjo” que dizemos só pode ser referência direta a Stálin, à obra que ele realizou em prol do socialismo. Já no seu início se é possível detectar a presença de Stálin – Eis que envio um anjo diante de ti para guardar-te pela estrada e para introduzir-te no lugar que preparei. Guarda-te por causa dele e obedece à sua voz. Não te comportes rebeldemente contra ele, pois não perdoará a vossa transgressão; porque meu nome está nele.

Quem é este anjo? É Stálin? Pela descrição não, trata-se de uma entidade espiritual, pois é dito que ele não somente tinha a missão de introduzir o povo saído do Egito como também a missão de guardar o povo pela estrada. Ora, Stálin introduziu o povo em Canaã, mas quem guiou o povo pela estrada foi Moisés. Logo se entende claro que os transcendendo havia esta entidade espiritual, este anjo, que tanto guiou os passos de Moisés e de Arão como os passos de Josué e de Calebe.

Mas, este anjo que tanto se revelou em Moisés, também se revelou em Josué, e devemos compreender esta passagem de Êxodo como uma referência direta ao seu agir por intermédio de Josué. Ora, se foi por intermédio de Josué, também o foi por intermédio de Stálin.

Ora, quando é dito que este anjo iria adiante do povo e que ele o levaria aos amorreus, e aos hititas, e aos perizeus, e aos cananeus, aos heveus e aos jebuseus, e Javé certamente os eliminaria, é certo que estes sete povos – pois falta serem nomeado os girgazeus – representam a totalidade das classes sociais que compõem o mosaico dos opressores, comerciantes, industriais, banqueiros, latifundiários, comandantes militares, clero e etc. E se a revolução teve de eliminar a todos eles como condição de criar o socialismo, e ela o fez por intermédio de Stálin, então temos razão de sobra para afirmar que este anjo que ia à frente do povo, fez a sua obra por intermédio de Stálin.

E como entender o texto bíblico quando este diz que Javé ordenou aos filhos de Israel que não se curvassem diante dos seus deuses, e nem era para ser induzido a servi-los, e não fazer nada semelhante ao serviço deles, mas, sem falta era para derrubá-los e sem falta era para destroçar as suas colunas sagradas; de modo a servir unicamente a Javé. Talvez estejam aqui os motivos maiores porque os revolucionários marxistas eram radicalmente contra toda e qualquer religião? Agiam segundo os desígnios divinos? De modo que se entende claro que servir a estas religiões era não servir a Deus, mas servir a Deus era o trabalho da construção do socialismo?

As religiões que os revolucionários marxistas tiveram pela frente então não eram religião de Deus? Ser religião não quer dizer necessariamente que seja religião de Deus. A religião de Deus existe unicamente no serviço aos pobres e às necessidades da sociedade. A religião de Deus tem preocupação única com o pobre, com o semelhante, com o próximo. Foi assim com o nascente cristianismo, que, ao contrário das religiões existentes, que se ia aos templos em busca de uma graça pessoal, o nascente cristianismo ensinava que a graça pessoal era conseguida na medida em que se prestava serviço aos pobres e aos necessitados. Os deuses estavam nos templos, mas Deus estava naqueles que sofriam e não tinham ajudador.

As religiões da Cristandade, que os revolucionários tiveram pela frente, então não eram religião de Deus? De uma coisa temos certeza absoluta: se os revolucionários marxistas tivessem encontrado pela frente a religião representada pelas Cebs, e a religião representada pelos pentecostais, os revolucionários marxistas não somente não tinham castigado as religiões da cristandade, mas, pelo contrário, tinham se convertido a Deus.

“E enviarei o horror de mim na tua frente e certamente lançarei em confusão todo o povo entre o qual virás a estar, e deveras te darei a cerviz de todos os teus inimigos. E vou enviar na tua frente o sentimento de desânimo, e este simplesmente expulsará de diante de ti os heveus, os cananeus e os hititas. Não os expulsarei de diante de ti em um só ano, para que o país não se torne um baldio desolado e os animais selváticos realmente não se multipliquem contra ti. Pouco a pouco os expulsarei de diante de ti, até que te tornes fecundo e realmente tome posse do país”.

Este tópico já foi comentado no presente trabalho, opondo a visão de Stálin, de que a revolução tinha de primeiro se solidificar onde conquistou a vitória, à visão de Trotsky, que não queria interrupção na ação mundializada da revolucionária. E basta.

Assembléia de Deus

Neste ano de 2011 a igreja evangélica Assembléia de Deus está comemorando o centenário do seu nascimento no Brasil, que se deu naquele ano de 1911, na cidade de Belém do Pará, quando dois missionários nórdicos, Gunnar Vingren e Daniel Berg, que beberam e se alimentaram do Espírito no casarão metodista situado na Rua Azusa, em Los Angeles, lançaram as bases do seu nascimento.

E é certo que em todo o Brasil todo e qualquer templo da Assembléia de Deus estará realizando grande ato para relembrar e comemorar tão grande data. Mas nada deva se igualar às grandes comemorações que estão reservando para a cidade de Belém do Pará. Certamente.

Mas, uma vez que Adamir Gerson, o Peregrino do Senhor, teve o seu encontro teofânico no ano de 78, ocasião em que mãos divinas o conduziram para o ventre da Assembléia de Deus, fazendo que ficasse ali exatos nove meses, a verdade é que em meio aos festejos que a irmandade da Assembléia de Deus estará realizando neste ano Deus se manifestará no meio de seu povo com um novo chamado, um chamado maior, agora para sair para vencer e para completar a obra que então iniciou naquele ano de 1911. Ao lado da luta contra as concupiscências da carne, agora também a luta contra as concupiscências do dinheiro. Pois deveras a santidade de Jesus Cristo é no campo espiritual-religioso, mas também no campo material-político. No seu reinado todos estarão gozando a verdadeira paz e a verdadeira justiça. Todos estarão sentados debaixo de sua videira, é verdade, mas também debaixo de sua figueira, não havendo quem os faça tremer, como foram os vaticínios do profeta Miquéias.

E se é certo que neste ano de 2011 a irmandade da Assembléia de Deus está realizando uma festa que faz olhar para trás, para os cem anos de sua existência, a verdade é que neste ano de 2011, Deus estará olhando para frente no meio de seu povo. Os cem anos decorridos desde aquele primeiro momento fez lembrar a Deus que se esgotou um tempo com seu povo; e que agora é tempo dele começar um novo tempo. Uma nova caminhada, literalmente consumadora daquela.

De fato, estes cem anos tem significado especial no calendário de Deus. Foi aos cem anos que Abraão teve o seu filho Isaque com Sara, que pode neste ano de 2011 serem revestido de grande significado para a irmandade atenta da Assembléia de Deus.

E o grande significado é que aquela igreja que nasceu no ano de 2011 na cidade paraense de Belém, fundada pelos dois missionários nórdicos, ela é sim figura de Sara. E se aos cem anos de Abraão Deus rompeu a esterilidade de Sara e fez que ela desse à luz ao seu filho Isaque – o que iria herdar – nestes cem anos da Assembléia de Deus a verdade é que Deus estará chegando ao seu meio e a fecundará.

E o grande significado desta fecundação é que, então, a igreja evangélica Assembléia de Deus estará se despertando e acordando que o socialismo é Deus. Mais do que isso, é a metade que lhe falta para que a sua obra de redenção do povo brasileiro se torne completa. O que aconteceu no início da década de 60 quando na Igreja Católica, por conta da realização do Concílio Vaticano II, houve um grande despertamento dos católicos para o socialismo, em todas as paróquias surgindo padres e leigos que se engajavam na luta do socialismo contra o capitalismo, surgindo entre eles um rio de mártires, ora, é isto que está reservado para todo o povo evangélico, a partir da Assembléia de Deus.

Agar

Ora, sabemos que no tempo em que Deus rompeu a esterilidade de Sara e ela ficou grávida, Abraão havia tido um filho com a serva Agar, Ismael. E tendo chegado o tempo de Deus, então veio a Abraão o recado do rompimento, da cisão, pois, deveras, quem iria herdar era Isaque, filho da livre com o livre. E Abraão com o coração partido então comunicou a Agar e seu filho a vontade de Deus; e foram despedidos, todavia levando consigo um pão e um odre de água.

O que isso quer dizer? Que a mesma cisão ocorrida no seio da família abrâmica, por conta e vontade de Deus, também irá acontecer na Assembléia de Deus e no meio de todo o seu povo. Na Assembléia de Deus tem convivido lado a lado a estéril Sara com a escrava Agar e seu filho Ismael. Mas chegará um tempo em que a estéril dará à luz, e seu filho crescerá, e então ela fará valer a sua autoridade e o seu poder de Escolhida.

O que é isso? Quem é Agar e quem é esse Ismael no seu meio? Certamente que são todos os seus ministros que trocaram a pregação do Evangelho de Cristo pela pregação do anticomunismo, achando que estavam prestando um grande serviço a Deus. Uniram-se e foram fortalecer mãos assassinas, como recente artigo que tem circulado na Internet mostra que no período da Ditadura Militar aqui no Brasil Ministros de igrejas protestantes tradicionais delatavam e entregavam a assassinos jovens das suas próprias igrejas, para sofrer nos porões da ditadura o que jovens cristãos sofreram nos coliseus de Roma, 2000 anos antes (Apocalipse 6.9-11). E eram entregues pelo único crime: o seu sonho de ver um Brasil igualitário, livre, em que o trabalho de todos é para usufruto e satisfação de todos e não apenas de uma minoria.

É verdade, Agar e esse Ismael são os seus ministros que tem se engajado ao lado das forças que defendem o capitalismo na sua luta contra o socialismo, quer em homilias, quer em tratados teológicos, como aquele referente ao levante de Gogue e Magogue que segundo o profeta Ezequiel iria dar-se no final dos dias. E este levante de Gogue e Magogue, que segundo o vaticínio de Ezequiel iria ser que iria se levantar, como nuvens, e cercar o acampamento dos santos, para destruir e saquear os que foram recuperados da espada, habitando agora sem muralha, em sossego, em casas sem nem mesmo trancas e portas, ora, estes ministros que tem trocado o Evangelho de Jesus Cristo pela pregação do anticomunismo tem afirmado que o levante de Gogue e Magogue seria que a União Soviética e os comunistas iriam invadir o território de Israel para saquear as suas riquezas.

Mas, façamos a pergunta: isto foi visto? A verdade é que a União Soviética deixou de existir e ninguém nunca a viu invadindo Israel e saquear as suas riquezas, o que deixam claro todos aqueles que interpretaram e vaticinou tal ser portadores da essência do Falso Profeta (Apocalipse 16.13). Ora, se abunda os profetas verdadeiros na casa de Deus, por outro também abundam os falsos profetas.

Isso, contudo, não quer dizer que a Palavra de Deus não teve o seu cumprimento. Teve sim. Mas ironicamente o levante de Gogue e Magogue cercando o acampamento dos santos e saqueando as suas riquezas se deu naquele final da década de 80 quando centenas de milhares da noite pro dia se levantaram como nuvens para destruir o socialismo. Os meios de comunicação mostravam as suas centenas de milhares cercando os governos socialistas para destruí-los. E, se cumprindo os vaticínios da Palavra de Deus e não da palavra de homens, a verdade é que as riquezas da Pátria do Socialismo estão hoje nas mãos do bando de Gogue e Magogue, ao passo que nas mãos dos trabalhadores estão apenas os calos da sua construção.

Adamir Gerson acabou de dizer que a conjugação das forças da cristandade com o capitalismo, e entrando como nuvens para destruir o socialismo, tal foi mesmo o levante de Gogue e Magogue? O importante é que a Palavra de Deus vaticina: e não virá haver mais naquele dia cananeus na casa de Javé dos exércitos (Zacarias 14.21). Quando os cristãos adquirirem maturidade política certamente que eles serão procurados e não mais encontrados.

Ai dos que dizem que o bom é mau e que o mau, é bom, os que põem a escuridão por luz e a luz por escuridão, os que colocam o amargo pelo doce e o doce pelo amargo, Isaías 5.20.

Bem, qual o profundo significado de Sara, não antes, mas depois que Isaque cresceu e foi desmamado, ter dito para Abraão: Expulsa essa escrava e o filho dela, pois o filho desta escrava não vai ser herdeiro com o meu filho, com Isaque?

Simplesmente que quando Isaque espiritual crescer e for desmamado, o que quer dizer o crescimento no crente da consciência do socialismo como sendo Deus, certamente que estes ministros que trocaram o evangelho de Jesus pelo evangelho do anticomunismo irão ser despedidos do meio do povo de Deus. Quer dizer, não estes ministros, mas as ações deles serão despedidas do meio do povo de Deus, como as ações de Saulo de Tarso foram despedidas dele, por ele mesmo, pois que tem chegado o tempo de sermos transformados num abrir e piscar de olho. E Deus conhece os corações, sabendo distinguir os que erram por inocência e os que erram por consciência, a uns dando um novo nascimento, tornando-os herdeiros e co-participantes na construção do reinado de Jesus Cristo (Mateus 25.34; Apocalipse 11.15-18), mas a outros o desprezo eterno, por dizer-lhes, Abertamente: Apartai-vos de mim, obreiros da iniquidade, pois eu nunca vos conheci! (E os frutos do capitalismo aí estão: prisões abarrotadas, lares destruídos, filhos entregue às drogas e aos vícios, alcoolismo sem conta, ladroagem, corrupção, assassinatos que se banalizaram, devastação ambiental, consumismo desenfreado por parte de uns, uma minoria milionária ao passo que uma imensa maioria comendo o pão que o diabo amassou para apenas continuar sobrevivendo. E as mãos destes ministros que trocaram o Evangelho de Jesus Cristo pelo evangelho do anticomunismo ajudaram na sua semeadura, na semeadura destes frutos amargos; e os juízos de Deus contra eles não tardam, a menos que caiam de joelhos e se arrependam, e digam: Pecamos contra Deus e contra o seu filho Jesus) (Antes de partir, sem antes dizer: e os hipócritas ficam em programas de Televisão ensinando as pessoas de como evitar o ser assaltadas, de como evitar o de ser mortas, de como evitar o ter um filho ganho pelo tráfico, de como subir na escala salarial da empresa e etc. Mas, quanto à causa de todos estes males, o sistema econômico em que vivemos, eles não falam nada... Como diz o jargão popular: passam batido... Daí eles terem de ouvir Abertamente: Apartai-vos de mim, Obreiros da Iniquidade, pois eu nunca vos conheci!)

O Fim do Anticomunismo na Casa de Deus

Destarte, esse despedir de Agar e de seu filho Ismael do meio do povo de Deus será mesmo o cumprimento profético de Apocalipse 12.12, como segue: Agora se realizou a salvação, e o poder, e o reino de nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo, porque foi lançado para baixo o acusador dos nossos irmãos, o qual os acusa dia e noite perante o nosso Deus. E eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do seu testemunho, e não amaram as suas almas, nem mesmo ao encararem a morte.

Quem são estes que eram acusados dia e noite perante o nosso Deus? Quem são estes irmãos dos cristãos, que a exemplo deles, eram acusados dia e noite? Por ventura que foram o povo marxista? A tal ponto que podemos dizer que as palavras que Paulo dirigiu aos cristãos, conforme estão I Coríntios 4.8-13 – temo-nos tornado como o refugo do mundo, a escória de todas as coisas, até agora – alcançaram também o povo marxista?

O povo marxista é estes irmãos dos cristãos, visto em espírito profético pelo apóstolo amado? O povo marxista, que tem lutado para que os pobres saiam do seu sofrimento material, tendo emprego digno, moradia para morar, escola para estudar, hospitais para se tratar, roupas para vestirem, e o povo cristão, que lutava para que os pobres saíssem do seu sofrimento espiritual, não conhecendo mais a dor da separação, a dor da desintegração da família, a dor dos vícios, os dois são irmãos como carne e unha? Os marxistas, torturados e mortos nos porões das ditaduras, e os cristãos, torturados e mortos nos coliseus de Roma, são mesmo irmãos? A tal ponto que nos cabe perguntar se isto não faz dos marxistas os irmãos e co-escravos daqueles que João viu por debaixo do altar clamando vingança pelo seu sangue, como aparece em Apocalipse 6.9-11?

Bastão Revolucionário Mudando de Mãos

“Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois chegou a tua luz e raiou sobre ti a própria glória de Javé”

O que é isso? Qual o profundo significado de Deus dizer, para a “mulher”: dá luz? Não resta a menor dúvida que é a Igreja tomar sobre si as responsabilidades e a luta pela condução do socialismo, que quer dizer tomar sobre si as responsabilidades de libertar o povo do pecado.

E este chamado de Deus está chegando a ela porque ele, condutor real do socialismo – e não Internacionais – sabe que o Marxismo se esgotou na sua condução. De modo que agora as mesmas palavras que dirigiu a Josué: Moisés, meu servo, morreu; e agora levanta-te, atravessa este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que dou a eles, aos filhos de Israel, são as mesmas palavras que hoje está dirigindo à Sua Amada Igreja. Para que ela se levante, e tome em suas mãos a condução dos destinos da Humanidade, fazendo-a atravessar o Jordão espiritual e indo construir o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades.

Um dia os filhos de Israel ouviram a notícia: Moisés está morto: tem chegado o momento dos marxistas ouvirem a notícia: o Marxismo está morto? E tal os hebreus, que com muita dor e muita dificuldade se entregaram a uma nova liderança, assim acontecerá com os marxistas se entregando agora a nova liderança revolucionária da Igreja de Cristo?

Indiscutivelmente que sim. Como Moisés, que foi levado ao alto do monte Nebo, ao cume do Pisga, e dali lhe foi mostrado toda a terra do outro lado, terra boa, que manava leite e mel, mas que não entraria nela, outro entraria no seu lugar, a verdade é que o Marxismo foi levado ao alto do monte do Socialismo Real e dali avistou do outro lado o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades. Mas ele não iria entrar e não iria construir este mui desejável reino de liberdade concreta. Em hipótese alguma o Marxismo construiria este reino perfeito, mas quem o iria construir seria a Igreja de Cristo, quando fosse por Deus acordada politicamente.

Mudança de Estação

Apesar de que ninguém veio saber, a verdade é que a revolução estava metida em um processo que é o processo a que está metido a Terra. A revolução iria se manifestar na sua existência invernal, agora produzindo os botões do Reino, e depois, no seu movimento, ela iria se manifestar em sua existência primaveril. E seria neste momento que os seus botões iriam se manifestar em flores. Uma grande florada.

Destarte, o tempo invernal da revolução foi a sua manifestação nas condições objetivas do feudalismo ou de um tempo em que seu espírito era dominante. Quando este tempo passasse, porque ele iria passar, o Marxismo iria cada vez mais ficando para trás e perdendo sentido, como perde sentido o comerciante que na chegada da primavera fica treslocado forçando as pessoas a comprar roupas de inverno.

O Marxismo iria ficar para trás, fora de estação? Certamente, não, porém, a revolução. A revolução é imparável, como é imparável o movimento da Terra em torno do sol. A revolução carrega a história do indivíduo, viveu o sonho de sua juventude no socialismo utópico, se revelou na força do adulto no socialismo marxista, e agora vai destilar ao mundo toda a sabedoria da velhice. É verdade, fenecendo o seu tempo invernal e cada vez mais chegando o seu tempo primaveril não iria tardar e todos iriam ver a revolução novamente se levantando, e agora numa força avassaladora, com o seu entendimento e a sua generosidade atravessando as fronteiras das classes sociais e atraindo para o seu centro de vida toda a sua diversidade, de classe social, de gente, de cultura, de religião. É este o momento da manifestação da esplêndida superioridade de Javé, como assim vaticinado pelo profeta Isaías (2.10), que há de se manifestar na esplêndida superioridade da revolução. Na esplêndida superioridade daqueles que Jesus chamou de “mansos”, e que são os trabalhadores.

E essa mudança de estação na revolução é literalmente que ela está passando do político para o religioso, como seu elemento mais importante; do Marxismo para o Cristianismo (assim como se acha no socialismo celestial). No lugar da vanguarda revolucionária eis agora a Igreja de Cristo conduzindo as mudanças e as transformações, até chegar aquele momento sublime em cima da terra em que segundo o profeta hebreu o deserto e a região árida iriam exultar, e a planície desértica iria jubilar e florescer como açafrão. Tempo de glória para a terra em que os olhos dos cegos iriam ser abertos e iria ser destapado o próprio ouvido dos surdos. O coxo iria escalar como o veado e a língua do mudo iria gritar de júbilo.

“Grita de júbilo, ó mulher estéril que não deste a luz! Fica animada com clamor jubilante e grita estridentemente, tu que não tivestes dores de parto. Faze mais espaçoso o lugar da tua tenda. E estendam-se os panos de tenda do teu grandioso tabernáculo. Não te refreies. Alonga os teus cordões de tenda e faze fortes as tuas estacas de tenda. Pois irromperás pela direita e pela esquerda, e tua própria descendência tomará posse até mesmo de nações, e eles habitarão até mesmo nas cidades desoladas. Não tenhas medo, pois não serás envergonhada; e não te sintas humilhada, pois não ficarás desapontada. Porque te esquecerás até mesmo da vergonha do teu tempo de juventude e não te lembrarás mais do vitupério da tua contínua viuvez.

“Pois o Grandioso que te fez é teu dono marital, cujo nome é Javé dos exércitos; e o Santo de Israel é teu Resgatador. Será chamado de Deus de toda a terra. Porque Javé te chamou como se fosse uma esposa completamente abandonada e de espírito magoado, e como esposa do tempo da mocidade, que então foi rejeitada, disse o teu Deus.

“Por um pequeno instante te abandonei completamente, mas com grandes misericórdias te reunirei. Numa onda de indignação escondi de ti a minha face apenas por um instante, mas vou ter misericórdia de ti com benevolência por tempo indefinido, disse teu Resgatador, Javé.

Na Mediação da Igreja de Cristo os Opostos Caminhando Juntos

Ora, então foi dito que a Igreja de Cristo tomará o bastão revolucionário que um dia esteve nas mãos dos marxistas puro e simples, fazendo renascer a sua luta?

É preciso uma nova compreensão deste novo tempo que está chegando. A Igreja de Cristo não está sendo chamada para reviver e recauchutar o leninismo e nem o stalinismo. Ela não está sendo chamada para levantar as forças revolucionárias que estão caídas, mas, sim, para começar uma nova jornada revolucionária em cima da terra que podemos sim dizer é sintética. O que quer dizer que ela não irá tomar o lado de uns contra outros, como fez o Marxismo na necessidade do seu tempo e de sua missão, mas ela se apresentará muito mais como Mediadora. Nela os opostos ideológicos se reconciliarão plenamente entre si. Pois que, ao mesmo tempo em que procurará dar consciência teológico-epistemológica a todas as forças burguesas de que o socialismo é Deus, de todos os ângulos de análise o socialismo é o Reino sendo construído nas suas partes ainda imperfeitas, ora, ao mesmo tempo procurará dar consciência cristã aos marxistas de que agora é tempo de construir o socialismo, não mais na destruição das forças burguesas, mas sim na sua transformação. Integrá-los e fazê-los caminhar junto, de modo a serem co-participantes na construção deste novo tempo, que estará chegando à medida que toda a sociedade for ganhando maturidade. Certamente que com a consciência cristã segue junto uma nova visão antropológico-epistemológica, que em muito ajudará os marxistas no novo pensar e na nova caminhada revolucionária.

E este caminhar junto destas forças antagônicas é mesmo o cumprimento das palavras proféticas, que Deus pôs na boca do profeta Isaías, dizendo: E o lobo, de fato, residirá por um tempo com o cordeiro e o próprio leopardo se deitará com o cabritinho, e o bezerro, e o leão novo jubado, e o animal cevado, todos juntos; e um pequeno rapaz é que será condutor deles (11.6).

Os ministros da Palavra de Deus compreenderão estas palavras? Em especial os que respondem pela Assembléia de Deus olharão com esperança para a cidade de Presidente Prudente, onde no ano de 1978 mãos divinas tomaram o jovem Gerson e o levaram para o ventre desta igreja que neste ano de 2011, completa centenário, fazendo que ele permanecesse ali por exatos nove meses, com ele, a partir de então, passando a receber de Deus e de nenhum homem os fundamentos teóricos do governo de Jesus Cristo, a tal ponto que este ano iria entrar para a história como divisor de eras, antes do ano de 1978 o domínio do governo humano, mas depois de 1977 o domínio do governo celeste?

Antes de seguir ao bloco seguinte é preciso este esclarecimento: quando foi dito que neste novo existir revolucionário os opostos ideológicos estarão caminhando juntos na mediação da Igreja de Cristo isto não deve, em hipótese alguma, ser confundido quer com a práxis social-democrata quer com a práxis do socialismo democrático. Do referencial positivista qualquer proposta neste sentido leva a isto, ou a uma nova social-democracia ou a um novo socialismo democrático. O PSDB e PT bastam. Mas tal deva ser visto e entendido do referencial metafísico. De fato, é na assertiva de Mestre Ekhart, sábio de fins da Idade Média que vaticinou que os contrários na sua luta, de modo imperceptível a eles, se encaminhavam para se reconciliar no Infinito.

Então não se trata de mais uma nova social-democracia ou mais um socialismo democrático, mas, ao contrário, o que se manifesta vem trazer a sua superação. Pois que tal pressupõe que ambos os pólos ideológicos deixaram de serem condutores para serem conduzidos. E o Infinito, que os conduz, por certo que na caminhada mais e mais irá passar para eles o que é de si. E o que é de si do Infinito sabemos, um reino em que a própria vaca e a ursa pastarão; juntas se deitarão as suas crias. Um reino em que até mesmo o leão comerá palha como o touro. Até mesmo que a criança de peito brincará sobre a toca da naja; com a criança desmamada pondo realmente sua própria mão sobre a fresta de luz da cobra venenosa. Destarte, é certo que nesta caminhada o Infinito estará cada vez mais tirando o que tem de si e pondo nos contrários ideológicos. De modo que chegará um tempo em que os contrários ideológicos deixaram de existir, pois ao Infinito ir tirando o que tem de si e pondo neles, era o que tinham de si que estava se indo.

Então devemos sim ver não só a social-democracia como o socialismo democrático instâncias preparadoras para o reinado de Jesus Cristo. Neles está presente o diálogo, muito embora um diálogo portador do ranço ideológico, com este ou aquele querendo prevalecer o seu caminho, todavia preparador para o Grande Diálogo.

A Terceira e Grande Revolução

A rigor, Adamir Gerson tem trabalho antigo onde tal foi abordado dentro dos cânones da ciência. Dentro do movimento real da Idéia. Mostrou de forma inequívoca que as duas grandes revoluções, francesa e russa, eram partes de um mesmo e único processo, o da Revolução. E que as duas linhas, partindo de pontos antitéticos, todavia iriam se encontrar. E quando se encontrassem, era o terceiro momento do conceito de revolução, nascendo verdadeira consumação da revolução, na sua base de nascimento tanto portando a liberdade da revolução francesa como portando a igualdade da revolução russa, todavia livre do vírus que trouxe a elas desvios posteriores. Era o advento do reino da fraternidade. (A igualdade sendo formada no ventre da liberdade e a liberdade, no ventre da igualdade, o resultado é a liberdade e a igualdade incorruptíveis. Liberdade desligada da igualdade e igualdade desligada da liberdade tem-se a liberdade e a igualdade corruptíveis. Ambas presas a invólucros ideológicos, que as manietam).

E Adamir Gerson se lembra que sintetizou tal trabalho em um gráfico, em que um extremo ideológico era sucedido pela democracia-cristã, Aldo Moro e Jacques Maritain, esta pela social-democracia, Willy Brandt e Eduard Bernstein. E o outro extremo ideológico era sucedido pelo socialismo libertário, Broz Tito e Rosa Luxemburgo, este pelo socialismo democrático, Gorbatchov e Karl Kautsky. De modo que no gráfico o extremo ideológico com nascente na revolução francesa continha 100% de liberdade e 0% de igualdade, ao passo que o extremo ideológico com nascente na revolução russa, 100% de igualdade e 0% de liberdade. E na medida em que fossem crescendo mais e mais liberdade e igualdade iriam penetrando no sistema oposto, modificando-o, de modo que o que tinha 100% de liberdade e 0% de igualdade, na mudança, que era evolutiva de qualidade, passava a ter 80% de liberdade e 20% igualdade. O sofrimento dos trabalhadores no capitalismo selvagem era um tanto amainado e se manifestava lustros de liberdades democráticas e políticas, nulas na vigência do governo de Napoleão Bonaparte. No outro extremo, com Tito e Rosa Luxemburgo o que era 100% igualdade e 0% liberdade se convertia em 80% de igualdade e 20% de liberdade; em Gorbatchov e Kautsky o processo evoluia para 60% de igualdade e 40% de liberdade.

O processo parou? Encontrou termo na social-democracia ou no socialismo democrático, no caso específico do Brasil, eternizando a gangorra PSDB/PT? Quando o povo brasileiro se cansou do PSDB então pôs no lugar ao PT, e quando se cansar do PT, porá no lugar ao PSDB? Que isto nunca aconteça!

O processo independe dos homens. É parte do devir histórico. É a despotencialização da matéria-história do pecado original. Mesmo que os homens tentem conter o processo, se desesperando a cada momento em que ele ameaça escapar de suas mãos e dar um novo salto, todavia ele segue firme no seu rumo. E o que se acha hoje em 60% liberdade e 40% de igualdade, e 60% de igualdade e 40% de liberdade, refletindo políticos como Eduardo Suplicy, Pedro Símon, Luiza Erundina, Cristovam Buarque, Marina Silva, a própria Dilma, está prestes a dar o seu grande salto, quando então se revelará 50% Liberdade + 50% Igualdade e/ou 50% Igualdade + 50% Liberdade. É uma grande luz que se acende. É o governo de Cristo que se manifesta, com o senhorio e domínio de Deus voltando novamente a se estabelecer. E liberdade e igualdade que agora surge, não são mais a primeira, com l e i minúsculo, mas agora uma liberdade e uma igualdade com L e I maiúsculo. Como já falado, é a liberdade que se move no ventre da igualdade e é a igualdade que se move no ventre da liberdade. É, deveras, o encontro do Amor com a Verdade, da Justiça com a Paz, coroando de êxito Salmo 85.

O Terceiro e Grande Pentecostes

Ora, no presente trabalho foi falado que tanto o movimento pentecostal como o comunista, mesmo que ninguém tivesse suspeitado os dois na verdade faziam parte de um mesmo e único processo. Por seu intermédio Deus estava obrando a libertação total do povo oprimido, espiritual, do jugo de Sodoma, através do movimento pentecostal, e material, do jugo do Egito, através do movimento comunista.

Mas, além desta relação que há entre o movimento pentecostal e o movimento comunista, o movimento pentecostal carrega outra relação, com o Concílio Vaticano II. Mais precisamente que há uma íntima relação entre a práxis pentecostal e a práxis da Teologia da Libertação, as duas caminhando paralelamente tendo como destinatário do seu amor o conjunto dos pobres no conjunto do seu sofrimento. De modo que se é justo dizer que os dois na verdade era Deus, com uma mão conduzindo o movimento pentecostal e com a outra, a Teologia da Libertação, de modo que o seu amor aos oprimidos é o amor de Deus aos oprimidos.

A verdade é que no século XX Deus obrou dois grandíssimos pentecostes, em um deles derramando a espiritualidade de seu filho Jesus, e no outro, a materialidade de seu filho Jesus. Apartados um do outro, como tese e antítese, muito embora em Jesus, no plano espiritual, não estejam separados.

O primeiro grande pentecostes Deus derramou naquele ano de 1906, na cidade norte-americana de Los Angeles, na mediação do já falado pastor negro iletrado filho de ex-escravos William Joseph Seymour; e o segundo grande pentecostes Deus derramou no início da década de 60 na mediação do octogenário João XXIII, tendo sofrido na carne os mesmos escárnios sofridos por William Joseph Seymour, pois os adversários do Concílio quando puderam constatar que seus rumos estavam indo muito além do que uma mera consumação do Concílio Vaticano I, interrompido em 1870 – estava na verdade fazendo uma reforma na igreja católica que fazia lembrar muito a reforma feita pelo rei Josias, quando foi achado o Livro da Lei e se descobriu que o povo estava em falta para com Deus – começaram a atacar o Papa e a querer desacreditá-lo, não raro se referindo a ele como “velho biruta” (William Joseph Seymour era desacreditado por dizerem, os adversários do nascente movimento pentecostal: o que esse negro caolho, pensa que é?).

Tendo derramado o seu pentecostes espiritual nos Estados Unidos, em Los Angeles, e o seu pentecostes material na Europa, em Roma, destes lugares os dois movimentos se espalhou para a terra inteira, contagiando os corações sedentos de justiça e paz. Todavia foi no Brasil que seus frutos mais frutificaram e aqui apareceram os seus frutos mais seletos, como um deles outro dia foi mostrado na Televisão, Dom Pedro Casaldáliga, segurando bengala e perto de completar 85 anos, todavia expressando palavras na defesa de nossos irmãos índios que foram removidos de suas terras para lugar desconhecido pela mão pesada do capitalismo. De modo que podemos dizer sim que os dois pentecostes de Deus aqui encontraram o terreno fértil para as suas sementes. Parecendo mesmo que havia um ninho preparado para a sua chegada, tanto foi a sua acolhida.

É verdade, o movimento pentecostal que nasceu no Brasil no ano de 1911, na cidade de Belém do Pará, a partir de então se espalhou por todo o Brasil. E aonde chegava levava a cura para os corações e lares quebrantados. Mas se tem que reconhecer, levava a cura espiritual, mas não levava a cura material. Brandiam a sua espada contra a exploração espiritual, contra o hedonismo, os pecados da carne, sim, contra religiosidades estético-estéreis na produção de um novo homem, contudo a sua espada não dizia nada e passava ao largo da exploração material. O capitalismo não era alvo de suas críticas evangelizadoras, de modo que claramente o movimento pentecostal era aquilo que Paulo chamou de “parcial”: lidando com um aspecto da realidade e não com sua totalidade. Definitivamente, a sua espada não era aquela espada de fio duplo que se estende da boca do Cristo, conforme se acha em Apocalipse 1.16, mas uma espada com um cortante muito forte, todavia contra apenas um lado do pecado.

Mas, no final da década de 60, após a realização do Concílio Vaticano II, as coisas começaram a mudar no Brasil. Os pentecostais passaram a não estarem mais sozinhos na evangelização dos pobres. Por todo o país explode a evangelização das Cebs. O povo pobre que morava nas periferias dos grandes centros urbanos, sofrendo todo tipo de sofrimento e humilhação, é constantemente visitado pelos pentecostais, que chegam até eles falando de Jesus, de como Jesus liberta dos vícios, do desamor familiar, de como Jesus levanta a auto-estima, transforma a sede de vingança em perdão; mas, também, visitados pela militância das Cebs que chegam a estes mesmos pobres também lhes falando de Jesus. De que Jesus é a partilha, é a solidariedade entre todos que trabalham e que produzem as riquezas. Jesus é amor e onde ele está presente não há mais ricos e nem pobres senão que uma só classe social. E denuncia abertamente no meio dos pobres o sistema capitalista, lhes opondo abertamente o sistema socialista.

É verdade, Jesus estava mesmo tanto entre os pregadores pentecostais como entre a militância das Cebs. Jesus era exatamente o pregado pelos pentecostais, mas era também exatamente o pregado pela militância das Cebs.

E sobra a pergunta: porque então nem pentecostais e nem a militância das Cebs tinham essa consciência? De que eram trabalhadores a serviço de Jesus? Mas, pelo contrário, se estranhavam e não reconheciam no outro o seu devido valor, a tal ponto que os pentecostais viam a militância das Cebs como materialistas a serviço do reino deste mundo e a militância das Cebs via os pentecostais unicamente a serviço do imperialismo? Não vendo de modo algum a face do outro como sendo a própria face de Deus, como Jacó viu em Esaú?

E a resposta é porque a consciência é atributo da transcendência e não da imanência. Os braços se movem, mas a sua consciência é transcendente, está fora. No cérebro. O que a imanência tem é o que recebeu da transcendência; e não pode ser algo diferente sob pena de se perder. Destarte, a dialética, lugar da criação do novo, é imanente ao Absoluto, não existindo fora dele. O que se move fora dele é nos espaços por ele conferido, nos estritos limites de sua lei, que chegam ao conteúdo da imanência na forma de DNA Espiritual concebido, assim como no final da década de 60 biólogos franceses, Monod e Jacob Françoise, disseram que os indivíduos nunca estiveram fora de si e nunca irão estar fora de per si porque, segundo eles, a sua dialeticidade interna só permite a eles se mover no estrito limite de sua lei, entre as suas quatro paredes, que entendemos ser o DNA. O que, certamente, explica de nem pentecostais e nem a militância das Cebs ter visto a beleza que havia no outro; porque embora estivem ligados verticalmente a Deus, não estavam horizontalmente entre si.

Mas, estejamos atentos, porque são assim porque Deus os concebeu dentro do seu movimento, tese, antítese e síntese. Por certo que iria chegar o momento em que Deus iria derramar o seu Terceiro e Grande Pentecostes, consumando a sua obra pentecostal. E então iria surgir uma nova práxis, dupla, sintética, de modo os que têm consciência da exploração espiritual passando a ter também consciência da exploração material, os que evangelizam contra o paganismo-hedonismo evangelizando também contra o capitalismo-hedonismo. Posto que é uma necessidade ontológica. Pois que, quem foi evangelizado contra o paganismo-hedonismo recebeu na verdade uma preparação para rejeitar o capitalismo e aceitar o socialismo, do contrário é um contra-senso, que cedo ou tarde fará com que a porca lavada volte a se revolver na sua antiga lama, pois cedo ou tarde o capitalismo destruirá a sua espiritualidade (a figura do desviado, que há entre o crente, mas também entre o comunista, com o muro de contenção, quer o espiritual quer o material, não o retendo).

É verdade, uma novíssima militância, que brandindo a espada de Jesus, de dois gumes, que corta contra os dois lados do pecado-opressão (Apocalipse 1.16), pouco a pouco toda e qualquer exploração iria escorrer pelo ralo, até chegar aquele momento que segundo o profeta Isaías as coisas velhas não iriam ser lembradas e nem mais subiriam ao coração. Deveras, uma nova sociedade, novíssima, à imagem e semelhança do Cristo da cruz, em que nela se vê o corpo que ama e gera a vida, o corpo da mulher, e o corpo que ama e gera todas as riquezas, o corpo do trabalhador, sendo respeitados e realmente convertidos em templos do Espírito Santo.

E temos de estar atentos, porque se Deus derramou o primeiro pentecostes em Los Angeles, no casarão metodista abandonado e que naquela oportunidade era estábulo de animais, e se derramou o segundo pentecostes em Roma, nos corredores do Vaticano, estejamos atentos porque a sua consumação pentecostal, o seu grande e terceiro pentecostes, Deus está se preparando para derramá-lo no país Brasil, numa grande festa, grandíssima, que com certeza será aquele relâmpago que haveria de brilhar de uma extremidade dos céus à sua outra extremidade. O terremoto mesmo de Apocalipse 6.12. Destarte, uma grande festa, grandíssima, que transcenderá, e em muito, a grande festa na estação Finlândia pela chegada de Lênin, com o brilho e a luminosidade da Avenida Nevsky Prospekt sendo certamente ofuscado pelo brilho e a luminosidade da ruela em Jerusalém por onde Jesus entrou montado em uma jumentinha e sendo saudado pelas multidões lançando à sua passagem vestes e galhos e dizendo: Bendito o que vem em nome do Senhor! Porque se a chegada de Lênin na estação Finlândia naquele março de 17 foi simplesmente revivência da chegada de Moisés, com certeza tudo o que está reservado para acontecer no país Brasil é sim revivência daquele momento em que Jesus entrou em Jerusalém, sendo saudado pela multidão esperançosa de um novo dia.

E este terceiro e grande pentecostes é que será realmente o cumprimento dos vaticínios de Joel, segundo o que se acha em 2.28. O pentecostes ocorrido em Jerusalém, logo após a morte e ressurreição de Jesus, foi na verdade a sua concepção tipológica. O seu modelo. Todos entenderam o que falaram os discípulos de Jesus em sua própria língua, não obstante a diversidade das línguas presentes, e agora todos irão compreender em sua própria cultura, em sua própria ideologia, em seu próprio partido, em seu modo próprio de entender e encarar os fenômenos da vida, a verdade única de Deus.

“Acudi e vinde, todas as nações ao redor, e reuni-vos. Àquele lugar faze baixar os teus poderosos, ó Javé”

A Ceia Nova de Jesus

Sabemos que por ocasião da última Ceia Jesus, depois de ter partido o pão e dá-lo aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, comei. Isto significa meu corpo” e depois de ter dado a eles um cálice com vinho, dizendo, depois de ter proferido sobre ele uma benção: “Bebei deles, todos vós, pois isto significa ‘meu sangue do pacto’, que há de ser derramado em benefício de muitos, para o perdão de pecados”, ora, Jesus encerrou aqueles serviços ministeriais com um vaticínio: Doravante, de modo algum beberei deste produto da videira, até o dia em que o beberei novo, convosco, no reino de meu Pai (Mateus 26.26-30).

O que é isso? Jesus esteve a falar de uma Ceia escatológica? Haveria uma nova Ceia, chamada de nova, que então devíamos aguardar?

Há sim e ela se distingue da Ceia tradicional dos cristãos. A Ceia tradicional dos cristãos foi recomendada pelo próprio Jesus, e ela deveria ser realizada pelos fiéis para que o sacrifício de Jesus na cruz continuasse sempre vivo nas mentes e nos corações. Não fosse nunca apagado. Mas esta Ceia nova, escatológica, pelo simples fato de ser dito que ela se manifestaria em conexão com o reino de Deus, ela tem um significado diferente, é o Corpo de Cristo que se manifesta. Participar dela, no reino de seu Pai, é estar participando do corpo real de Cristo e é estar ligado ao corpo real de Cristo.

Ora, foi falado que Adamir Gerson teve o seu encontro teofânico no ano de 78, ocasião em que foi levado por mãos divinas para o ventre da igreja evangélica Assembléia de Deus, ficando nela por exatos nove meses. A verdade é que depois deste tempo então as mesmas mãos divinas o tirou e passou a andar com ele por várias denominações, de modo que entrava nelas e observava as palavras que saiam da boca dos ministros de Deus. Por fim, no ano de 81, então foi levado para o ventre da igreja Congregação Cristã no Brasil ficando nela exatos dezoito anos, até que no mês de maio do ano de 98 as mesmas mãos divinas o tomaram e começou a andar com ele por todos os lugares, entrando e saindo em todos os lugares, como fizera com ele naquele interregno de início de 79 e final de 80. (Porque é uma luz que está se acendendo e muitas das coisas estão sendo trazida à superfície, para avaliação dos limpos de mão e puros de coração, a verdade é que por esse tempo o próprio Adamir Gerson veio a compreender que o Deus que faz as suas obras estando sempre a recapitular os caminhos por ele percorridos, ora, o que veio saber é que os nove meses que passou no ventre da igreja Assembléia de Deus fora como se tivesse sido os nove meses em que Jesus passou no ventre de sua mãe Maria e os dezoito anos que esteve na igreja Congregação Cristã no Brasil, os dezoito anos em que Jesus passou em Nazaré, como é descrito em certo filme sobre ele. De modo que não só no nascimento carnal de Adamir Gerson a sua mãe ficou grávida dele em um lugar, Sandovalina, e depois se mudou para um lugar vizinho que parece ter ligação profética, Estrela do Norte, onde houve seu nascimento, como também tal se deu no seu nascimento espiritual. Escute quem tem ouvidos!).

Prosseguindo. Pois é, e aconteceu neste final de 98 que mãos divinas levaram-no para a paróquia de Nossa Senhora Aparecida, situada na Vila Marcondes desta cidade de onde escreve. E o que sucede é que todo sábado era levado para esta igreja, pastoreada por padre José, militante focolar; mas no dia seguinte, domingo, então era levado para a igreja Assembléia de Deus, assistindo aos seus cultos.

E aconteceu na missa do Natal que Adamir Gerson estava ali. E na hora da eucaristia quando se levantaram e foram à frente para participar dela, ora, o Espírito de Deus começou a ficar ativo sobre Adamir Gerson e a instar com ele. Impelido pelo Espírito, também se levantou e foi na frente e recebeu das mãos do ministro de Deus a hóstia consagrada. Voltou ao seu banco, ajoelhou-se, fazendo a sua oração ao mesmo tempo em que ela ia se dissolvendo em sua boca.

Uma semana depois eis que Adamir Gerson estava na igreja Assembléia de Deus. Era culto especial, pois além de ser o culto da virada de ano, que passa da meia-noite, neste dia também é servida para a irmandade a Santa Ceia.

O que sucede é que na hora da Santa Ceia então um irmão veio a ele para que tirasse da bandeja, o cálice com vinho. E ele fazendo sinal que não, que era visita e não membro, então o irmão estendeu a bandeja para a irmã que estava ao seu lado. E quando ela tomou o cálice aconteceu então que se atrapalhou e derramou todo o vinho na coxa direita de Adamir Gerson, fazendo uma grande rodela vermelha, pois, deveras, a calça era de cor bege. Ela pediu desculpas a ele e ele disse que não fora nada.

Bem, ter participado da eucaristia na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e uma semana depois este incidente na Assembléia de Deus com o vinho derramado em sua coxa direita trás algum sinal de importância para nós? Ou podemos dizer sim que ali Jesus esteve a cumprir a sua Ceia especial, nova, que se manifestaria em conexão com o reino de Deus? Que a hóstia que a sorveu sim, em conexão com o vinho derramado em sua coxa direita é que representam realmente a Ceia Nova de Jesus? Tendo naquele final de 98, já tido o seu cumprimento profético?

Certamente que sim, pois quê o produto do trigo de que participou na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida representa mesmo a igualdade material que Jesus derramou na igreja católica na realização do Concílio Vaticano II. Representa a partilha, a solidariedade. Representa mesmo toda a luta política das Cebs e toda a luta social das Pastorais. Ao passo de que o produto da videira do qual foi extraído o vinho derramado “acidentalmente” sobre sua coxa direita ele representa sim a igualdade espiritual. Representa mesmo a luta de todo pentecostal contra as concupiscências da carne, para que o corpo seja transformado em templo do Espírito Santo.

E participa-se desta Ceia nova, especial, por se engajar na luta contra a exploração do capitalismo, que ele exerce sobre os corpos e hoje também sobre a própria Terra. E também por participar da luta contra o paganismo-hedonismo, que hoje não somente está devastando os corpos, como também a própria Terra, pois o paganismo-hedonismo é combustível para o consumismo desenfreado e irresponsável. Trata-se de um espírito sem controle, insaciável.

E o fato de Jesus ter dito que quando se manifestasse a sua Ceia nova ele iria participar dela em conexão com os apóstolos, os seus apóstolos estariam junto a ele participando desta Ceia nova, ora, estes apóstolos estariam hoje representados no corpo de todo homem e toda mulher que exerceram fé no socialismo celestial? Nas palavras de Adamir Gerson? Ao caminho apontado por ele? E aqueles que continuarem de posse da Ceia tradicional representam aqueles que Paulo disse era parcial?

Uma coisa é certa: não foi por acaso que ele participou da eucaristia na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida naquele final de 98 e não foi por acaso que foi derramado o vinho da Santa Ceia em sua coxa direita naquele final de 98, mas tal foi Deus, ao seu próprio modo, cumprindo a profecia da Ceia Nova. Ela já é uma realidade e já está à disposição, para ser sorvida por todos que amaram a vinda de Deus. E cada qual é livre na tomada de decisão, doravante... Com Adamir Gerson deixando as palavras: o fato mesmo de ter participado da eucaristia na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, e o incidente do vinho da Santa Ceia derramado sobre sua coxa direita, naquele final do ano de 98, foi sim um aviso de Deus, de que seu filho Jesus não se encontra inteiro na igreja evangélica e não se encontra inteiro na igreja católica, mas que a sua essência material, de Samaria, se acha na igreja católica, ao passo que a sua essência espiritual, de Jerusalém, se acha na igreja evangélica. Jesus ele sim está completo na igreja católica e na igreja evangélica, as duas na sua palma da mão (Ezequiel 37.17); e se acham que está completo somente nesta ou somente naquela é porque de Jesus carregam apenas a sua metade, aquela que Paulo chamou de parcial. Mas estejamos atentos, porque o mesmo Paulo falou também na chegada do que é Completo, a tomar pelo aniquilamento o que é parcial.

Santo Anastácio e as Imagens de Paz do Reino

No ano de 2002 Adamir Gerson foi inspirado pelo seu Deus para que fosse a Brasília e levasse um recado seu para um determinado político. Tendo voltado, naquele início de maio, sintonizando a esmo seu rádio eis que ouviu um locutor dizer, na Rádio Cultura de Santo Anastácio, que na quarta-feira próxima iria haver na Igreja matriz desta cidade uma missa ecumênica.

Porque era forte nele a presença do espírito de Javé, que o impelia, eis que na quarta-feira Adamir Gerson se achava ocupando um banco da Igreja matriz de Santo Anastácio, cidade que se localiza cerca de quarenta quilômetros de Presidente Prudente.

O que sucede é que quando os ponteiros dos relógios se aproximavam das 20 horas eis que todos na Igreja se levantaram e começaram a olhar para trás, para a porta de entrada da Igreja. E Adamir Gerson também se levantou e começou a olhar para ver o que era. E eis que viu entrar na Igreja três jovens, cada um levando alçado um cartaz que juntos formavam a palavra paz. E logo atrás dos jovens eis que viu entrar três sacerdotes, e o ministro Sidnei, que estava no altar com o microfone na mão e fora o locutor que anunciara na Rádio local, declinou os seus nomes. E eis que eram pastores Ari e Benedito, da Igreja Luterana e Assembléia de Deus respectivamente. E os dois ministros de Deus entraram na Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio.

A missa Adamir Gerson não pode assistir porque na Rodoviária ficou sabendo que a última Circular partia de Santo Anastácio para Presidente Prudente às 20:30 horas, mas nos dois dias seguintes pôde ouvir depoimentos dos dois homens de Deus, pois, deveras, o Ministro Sidnei trouxe-os para o seu programa na Rádio Cultura, num dia Pastor Ari e no dia seguinte Pastor Benedito.

A missa, deveras, além de ter sido muito bela – pois Pastor Benedito trouxe não somente o seu corpo ajudador próximo como também o Coral da Igreja que com os seus hinos tradicionais encheu ainda mais aquele lugar divino de canto divino – também foi muito proveitoso, pois, deveras, os dois homens de Deus não se cansaram de dizer que uma experiência como aquela não podia sofrer corte de continuidade, pois revelava para a sociedade que os cristãos podem e devem se unir, como condição de serem mais ainda úteis à sociedade e a ajudar a minorar o seu sofrimento.

Porque Adamir Gerson foi a Santo Anastácio e presenciou aquelas imagens, representantes dos três ramos do cristianismo ocidental entrando juntos na Igreja matriz de Santo Anastácio, numa só unidade? Foi ali unicamente por ir ou porque levado pelo próprio Deus? Afinal, bastasse que naqueles segundos em que sintonizava a esmo a Rádio Cultura e ouviu o anúncio do Ministro Sidnei, sim, bastasse que naqueles segundos não o tivesse sintonizado e esta revelação não estaria vindo à tona agora.

Ora, sabemos que a Palavra de Deus diz de forma peremptória sobre um tempo em que a Terra passaria a estar sob o domínio político de Jesus Cristo (Apocalipse 11.15-18). E é muito certo que Jesus fará o seu domínio através do povo cristão. Mas, com o povo cristão dividido, Jesus fará o seu domínio? Ou ele, seguindo as pisadas de Ciro, que derrubou os muros de divisão que havia entre medos e persas e que impedia deles se unir contra um inimigo comum, Babilônia, ora, Jesus como Ciro Maior, não cuidaria em fazer o mesmo com seus filhos católicos, protestantes e pentecostais? Derrubando entre eles os muros de inimizade e eles, agora simplesmente cristãos, tomando posição para se unir ao povo socialista, para, então, conquistarem Babilônia, a Grande, de modo toda humanidade ser liberta do seu jugo e retornar, livre, para o Paraíso de Deus? Para o Jardim do Éden, lugar de onde foi expulsa por causa da desobediência?

Ora, é certo que as imagens de pastores Ari e Benedito entrando na Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio representam a maturidade dos cristãos, que é como a maturidade Daquele que não obstante não haver tratos entre judeus e samaritanos, todavia ele transitava entre todos e tinha diálogo com todos. E a maturidade que levou pastores Ari e Benedito entrarem na Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio tem a sua recíproca, pois, deveras, é a mesma maturidade que faz Pastor Benedito e Monsenhor José Antônio entrarem na Igreja Luterana ladeando Pastor Ari e faz Pastor Ari e Monsenhor José Antônio entrarem na Igreja Assembléia de Deus ladeando Pastor Benedito. Basta que haja o sopro divino e o chamado Daquele que se deixou morrer na cruz para que todos os muros de divisão fossem derrubados.

Bem, porque mesmo Adamir Gerson, tendo passado dez anos, está trazendo à lembrança aquela missa ecumênica que presenciou naquele ano de 2002 na cidade de Santo Anastácio? Não é que o próprio Deus está se mobilizando para formar a sua poderosa força política e, assim, e somente assim, resgatar os pobres do seu sofrimento? Porque a força política que aí está não se presta a isto, se prestando muito mais a conservar todo esse estado de coisas? Deveras, enquanto uns vivem a colocar lenha na fogueira para que esse estado de coisas seja mantido – e estamos falando da aliança política que gravita em torno do PSDB – outros combatem esse estado de coisas com bálsamo – e estamos falando da aliança que gravita em torno do PT?

É verdade, todo esse estado de coisas tem sido conservado unicamente porque o povo de Deus tem estado como os escravos hebreus no Egito, que no lugar de se unirem e lutar contra o rei do Egito, saindo do país e indo para o lugar que Deus lhe reservou, ao contrário, o que faziam era brigar entre si. Questões menores impediam de ver a questão maior. Mas, quando avistaram a questão maior e a ela se entregou eis então esse quadro belíssimo que o Livro do Êxodo nos legou, centenas de milhares de corpos deixando as masmorras do Egito e, livres, tomando o rumo da terra da promessa.

Então o que foi exposto deve servir de reflexão sim para todos. Em especial para a Assembléia de Deus neste ano de 2011, em que há para ela um grande chamado político. E deve sim se dirigir aos seus irmãos católicos com as propostas do governo de Cristo e chamá-los para engajamento, porque, deveras, ou é este engajamento ou é a barbárie que estamos presenciando todos os dias, assassinatos e mais assassinatos, destruições e mais destruições, e não surge nada para ao menos estancar tanta dor. E uma vez que Deus colocou na igreja evangélica a sua essência de Jerusalém, que é o amor a Deus e o amor à Sua Palavra, e uma vez que Deus colocou na igreja católica a sua essência de Samaria, que é o amor a Deus e o amor ao diferente, e isto faz da igreja católica indestrutiva, pois na sua destruição está a destruição de toda a diversidade de vida que o próprio Deus criou, ora, os responsáveis pela Assembléia de Deus devem levar tudo isto em consideração, e não olhar para a igreja católica naquilo que foi construção do homem, e que levou à Sua ação através de Lutero e dos comunistas, mas olhar para a igreja católica naquilo que é construção de Deus, que lançou a sua semente na Contra-Reforma, ao acrescentar à justificação pela fé que então dera a Lutero também as obras como necessário à salvação, cujo frutos afloraram no Concílio Vaticano II (É porque a divisão ocorrida na igreja católica no lançamento das Teses de Lutero, e que fez surgir dum lado o Protestantismo e do outro o Catolicismo (porque o conceito de catolicismo até então era substantivo, e então passou a ser adjetivo) tal foi o antítipo da divisão ocorrida em Israel após a morte do rei Salomão, com o reino de Judá ficando nas mãos de Roboão e o reino de Israel nas mãos de Jeroboão. E é importante esclarecer que aquela divisão se deu por vontade de Deus, como se acha expresso em I Reis 12.24. E como Deus não brinca de dados, só podemos entender que fez tal porque tinha as suas duas essências para ser plantada e elas frutificarem. Então o que cabe a todo homem e mulher é descobrir estas essências de Deus, distribuídas entre o povo evangélico e entre o povo católico).

A Mulher Gloriosa de Apocalipse 12

Apocalipse 12 trás as imagens de uma mulher gloriosa, vestida do sol e tendo a lua debaixo dos seus pés, e na sua cabeça havia uma coroa de doze estrelas. E ela está grávida, clamando nas suas dores e na sua agonia de dar à luz. E é dito que ela dá à luz um filho, um varão, que há de pastorear as nações com vara de ferro.

Quem é esta Mulher? O fato de Adamir Gerson ter falado sobremaneira sobre a Assembléia de Deus, ter dito que os seus 100 anos de existência têm muito a ver com os cem anos de Abraão quando teve o seu filho Isaque, e mais do que isso, ter dito que naquele ano de 78 quando teve o seu encontro teofânico mãos divinas levaram-no para o ventre da Assembléia de Deus ficando nela exatos nove meses, isto faz da Assembléia de Deus a mulher gloriosa de Apocalipse 12?

Em primeiro é preciso dizer que esta “Mulher” é simplesmente aquela que a Palavra de Deus diz ela seria bem-aventurada, e todas as gerações a proclamaria feliz. Ela é simplesmente Maria espiritual. É ela que está grávida, no plano espiritual, e é ela que há de dar à luz ao filho varão com a missão de pastorear as nações com vara de ferro.

Mas, no plano visível, esta Mulher gloriosa é todo aquele que deixa nascerem em si a boas novas do socialismo celestial. E quando o socialismo celestial nasce, quer em um homem, quer em uma mulher, ou mesmo em um pastor evangélico ou padre católico, este acabou neste momento de dar à luz ao filho varão com a missão de pastorear as nações com vara de ferro. Quando entra em contato com o socialismo celestial, o seu leque de verdades, e a sua alma se abre para ele, o aceitando com alegria, neste momento deu-se a sua fecundação. E o seu processo de gestação é todo período em que se dedica ao seu estudo, se aprofundando nas suas formulações científicas. E quando tudo se acha claro em seu espírito, em condições de falar do socialismo celestial para outras pessoas, é neste momento que fez o seu nascimento.

Então foi dito que a Assembléia de Deus não é mais a Mulher de Apocalipse 12? Tudo vai depender dos seus líderes e dos seus responsáveis, em abraçar tudo que está reservado para a Assembléia de Deus.

E o que está reservado à igreja Assembléia de Deus está também reservado a todas as igrejas cristãs, aos inúmeros grupos que compõem o corpo evangélico, quer o luterano, quer o batista, quer o presbiteriano, quer o metodista, e quer todas as igrejas pentecostais que nasceram a partir do nascimento primeiro da Assembléia de Deus. Cada igreja, bem como os inúmeros grupos que compõem a igreja católica, quer os focolares, quer os carismáticos, quer os da Teologia da Libertação, tem os seus líderes, seus responsáveis, e é sobre estes que está pesando a responsabilidade da decisão. Cada qual, quer os com responsabilidade ministerial, quer os que apenas sentam nos bancos para cantarem hinos e ouvir a Palavra, cada qual é um templo, é uma igreja.

A Real Mulher de Apocalipse 12

Ora, foi falado que Adamir Gerson teve o seu encontro teofânico no ano de 78, ocasião em que mãos divinas o levaram para o ventre da igreja Assembléia de Deus.

Pois é, naquele ano de 78, final de abril ou início de maio, enquanto aquele que fora operário no ABC paulista tinha um encontro assim, neste mesmo período outro operário do ABC, Lula Inácio, era também visitado na mesma proporção do Espírito. Uma compreensão do nascimento político de Lula ajuda a clarear esta questão.

Como explicar que naquele mesmíssimo período tanto Lula foi acordado politicamente para o socialismo marxista como Adamir Gerson para o socialismo celestial? Como explicar que naquele mesmo período em que mãos divinas o conduziam para os bancos da igreja evangélica, mais precisamente que para os bancos da igreja Assembléia de Deus, naquele mesmo período mãos sacerdotais tomava o operário Lula e o levava para os bancos da igreja católica, mais precisamente que para os bancos da igreja matriz de São Bernardo do Campo para que ali continuasse com as suas assembléias de operários? E como explicar que neste mesmo período estes dois operários, com gênese comum, os pais de Adamir Gerson vieram para o Estado de São Paulo em caminhões paus-de-arara, do Estado de Alagoas, e Adamir Gerson, como Lula, trabalhou no ABC paulista no período de 73/76, e como Lula, concluiu o Segundo Grau pelo ensino supletivo não voltando mais a estudar?

Teria sido que naquele ano de 78, Maria espiritual, agora como Rebeca espiritual, ficou grávida de gêmeos? O seu Jacó e o seu Esaú?

Ora, podemos afirmar que aquele operário barbudo que foi levado por mãos sacerdotais para uma igreja portadora do vermelho da vida, e que nasceu politicamente enrolado na bandeira do Marxismo, fazendo do seu vermelho a sua cor, prometendo destruir o capitalismo e instaurar no seu lugar o socialismo, ora, podemos afirmar que o que se deu naquele período, naquele final da década de 70, foi que no plano espiritual a Mulher Gloriosa de Apocalipse 12 deu à luz gêmeos, sendo o operário do ABC iletrado Lula o seu Esaú, ao passo que o operário do ABC iletrado Adamir Gerson o seu Jacó? Pois que se Lula foi levado para os bancos de uma igreja portadora do vermelho da vida, a verdade é que Adamir Gerson foi levado para uma igreja portadora do branco da paz. Ademais, Adamir Gerson era ensinado a também superar o capitalismo, não, porém, pela sua destruição, como Lula aprendeu no ventre da igreja portadora do vermelho da vida, mas pela sua conversão e transformação, que os apanhou no ventre da igreja portadora do branco da vida, a Assembléia de Deus?

Essa relação que Adamir Gerson estabeleceu entre esses dois nascimentos tem fundo de verdade? Realmente é parte de um mesmo e único processo?

Certamente que sim e certamente que só ela para explicar fatos “exóticos” e inusitados posteriores.

De fato, a partir de todo o explicado então começamos a compreender porque o PT “se desviou” da sua rota original. Na verdade não houve desvio, mas, sim, que o processo na sua metamorfose estava levando o PT – e por extensão a Revolução – da sua essência de Esaú para a sua essência de Jacó. Do seu nascimento na igreja portadora do vermelho da vida para o seu nascimento na igreja portadora do branco da paz. Do seu nascimento na elite intelectual para o seu nascimento nas massas populares. Da sua caminhada do deserto para a sua chegada em Canaã. Em Canaã se acha a aliança do Reino, católicos, evangélicos e socialistas irmanados para decididamente criar uma nova terra e um novo homem, mas para que se pudesse chegar nela fez-se necessário se passar por essa aliança em que nela convivem forças vivas e forças mortas. O aprendizado necessário para tudo que os aguarda DO OUTRO LADO DO JORDÃO...

Destarte, mesmo que intelectuais ligados ao PSOL tenham visto no PT desvio de conduta, na verdade a nova conduta deva ser entendida como a busca da produção de novo valor, não pelo PT – e aí os irmãos do PSOL estão carregados de razão, pois falamos daquilo que vemos e ouvimos – mas pelo condutor real do PT, Javé dos exércitos, do qual Lula é sim seu instrumento, não, porém, consciente, pois, como já dito, a consciência é atributo da transcendência, sabendo o caminho trilhado, o caminho que se trilha e o caminho a ser trilhado. Quando a história se repete duas vezes e quer ficar nas duas vezes estamos diante da farsa de Marx, mas quando a história se repete duas vezes para, a partir do caminho percorrido, trilhar novo caminho (Mateus 2.20-21), estamos diante da ciência de Hegel. É isso. Tem que se buscar a essência do PT, o que é, para onde vai – e por extensão da Revolução, mais uma vez – não mastigando o Plekhanov que foi regurgitado por Lênin – cujo resultado é esta aliança onde convivem forças mortas com forças vivas – e tão pouco mastigando o que as massas no Leste Europeu regurgitaram cujo resultado é uma militância estéril, sem contato com as massas, alienada de sua cultura, cheia de planos bons, mas que não são sonhados pelos oprimidos que sem esses sonhos bons continuam no seu pesadelo. (Mateus 2.20-21.

Tal foi exposto porque esta narração de Mateus vai de encontro ao que estamos nos esforçando para transmitir. De fato, ao estar narrando o sonho tido por José, em que o anjo de Javé pede a José para retornar, porque estavam mortos todos os que buscavam a alma da criancinha para tirá-la, é certo que Mateus quis transmitir uma similitude entre Moisés e Jesus (Êxodo 4.20-21); que Jesus era de fato o Moisés esperado pelos judeus. Mas se Jesus chegasse a Israel e fosse tão somente repetir o que Moisés fez no Egito, por certo que Jesus seria a farsa de Marx. (E quantos farsantes havia em Israel nos dias imediatamente anterior a Jesus!). Não foi o caso. Jesus voltando do Egito para Israel realmente repetiu a volta de Moisés de Midiã para o Egito, mas a volta de Jesus foi diferente, para começar uma nova etapa onde Moisés tinha parado. A sua volta foi idêntica na forma, não, porém, no conteúdo. Jesus não voltou para libertar o povo judeu do domínio romano, como faria Moisés, mas veio trazer para os judeus uma nova caminhada, apontando, não na direção da velha Canaã, mas na direção de uma nova Canaã, Celestial. Jesus não veio tomar o lado dos judeus contra romanos, mas mostrar para ambos que os valores e o reino porque lutavam não valia pena, pois se a paz fosse alcançada entre eles seria efêmera, e não tardaria e a luta iria novamente voltar entre eles, ou entre eles e outros povos. Jesus veio trazer um novo paradigma, uma nova caminhada, de modo que Jesus é mesmo a ciência de Hegel. Isto deva servir de reflexão não só para os intelectuais do PSOL como também para os intelectuais do PT,

A Parábola da Águia

Leonardo Boff ouviu uma parábola na Alemanha e nos contou. A parábola da águia. Como é de todos conhecida, não convém reproduzi-la senão comentar alguns de seus aspectos.

Quem é a águia da parábola e que certa vez foi apanhada por um homem quando caminhava pela floresta e a levou para sua casa e a ensinou viver como galinhas?

Essa águia é Lula, é o PT. Naquele ano de 78 quando Lula se despontava para o Brasil as esquerdas o tomaram e o levou para sua casa a viver entre galináceos. E Lula foi ensinado a viver como galináceos. Comportou-se como galináceo, socando o ar e dizendo que ia fazer com os militares brasileiros o que os ingleses fizeram com Galtieri e os seus recrutas. Iria estrangular o capitalismo como a anaconda estrangula sua vítima.

Lula e PT – e por extensão a Revolução, mais uma vez – são hoje águia? Estão vivendo como águias?

Não, são águias, todavia ainda vivendo como galináceos. Foram galináceos quando foram levados pelas esquerdas para a sua casa, e quando foram levados pelo capitalismo para a sua casa ainda continuam como galináceos.

Mas Lula e PT são águias. Nasceram para serem águias. Estão hoje ciscando o chão do materialismo – saíram do chão do materialismo do Marxismo e foram para o chão do materialismo do Capitalismo –, mas a sua vocação última é a da metafísica. É de ter o céu e a terra como seus limites, e de estar no alto das montanhas, para, a partir delas, do seu alto, então ter uma visão panorâmica do absoluto da História e de toda a vida.

Está perto, muito perto, aquele momento em que o naturalista tomou a águia na mão e foi com ela ao alto da montanha e de lá a precipitou no abismo, com ela batendo desesperadamente suas asas em ziguezague até que conseguiu se equilibrar no ar; e, o dominando, então indo para o lugar que apontava a sua direção, o alto das montanhas.

É verdade, está perto, muito perto, o momento em que o cientista da parábola, Deus, vai tomar Lula e a militância do PT e os colocar no verdadeiro lugar a que nasceu, no coração das massas, de modo a não se conformar com o mundo, mas transformá-lo.

Renovação Carismática

A Renovação Carismática surgiu no final da década de 70. E desde o seu aparecimento foi vista e entendida como sendo algo que nasceu a partir do imperialismo e enviada para a América Latina, e em especial para o Brasil, para combater a Teologia da Libertação e o Marxismo; dessa forma impedindo que as massas religiosas do continente fossem contagiadas pelos ideais revolucionários.

Mas, a verdade é que a Renovação Carismática deva ser vista como tendo a sua base de nascimento e fecundação também no Concílio Vaticano II. Não no sentido de se ver o Concílio Vaticano II como algo que foi realizado pelo homem para tratar e resolver problemas pendentes à Igreja Católica, na sua caminhada perante o mundo, mas no sentido em que é visto como algo que foi realizado por Deus.

Era como se a Teologia da Libertação tivesse sido o seu Esaú, que fez nascimento primeiro. E a Teologia da Libertação, tendo adquirido e incrementado uma práxis voltada para o material, e politicamente se empenhada na superação do capitalismo, deva sim ser vista como este Esaú de Deus.

E é isto mesmo. Uma vez que na descrição da fecundação dos dois irmãos já é dito que os dois lutavam entre si no ventre de Rebeca, e que quando nasceu o primeiro o segundo segurava no seu calcanhar, ora, foi tudo isto que aconteceu na vigência e realização do Concílio Vaticano II. Nem existia a Teologia da Libertação e nem existia a Renovação Carismática, mas se logo a Teologia da Libertação ganhou identidade é porque a Teologia da Libertação fora forjada no fogo do próprio Concílio. Não veio do nada. E se a Renovação Carismática que também não existia na realização do Concílio, todavia veio também a ganhar identidade própria é porque ela também fora forjada no fogo do Concílio.

De fato, é isto mesmo. O intermitente debate a ponto de ser de vida e morte entre os tido como conservadores e os que queriam a modernização da Igreja (mais tarde o mesmo embate vai ser em terras de Rússia, dum lado Gorbatchov, do outro os tido como conservadores), ora, era no seu embate que estavam sendo forjadas a Teologia da Libertação e a Renovação Carismática, de modo que se a Teologia da Libertação foi tida como o fruto legítimo do Concílio Vaticano II, e o foi, todavia que como expressão dos setores que queriam a modernização da Igreja, por outro a Renovação Carismática deva ser tida como o fruto legítimo dos assim chamados conservadores. Mesmo que em algum momento eles tivessem visto a Renovação Carismática com certa desconfiança, o pedaço que Marx não arrancou, no costado poderia estar sendo arrancado por Lutero (enforcado tem medo de corda). De modo que não houve mesmo perdedores, mas todos saíram ganhadores, pois, deveras, se a Teologia da Libertação refrigerou materialmente a Igreja Católica, por outro a Renovação Carismática a refrigerou espiritualmente, sobrando uma inquietante e pertinente pergunta: e se não fosse o Concílio o que seria hoje a igreja católica? É, se a história fosse feita por homens e dependesse dos homens ela pararia na primeira esquina...

Bem, porque a Renovação Carismática? A Renovação Carismática frente à Teologia da Libertação se reveste da mesma importância do Cristianismo frente ao Marxismo, isto é, em essência. Se para a tese, Lutero, e para a antítese, Marx, ora, se a Teologia da Libertação foi chegada do Marxismo entre o rebanho católico, todavia um Marxismo depurado, que fez entrar o seu instrumental de análise social todavia deixou fora, na porta de entrada, o calçado de sua filosofia, ora, a Renovação Carismática só pode ter vindo completar a equação matemática, estando para Lutero, o que a Teologia da Libertação esteve para Marx.

Por que mesmo a Renovação Carismática? Porque o socialismo na Rússia foi construído desligado e sem ter de passar pela religião. Era uma necessidade premente que fosse assim. As profecias concebidas aguardavam o seu momento de cumprimento; e o socialismo marxista, desligado da religião e de qualquer transcendência, era a forma exata para o cumprimento da profecia. Não só aquela de Isaías e de Jesus pela qual Deus iria construir os frutos do Reino por intermédio de um povo sem qualquer ligação com o sagrado como também o vaticínio do profeta Sofonias pelo qual o dia da ira de Deus iria ser contra os sacerdotes e todas as forças terrenas que com eles era uma unidade. Mas o Brasil iria ter destino escatológico diferente do russo. O socialismo no Brasil iria ser construído a partir dos fundamentos espirituais, nascendo, pois, um Estado socialista como expressão de um povo que se levantou no socialismo. Mais precisamente que de um povo que trazia em si adormecido, em potência, em germe, o socialismo chegado a eles, não pela práxis marxista, mas pela práxis religiosa, que veio preparar o caminho e as condições. Quer dizer, veio preparar e transformar odres velhos em odres novos, para que fossem ocupados pelo vinho novo do socialismo. Destarte, a partir deste fundamento espiritual, toda a violência revolucionária iria ser dispensada, porque o lugar iria ser ocupado pelo poder do Evangelho.

Então a Renovação Carismática deva ser vista sim como sendo mãos divinas que o trouxe para o Brasil, para suprir a falta da Teologia da Libertação. A Teologia da Libertação não estava intelectualmente apta a construir o socialismo SEGUNDO JESUS, mas segundo Moisés. E o socialismo marxista na Rússia representou mesmo a chegada de Moisés. Mas o Brasil fora reservado para construir o socialismo segundo Jesus. E se a Renovação Carismática, e antes dela o Pentecostalismo, se prestaram em algum momento aos interesses do imperialismo, foi puro oportunismo da parte dele, que vive de oportunismo. Fizeram isto com certo grupo de esquerda, porque lhes interessava barrar o socialismo na Rússia, e fizeram isto com grupos cristãos, agindo no puro oportunismo.

Assim, pois, a Renovação Carismática, trazendo para o meio do povo católico a espiritualidade cristã, deva ser vista como ajudadora e preparação para a Teologia da Libertação que, digamos, estava metida em contradição. Tinha nas mãos o instrumental de análise social do Marxismo, mas a sua essência e origem impedia o seu uso das respostas aos problemas que apontou que não era descabido senão a solução para aquele preciso diagnóstico. De modo que a Renovação Carismática veio mesmo ajudar a Teologia da Libertação, pois se tinha na mão o instrumental de análise social do Marxismo e, no entanto, não podia usar seu remédio, então este instrumental lhe era um peso morto que cedo ou tarde iria ter de livrar-se dele, como já tinha se livrado da sua filosofia. E a Renovação Carismática lhe veio ser ajudadora porque a forçando olhar para o espiritual a preparou para a chegada do socialismo celestial, lugar onde se acham novos instrumentais de análise social e de história, e que formam um par com a sua filosofia, a cristã. Dessa forma superando a sua contradição, pois que passou a carregar o Cristo da cruz em totalidade. Não o Cristo da cruz que está na Renovação Carismática, que é antagônico a Marx, mas o Cristo da cruz que está no socialismo celestial, que não é antagônico senão que é o próprio Marx que foi levado a perfeição.

Destarte, a Renovação Carismática tinha mesmo a missão de preparar odres novos, para que o vinho novo do socialismo, nas mãos da Teologia da Libertação, tivesse realmente onde ser depositado. Deva ser visto mesmo como a chegada do óvulo para o sêmen da Teologia da Libertação, capaz de re-construir o socialismo que as massas derrubaram no Leste europeu, mas só seria capaz de construir o socialismo perene, aquele que se acha em Daniel 2.44, quando recebesse os fundamentos espirituais que Deus depositou na Renovação Carismática, isto é, quando a sua forma inacabada passasse pela pedra de toque do intelectualismo do socialismo celestial.

Mas, aspecto fundamental a ser destacado na Renovação Carismática é que uma vez o socialismo será construído no Brasil sem, no entanto, passar pela destruição dos ricos, como ocorreu na Rússia, senão que a partir de sua transformação, ora, grande é o papel reservado para a Renovação Carismática. De fato, a sua missão real é mesmo a de evangelizar a classe rica. Aos pentecostais, Deus reservou a grande missão de evangelizar os pobres, mas à Renovação Carismática, a missão da evangelização dos ricos. Uma evangelização que é unicamente mostrar aos ricos e a todos que detém o poder da propriedade que toda a luta travada nos últimos cem anos pelos socialistas era na verdade uma luta de Deus e conduzida por Deus. E que devem olhar para o socialismo com outros olhos.

A rigor, despertar neles o que a força dos escravos saídos do Egito despertou nos habitantes de Gibeão (Josué 9), a ponto que eles reconheceram que era loucura lutar contra um povo que tinham um Deus que não encontrava rival no panteão dos deuses. É papel sim da Renovação Carismática, fazer este papel, trabalhar no coração e na mente dos ricos e despertar neles o interesse e a vontade de estar também nesta luta ao lado de Deus. Despertar neles a solidariedade e o amor às riquezas espirituais. E, quando tiver conseguido algum avanço no meio deles, então ser esta ocasião para que a Teologia da Libertação exerça mudanças nas estruturas materiais da sociedade, tanto nas suas instâncias de poder como no seu modo de produção. Assim, cada vez mais a sociedade estará avançando para o socialismo, nesse caso, porém, com a própria aquiescência das forças burguesas (ver Isaías 11.6), que tiveram os seus corações de pedra transformados em corações de carne.

E sobra um exemplo, Joel Mascarenhas. Fazendeiro com terras no Pontal do Paranapanema foi o único que aceitou negociar com os sem-terra. Não somente se opôs tenazmente à criação de milícias armadas, como também se encaminhou para negociar com eles, na mediação do Estado, evidentemente. Até mesmo tendo doado novilhos para que os sem-terra festejassem a posse da terra.

A razão? É que Joel Mascarenhas e sua esposa são ativos militantes da Renovação Carismática, e já passaram a andar com o Cristo, o que explica a sua diferença com os demais fazendeiros, que não tinham tido a oportunidade de se encontrar com o Doador da vida.

Se, porém, diante das muitas evidências, a Renovação Carismática der mostras de que não fez opção pelo socialismo, crendo ser sua missão apenas alegrar os corações com cânticos e orações, deveras continua apenas num estado infantil perante Deus. Um instrumento de bronze que apenas retine. Os ainda pequeninos de que fala o apóstolo Paulo (I Coríntios 13.8-13), que não obstante a sua chegada, todavia não se abriram para aceitar em suas vidas a chegada do Completo, aludido por Paulo, e que só pode ser Jesus Cristo.

A Grande Caminhada das Forças do Reino

Por volta do ano de 2003 Adamir Gerson se achava na igreja Obras do Espírito Santo. Fora ali porque levado por Deus, para que falasse ao seu dirigente, pastor Luis Baldez, sobre as boas novas. E sucedeu que por esse tempo chegou também na Igreja a jovem Joseane, vinda da igreja Nova Jerusalém. E assim que tomou assento, então Joseane narrou um sonho que tivera naqueles dias. E o que narrou?

Narrou que viu em sonho uma grandíssima caminhada acontecendo no centro de Presidente Prudente. Dezenas e dezenas de milhares se encaminhavam do seu centro para o Parque do Povo. E a grande multidão depois de passar por uns clérigos parados ali na sua boca de entrada – conversando entre si e indagando entre si: Quem deu poder para estes fazerem isto? – entraram no Parque do Povo e foi se postar diante de um grande palanque ali armado, ocupado pelos ministros da Palavra de Deus.

E a jovem Joseane narrando o sonho então dizia que a grande multidão que viu caminhando pelo centro de Presidente Prudente era composta de católicos e de evangélicos. Mas os católicos nas suas avenidas era maioria. Quanto aos ministros da Palavra de Deus no palanque que fora ali armado eram padres e pastores. No entanto, como ela mesma disse – os pastores no Palanque eram maioria.

E quando acabou de narrar o sonho então a jovem disse: O dia e o ano – não sei. Mas que esta caminhada vai acontecer não tenho nenhuma dúvida, pois foi muito claro no meu espírito. Pouco tempo depois retornou para a sua Igreja, todavia deixando a pergunta: o que foi fazer naquela Igreja onde estava o homem que Deus vinha preparando para começar na terra, a partir dele, o reinado de seu filho Jesus? Por ventura que ela foi enviada ali pelo Deus que não faz nada sem antes avisar os seus escravos, os profetas?

O que seria esta caminhada? Por ventura que católicos, evangélicos e socialistas se conscientizarão que o caminho a seguir é o apontado por Adamir Gerson? A criação do instrumento político do Partido Celestial e com ele dar a consciência política do Reino, organizando o povo e o povo tomando consciência que tem chegado o tempo da construção, no lugar do governo humano, do governo divino?

O que seria mesmo esta caminhada? Por ventura que católicos, evangélicos e socialistas, que adquiriram a plena maturação do espírito, convergirão para Presidente Prudente e quem sabe ainda neste ano de 2011, que pode ser o 12 de Outubro, farão nesta cidade do oeste paulista a grandíssima caminhada vista em sonho pela jovem Joseane, que marcará sim o início da caminhada milenial, o início mesmo da organização de todo o povo de Deus, católicos, evangélicos e socialistas, a fim de fazer, não por violência e nem pelo poder militar, mas pela Palavra de Deus, que os reinos deste mundo se tornem em reinos de nosso Senhor e do seu Cristo? De modo a se estabelecer entre nós a verdadeira paz e a verdadeira justiça?

As imensas massas cristãs e socialistas nas avenidas de Presidente Prudente, batendo fortes os seus tambores, alçando ao vento as suas bandeiras, e cantando os mais belos cânticos, é este um dia em que o poder divino se estabelece na terra e a terra começa a ser dos mansos, que Jesus disse herdariam a terra, e que sabemos são aqueles que com o seu trabalho produzem todas as riquezas, os trabalhadores? Pois que uma grandíssima caminhada em que na frente dos ungidos de Deus, dos homens e mulheres que escolheu para começar na terra, a partir do país Brasil, o reinado de seu filho Jesus Cristo, irão jovens levando em um carrinho um grande livro aberto e nas suas abas a inscrição, deste lado, EDUCAÇÃO, e do outro lado, EVANGELHO? Pois o reinado de Jesus Cristo há mesmo de se estabelecer pela junção do poder da Educação com o pode do Evangelho, de modo um ensinando conhecimento e outro ensinando amor, não tardará e a exploração e todas as coisas velhas serão procuradas e não mais encontradas? Como vaticinou o profeta Isaías, não subirão mais ao coração e não mais serão lembradas?

Canaã e Gileade

Ora, sabemos que os escravos hebreus quando saíram do Egito sob Moisés tinham um destino bem claro e bem definido por Deus, Canaã, de longa data presente em seus corações, desde Abraão. Todavia antes de entrar em Canaã acabou por conquistar o reino de Hesbón, à Síon, seu rei, e o reino de Basã, a Ogue, seu rei. E Moisés os deu às tribos de Rubem e Gade, e à meia-tribo de Manassés, como a sua herança.

E o reino de Gileade periclitou o plano de Deus, pois, deveras, estas duas tribos e meia desinteressaram de prosseguir a caminhada, achando que Gileade, bastava. E se acomodaram com o que tinham não atentando para a falta de seus irmãos.

Mas, a firmeza de Moisés fez mais uma vez prevalecer os desígnios de Deus, de modo que as tribos de Rubem, de Gade e a meia-tribo de Manassés finalmente concordaram em atravessar o Jordão na frente dos seus irmãos a fim de ajudá-los a também conquistar a sua herança. Iria atravessar na frente de todo o povo, deixando a sua terra aos cuidados de suas esposas e dos seus pequeninos; e quando tivessem ajudado seus irmãos a também conquistar a sua herança então iria retornar para o que era seu.

O que representa para os dias de hoje a conquista do deserto, Gileade? Simplesmente que todas as conquistas do Reino, seja a dos cristãos, seja a dos marxistas, representam Gileade. O final da jornada dos cristãos não é o Cristianismo, mas, sim, o Reino de Deus, e o final da jornada dos marxistas não é o Socialismo, mas, sim, o Comunismo. Não reinos distintos, mas o mesmo: do referencial cristão, é Reino de Deus, e do referencial marxista, é Comunismo.

Protestantes, Pentecostais, Renovação Carismática, Teologia da Libertação, bem como todo e qualquer grupo marxista – sem falar em outros grupos e estamos falando dos judeus, dos muçulmanos, dos budistas, dos hinduístas, dos confucionistas, dos esotéricos, dos espíritas – tem de se conscientizar que atravessaram o Mar Vermelho, não, porém, o Jordão. Tem de conscientizar que todas estas conquistas representam a conquista do deserto, e que é preciso olhar para além do Jordão, onde está aquilo que Paulo chamou escatologicamente de Completo, e que é Jesus Cristo de Nazaré e o seu Reino.

Representam a conquista do deserto? A meia-tribo de Manassés? Destarte, de um lado, as duas tribos de Marx e Lênin e a meia-tribo de Stálin, e de outro, as duas tribos de Abraão e Moisés, e a meia tribo de Paulo?

Ora, quando é que a meia-tribo do Marxismo atravessa o Jordão a fim de se tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando os marxistas olham para o Cristianismo e reconhecem nele o complemento de que tem falta; quando olham nos Coliseus de Roma e para o sangue dos mártires cristãos que ali eram derramados e reconhecem que o seu martírio é o outro lado do martírio socialista nos porões das ditaduras. Que aquele estava produzindo o branco da paz, e este, o vermelho da vida.

Quando é que a meia-tribo do Pentecostalismo atravessa o Jordão a fim de se tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando olham para o Concílio Vaticano II e reconhece no seu fruto mais precioso, a Teologia da Libertação, o complemento para o fruto precioso que nasceu no casarão metodista situado na Rua Azusa, em Los Angeles, naquele ano de 1906; que a pregação dos pentecostais no meio dos pobres, os resgatando da opressão espiritual e das concupiscências da carne, e a pregação da Teologia da Libertação no meio dos pobres, os resgatando da opressão material e das concupiscências do dinheiro, as duas práxis, deveras, se complementam e é uma só na palma da mão de Jesus.

Quando é que a meia-tribo dos judeus atravessa o Jordão a fim de se tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando olham nos palestinos e reconhecem neles o seu irmão Esaú, passando a querer para eles tudo o que querem para si, que é uma reconciliação plena, a tal ponto que virão ser um só povo, um só Estado, um só governo, governado conjuntamente por palestinos e judeus, com Jerusalém una e indivisível sendo o centro de suas vidas, transitando livre por ela, de um lado a outro, sem qualquer impedimento.

É verdade, por carregar uns a essência espiritual do Reino, Reforma Protestante, Pentecostalismo, Renovação Carismática, e outros a essência material do Reino, Marxismo, Teologia da Libertação, Escola de Frankfurt, com certos arranjos, todos vem a estar na palma da mão de Jesus como a Sua Unidade, o que de si saiu e a si retornou, na plenitude dos tempos escatológicos.

Os Valentes de Jah

Relata a Palavra de Deus que aqueles que reconheceram que o final da jornada de Deus era mesmo do outro lado do Jordão, em Canaã, e não antes, em Gileade, acabaram por tomar sobre si as responsabilidades de atravessar na frente dos seus irmãos a fim de ajudá-los a conquistar também a sua herança eterna. E aqueles que atravessaram o Jordão na frente dos seus irmãos vieram a gozar e a ter um nome especial, os Valentes de Jah!

Quem seriam hoje os Valentes de Jah? Certamente que são todos que reconhecem que as palavras de Adamir Gerson são palavras inspiradas, e representam a vontade de Deus. Mais ainda, de que o lugar onde estão e a que pertencem representa mesmo conquista do deserto, e que é preciso realizar a cisão hegeliana, deixando-o aos cuidados dos pequeninos, e assumir sobre si as responsabilidades da travessia do Jordão espiritual.

A Arca do Pacto

Ora, quando os escravos saídos do Egito foram atravessar o Jordão então na frente de todo o povo seguia os sacerdotes de Deus, levando no ombro a Arca do Pacto. Guardando distância, deveriam seguir para onde a Arca do Pacto os levasse, pois, deveras, iam para um luar que não conheciam e que antes não vieram estar. O que é isto? O que isto quer dizer para nós precisamente?

Que a Arca do Pacto hoje é o Partido Celestial. E é ele que terá de ir à frente do povo, levado nos ombros dos sacerdotes de Deus. Organizando o povo, criando lideranças, e dando vitalidade aos movimentos sociais, ora, o Partido Celestial por certo que levará todo o povo brasileiro e todo o povo da terra ao reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, pois que é portador do seu combustível teórico.

A Arca do Pacto e o Partido Celestial

Quando os escravos saídos do Egito principiaram à travessia do Jordão seguindo a Arca do Pacto, ora, a Arca, embora no Velho Testamento não tenha havido alusão, todavia no livro Aos Hebreus é narrado que ela tinha como conteúdo as duas tábuas da lei, o jarro com o maná e a vara de Arão que havia florescida.

Estes são o conteúdo sublime do Partido Celestial, de modo ele se apresentar como sendo o único representante escatológico? Vejamos:

O Jarro com o Maná. Segundo o livro Aos Hebreus no Lugar Santíssimo estava a Arca do Pacto e dentro dela havia objetos que vindicavam e representavam a soberania de Deus sobre toda a criação. Ali estava o jarro de ouro com o maná, a vara de Arão que havia florescido, bem como as duas tábuas da lei.

Qual o profundo significado do vaso de ouro com o maná?

Ora, sabemos que o maná foi o alimento que Deus enviou ao seu povo no deserto para saciar-lhe a fome e com algumas recomendações, como segue: (...) Esta é a Palavra que Javé ordenou: Colhei disso, cada um proporcionalmente ao que come. Deveis tomar a medida de um gômor para cada um, segundo o número de almas que cada um de vós tem em sua tenda. E os filhos de Israel começaram a fazer isso; e foram apanhá-lo, alguns recolhendo muito e outros recolhendo pouco. Quando o mediam pelo gômor, quem tinha recolhido muito não tinha sobra e quem tinha recolhido pouco não tinha falta. Apanharam-no cada um proporcionalmente ao que comia. E é dito claramente: este é o alimento que Javé vos dá.

Certamente que o vaso de ouro com o maná, que segundo o livro Aos Hebreus estavam com a Arca do Pacto no Lugar Santíssimo, é dos combustíveis do Partido Celestial. Os celestiais por certo que irão confrontar essa cultura que incentiva as pessoas a ter para além do que tem necessidade. Atuará forte nos espíritos, tentando reviver neles a simplicidade, e a austeridade, de modo cada um lutar pelo estritamente necessário. Essa cultura do consumismo, que pode levar a terra à exaustão – pois ela está presa a limites, não, porém, esse espírito consumista que desconhece limite – certamente que será combatida pelos celestiais, através de uma intermitente educação que chegará a eles na mediação do Evangelho de Jesus Cristo. “Que cada um procure ter segundo a necessidade do corpo e segundo a necessidade da alma; o que passar disto seja anátema”, dirão os celestiais.

Além de que os celestiais se dirigirão às massas populares com as imagens do jarro de ouro contendo o maná; e por elas as massas se conscientizarão que o Maná que Deus enviou ao seu povo por alimento é a completa negação do alimento oferecido pelo sistema capitalista. Farão mesmo uma associação do alimento que Deus mandou ao seu povo no deserto com a parábola de Mateus 20; e por elas as massas se conscientizarão de que o socialismo é Deus encoberto.

A Vara de Arão. Ora, relata o livro de Números que Deus, querendo cessar os resmungos com que resmungavam, então ordenou a todos os maiorais dos filhos de Israel que cada um tomasse o seu bastão e escrevesse nele o nome de sua tribo; e fossem colocados na tenda de reunião diante do Testemunho. E tinha de dar-se que aquele que Deus escolhesse o seu bastão iria florescer. E doze bastões foram colocados na tenda de reunião diante do Testemunho. E entre eles havia o bastão de Arão para a casa de Levi.

O que sucede é que no dia seguinte, quando Moisés entrou na tenda do Testemunho eis que havia florescido o bastão de Arão para a casa de Levi. E ele produzira botões e brotará flores, e dera amêndoas maduras.

O que é isso? O bastão de Arão que florescera é também conteúdo sublime do Partido Celestial? O Partido Celestial carrega e porta também o bastão de Arão que florescera?

Ora, sabemos que no tipo Moisés quando se achava no deserto de Midiã então ouviu o chamado de Deus para que voltasse ao Egito e libertasse o seu povo o conduzindo liberto para a terra da promessa. De modo que Deus disse mesmo: Volta Moisés, porque estão mortos todos que estavam na procura de sua alma para tirá-la. E Moisés quando voltava e estava no monte do Verdadeiro Deus, eis que Deus despertou seu irmão Arão para que fosse ao seu encontro para ser seu ajudador. E Arão fez exatamente assim, indo ao encontro de Moisés e o encontrando no monte do Verdadeiro Deus, selando com ele uma aliança de vida. De modo Moisés e Arão foram até os anciãos dos filhos de Israel e lograram absoluto sucesso no meio deles, com eles crendo piamente que Moisés fora mesmo um homem enviado por Deus para livrá-los do seu sofrimento. Tendo obtido o apoio dos responsáveis pelos filhos de Israel então os dois foram entrar até Faraó. E após a última das dez pragas então o povo, finalmente, rompeu os grilhões de Faraó e escapou livre, rumo à terra da promessa, pondo fim a um cativeiro de quatrocentos anos.

Ora, a verdade é que no antítipo tudo veio a se repetir com Lênin. No exílio então ouviu a notícia que era para voltar à Rússia e fazer a revolução e libertar o povo do seu sofrimento, pois, deveras o Czar tinha sido destronado e o caminho estava livre para a sua volta. De modo que as palavras que chegavam a ele no exílio era com este pedido: volta, Lênin, que foram destronados todos os que buscavam a sua alma para a tirar. Volta e assume o comando da revolução e o comando do povo russo. Se Moisés foi ao seu sogro Jetro e lhe pediu permissão para voltar com ele não só permitindo como lhe ofertando um meio de transporte, um jumento, no qual montou sua esposa Zípora e seu filho Gerson e passou a voltar ao Egito, a verdade é que Lênin foi ao Kaiser e pediu-lhe permissão para atravessar o seu território na sua volta à Rússia, com Kaiser não só permitindo como também lhe ofertando um meio de transporte, o trem blindado, no qual Lênin colocou sua família de revolucionários e passou a voltar à Rússia.

E quando Lênin estava na Rússia eis que um mês depois chegou o judeu Trotsky do seu exílio nos Estados Unidos. E a verdade é que entre Lênin e Trotsky foi selada uma aliança que historiadores se referem a ela como “uma terrível aliança”, pois, deveras, naqueles dias crítico de final do ano de 1917 foi mesmo a ação destes dois homens que balançou e pôs abaixo o poderio do reino humano, estabelecendo no seu lugar aos humildes proletários, se cumprindo ao pé da letra o que está escrito em Daniel 4.17 (mesmo porque em 1823 um inglês por nome John Acquila Brown escreveu um livro – com o título The Even Tide (A Noite) – no qual narrou de forma profética que no ano de 1917, Daniel 4.17 iria ter seu cumprimento. Mas agora não é ocasião para se falar deste assunto). É verdade, o papel desempenhado por Arão, porta-voz da libertação dos escravos hebreus, ao passo que Moisés era a sua cabeça pensante, foi o papel que a História reservou a Trotsky, com Trotsky quando quis ir além se perdendo, como se perdeu Arão no episódio em que acabou por construir o Bezerro de Ouro, induzindo o povo ao erro por dizerem, todos no seu erro: este é o teu Deus, ó Israel, que te fez subir da casa dos escravos...

Mas, onde entra a questão referente ao florescimento do bastão de Arão? Por ventura que o trotskismo irá florescer? É isso?

Ora, o pensamento de Trotsky, a revolução sendo mundial e só cessando quando todo o seu trabalho estivesse completado por certo que era um sonho que estava no espírito de todos os revolucionários. Mas as condições objetivas lhes eram completamente adversas. A Revolução não aconteceu em lugar preconizado por Marx e que foi toda a luta de Plekhanov – e aí Trotsky teria sido verdadeiro – mas em lugar aparentemente não nomeado por Marx. A Revolução acontecendo em um país como a Rússia czarista, é verdade, tendo alguns bolsões de desenvolvimento industrial capitalista, mas a sua cultura, quer a das classes dirigentes quer a das classes dirigidas, era completamente e totalmente feudal. De modo que a revolução acontecendo em um país com um ambiente econômico e cultural assim ela mal tinha forças para se manter de pé, quanto mais ter que sustentar uma guerra com o resto do mundo.

A rigor, se na segunda guerra mundial a União Soviética, que já tinha alcançado um grande desenvolvimento econômico e social, lutando ao lado dos Estados Unidos e de países europeus, mesmo assim passou sérios riscos de ser vencida e destruída pela Alemanha nazista – Hitler chegou a anunciar, em 42, que a União Soviética tinha caído – imagine naquele início da década de 20 quando a sua economia ainda era conduzida pelo arado e seu povo ainda se achava preso à idéia de bando... Naquelas condições ela ter que sustentar uma guerra contra o resto do mundo era muito mais que ela estava sendo levada para a cova dos leões para ser devorada, que só não o foi pela pronta intervenção de Deus, que percebendo o perigo com a sua obra imediatamente levantou Stálin. E Stálin, pondo os pés no chão, não só salvou a revolução da destruição certa (a NEP já fora o seu sinal amarelo que se acendera) como soube conduzi-la por caminhos seguros, fazendo daquela massa de escravos, que não conheciam nem direitos e nem leis, não tinham nem direitos e nem leis, uma nação de homens e mulheres livres. Não apenas mais uma nação no panteão das nascentes nações que estavam surgindo com o fim do império otomano, mas uma nação nova, diferente de todas as nações, em todos os aspectos (ICrônicas 17.21), sim, uma grandíssima nação, a que o profeta Isaías chamou de “nação de calcadura, de força tênsil” (Isaías 18.7) (Esse espírito sábio que se manifestou em Stálin palpitara antes em Lênin, não somente no acordo de Brest-Litov com os alemães, de 1918, quando a sua sapiência evitou que a revolução fosse destruída pelos alemães, quando também protelou o programa bolchevique pela imediatez da NEP. Mas agora não é ocasião de se falar deste assunto, apenas lembrando que a boa exegese encontra respostas para essa questão envolvendo Trotsky e Stálin, além de outros textos neotestamentários, também em Êxodo 23.20-33. Quando ali está escrito: Não os expulsarei de diante de ti em um só ano, para que o país não se torne um baldio desolado e os animais selváticos realmente não se multipliquem contra ti. Pouco a pouco os expulsarei de diante de ti, até que te tornes fecundo e realmente tomes posse do país, é que se descobre qual o verdadeiro espírito estava em Stálin, e não este que foi pintado com as cores da subjetividade).

Prosseguindo. Bem, isso, contudo, não quer dizer que o pensamento de Trotsky fosse falso ou errado. Tratava-se de um plano teórico inexeqüível, pois quê as condições objetivas não permitiam de modo algum o seu progresso. Mas, convenhamos, os tempos hoje são outros. Vivemos os tempos da globalização em que tudo está ligado e de certa forma tudo dependendo de tudo. Não é esta a ocasião para o ressurgimento do pensamento de Trotsky? Da sua revolução permanente?

Certamente que sim, e os celestiais é exatamente isto.

Mas o bastão de Trotsky que ressurge não é aquele mesmo; é outro bastão, é o bastão de Arão que florescera e brotara flores e dera amêndoas maduras. O que é isso? Certamente que nas asas do celestialismo as forças revolucionárias irão novamente se levantar, e agora irão efetuar o assalto final. Mas não será na perspectiva idealizada por Trotsky, quando então os trabalhadores, conquistando posições e mais posições, então se lançariam para a destruição final da burguesia e de todas as forças que lhe dão sustentação.

Não, mas esse assalto final será na perspectiva de Jesus, em que os trabalhadores, os mansos que ele disse herdariam a terra, se lançarão num grande trabalho de evangelização para transformar e mudar o coração e a mente do homem e da mulher burgueses. Não serão destruídos, porque tal se tornou um contra-senso (o espírito do tempo é hoje outro, com o tempo do espírito tendo de se adequar), mas sim educados. Certamente que serão instruídos nos caminhos de Deus, cujo escopo é mesmo a chegada em uma terra sem males, em que não há nem mesmo a sombra de exploradores, de indivíduos que se locupletam no trabalho e suor alheio.

É verdade, a revolução mundial se acha parada tanto em Trotsky como em Che Guevara, mas agora ela irá se levantar, e certamente será feita, todavia que no espírito das amêndoas maduras, por amêndoas maduras. O seu combustível será o amor revolucionário e não mais o ódio revolucionário, de modo que nas mãos das amêndoas maduras o que se certamente se verá será sim o giz no lugar do fuzil e a Palavra de Deus como conteúdo e guia do conhecimento, quer os filosóficos, quer os psicológicos, quer os sociológicos, quer os políticos, quer os econômicos. O giz nas mãos dos novos guerrilheiros cuidará em escrever nos corações o conhecimento genuíno, que não admite, não tolera que indivíduos se locupletem no sofrimento de outrem.

As Duas Tábuas da Lei. Ora, além do jarro de ouro com o maná e o bastão de Arão que havia florescido, segundo o livro Aos Hebreus havia também na Arca do Pacto as duas tábuas da lei.

As duas tábuas da lei estão também representadas no Partido Celestial como dos seus combustíveis que faz todo homem e toda mulher reconhecer nele a presença do selo divino?

Ora, vaticinou o profeta Habacuque: E havia dois raios saindo de sua mão; e ali se escondia a sua força.

Uma vez que Habacuque concebeu tal a partir das imagens de Moisés descendo do monte com as duas tábuas da lei o que Habacuque viu foram sim foi estes dois raios estando presente na escatologia. De fato, e eles se acham mesmo no Partido Celestial, que tanto pode ser o amor a Deus e aos homens, a sua inseparabilidade da igualdade e liberdade, a sua luta contra os pecados da carne e os pecados do dinheiro.

“E abriu-se o santuário do templo de Deus, que está no céu, e viu-se a arca do pacto no santuário do seu templo. E houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e um terremoto, e grande saraivada”, Apocalipse 11.19.

O que é isso? O Partido Celestial no templo de Deus? No coração e na mente dos homens e das mulheres de boa vontade?

Clodovis Boff

Frei Clodovis Boff publicou no ano de 2007 um artigo na revista REB (Revista Eclesiática Brasileira) com o título Teologia da Libertação e Volta ao Fundamento. Como frei Clodovis Boff era dos luminares da Teologia da Libertação e seu artigo portava uma crítica de princípio à própria história da Teologia da Libertação – ela já nascera portando contradição que iria comprometer e refletir em todo seu desenvolvimento posterior, efeito cascata, iria levar a outros erros – a reação que se seguiu foi muito forte contra ele. Pois, deveras, ao acusar a Teologia da Libertação de desvio fundamental da fé ao ter feito os pobres como sujeitos da Redenção e lugar privilegiado da atuação de Deus e lugar que se conhece a Deus – cisão epistemológica com a fé – e isto só podia ser entendido de um ponto de vista ideológico muito peculiar, seria a consumação do Marxismo em princípio teológico, pois aquele tirara Deus de ser sujeito da Redenção e este nomeava os pobres. Mais do que isso, seria tomar partido ao lado de Marx contra Hegel (não é o Absoluto, mas o Proletariado o sujeito e condutor da redenção) – ora, certo ou errado, a verdade é que o artigo de frei Clodovis Boff provocou uma reação irada nas hostes da Teologia da Libertação, com os mais exaltados chegando ao ponto de acusá-lo de traidor, de ter cuspido no prato que comeu.

O que pretendeu Clodovis Boff com a sua crítica contundente à Teologia da Libertação? Quis demoli-la para refunda-la em novas bases? Ajustá-la à mensagem da fé, como tem asseverado, ou quis refunda-la para ajustá-la ao magistério da Igreja, como foram à crítica que teve de ouvir?

Ora, como no ano seguinte frei Clodovis Boff tornou público uma réplica, onde de forma mais decidida apenas reforçou tudo o que tinha dito, Adamir Gerson vai extrair dele apenas o que entende como tendo procedência divina pouco se atendo ao que é do homem, e caso atendo será apenas para ajudar o próprio homem. Quer dizer, Deus tinha um recado para transmitir e o fez por seu intermédio. Não vai se aprofundar em outras considerações porque observa um abismo quase intransponível entre frei Clodovis Boff e Adamir Gerson. Talvez as novas gerações possam compreender. Afinal, na réplica, sendo mais claro, e como quem já falava de fora da Teologia da Libertação, fazendo disparos generalizados e demonstrando não ter mais o antigo apreço pelos seus críticos, se capta ao lado da sua grandeza também certa miopia. Que pode ser entendida como já o esboço de uma mui próxima reação ao Deus QUE VEM (Apocalipse 6.12). O Deus que vem é o desconhecido de frei Clodovis Boff. O Deus de frei Clodovis Boff não se situa no plano da escatologia, mas da proto-história, se como ali tivesse sido estabelecido um princípio compreensível em totalidade e que só agora, quase dois mil anos depois é que veio ser desvirtuado. Invoca escrito de Paulo para reforçar a sua tese do princípio e que se deva atender a este chamado. Mas não só Paulo, mas os outros dois apóstolos que eram colunas, Pedro e João, admitiram explicitamente que o princípio verdadeiro só iria se manifestar na escatologia (a crítica filosófica só é possível no final do processo, Hegel). Ora, Paulo reconhece que aquilo que pregava e conhecia era parcial falando de algo completo a aparecer no final dos tempos, João reconheceu que não estava manifesto o que haveriam de ser, e Pedro falou sobre uma “salvação pronta” a ser revelado no último período de tempo. Invocar Paulo que o mesmo disse que se outro evangelho aparecesse o mesmo era para ser anátema – e aí foi uma referência direta à Teologia da Libertação que no erro de princípio teria criado um “novo evangelho” – não é discurso de teólogo, mas do fiel. Ao fiel cabe o seu encontro pessoal com Deus na pura devoção a ele e a ele isto basta, mas ao teólogo está reservado o duro caminho de desvendar, com a ajuda do Espírito Santo, o que Deus deixou ocultado em Sua Palavra. Deve revolvê-la para extrair dela o espírito e distribuir a sua seiva a todos que estão no caminho. E um teólogo atento sabe que se Paulo disse tal, por outro sabe que em escritos Neo-Testamentários se fala escatologicamente sobre “o meu novo nome” que seria dado (e se entende com pouca ligação com o seu “velho” nome) e sobre um anjo que trás boas novas de eternas cuja boa nova não pode ser confundida em hipótese alguma com as boas novas pregadas por Paulo, que tinha sim o importante papel de construir o infantil divino, ao passo que estas boas novas trazidas pelo anjo visto em espírito por João a sua missão é outra, de construir o adulto divino ou divino adulto (Hegel). O que pressupõe que dialeticamente este evangelho deva se voltar contra aquele, se engalfinhar com ele e o aniquilar, e só então, ser estabelecido o Jesus Concreto. O seu verdadeiro senhorio. De modo que pedir um retorno ao Jesus originário fica problemático, se correndo o risco de encontrar apenas o Jesus de Isaías 4.1, porque o Jesus originário, real, já foi ocultado na própria manifestação de modo a ser conhecido somente na escatologia. Quer dizer, na pós-modernidade onde o sagrado foi colocado na berlinda exigir a primazia do Deus da ortodoxia em assunto pós-modernidade é faltar com o bom senso (a Teologia da Libertação trata de assunto pós-modernidade), a menos que a submeta a crivo de julgamento e o caminho seja limpo para que se possa efetuar um retorno ao Princípio. Pode sim ser feito a obra do Deus deste princípio, todavia sem o estar invocando e o nomeando explicitamente na sua condução. Isto iria ser feito sim por Adamir Gerson, mas é outra questão, mesmo porque ele vai limpando o caminho da pós-modernidade, tornando exeqüível o Deus da ortodoxia, o Cristo da fé.

E a questão da pós-modernidade deva ser uma pedra no sapato de frei Clodovis Boff. Clamar pelo retorno da fé pressupõe que a fé foi e deixou de ser. E deixou de ser justamente por causa do avanço da pós-modernidade. De modo que qualquer retorno da fé ela tem de passar pelo crivo da pós-modernidade e dar as explicações cabíveis de si. Todos os enunciados da fé perderam qualquer sentido para esta pós-modernidade. Então repropor a fé sem que ela o tenha reconquistado é sem sentido. Pressupõe um abandono da pós-modernidade, o que é absurdo, pois é movimento real. Quiçá pressupõe mesmo que é um pedido para que a Teologia da Libertação abandone a sua luta, pois a fé não possui e não compactua com a luta da Teologia da Libertação (não a fé em si, que é outra coisa, mas a fé segundo os homens). A fé trabalha com o conceito de caridade, mas completamente ultrapassado. Não se trata mais de minorar o sofrimento dos pobres, mas, sim, acabar com todo e qualquer traço de sofrimento.

Antes de prosseguir se faz necessária uma abordagem desta certa miopia de frei Clodovis Boff. De fato, ao invocar Paulo (o peixe é pego e morre pela boca) ele está afirmando explicitamente que a Teologia da Libertação é um novo Evangelho. Comete um erro já na entrada, pois Paulo não desenvolveu nenhuma apologética para defender que as boas novas que pregava era a palavra última quer da redenção quer da teologia, não tendo mais nada a vir, mas, ao contrário, em luta contra outros pregadores, que entendeu claro estavam subvertendo ou não entendendo suficientemente a mensagem de Jesus, e diante do seu grande poder de persuasão, engodando corações imaturos na mensagem de Jesus, então Paulo se dirigiu a estes corações imaturos e foi duro com eles: deveras, vos ponho hoje diante de vós a escolha entre a vida e a morte, entre o que prego eu e o que pregam meus adversários. O que Paulo disse foi atendendo esta necessidade localizada e aí morre não indo além, mesmo porque ele mesmo deu testemunho desta sua maneira peculiar de fazer as boas novas avançar. Basta ver que o e se outro evangelho aparecer, mesmo que seja trazido por um anjo, seja anátema, é da mesma essência do que está em ITessalonicense 4.17. E será que frei Clodovis Boff engorda o rebanho pentecostal também aguardando o momento de ser arrebatado a encontrar o Senhor Jesus literalmente nos ares? Afinal, Paulo “o disse” (desdisse em ICoríntios)... Segundo, não é verdadeiro afirmar que a Teologia da Libertação, por ter tronado os pobres, seja um novo evangelho. É novo evangelho frente a Paulo, não, porém, frente a Jesus. É que Paulo é a negação de Marx, tem o fundamento espiritual e aquele, o fundamento material. Mas Jesus é este fundamento espiritual e é aquele fundamento material. E uma vez que a Teologia da Libertação possui este fundamento material logo ela está também em Jesus. Não está no Jesus Completo, espiritual + material, mas está na sua materialidade. De modo que o que prega a Teologia da Libertação não é outro evangelho, mas é Evangelho de Jesus. Não é a totalidade de seu evangelho, mas é a sua parcialidade, com a outra parcialidade estando nos carismáticos-pentecostais (e nem por isso são acusados de portarem novo evangelho. È certo: invocam e vive Paulo na mediação de Jesus, o que faltou à Teologia da Libertação fazer o mesmo em relação a Marx (ou teria feito, todavia na mediação de Moisés (sic!)? O Êxodo, e não a Cruz era o Concreto?). Terceiro, a Palavra de Deus diz expressamente que Jesus recebe o reino, e o poderio, e as riquezas, e a sabedoria, e a força, e a honra, e a glória, e a benção, e, no entanto, Jesus diz expressamente que os mansos herdarão a terra: que mal há na Teologia da Libertação em ela dizer que os pobres receberão o reino, e o poderio, e as riquezas, e a sabedoria, e a força, e a honra, e a glória, e a benção? Após o seu longo calvário (Apocalipse 7.14) não é justo esta recompensa? É certo que receberão em conexão com Jesus, como a sua mais pura representatividade (como Marx, ao dizer que os trabalhadores herdarão a terra, é um ser divino!), Quarto, frei Clodovis Boff coloca o centro de suas críticas como retorno ao Cristo da fé: este retorno pressupõe o abandono da Teologia da Libertação? Porque todos aqueles que estiveram de posse do Cristo da fé não somente se opuseram ao Marxismo como a própria Teologia da Libertação. O Cristo da fé em suas bocas foi uma navalha afiada a cortar tanto contra o Marxismo como contra a própria Teologia da Libertação. Ou quando ele propõe este retorno é um pedido para que a Teologia da Libertação reconheça que a luta do socialismo é a luta do Cristo da fé? Mas ele crê que o Marxismo é o Cristo da fé? (Há ambigüidade por parte de Adamir Gerson? Ele não está sendo claro no que quer dizer? Não está conseguindo dar conta do recado? O que ele quer dizer simplesmente é que frei Clodovis Boff do retorno ao Princípio não é outra coisa senão que tem chegado o tempo do Cristo da fé na revolução (e em todas as outras instâncias de pensamento), se levantar (Isaías 33.10; 42.13). De modo que é o próprio Deus batendo, forçando a sua entrada, e o forçado é frei Clodovis Boff. E tal é assim porque veio representar o ponto mais avançado do Espírito, enquanto práxis messiânica. É a ante-sala para a cavalgada do cavaleiro de Apocalipse 19.11. Destarte, é como se estivesse rompendo a bolsa no seu ventre que o prende para o seu nascimento. De modo que o fim de toda esta história é um virar às costas para Clodovis Boff e um se interessar por Adamir Gerson, porque é através de Adamir Gerson e de nenhum outro que o Cristo da fé irrompe. O próprio Clodovis Boff tem de ser dos primeiros a se voltar para Adamir Gerson, mesmo porque os dois, em 84, se engalfinharam justamente por esta questão que agora está vindo à tona. E Deus sabe o porquê de naquele ano de 84, ter enviado Adamir Gerson até ele.

Prosseguindo. Ora, ao invocar o “princípio” parece que frei Clodovis Boff pede um retorno à metafísica clássico-cristã. À visão de Deus que tem os tradicionais católicos e os protestantes. O que é um erro crasso, pois a obra de Jesus tinha se manifestada em potência e não em ato. Se fosse ato não haveria necessidade de sua ressurreição. Ressuscitou para começar a sua obra que estava em potência e fazer ela se levantar em ato, o que iria dar-se ao longo dos tempos, em mediações (João 14.3). E aí se inclui a sua obra primeira do Pentecostes, a obra de Paulo, a obra da Reforma, o Marxismo, o Pentecostalismo, a Escola de Frankfurt e a própria Teologia da Libertação. Procurar Jesus fora destas manifestações históricas é estar fazendo ideologia, e ideologia da pior espécie, pois é estar atento ao Deus que se manifestou na História (Mateus 23.30), mas desatento ou desconhecendo o Deus que se manifesta na História. A rigor, Jesus foi assassinado por conta disto. Ele incorreu em “erro de princípio” e a ortodoxia judaica não perdoou.

Podemos dizer que frei Clodovis Boff é mesmo não dialético. Invoca o Princípio é porque tem um Princípio estabelecido. E como há muitos Princípios (o Princípio é único em todos. Isto é, quanto à forma, não, porém, quanto ao conteúdo), então fica a dúvida a que Princípio seguir e ter como referência. Afinal o Princípio dos adventistas (conteúdo) não é o mesmo Princípio de frei Clodovis Boff. E o assunto se torna temerário na busca de Princípio quando se leva em consideração a escatologia. Uma vez que o Princípio é ponto de referência para tudo o mais, e se acontecer do que está prometido na escatologia não “bater” com o Princípio? Como irão reagir os portadores do Princípio? Dos Princípios? Como certos cristãos que rejeitaram o Princípio para ficarem com Jesus ou como os judeus que rejeitaram Jesus para ficar com o “Princípio”?

Mas, o que importa saber é que frei Clodovis Boff é dos profetas do Senhor. Como foram Arão, Nadabe e Abiú, sim, como foram Trotsky, Kamenev e Zinoviev, e se deve procurar nestes profetas do Senhor, aquilo que foram seu instrumento. E o que importa é entender isto que Deus falou por intermédio de frei Clodovis Boff em outra perspectiva. O que Deus está realmente querendo transmitir por seu intermédio, que não é tudo que tem saído de sua boca.

Ora, é “sabido” que a Teologia da Libertação teria relegado em segundo plano o espiritual em benefício do material (na nomenclatura hodierna, porque na nomenclatura nova do socialismo celestial o material tem o seu lado espiritual-espírito (socialismo) e o seu lado não espiritual (capitalismo-carnal), como o espiritual tem o seu lado espiritual (cristianismo) e o seu lado não espiritual (paganismo). Deus não habita só o teológico e o antropológico não, como é afirmação hodierna, mas a sua habitação é dupla, para não dizer tripla, pois para além da teologia e da antropologia há também a teoantropologia, mais rica que suas partes e lugar onde reside o Deus três vezes santo. De modo que aqueles que acusaram a Teologia da Libertação de ter menosprezado o espiritual, devem receber a mesma crítica, por terem desprezado o material espiritual ou não se interessado por ele (não tiveram interesse por Deus). De modo que antes de tirar o argueiro no olho do seu irmão deve tirar primeira a trave que está no seu). Bem, ao lado do “menosprezo” do espiritual frente ao material a Teologia da Libertação teria também relegado Deus em segundo plano na História da Redenção ao colocar nos pobres a força e a capacidade da transformação, fazendo coro ao Marxismo? Ou Deus estaria nela, todavia de forma velado, ocultado que foi por se temer a força removedora do trator da modernidade? Haveria nela certa vergonha de falar de Deus, pois para parcela considerável da modernidade tal termo virou palavrão, perjúrio?

De fato, Clodovis Boff deva ser entendido como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó que decidiu intervir, para colocar sobre os seus verdadeiros fundamentos a sua obra que a Teologia da Libertação de modo inconsciente de fato pervertera. A fragilidade epistemológica levou-a a complô com o Marxismo contra o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Quando entendemos esse pervertimento é que compreendemos o Clodovis Boff de 2007.

Ora, já nos instantes da realização do Concílio Vaticano II, já certo da sua decisão final, começou a aparecer em muitos lugares da Europa teologias políticas, todas elas de certa forma ligadas ao Marxismo. E a que mais floresceu – a da Revolução – os seus luminares estiveram muito próximos de descobrir que o Marxismo era Deus e não o homem.

Estando muito próximo desta descoberta logo o grosso dos Bispos – não só os progressistas, mas também conservadores – penderam decididamente para o lado de uma teologia que estava nascendo do outro lado do Atlântico, a da Libertação. E sufocaram a Teologia da Revolução. Era neste preciso momento que começava a verdadeira perversão da obra de Deus, levada a cabo por todos, inclusive pelo Clodovis Boff da tese e da réplica, pois quando ele clama para que a Teologia da Libertação volte a fundar a fé em Deus não é tendo em vista o Marxismo, mas algo abstrato que não se sabe exatamente o que é, e por invocar Paulo de forma primária e amadora se suspeita que nem ele mesmo saiba o que seja.

Por que até conservadores se interessaram pela nascente Teologia da Libertação? O de sempre, dos males, o menos, pior. É que a Teologia da Libertação no seu nascedouro cuidou em cortar pela raiz qualquer tentativa de ligar o Marxismo a Deus. Para ela era muito temerário que tal viesse se constituir em fato, com o perigo se revelando por acabar contagiando o mundo e em especial as massas cristãs. E se tal acontecesse sem que tivesse passado previamente pela conversão dos marxistas isto era muito perigoso. E temos de Gustavo Gutierrez uma declaração a este respeito por esses dias: conseguimos evitar o perigo! (Conseguiram evitar, mas não destruíram o “perigo”).

O que teria acontecido caso a Teologia da Revolução tivesse triunfado e feito o anúncio solene: o Marxismo é Deus? Num primeiro momento abriria uma guerra com o ateísmo presente no Marxismo e com o anticomunismo presente nas instâncias cristãs. E num segundo momento levaria ao fim do ateísmo no Marxismo e ao fim do anticomunismo na casa de Deus. E o socialismo simplesmente teria triunfado e se estabelecido em todo orbe terrestre. Destarte, a Teologia da Revolução teria sido muito mais conseqüente do que a Escola de Frankfurt que viu lustros de Deus na História-Revolução, ao passo que a Teologia da Revolução viu um corpo a espera de reconhecimento.

E a razão que seria este resultado e nenhum outro é que a dialética quando liga seus motores e acende suas luzes pouco a pouco ela irá esfumando para fora do processo o que tem o selo do pecado original. Ela irá parturiar o que é verdadeiro que está em sintonia com o Criador, bem na acepção de Sócrates.

Foi este o perigo que a Teologia da Libertação conseguiu evitar ao açambarcar para si todos os espaços teológicos, apagando até mesmo da memória a Teologia da Revolução? Ora, quem conseguiu estes objetivos foram os conservadores que ficaram por detrás ajudando a alimentar a Teologia da Libertação. Tinham esse objetivo. Não era o caso da Teologia da Libertação. Ao pretender querer cortar pela raiz qualquer ligação do Marxismo com Deus o que pretendia era sim remover da revolução o Marxismo e ocupar o seu lugar. E quando tal acontecesse então ela iria fazer o anúncio solene: a Revolução agora é Deus! Deus lutou contra o Marxismo e o venceu e retirou dele a pretensão da libertação do gênero humano.

Mas Javé estava escutando! Estava prestando atenção!

De modo que façamos a pergunta: frei Clodovis Boff de 2007 e da réplica não teria sido Javé? Entrando em ação para desfazer esta maracutaia universal (na réplica, ele fala sobre as “confusões do diabo”, muito apropriado para o que estamos aqui a dizer), por parte da Teologia da Libertação, por parte dos conservadores e por parte dos marxistas, porque não também por parte de frei Clodovis Boff já que ele também é daqueles que desconhece que o Marxismo seja Deus? Pois está preocupado, não que Deus tenha sido removido do Marxismo e a sua glória foi dada a outrem, mas da fé tradicional (pois só Adamir Gerson sobrou como profeta do Senhor neste assunto). Destarte, Javé, com uma mordaça, de modo invisível, estava fazendo a sua obra, a sua grande obra, que ele disse por intermédio dos seus mensageiros profetas a iria fazer (e a reforçou por intermédio de um profeta moderno, pois no ano de 1823 o inglês John Acquila Brown escreveu que Deus iria fazer a presente obra no ano de 1917). E porque ele estava com mordaça, de modo invisível, salteadores de toda estirpe quiseram assumir a sua autoria, uns, e outros se juntaram a salteadores, para na sua ignorância impedir Javé. Esta é a obra que de fato se acha pervertida. E essa perversão inicial iria custar caro à Teologia da Libertação; iria chegar um tempo em que estaria anêmica.

Vale trazer à lembrança uma revelação que Adamir Gerson teve por volta do ano de 81, assim que acabava de ter o seu encontro teofânico. Sim, naquele dias o anjo de Javé o encontrou na soleira da casa e disse: Sabes que é por esses dias que o reino é restabelecido a Javé? E deixou a revelação de Javé e seguiu caminho. E qual?

Filisteus em batalha capturaram a Arca do Pacto e a levaram para junto de seu deus. E ela tinha a inscrição: MARXISMO. E levaram-na sobre ombros, quatro filisteus a levando sobre seus ombros, na indumentária de suas armaduras de guerra e todo sorridentes, no sorriso dos conquistadores. E seguiam por uma estrada asfaltada. E lá na frente, onde a estrada se repartia à direita, encontraram uma placa indicando o caminho a seguir. E eis que a placa indicava na direção de Roma. De modo que eles chegaram a Roma e depositaram ali a Arca que tinham capturado em batalha.

O que é isso? A Teologia da Libertação em algum momento pensou em arrancar aos marxistas o controle revolucionário? Aproveitando a grande religiosidade do povo latino-americano iria puxar-lhes o tapete, e quando o comando da revolução estivesse em suas mãos então sim ela iria fazer o anúncio solene de que a revolução é Deus? De modo invisível Deus lutara por seu intermédio? De modo que a sua união com a esquerda, como ocorreu na revolução sandinista, era estratégica, quando tivesse a força necessária, na força do povo que ela conseguiu então socializar, iria defenestrar o Marxismo revestindo as categorias de análise social com categorias próprias?

E qual o profundo significado de ter rebentado hemorróidas nos filisteus de modo que eles não tiveram outro meio senão devolver a Arca do Pacto ao seu legítimo lugar de permanência? Por ventura que os luminares da Teologia da Libertação irão finalmente dar o consentimento de que o Marxismo é Deus? De que se nos tempos espiritualistas Deus esteve entre o povo judaico-cristão, nos tempos materialistas ele esteve entre o povo marxista e está entre o povo celestial?

Destarte, o profundo reconhecimento de que se Deus marcou o início teológico naquele momento em que disse para Abraão: sai da tua terra e do meio da tua parentela para uma terra que te mostrarei, por outro o reconhecimento de que ele marcou o seu início antropológico naquele momento em que Marx se casava e deixava a Alemanha, começando por entre terras estranhas a sua peregrinação abrâmica? O sai da tua terra e do meio da tua parentela para uma terra que te mostrarei o profundo reconhecimento de que esta terra que te mostrarei, e que mana leite e mel, é mesmo o socialismo? O profundo reconhecimento mesmo de que Moisés retornando do exílio e libertando o povo de Deus o guiando na direção de Canaã, mas outro o introduzindo na terra da promessa, Josué, o profundo reconhecimento de que quando Lênin retornou do exílio e fez a revolução, guiando o povo na direção do socialismo, com outro o introduzindo, Stálin, tal foi o acontecimento antítipo para o acontecimento tipológico? A tríade Abraão – Moisés – Josué e a tríade Marx, Lênin e Stálin são parte sim de um único e mesmo processo, que iriam produzir os fundamentos espirituais e materiais do Reino?

Clodovis Boff precisa repensar o que tem dito ultimamente. A Teologia da Libertação ao ter feito do pobre o seu centro de reflexão teológica é tudo que se acha em Mateus 25.40 – e também Isaías que diz que Deus habita no templo e no lugar santo, mas também entre os aflitos. O a mim o fizeste é uma referência de serviço prestado a Jesus na mediação dos pobres, mas também pressupõe que era o próprio Jesus fazendo – na mediação dos que estavam prestando serviço aos pobres – o que significa dizer que o Princípio Primeiro de frei Clodovis Boff, nos dias de hoje, deva ser procurado entre o povo marxista e o povo da Teologia da Libertação.

Isso, contudo, não significa invalidação pura e simples a essas questões postas por frei Clodovis Boff. A luta do Marxismo e da Teologia da Libertação deva ser vista como meio e não fim. Na própria esteira do processo iriam ser superados, pois que a libertação se desloca de Moisés para Jesus, que significa que o pobre iria deixar de ser o centro da reflexão teológica para ser a Humanidade, o Homem. E então se estaria se retornando à mediação primeira e única do Princípio aludido por frei Clodovis Boff. Destarte, a luta para a libertação dos pobres iria continuar, mas agora buscando a sua libertação na libertação do rico, pois Moisés veio para os escravizados, mas Jesus veio para que todos tivessem vida e vida em abundância. Então é certo que o Princípio primeiro de forma oculta tem estado tanto na luta do Marxismo como na luta da Teologia da Libertação pela libertação dos pobres, e agora estará na luta dos celestiais pela emancipação da Humanidade, do Homem. Da Lei para a Graça.

Frei Clodovis Boff fará isso? Será obediente às palavras de Adamir Gerson? Certamente que sim, pois frei Clodovis Boff de início da década de 80 carregava palpitando no ventre ao reino de Javé. Não tinha simpatia pelo Marxismo, não tinha simpatia pelo PT, senão unicamente que pelo reinado de Javé, prometido em todas as Escrituras. Enquanto os demais pares da Teologia da Libertação viam com grande interesse políticos como Lula, Zé Dirceu, José Genoino, frei Clodovis Boff preferia apostar em outra via. É verdade, não via o Marxismo e não via o PT criando uma terra e um Brasil de gente de rosto feliz, mas via os rostos tristes sendo transformados em rostos felizes, como naquelas imagens que a literatura das Testemunhas de Jeová distribui, unicamente no reinado de Javé. Quando vozes altas no céu começassem a dizer: O reino do mundo se tornou em reino de nosso Senhor e do seu Cristo (...) Agradecemos-te, Javé Deus, o Todo-poderoso, Aquele que é e que era, porque assumiste o teu grande poder e começaste a reinar, e as nações, criadores de rostos tristes, ficaram furiosas, pois, deveras, chegara o tempo de arruinar os que estão arruinando a terra (Apocalipse 11.15-18).

É sobre o Deus que é – da escatologia – que repousa o Princípio, e não sobre o Deus que era da proto-história, que Nietzsche proclamou estava morto, e que Deus pouco se importou quando ouviu que ele estava morto, porque era ele mesmo o autor da sua morte, para que o DEUS QUE É pudesse então se manifestar. Alcemos ao alto as nossas bandeiras, e entoemos os nossos cânticos de louvor e agradecimento ao Deus que é, porque ele está chegando e a sua volta pode ainda se dar no ano de 2011. Vai depender da reflexão de homens como Clodovis Boff de compreender que a obra de Deus que está para ser levantada é esta que ele tem depositado em Adamir Gerson, desde o ano de 78, e que ele já a conhece desde o ano de 84, numa conversa reservada com Adamir Gerson.

E ele deve se desvencilhar do emaranhado de teia em que está metido, na leitura e entendimento da própria Palavra de Deus. De fato, quando João, no preâmbulo do livro do Apocalipse, fala do Deus que era, e do Deus que é e do Deus que vem já se antevê que não apenas Moisés e o judaísmo representavam o Deus que era, mas também que o Deus cultuado pelos apóstolos também iria ter o mesmo destino, para que desse lugar ao Deus que vem e que trás um novo nome. O Deus seria o mesmo, mas em crescimento hegeliano, de modo que somente quando ele atingisse a sua maioridade é que então iria começar a reinar.

Che Guevara – Clodovis Boff – Jesus

No ano de 1966, Che Guevara, como um novo Moisés, deixou as glórias do governo cubano e saiu mundo afora para começar a revolução mundial. Tendo tido antes uma estadia no Congo, depois seguiu para a Bolívia aonde veio a ser martirizado na busca de uma nova manhã.

O que frei Clodovis Boff tem a ver com Che Guevara?

Na verdade quando Che Guevara começou a revolução mundial em terras de Bolívia aquele foi o primeiro momento do conceito de revolução mundial. Ele foi para cumprir o seu primeiro momento. Depois teria um segundo momento, que seria já um elo de transição em todos os sentidos, para finalmente se manifestar nos seu terceiro momento. A revolução mundial iniciada em Che Guevara iria literalmente seguir todos os passos da lagarta na sua metamorfose, até se levantar na nova figura da borboleta, não mais se arrastando do chão, e se alimentando de gusano, mas com o corpo entre a terra e o céu e se alimentando de néctar, que é aquele que Jesus disse sai da boca daqueles que tem o perfeito louvor.

No primeiro momento ela haveria de começar pelas armas do Marxismo e da Ditadura do Proletariado. Mas iria se metamorfoseando, se transformando, e finalmente quando fosse eclodir já seria em patamar totalmente cristão, sendo feita, não por violência e nem por força militar, mas pelo poder da Palavra de Deus. Destarte, ela iria começar mesmo como se fosse lagarta e findar como se fosse borboleta.

Frei Clodovis Boff faz parte deste processo revolucionário?

Ora, quando no começo da década de 80, frei Clodovis Boff muito se esforçou para criar o Partido Cristão, para, a partir dele e a partir do Brasil começar a guiar a humanidade inteira para o reinado de Javé, de volta ao paraíso original usurpado pela Serpente, em frei Clodovis Boff já era o segundo momento da idéia de revolução mundial em andamento.

E já não seria uma repetição pura e simples do primeiro momento. Pois que sendo frei Clodovis Boff um fruto legítimo do Concílio Vaticano II a revolução mundial em suas mãos já seria seu refletor. De fato, como o Concílio soube filtrar o marxismo, soube separar a sua sociologia da sua filosofia, a revolução mundial em frei Clodovis Boff se achava em estado híbrido. No lugar do fuzil empunhado por Che Guevara a fim de fazer valer a sociologia marxista, frei Clodovis Boff empunhava no seu lugar a Palavra de Deus. Com o instrumento da Palavra de Deus ele pretendia fazer o socialismo triunfar.

Mas, convenhamos, ele estava metido em contradição, que herdara do Concílio. Pois que a filosofia e a sociologia são inseparáveis no Marxismo. A leitura sociológica dos fatos sociais feito pelo marxismo exige a contrapartida da sua filosofia. Sem a práxis deste método a sua leitura sociológica fica apenas no plano da contemplação do problema dado.

Mas tinha de ser assim. Frei Clodovis Boff representava tão somente o seu momento de transição. O seu elo transicional. Em frei Clodovis Boff era que a revolução mundial se recolhia ao casulo de sua existência para se levantar na figura nova de borboleta a ter o seu corpo levantado pelas asas da liberdade e da igualdade. É verdade, neste segundo momento se conservou a sociologia marxista, não, porém, a sua filosofia que foi substituída pela filosofia cristã. Mas quando chegasse o terceiro momento até mesmo a sociologia marxista iria ser substituída para dar lugar à sociologia cristã-celestial. Mudanças profundas iriam acontecer, no nível teórico e no nível prático. A título de exemplo, o egoísmo iria ser estudado como estando presente nas instituições de dominação e poder, e destas contaminando os indivíduos. E iria se lançar mão da sociologia e da política para despotencializá-lo destas instituições. Mas também iria ser estudado como estando presente nos indivíduos, nos espíritos, com existência a priori às instituições de dominação e poder. E neste momento iria se lançar mão da psicologia e da religião para despotencializá-lo, em primeiro lugar, dos espíritos, e logo em seguida a sua morte nas instituições de dominação e poder, pois que foi cortada a sua causa alimentadora. Sem uma práxis conjugada assim o problema é resolvido parcialmente e na sua imediatez com certeza fadado ao reaparecimento, em nova indumentária, todavia com a mesma essência.

Um segundo exemplo a ser dado é este: dado a sociologia marxista ser sociologia de nota só, fincando os pés no fundamento econômico, a religião acaba, pois, por ocupar um lugar marginal no seu sistema, categoria assim chamada de superestrutura. Com isso a religião fica impedida de dar grandes contribuições na solução da problemática social e a problemática social fica desprovida de solução perene. Mas, no terceiro momento, dado a sua sociologia ser sociologia de muitas notas, não só o econômico, mas também o religioso é chamado para compor a sua infra-estrutura. O que não é preciso nem dizer o quanto de problemas que ficam sem solução no Marxismo que são então solucionados.

Eis o esquema único que sai do ventre da sociologia marxista: Materialismo Histórico. COMUNA PRIMITIVA (Karl Marx) – escravatura – feudalismo – asiatismo – capitalismo – Socialismo – COMUNISMO.

Eis o esquema duplo que sai do ventre da sociologia celestial. Materialismo Histórico. COMUNA PRIMITIVA – escravatura – feudalismo – capitalismo – Socialismo – COMUNISMO. Espiritualismo Histórico. MONOTEÍSMO PRIMITIVO (W. Schmidt) – animismo – totemismo – fetichismo – politeísmo – Judaísmo – CRISTIANISMO.

Como o leitor atento pode ver na nova sociologia a religião tem o mesmo peso e medida da política. Tem o mesmo valor e rivaliza com ela na capacidade de contribuir para a solução dos problemas sociais.

Ora, se Che Guevara e frei Clodovis Boff foram baluartes da revolução mundial como entender que a revolução mundial não teve existência objetiva senão subjetiva? Esteve presente nos espíritos de Che Guevara e de frei Clodovis Boff, mas não contagiou os espíritos fora?

A bem dizer a revolução mundial se gestava e se desenvolvia no espírito de Deus. A sua matriz espiritual estava no ventre de Deus, de modo que todo e qualquer desenvolvimento que então se operava era refletido fora numa ação de Che Guevara ou de frei Clodovis Boff. Tinham arroubos de esperança e fé era que no ventre de Deus a sua matriz espiritual tinha arroubos de esperança e fé.

Mas iria chegar o momento em que a revolução mundial não seria mais subjetiva senão que objetiva. No ventre de Deus ela iria fazer o seu nascimento. E iria contagiar os espíritos fora com eles se multiplicando e ela sendo um fardo leve de ser levado, pois que sustentada por muitas mãos, por todas as mãos de boa vontade.

Ora, sabemos que Che Guevara foi morto em uma escola; e encontrado por uma professora do lugar numa posição que levou os camponeses pobres do lugar achar que era o próprio Jesus. Façamos a pergunta: teria sido um sinal que a Transcendência nos quis dar? De que ali naquela escola tanto se encerrava a luta armada como se encerrava o Marxismo? Que doravante a revolução mundial iria continuar, todavia por metodologia completamente diversa? O processo dialético no seu ventre iria engendrar a sua completa negação? Que no lugar de um líder revolucionário eis um mestre revolucionário, e no lugar de guerrilheiros empunhando o fuzil, eis guerrilheiros empunhando o giz? E que a posição em que foi encontrado, com os braços estendidos, que levou os moradores pobres do lugar a achar que era o próprio Jesus, que doravante o Evangelho iria tomar o lugar do Marxismo como instância reveladora das contradições e como instância a guiar e a conduzir as transformações? Que a semente de um novo homem e de uma nova terra iria cobrir os campos da América Latina e da terra inteira na combinação do poder do Evangelho com o poder da Educação, e que isto basta?

Clodovis Boff e Leonardo Boff

Ora, sabemos que muitos grupos cristãos esperam a realização do reino de Deus na terra de forma inusitada. O reino de Deus não está se gestando na terra, mas quando menos se esperar eis que ele vem e se estabelece, pondo fim aos governos terrenos. É o caso, por exemplo, das Testemunhas de Jeová que assim pregam e assim acreditam. Para elas nada do que acontece no mundo da política e no mundo das contradições humanas tem a ver com o reino de Deus. O reino de Deus está fora, não é deste mundo, mas vem para este mundo. E chegam ao ponto de dizer que essa visão da manifestação do reino de Deus tem assento na Palavra de Deus, pois qual o significado de ser dito em Daniel 2.35 que a pedra que destruiu a estátua, que são os governos humanos, foi arrancada do monte sem o auxílio de mãos? Que no entender deles é sem auxílio humano?

Mas isto não é verdadeiro. O reino de Deus é um processo que se gesta na História, no caldeirão das contradições humanas. Ao longo destes dois mil anos o reino de Deus tem experimentado crescimento e tem passado por muitas mudanças, desde aquele primeiro momento de Pentecostes, passando pela Reforma protestante, pela revolução socialista, pelo movimento pentecostal, pelo Concílio Vaticano II até que a sua manifestação visível se dá em nossos dias.

E é certo que a obra de Deus tem avançado ao longo dos tempos através de vetores, que Deus escolheu, capacitou, e confiou a eles a sua obra. Pedro, Paulo, Lutero, Marx, Lênin, Rudolfo Bultmann, Karl Rahner, Horkheimer, William Joseph Seymour, João XXIII, são exemplos de vetores que Deus escolheu, capacitou, e os enviou em sua obra.

E é certo que o reino de Deus engrossando o seu caldo no campo da história e das contradições humanas, cada vez mais Javé cercando o Opositor, indo cortando os seus espaços, iria chegar um momento em que o Reino faria o que podemos sim chamar de assalto final. Deus irrompe pelos poros dos governos humanos, quebra e corta todo seu poder, e no lugar estabelece o poderio de Jesus Cristo que é exercido por quem chamou de “mansos”, e que herdariam a terra, e que entendemos são os trabalhadores.

E é certo que quando chegasse este momento ímpar a obra do Reino de Deus já estaria em estado avançado; um João Batista já teria vindo na frente e aplainado em muito o caminho, para a sua chegada.

E que João Batista tem sido este que depois dele é já a realidade do Reino, na sua chegada com poder e grande glória, reduzindo a restolho todos os que praticam iniqüidades não lhes deixando nem raiz e nem ramo?

Ora, o reino de Deus vem se gestando ao longo do tempo através de vetores, teóricos e práticos. Um grande vetor teórico chamou-se Karl Marx, e um grande vetor prático chamou-se Vladimir Illich Ulianov, o conhecido Lênin. E a lista desta forma de Deus agir, com vetores teóricos e vetores práticos, é longa, datando o seu início com Abraão e Moisés, e por certo que tal iria chegar aos nossos dias.

E que vetores teóricos e práticos, sim, que João Batista tem vindo na frente e aplainado em muito o caminho para o advento do reino de Deus? Para o advento do governo de Jesus Cristo? Não resta a menor dúvida que sejam os irmãos Clodovis e Leonardo Boff. Deus os tem escolhido, desde o ventre de sua mãe, os tem preparado, capacitado, de modo que depois destes dois vetores não vem mais nada, senão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória a dar a cada um segundo as suas obras.

De fato, quando no início da década de 80, frei Clodovis Boff se esforçou para que as Cebs fizessem opção pelo então Partido Cristão que pretendia criar, argumentando que era nele que estava o futuro não só do povo cristão, mas de toda a humanidade, todavia sendo atropelado pelo rolo compressor de Lula, que atraia para seu centro a gregos e a troianos, e mais agora, recentemente, quando em meio a um tempo completamente secularizado, onde são reservados espaços para os religiosos, não, porém, para o sagrado, e tal como um profeta pregando no deserto, encontramos frei Clodovis Boff se dirigindo aos luminares da Teologia da Libertação e lhes perguntando: onde está Jesus que é Leão da Tribo de Judá? Onde está o Onipotente, o Onisciente, o Onipresente, aquele que é Único? Onde está aquele que partiu as águas do Mar Vermelho e prometeu reduzir a cinzas os governos humanos e estabelecer em todo orbe terrestre seu senhorio sempiterno? Onde está Aquele que possui a realeza antes que os mundos fossem? Enquanto se observa em todos, complacência e conformação com a modernidade, até mesmo exposamento modista de seus valores, em frei Clodovis Boff se observa um quase já confronto do sagrado com os governantes desta escuridão. Um confronto do gato com o rato, pois que eles se escondem em cavernas e nas rochas dos montes, dizendo aos montes e às rochas: Caí sobre nós e escondei-nos do rosto Daquele que está sentado no trono e do furor do Cordeiro, porque veio o grande dia do seu furor, e quem é que pode ficar de pé?

É certo, frei Clodovis Boff representa o ponto mais avançado da práxis do governo de Deus, mas Leonardo Boff representa o ponto mais avançado da sua teorização. Não há assunto pertinente à manifestação do Reino que não tenha sido teorizado por Leonardo Boff e passado pelo crivo de sua pedra de toque, e é importante frisar, sempre na perspectiva de Jesus. Há sim, combustível suficiente para se caminhar o Milênio, em centenas de seus anos.

Karl Marx – Che Guevara /// Leonardo Boff – Clodovis Boff /// Adamir Gerson – Lula Inácio

O que esse quadro quer dizer precisamente? É certo que ele se insere na essência dos quadros anteriores. Há um processo revolucionário-metafísico em curso e ele se encaminha para este final, o momento do aparecimento do teórico Adamir Gerson e do prático Lula, depois de terem tido o caminho preparado e aplainado pelo teórico Karl Marx e o prático Che Guevara, o início da caminhada, e pelo teórico Leonardo Boff e o prático Clodovis Boff, a transição da caminhada do patamar da Lei para o patamar da Graça.

De fato, o par Karl Marx e Che Guevara representou o início da idéia de revolução mundial. Em Marx há o chamado para os proletários, uni-vos, e em Che Guevara se inicia uma práxis revolucionária mundial que irá levar a consumação deste ideal. A união dos trabalhadores em um governo exercido pelos trabalhadores.

Mas foi apenas o início do processo. E ele iria sofrer metamorfose profunda. De fato, depois deste início primeiro, em que a revolução começou pelas armas teóricas do Marxismo e pelas armas práticas da Ditadura do Proletariado, ainda se preparando para levantar vôo, iria sofrer transformação. Nas mãos do Marxismo, ela iria então passar para as mãos da Teologia da Libertação. E a revolução mundial já seria um tanto diferente. Manter-se-ia ainda o instrumental de análise social do Marxismo, mas o combustível de sua filosofia já seria o cristão. E por fim ela então sairia das mãos da Teologia da Libertação para as mãos da práxis Celestial. E as mudanças seriam então totais. O instrumental de análise social e de história já é o cristão, e a práxis já é a transformação e conversão interiores. A revolução mundial avança sobre as suas estruturas de dominação e de poder na medida em que vai transformando e convertendo os corações e as mentes. Trata-se de um avanço real que não permite o pular de etapas.

E se no primeiro momento Karl Marx foi a sua força teórica e Che Guevara a sua força prática, e se no segundo momento Leonardo Boff foi a sua força teórica e Clodovis Boff a sua força prática, a verdade é que no terceiro momento a sua força teórica será mesmo Adamir Gerson, mas a sua força prática será mesmo Lula.

Na verdade Lula vem sendo preparado para esta missão que é sim revivedora da missão de Paulo apóstolo. Se Paulo foi visto falando e pregando a Palavra de Jesus, transformando mentes e corações, a verdade é que Lula será visto trabalhando no nível de Estado a construção do governo de Jesus Cristo. Aqui e acolá ele irá surgindo, e, ao unir em comunidade de irmãos nações e governos, chegará o momento em que toda a terra está debaixo do Governo de Cristo (Daniel 2.35; 44).

Mas é certo que terá de passar pelas transformações que passou Saulo de Tarso quando foi derrubado do seu cavalo pela luz esclarecedora de Jesus e feito novo homem, que deixou de estar a serviço de forças mortas, as internas e as externas, para estar a serviço da vida.

A Travessia do Jordão e Frei Beto

Ao longo do trabalho foi demonstrado de forma clara que a humanidade se encontra hoje à beira do Jordão, prestes a atravessá-lo. Todos os movimentos políticos e religiosos que há na terra, não importam o seu tamanho e a sua importância, por assim dizer atravessaram o seu Mar Vermelho, mas falta-lhes a travessia do Jordão, para então serem completos.

Todas as religiões monoteístas, e todas as suas divisões internas, todas as ideologias, e todas as duas divisões internas, atravessaram o Mar Vermelho, não, porém, o Rio Jordão. A própria ressurreição de Jesus foi que ele venceu a morte e naquele preciso momento atravessou o seu Mar Vermelho, mas a travessia do seu Rio Jordão seria então quando Jesus, mais uma vez, deixasse as moradas celestes, onde está retido (Atos 3.21), e então, mais uma vez, se manifestasse na terra de forma radical começando então a sua restauração. Como o início da restauração da terra coincide e é o início e caminhada do Milênio, na medida em que avança a restauração da terra a humanidade avança em direção do Paraíso, então Jesus estará atravessando o seu Rio Jordão na medida em que vem e toma em suas mãos, de forma radical, os destinos da humanidade e começa a guiá-la na direção de Deus.

Ora, quando é que os protestantes começam à travessia do seu Rio Jordão? Quando começam a se livrar das conquistas do deserto. E o que é a sua conquista do deserto? É simplesmente se livrar do capitalismo. O capitalismo quando surgiu foi revolucionário, não somente estava superando a sociedade e existência feudais como estava trazendo à existência o espírito da liberdade que podemos sim dizer que estava preso na sociedade feudal. A moral e ética católicos – que condenavam a usura – era lhe uma mordaça. Porque os espíritos estavam impedidos da usura. Não que pela experiência, pelo seu esgotamento, os espíritos chegaram à conclusão de que a usura era um mal coletivo e que o coletivo teria de substituir-lhe pelo amor, pela solidariedade, mas simplesmente que estava impedida, como esteve em Adão e Eva antes do pecado original e esteve impedida nos regimes socialistas do Leste Europeu que ruíram. De modo que ela teria de ser impedida sim, não, porém, por decreto, como acontecia na sociedade feudal, mas porque os espíritos passaram por ela e se conscientizaram que não valia pena. A experiência da usura, capitalismo, era na verdade que os espíritos estavam inconscientemente forjando o amor, socialismo. O resultado amargo que iria deixar ao longo do caminho, acabaria por levar os espíritos à conscientização da sua negação. E um retorno ao amor, não ao amor a priori que sobrevivia por decreto, como estava na igreja católica e porque não no nascente cristianismo, mas o amor a posteriori que sobrevive na liberdade, como estará no reino de Deus.

Eis então os protestantes forjando o capitalismo na travessia do Mar Vermelho, mas porque o final da caminhada de Deus se acha para além do Jordão, eis os protestantes forjando o socialismo na travessia do seu Rio Jordão e encontro real com Jesus.

E quando é que os católicos atravessam o seu Rio Jordão? Quando reconhecem que na realização do Concílio Vaticano II os católicos estiveram atravessando o seu Mar Vermelho, escapando das masmorras constantinistas que ficou para trás, perecendo nas águas empoladas do seu Mar Vermelho. E atravessarão o seu Rio Jordão quando reconhecerem que Teologia da Libertação e Renovação Carismática são as conquistas do deserto que o Concílio Vaticano II realizou, mas que prepararam caminho para as conquistas de Canaã. E estarão conquistando em Canaã quando reconhecerem que o protestantismo e o marxismo saíram do ventre de Deus, como o seu Jacó e o seu Esaú respectivamente, mas que iriam crescer, e no crescimento e amadurecimento cada vez mais se convergindo, até que iria novamente se reconciliar em Isaque. E cresceriam uns, o protestantismo, por estar se livrando do capitalismo impresso em seu espírito, e cresceriam outros, o marxismo, por estar se livrando do ateísmo impresso em seu espírito, retornando, não ao Princípio apriori de frei Clodovis Boff, que tem morada na proto-história, mas ao Princípio a posteriori de Leonardo Boff, que tem morada na escatologia. De modo que a igreja católica estará fazendo a travessia do seu Rio Jordão sendo este protestantismo que se livrou do capitalismo e sendo este marxismo que se livrou do ateísmo, restabelecendo a unidade da Igreja no corpo e na mediação do Ressuscitado. Que ressuscitou justamente para construir esta unidade no devir histórico. Destarte, Já não há mais protestantes, já não há mais marxistas e já não há mais católicos, mas unicamente cidadãos do reino dos céus. É o Concílio Pentecostal II, consumador do Concílio Pentecostal I, derramado em Jerusalém logo após a morte e ressurreição de Jesus, a ser realizado, não mais entre quatro paredes, mas nas ruas das cidades, de todas as cidades, bem ao estilo do profeta Joel: E depois terá de acontecer que derramarei meu espírito sobre toda sorte de carne, e vossos filhos e vossas filhas certamente profetizarão. Quanto aos vossos homens idosos, terão sonhos. Quanto aos vossos jovens, terão visões. E até mesmo sobre os servos e sobre as servas derramarei naqueles dias meu espírito.

Bem, o que sucede é que no ano de 94 Adamir Gerson compilou um livrinho com o título Lula: O Novo José do Egito, e fez a sua distribuição na cidade de Campinas e em cidades do ABC paulista. Se achando na presença de frei Beto, então ele tomou o livrinho e folheando fez a intrigante pergunta: Você é Josué? (como o livrinho tinha sido distribuído (vendido) dias antes em Campinas, pelo seu conteúdo, é certo que alguém o tinha feito chegar às mãos de frei Beto).

Porque tal foi falado? Porque realmente tem chegado o momento da humanidade atravessar o seu Rio Jordão, e é preciso preparar os corações. Ao seu chamado. Temos o firme fundamento tipológico pelos quais nos guiamos e nos guiaremos, e a verdade é que a mesma dificuldade enfrentada por Moisés (pelo Espírito) iremos também enfrentar. Muitos ficarão apegados à conquista do deserto, se negando realizar a “cisão” hegeliana e fazer da nova figura de espírito a sua nova figura de espírito. E é preciso ajudar estes, pois, deveras, a fé vem pelo ouvir e pelo ouvir da Palavra de Deus. Eles precisam ter em que apoiar os pés da caminhada. E quando ouvem que está na beira do Rio Jordão e ouvem que um homem de Deus chamado Frei Beto suspeitou estar diante do novo Josué, então já não há mais desculpa, porque a obra de Deus foi confirmada e reconfirmada. Não é mais apenas um lançando o chamado de Deus, mas é Deus confirmando o seu chamado pela voz de um segundo interlocutor.

“Proclamai isto entre as nações: ‘Santificai a guerra! Despertai os poderosos! Aproximem-se eles! Subam todos os homens de guerra! Forjai espadas das vossas relhas de arado e lanças das vossas podadeiras, Quanto ao fraco, diga: “Sou homem poderoso”. Acudi e vinde, todas as nações ao redor, e reuni-vos’”.

Àquele lugar faze baixar os teus poderosos, ó Javé

“Despertem as nações e subam à baixada de Jeosafá; pois ali me assentarei para julgar todas as nações ao redor.

“Metei a foicinha, porque a colheita ficou madura. Vinde, descei, porque o lagar de vinho ficou cheio. Os tanques do lagar estão realmente transbordando; porque se tornou abundante a sua maldade. Massas de gente, massas de gente estão na baixada da decisão, porque está próximo o dia de Javé na baixada da decisão.”

Para que se decida entre a vida e a morte, entre o que está e o que não está na Palavra de Deus.

Lula e a Questão do Novo José do Egito

Ora, naquele ano de 94 Adamir Gerson, inspirado, compilou um livreto sobre Lula em que o mesmo foi apresentado como o novo José do Egito.

E as tipologias de José foram invocadas, desde o momento em que foi vendido por seus irmãos para mercadores ismaelitas, levado por estes para ser escravo no Egito; o momento em que foi levado para a prisão, por não se deitar com a mulher de Potifar; a sua superintendência na casa da prisão; os seus sonhos belos; as suas caravanas pelas terras do Egito vendo in loco as necessidades da nação, antes de começar a governá-la. De fato, Lula foi trazido em caminhões paus-de-arara que andavam pelo sertão em busca de pessoas para trazê-las para o sul, e aqui serem escravos da burguesia; Lula não se deitou com a mulher de Potifar por não ter-se dobrado à repressão militar naquele final de década de 70 e início da década de 80; e Lula andou o Brasil com as suas caravanas da cidadania realmente revivendo as caravanas de José pelo Egito.

Mas, Lula é mesmo novo José do Egito? Lula é novo José do Egito. Embora seja preciso falar que passado tempo Adamir Gerson recebeu novas revelações sobre Lula envolvendo a questão de José do Egito. E as novas revelações não expuseram contradições contidas no livrinho de 94 acerca de Lula, mas trouxe real esclarecimento sobre a questão.

De fato, Lula é novo José do Egito, mas os esclarecimentos posteriores, e que podemos dizer estavam em potência no livrinho de 94, é que o Lula que foi eleito em 2002, que desfilou em carro aberto, como José do Egito, e que chorava como criança de contentamento, não foi aquele José do Egito que foi levado à presença de Faraó e foi posto por ele como governante de todo o Egito, como constava no livrinho iria acontecer após a possível vitória em 94, mas foi aquele José que foi colocado como governante da casa da prisão, cuidando da casa da prisão com tanto zelo que o oficial principal da casa da prisão não cuidava de absolutamente nada, mas confiou tudo a José, a prisão, os prisioneiros, pois tudo em sua mão era bem sucedido.

E Lula realmente é este Primeiro José do Egito, cuidando da casa da prisão do neoliberalismo e dos seus prisioneiros com tanta eficácia que chegou ao ponto de ouvir do oficial principal da casa da prisão o elogio eloquente: Lula é o cara!

Mas, um dia José do Egito emergiu daquela para uma nova situação. Foi tirado da casa da prisão e levado à presença de Faraó. Barbeou-se, trocou as suas capas e entrou até Faraó. De modo que foi constituído por Faraó governante de todo o Egito, com Faraó tirando da própria mão o seu anel de sinete e o pôs na mão de José, vestindo-o de roupa de linho fino e colocando um colar de ouro no seu pescoço. E fê-lo andar no segundo carro de honra que tinha, com todos clamando adiante dele: Avreque!

O que seria isto? Que tem chegado o momento de Lula se levantar como o José do Egito que entrou à presença de Faraó e se tornou governante de todo o Egito, saciando, não só a fome dos egípcios, mas da terra inteira? Que Lula, agora no lugar de cuidar da casa da prisão do neoliberalismo e dos seus prisioneiros com filantropia, será elevado como governante de toda a terra, a cuidar da terra, implementando mudanças profundas em suas relações, quer as internas que as externas? Como José do Egito que após ser constituído governante do Egito então começou a percorrer as regiões do país em caravanas, visitando os seus locais e vendo in loco as suas necessidades, Lula também começará a andar a terra inteira visitando cada país e cada região, e, vendo in loco as suas necessidades econômicas, morais e democráticas, começar então naquele respectivo país um trabalho para que o mesmo venha ser governado por homens e mulheres feito à imagem e semelhança do Cristo da cruz?

José para entrar até Faraó teve de barbear-se e trocar as capas: o que é isso? Que Lula vai ter que mudar radicalmente, da água pro vinho? Vai ter que passar por todas as mudanças que passou Saulo de Tarso, nascendo um novo homem, vestindo agora as vestes de Jesus Cristo com as quais ele vestiu o corpo do socialismo celestial, no lugar de todas as vestes que até aqui tem vestido? Barbear-se é trocar as vestes de Esaú, as vestes do materialismo, pelas vestes de Jacó, não do Jacó amado por Rebeca, mas do Jacó amado por Deus, de modo a terra vir a estar sob a direção e condução de homens e mulheres espiritualistas? O domínio do feminino, não de um feminino que quer sobrepor ao masculino, mas, sim, se compor com ele? O domínio sim de homens e mulheres socialistas, mas que se colocam como servos da Transcendência, a quem tem de prestar contas de seu trabalho?

O que seria em Lula essa mudança operada em José? Esse barbear-se e esse trocar de capas? Que Lula não terá mais interesse em colocar esta ou aquela nação como líder de nações, mas que lutará para que as nações sejam libertas das suas dificuldades, pela mão dos trabalhadores. A sua ONU será o mundo e a liderança do mundo nas mãos dos que trabalham e produzem todas as riquezas. A terra é de Javé, saiu de suas mãos e para suas mãos retornará, e ele há de criar novos céus e novo homem segundo o seu poder e a sua vontade. É para isto que teremos de regular e dirigir nossos espíritos.

Em 95 Adamir Gerson foi a Osasco e entrou na presença de Reverendo Luis Cavalcante que hoje se apresenta como Professor Luis Cavalcante. E Professor Luis Cavalcante assim que o viu em sua presença foi logo dizendo, com o dedo indicador em riste: você é um falso profeta! Você disse que Lula iria ganhar a eleição e não foi nem mesmo ao segundo turno. A que ele respondeu: eu nunca disse que Lula ia ganhar a eleição em 94. O que aconteceu é que fui à Campinas com um trabalho a favor da candidatura Lula e dizia com a maior das naturalidades: com ele Lula ganha, sem ele não ganha. Não abri a boca para dizer que Lula ia a isto ou aquilo, mas fui à Campinas com um trabalho para ser posto em ação, inclusive que constava que o trabalho se iniciava ou no estádio do Guarani ou no estádio da Ponte Preta, e dali ganharia o Brasil inteiro. E o trabalho foi rejeitado, porque diziam que Lula já estava eleito (porque na época detinha mais de 40% das intenções de voto, contra pouco mais de 10% do segundo colocado), e outros que o mesmo era provocação da direita. E Reverendo Luis Cavalcante quando ouviu essas ponderações de Adamir Gerson então baixou a cabeça e disse que concordava. Era isto mesmo.

É por isso que acima foi dito que o trabalho de 94 sobre Lula como José do Egito já trazia em potência estes dois Lula, o que seria posto para cuidar da casa da prisão do neoliberalismo e o que seria posto para cuidar da terra. Então se explica porque seu trabalho não foi aceito naquela oportunidade. Antes de Lula chegar nele, ser levado à presença de Jesus Cristo e ser colocado como comandante dos povos, como é vaticínio do profeta Isaías, sim, tirar o seu anel de sinete e o colocar na mão de Lula, bem como seu colar de ouro em seu pescoço, e fazê-lo andar sobre seu segundo carro (porque sobre seu primeiro carro anda Adamir Gerson, Apocalipse 11.14), Lula teria primeiro que passar pelo estágio de governante da casa da prisão. Somente quando passasse por Adamir Gerson e recebesse a unção, é que então estaria apto a ser na terra o que José foi para o Egito.

O Homem de Nobre Estirpe e Leonardo Boff

Há algum tempo Adamir Gerson fez um trabalho abordando a parábola de Lucas 19.12, que fala de um homem de nobre estirpe que viajou para uma cidade distante a fim de assegurar-se de poder régio e voltar.

E se lembra de que quando fez o trabalho então falava que o homem de nobre estirpe era Jesus e que ele estaria se assegurando de poder régio na história. Nos acontecimentos da história por ele obrados.

E quando ele voltava no seu cavalo branco, com o cabelo ao vento, como aparece na música do Alceu Valença, então na medida em que no devir histórico ele ia se aproximando, mais e mais ele ia mudando de figura, se transformando, se transformando, de modo que as suas figuras de Lutero e de Marx foram sofrendo metamorfose, se transformando nas figuras de Horkheimer e de João XXIII, e por fim ele era quase Jesus, já sendo visíveis os seus traços de Jesus, em Leonardo Boff, sendo Jesus realmente, com todos os seus traços reconhecidos, em Adamir Gerson, que é então quando chega e apeia do seu cavalo branco e vai abraçar os que os espera, último então a figura penúltima de Leonardo Boff era convertida na figura de Adamir Gerson, numa festa maior, muitíssima maior, incomparavelmente maior, da festa em que Lênin desceu do trem e na plataforma da estação Finlândia tinha miríades postadas para receber seu líder maior.

É verdade, Leonardo Boff representa o ponto mais avançado da Parúsia, o homem que os traços do rosto de Jesus já são praticamente discerníveis. E faz jus a padre Jerônimo, Presidente Prudente, que disse que Leonardo Boff era o maior do mundo e faz jus a um presbiteriano da comuna Somos Presbiterianos que disse que Leonardo Boff era insuperável.

Mas, como a Palavra de Deus diz que em quem muito se deu muito se requererá, grande é a responsabilidade que pesa sobre Leonardo Boff. É verdade, em Leonardo Boff os limpos de mão e os puros de coração já divisam a chegada de Jesus. Já se ouve o bater dos cascos de seu cavalo branco. Já se vê a poeira que ele levanta. Já se ouve o relinchar do seu garanhão branco. De fato, e é mesmo do ventre de Leonardo Boff que emerge para o mundo Aquele que a Palavra de Deus diz vai governar as nações com vara de ferro. E vêm as dores do parto. E a forma dura com que Adamir Gerson o tratou no início já foi as do parto. Já foi o Filho pressionando e alargando as suas entranhas para o seu nascimento.

Destarte, os corações e as mentes só irão estar na luz e divisando e tocando as coisas reais e verdadeiras no socialismo celestial. E está no poder de Leonardo Boff.

Estrela do Norte

No início deste ano de 2011 o espírito de Javé se tornou ativo sobre Enrique Celst. E ele se acordou para as boas novas e começou a criar muitas comunidades, para que as boas novas ganhassem os espaços das mentes e dos corações. E chama à atenção que em todas as comunidades que criava Enrique Celst colocava a cidade de Estrela do Norte como sendo a sua cidade. Para Enrique Celst naquele momento Estrela do Norte era um lugar todo especial e quiçá centro do mundo.

O que Estrela do Norte tem de especial para além do nascimento de Adamir Gerson nela no dia 28 de maio do ano de 1953? Por que o Espírito ficou tão ativo assim em Enrique Celst a tal ponto que convergiu tudo para esta cidade do interior paulista?

Por ventura que nessa Estrela do Norte pousa a estrela que guiou os reis magos até a manjedoura? E eles, guiados por ela, então foram onde estava o nascedouro da vida?

O que é isso? Como a história divina é repleta de fatos e acontecimentos sempre se repetindo, às vezes, idênticos; às vezes ligeiramente diferente, e às vezes diferente, seria então que novos reis magos iriam engrandecer a história bíblica com a segunda confirmação de Deus?

O que seria isto? Que homens como Leonardo Boff, Frei Beto e Clodovis Boff, como pontos avançados do Espírito, tomariam a decisão de ir à Estrela do Norte e se encontrar com Adamir Gerson, Enrique Celst e pastor Luis Baldez, e a jovem Joseane? E a partir de então é o fogo da Parúsia em andamento, o fogo do Sol da Justiça que iria depurar os filhos de Levi como se depura o ouro e a prata e iria arder como fornalha sobre todos os que praticam a iniqüidade, não lhes deixando nem raiz nem galhos, e no seu lugar se manifestando cura para as nações e para os corações? Um visitar que seria feito no dia 12 de outubro do ano de 2011?

Por que iriam para Estrela do Norte para além da ida dos reis magos à Manjedoura, em Belém? Porque Jesus, fazendo uso de Isaías 41.25, disse que aqueles que observassem suas ações até o fim ele lhes daria autoridade sobre as nações, e iriam pastorear as pessoas com vara de ferro, despedaçando os governantes desta escuridão como vasos de barro? Estarão indo para Estrela do Norte para receber a estrela da manhã?

Ora, uma vez que Jesus ao dizer assim como recebi de meu Pai está literalmente se colocando como sendo o personagem de Isaías 41.25, que viria sobre os delegados governantes como se fossem barro e assim como o oleiro pisa a massa úmida, e uma vez que esta profecia ainda aguarda seu cumprimento, então Estrela do Norte foi concebida por Deus como lugar de nascimento de Jesus Rei dos reis e Senhor dos senhores? Lugar em que o Leão que é da tribo de Judá começa a sua caminhada vitoriosa sobre os povos, andando no meio deles e eles dizendo: abrís o portão para que entre o rei da glória? De modo que este seria um lugar a ser visitado, por todos que anseiam nas suas almas receberem de Jesus a estrela da manhã, que é o poder para governar as nações com vara de ferro, reduzindo os governantes desta escuridão a cinza?

Por que Adamir Gerson, Enrique Celst e pastor Luis Baldez?

Ora, no final do ano de 1999 Adamir Gerson conheceu pastor Luis Baldez, proprietário de uma borracharia nesta cidade de Presidente Prudente. E no ano seguinte, 2000, tocado pelo Espírito foi visitar e conhecer a sua igreja. E pastor Luiz Baldez foi mostrar-lhe a sua igreja. E eis que era um barracão inacabado, coberto com lona, piso no bruto, janelas escoradas, e no lugar reservado ao templo havia portas que davam para cômodos ao lado, onde ali se abrigavam pessoas que foram recolhidas das ruas e do abandono e ali tinham um lugar para descansar seus corpos e suas almas.

Indo e vindo com as boas novas então no mês de outubro, no início do mês, então o Espírito requereu de Adamir Gerson que aproveitasse a ocasião e também fizesse um ato em memória de Che Guevara, com a diferença de que o ato teria de ser realizado, três dias depois, em 12 de outubro, em uma igreja, e Che Guevara tinha de ser invocado na figura de Francisco de Assis. E Adamir Gerson se dirigiu a pastor Luiz Baldez e lhe indagou se podia usar a igreja para realizar o ato. E tendo concordado, apenas colocando a ressalva que não usasse o altar da igreja, pois, como disse, poder-se-á aparecer pessoas não familiarizadas com o sagrado e proferir palavras impróprias naquele lugar, então Adamir Gerson correu em sua casa a preparar um panfleto com a convocatória.

Tendo compilado o panfleto, que coube em uma tira de meio papel sulfite, e tirado seiscentas cópias, juntamente com Carlos Batista, foi à porta da Instituição de Ensino Toledo e fez a distribuição. E eis que o panfleto versava sobre Che Guevara, mas também sobre Francisco de Assis, dizendo que a razão do encontro ser três dias depois da comemoração ao dia de Che Guevara era que Che Guevara na verdade era um ser duplo, Che Guevara, mas trazia em oculto a face de Francisco de Assis. De modo que o espírito do hay que endurecerse era representativo de Che Guevara, mas o espírito do pero sin perder la ternura jámas representativo de Francisco de Assis; de modo que quando Che Guevara pronunciou esta frase era na verdade o seu ser de Francisco de Assis ansiando o seu nascimento. E Adamir Gerson encerrou o panfleto chamando os jovens a formar um novo exército, de franciscanos e de clarissas, deixando tudo pela causa dos pobres. Bem, Adamir Gerson e Carlos Batista foram à porta da Instituição Toledo de Ensino e distribuiu o panfleto, cada qual em uma porta de entrada.

O que sucede é que ninguém se interessou pelo panfleto, ao menos quanto a comparecer no local e dia indicados. Mas, um “menino”, segundo testemunho dado, apanhou aquele panfleto e olhando para ele o guardou para si. E no dia seguinte assim que os primeiros raios do sol se manifestaram então ele correu ao Seminário Diocesano e colocou o panfleto nas mãos de uns estudantes. E o panfleto foi passando de mão em mão. E na medida em que iam lendo eram tocados pelo Espírito e sentiam um desejo ardente de comparecer no local indicado. Assim, no dia seguinte (porque distribuíram o panfleto na porta da Instituição Toledo dia 10 de outubro, dois dias antes do dia 12), logo que o dia raiou se levantaram e começaram a se preparar. E sucedeu por volta das dez da manhã, quando Adamir Gerson, pastor Luiz Baldez e Carlos Batista se achavam sentados em três cadeiras em volta de um altar (incidentalmente naqueles dias veio um pastor de Bandeirantes, Paraná, Márcio Maricato, e realizou na igreja a campanha NO ALTAR DE ELIAS. E ele trouxe doze pedras que foram colocadas sobre um altar. E no último dia da campanha então disse para a irmandade: hoje vou fazer com os irmãos uma coisa que só fiz uma vez em Marília: vou deixar com os irmãos este altar com as doze pedras e daqui um mês, quando estiver indo para Mato Grosso, passo aqui e apanho as pedras. E ele concluiu, dizendo: os irmãos irão precisar muito deste altar!). E foi em volta deste altar que os três se posicionaram para receber os que seriam trazidos pelo panfleto. (Ora, estas doze pedras pastor Márcio Maricato as enviou na frente em ônibus de carreira da Viação Garcia. E quando pastor Luis Baldez foi com sua Kombi as apanhar as pedras na Rodoviária e chegava com elas na igreja então a irmã Sônia, da igreja Congregação Cristã no Brasil e moradora vizinha à igreja, veio e disse para pastor Luis Baldez: Pastor, eu posso lhe contar um sonho que tive nesta noite? E ele disse: conta irmã Sônia que fiquei curioso. E ela então narrou o sonho, dizendo que sonhara que estava num lugar com pastor Baldez cheio de pedras. E as pedras foram partidas. E de dentro delas saiu ouro, muito ouro. E a irmã Sônia narrando o sonho então disse que se abaixou e enfiou as mãos no ouro e as levantou, tanto era o ouro que escorriam por entre os dedos. E no sonho ela gritou: pastor Baldez: estamos ricos, muito ricos! E quando acabou de narrar o sonho então pastor Luis Baldez disse: irmã Sônia: vou contar-lhes os mistérios deste vosso sonho. E abriu a porta da perua Kombi e mostrou-lhe as pedras que apanhara na Rodoviária. E quando a irmã Sônia viu as pedras empalideceu, pois eram as pedras que tinha vista no sonho).

Prosseguindo. Pois é, o que sucede é que naquela manhã de 12 de outubro cinco jovens se levantaram mais cedo que de costume, e começaram a arrumar suas coisas. Pois, deveras, tinham decidido ir ao encontro indicado pelo panfleto. E saíram os jovens, cinco jovens, todos eles tendo no corpo alguma coisa que lembrava Che Guevara, quer uma gargantilha no pescoço quer um bracelete no braço, estampando Che Guevara. E cruzaram toda a cidade, à pé, do Seminário Diocesano até o Jardim Guanabara. E eles seguiam guiados pelo panfleto, tendo à frente Enrique Celst, que aqui e ali apertava mais os passos.

E a verdade é que quando deu 10:00 horas ninguém tinha aparecido, absolutamente ninguém, a não ser alguns domésticos da igreja. E quando já tinham sentido que não ia chegar ninguém, e que se tivesse que fazer alguma coisa teria de ser entre eles mesmos, eis que viram cinco jovens entrar na igreja. E os jovens ocuparam o banco da frente. E logo atrás deles viram que um carro antigo encostara defronte a igreja. E de dentro dele saiu um jovem, que também se sentou junto com os jovens.

E os cinco jovens se identificaram, sendo todos seminaristas ainda cursando o ensino médio, também tendo se identificado o rapaz que chegara depois como Agnaldo. E o que sucede é que após todos terem orado o Pai Nosso de mãos dadas então os jovens abriram o seu baú intelectual e trouxeram para fora um conhecimento da realidade política do Brasil e do mundo que deixou todos boquiabertos. E se perguntavam como é que uns jovens tão novos assim pudessem ter tanto conhecimento.

Por volta das 13:30 horas, depois de mais de três horas de discussão sobre todo tipo de problema, em especial os políticos, deram por encerrado o encontro, com os jovens se preparando para retornar ao Seminário Diocesano. E quando ia embora então o jovem Agnaldo chamou-os para que fossem com ele. E os seis partiram de volta no corcel antigo de Agnaldo (que perderam com ele o contato, não, porém, com os jovens do Seminário, em especial Enrique Celst).

Por que a jovem Joseane? Ora, por volta do ano de 2003 de achando na igreja Obras do Espírito Santo, pastoreada por pastor Luis Baldez, então chegou uma jovem por nome Joseane, vinda da igreja Nova Jerusalém. E assim que ela se assentou então narrou um sonho que tivera naqueles dias.

Narrando o sonho, então disse que viu uma caminhada acontecendo no centro de Presidente Prudente. A caminhada era imensa; e a grande multidão se dirigia para o Parque do Povo. E quando iam entrando no Parque do Povo, pela sua boca de entrada, então uns clérigos parados ali começaram a dizer entre si: quem deu poder para estes realizarem isto? E a grande multidão finalmente entrou no Parque do Povo e foi se postar diante de um grande palanque ali armado ocupado por ministros da Palavra de Deus.

Prosseguindo narrando o sonho ela disse que a multidão que viu caminhando no centro de Presidente Prudente era composta de católicos e de evangélicos, mas, como ela mesma disse, os católicos eram imensa maioria. Quanto aos ministros da Palavra de Deus que ocupavam o palanque eram padres e pastores; mas os pastores eram imensa maioria, como ela mesma disse.

E quando a jovem acabou de narrar o sonho então disse que tinha certeza que a caminhada que viu em sonho acontecendo no centro de Presidente Prudente ela iria acontecer. Não sabia o dia e o ano, mas iria acontecer, porque, como disse, o sonho que tivera foi muito claro.

O que sucede é que alguns dias depois de ter narrado o sonho, não muitos dias, ela retornou para a sua igreja, Nova Jerusalém, todavia deixando a pergunta: o que foi fazer naquela igreja onde se achava a pessoa mais interessada, Adamir Gerson? Fora ali por acaso ou na verdade enviada pelo Deus que não faz nada sem antes avisar os seus escravos os profetas? De modo que quando tal tivesse sendo realizada toda a glória seria canalizada para Deus, que deu e cumpriu a promessa?

A caminhada vista em sonho pela jovem Joseane irá realmente acontecer? Leonardo Boff, Frei Beto e Clodovis Boff realmente serão movidos pelo Espírito a um encontro com Adamir Gerson, Enrique Celst e pastor Luis Baldez no dia 12 de outubro do ano de 2011, na cidade paulista de Estrela do Norte? E que neste dia decidirão sim pela realização da grande caminhada vista em sonho pela jovem Joseane?

De modo que quase três meses depois, no último dia do ano de 2011 uma multidão enorme chegará a Presidente Prudente vinda de todas as partes do Brasil? De todas as partes da terra? E se acotovelarão pelas avenidas de Presidente Prudente, ocupando as suas calçadas e todos os seus lugares vagos? De modo que a multidão, com os seus tambores, e com as suas bandeiras, e com as suas esperanças, e com rosas em sua mão, de repente olham para o alto da avenida Cel. Marcondes e vêem um grande espetáculo se aproximando. Jovens empurram um grande estandarte com a letra: 2012: O ANO DO CRISTO. E logo atrás deles três jovens, um pentecostal da Assembléia de Deus, um protestante da igreja Luterana, ladeando um jovem católico, os três seguem pelas avenidas de Presidente Prudente levando cada qual no ombro um grande cartaz que juntos formam a palavra Paz. E seguem pelas avenidas da cidade, acompanhados pelos olhares atentos sobre a palavra Paz.

E atrás dos três jovens eis que seguem jovens carregando no ombro cartazes com as diversas culturas que há em cima da terra, tanto as que enchem livro inteiro como as que ocupam página de livros, bem como as que aparecem em notas de rodapés que há nas páginas dos livros.

E atrás deles, guardando distância, eis que seguem três jovens empurrando um carrinho com um grande livro aberto em cima dele. E num dos lados do livro a inscrição: EVANGELHO, e no outro a inscrição: EDUCAÇÃO. E os três jovens seguem pelas avenidas de Presidente Prudente acompanhado pelos olhos atentos da multidão, que fica meditando no livro aberto e no significado das inscrições impressas, para seus filhos, e para os filhos de seus filhos. E os Jovens que seguem empurrando o carrinho pelas avenidas da cidade são deste lado, um jovem asiático e daquele lado um jovem branco, os dois ladeando um jovem negro.

E atrás dos jovens empurrando o carrinho com o livro aberto, guardando distância, seis passos para trás, que foram os seis passos que deram os carregadores da arca de Javé quando subiam com Davi para levá-la à Jerusalém, sim, atrás dos jovens com o Livro de Javé aberto, que é o livro aberto que foi achado por Hilquias e que levou o rei piedoso Josias a uma grande reforma moral e social no país, para que o país se ajustasse com o livro de Javé que fora achado, sim, atrás dos jovens irão três jovens montados em cavalos brancos. Deste lado um jovem montado em cavalo branco, e daquele lado um jovem montado em cavalo branco, os dois ladeando um jovem que vai montado em um cavalo branco. E os jovens levam ao ombro o seu grande estandarte.

Deste lado de cá o jovem que leva seu estandarte ao ombro o mesmo é de Che Guevara. Mas o estandarte segue em suas mãos girando, de modo que quando gira então aparece Francisco de Assis. Che Guevara e Francisco de Assis girando em sua mão, à vista de todos que ocupam as avenidas da cidade. E do lado de lá o jovem que leva ao ombro o seu estandarte o mesmo é de João XXIII. E prossegue pelas avenidas da cidade com o estandarte de João XXIII sobre o ombro, contudo quando o gira em suas mãos eis que aparece o estandarte de John Wesley. De modo que o estandarte segue em seu ombro girando em suas mãos, ora a multidão vendo João XXIII ora a multidão vendo John Wesley. E os jovens seguem pelas avenidas de Presidente Prudente ladeando um jovem que segue no seu cavalo branco levando ao ombro um estandarte que quando gira em suas mãos então num lado aparece o Cristo com uma coroa de espinhos sobre a cabeça e a cruz sobre as mãos, segurando-a em suas mãos, mas no outro lado o Cristo com uma coroa real sobre a cabeça e um cetro nas mãos.

E atrás dos jovens montados em cavalos brancos, guardando distância, seguem sacerdotes representativos de todas as religiões monoteístas e sacerdotes seus convidados. Sacerdote Judaico, sacerdote cristão e sacerdote muçulmano, acompanhados de sacerdotes seus convidados, budistas, hinduístas, xintoístas e assim por diante.

E trás deles, guardando distância, então segue o caminhão levando homens e mulheres que Deus escolheu para começar o governo de seu filho Jesus sobre a terra. E estão ali de todas as partes da terra. E entre os brasileiros se vê políticos como Cristovam Buarque, Luiza Erundina, Marina Silva, Eduardo Suplicy. Mas, no meio deles, vai aquele que junto com Lênin e o Papa João Paulo II hão de entrar para a história como os três maiores homens do século XX: Fidel Castro.

E o caminhão levando os escolhidos de Deus segue pelas avenidas de Presidente Prudente rumo ao Parque do Povo e junto a ele as suas multidões, batendo fortes os seus tambores, agitando as suas bandeiras e cantando os mais belos cânticos. E quando chegam à entrada do Parque do Povo, naquele lugar em que no sonho da jovem Joseane clérigos começaram a perguntar entre si quem dera poder para estes fazerem isto, então todos param. E fica esperando os relógios marcarem vinte e quatro horas. E quando os relógios marcam zero hora e entram no ano de 2012 então uma chuva de fogos de artifício se levanta por toda a extensão do Parque do Povo cujo espetáculo é visto e acompanhado pela terra inteira.

E finalmente entram no Parque do Povo. E depois das cerimônias concernentes ao grande dia, ao grande dia da vitória das forças do Reino, e então vai começar a justa homenagem, a mais justa das homenagens, a resposta àqueles que por debaixo do altar clamaram, dizendo: Até quando, Santo Senhor, santo e verdadeiro, abster-te-ás de julgar e vingar o nosso sangue dos que moram na terra? Então alguém ocupa os microfones e a sua voz diz (queira Deus que seja uma voz como a voz de Zilda Arns): Estevam! E alguém no meio da multidão, previamente preparado, levanta o braço e diz: Presente! No que é acompanhado por todos no Parque do Povo que dizem: Presente! E a voz prossegue com a sua chamada, dizendo: Tiago! E alguém na multidão, previamente preparado, levanta o braço e diz: Presente! No que é seguido por todos no Parque do Povo que em uníssono respondem: Presente! “Justino!”: “Presente!” – “Agatonice!”: “Presente!” – “Sinforosa!”: “Presente!”. E quando a voz no microfone disser: “Perpétua e Felicidade!”, então duas jovens mães, com seus filhos ao colo, uma branca e outra negra, previamente preparadas, levantarão as mãos para o alto e dirão, a uma só voz: Presente! No que são seguidas por todos no Parque do Povo que a uma só voz respondem: Presente!


E depois de falar estes nomes, então a voz no microfone se porá a falar como é um lar que vive debaixo da espiritualidade cristã, como se relacionam pais com filhos, com seus vizinhos, com sua cidade, como é a sua sexualidade. E quando acabar de falar estas coisas, então a voz no microfone pedirá silêncio de três minutos. E quando os três minutos findarem então a voz no microfone dirá: “Inês!” E dentre a multidão uma jovem de doze ou treze anos, belíssima, levantará a mão e dirá: “Presente!” E imediatamente dedos femininos começarão a tirar das cordas do violino em suas mãos o som melodioso e divino do hino MAIS ALVO QUE A NEVE. E a multidão canta MAIS ALVO QUE A NEVE e lançam ao alto as rosas brancas em suas mãos que trouxeram de suas casas. E a multidão canta MAIS ALVO QUE A NEVE e lançam ao alto as suas rosas brancas, com o perfume universal de suas pétalas sendo levado pelo vento para os quatro cantos da terra e removendo dos espíritos as impurezas e os tornando mais alvos que a neve.


E depois que todos se abraçam e se confraternizam, enquanto os dedos femininos continuam tirando das cordas do violino o som melodioso e divino do hino MAIS ALVO QUE A NEVE, então uma voz nos microfones pedirá silêncio de três minutos. E quando os três minutos findarem, então a voz diz (queira Deus que seja uma voz como da voz de Terezinha Zerbini): “Carlos Mariguela!” E alguém no meio da multidão, previamente preparado, levanta a mão e diz: “Presente!” E todos no Parque do Povo respondem a uma só voz: Presente! E a voz no microfone há de prosseguir, dizendo: “Alexandre Vanucci Lemes!” E um jovem estudante no meio da multidão, previamente preparado, levanta a mão e diz: “Presente!”. E todos no Parque do Povo respondem a uma só voz: Presente! “Vladimir Herzog!”: “Presente!” – “Manoel Fiel Filho!” “Presente!” – “Santo Dias!”: “Presente!” – "Manoel Lisboa!": "Presente!" – "Chico Mendes!": "Presente!" – “Dom Oscar Romero!”: “Presente!” – “Josimo Tavares!”: “Presente!” – "Frei Tito!": "Presente!" – "Ranusia Alves Rodrigues!": "Presente!" – “Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht”, e dentre a multidão se levanta uma jovem mulher e um jovem homem, preparados, e dizem a uma só voz: “Presente!” – “Olga Benário e Luis Carlos Prestes!”, e uma jovem mulher de 34 anos e grávida, ao lado do esposo, levanta a mão e, juntos, dizem a uma só voz: “Presente!" – "Carlos Lamarca e Iara Yavelberg!" E um jovem militar de 36 anos, ao lado de uma companheira de 26 anos levantará a mão e, juntos, dirão: “Presente!”


Depois de falar todos esses nomes, a voz no microfone se põe a falar como é um país que vive debaixo da materialidade socialista. De como a riqueza produzida por todos é usufruída por todos; de como os jovens passam por todos os estágios do estudo para só depois serem inseridos no trabalho coletivo; de como todos tem casa para morar, comida para comer, lazer para descansar os corpos, roupa para vestir. E quando acabar de falar essas coisas, então a voz no microfone pedirá três minutos de silêncio. E quando os três minutos findam então a voz no microfone diz: “Dorothy Stang!” E uma senhora de setenta e quatro anos, previamente preparada, e que se achava ao lado da jovem belíssima, de doze ou treze anos, levanta a mão e diz: “Presente!” Neste momento a multidão irrompe em palmas por todo o Parque do Povo, tremendo o seu solo, com a jovem tirando das cordas do violino a música do Chico Silva, Vermelho, que o Brasil inteiro cantou na voz da Fafá de Belém. E canta: “Vermelho”, e lançam ao alto as rosas vermelhas em suas mãos, com o perfume universal de suas pétalas sendo levado pelo vento para os quatro cantos da terra e removendo dos espíritos a exploração de uns pelos outros e tornando-os solidários.


Ora, e quando todas estas coisas acabarem de acontecer, e todos acharem que chegou o momento de deixar o Parque do Povo e retornar para suas casas, no ínterim uma voz ocupará o microfone e dirá, apontando com o dedo para o alto: Olhem! E todos no Parque do Povo começam a olhar para o alto, querendo saber o que é que está no alto, o que é que está vindo do alto. E quando todos estiverem olhando para o alto, para as nuvens, o que está nas nuvens, por entre as nuvens, então a voz no microfone diz: JESUS E CHE GUEVARA! E neste momento todos se abaixam e apanham as pétalas brancas e vermelhas que cobrem o chão do Parque do Povo e as misturam em suas mãos, com o seu vermelho e o seu branco dando lugar ao rosa, e então as lançam para o alto. E o vento as toma em suas mãos e as leva para os quatro cantos da terra, e no lugar que chegam eis que se fazem novas todas as coisas! E seguem assim levadas pelo vento com a multidão no Parque do Povo cantando PRA DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES.

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