O NOVO TEMPO E A QUESTÃO DE LUCIANA GENRO
Date: Wed, 13 Oct 2010 09:44:44 -0700
From: gersonsoaresdemelo@yahoo.com.br
Subject: Expandindo o Reino
To: edmaciel.seu.amigo@hotmail.com; gersonsoaresdemelo@yahoo.com.br
Edson, eu creio que seria muito bom se Edson enviasse os trabalhos já postados diretamente para a Luciana Genro, no Rio Grande do Sul. Ela pode se interessar e pode começar a despertar o Partido, em especial para que realizemos uma grande manifestação no dia 1º de Janeiro, que marcará a virada e ressurreição das esquerdas, agora no corpo do povo. Aguardo vosso retorno,
De: Edson Maciel
Para: gersom soares de melo
Enviadas: Quinta-feira, 14 de Outubro de 2010 17:03:55
Assunto: RE: Expandindo o Reino
A Luciana Genro algumas vezes tem condutas que destoam do ideal socialista do PSOL. Veja vc que a poucos dias ela pregou abertamente o voto ao Paulo Pain, candidato a senador pelo PT do Rio grande do sul em detrimento do candidato ao senado do PSOL gaúcho. Ou seja, prejudicou a candidatura do candidato do próprio partido que ela é filiada e fundadora, ou seja, o PSOL. Como confiar numa pessoa assim?
De: Gerson Soares de Melo
Para: Edson Maciel
Enviadas: Sexta-feira, 15 de Outubro de 2010 10:06:57
Assunto: Res: Expandindo o Reino
É muito louvável a sua preocupação com os princípios éticos. Sem eles não iremos a lugar nenhum, e o seu definhamento é sinal de que o corpo começa a perecer.
Mas, neste caso específico me parece que não foi somente Luciana Genro, mas uma parcela considerável do Partido que colocando os interesses do Estado do Rio Grande do Sul acima dos interesses partidários, optaram pelo sacrifício, ou seja: não tinham condições políticas de eleger o seu senador, mas tinha o suficiente para interferir na política do Rio Grande do Sul e evitar que o Estado elegesse um senador reacionário. E conseguiram, pois Paulo Pain conseguiu a reeleição, embora pertença a outro partido que ideologicamente está distante do PSOL.
O gesto da Luciana Genro pode ser computado como desvio de princípios? Ora, se foi isto então podemos dizer que é o seu fim político. Mas foi desvio de princípios ou podemos dizer que na verdade foi altruísmo político, se anulou a si mesma em benefício do povo do Rio Grande do Sul, pois queiram ou não Paulo Pain está no campo progressista?
Temos um antecedente revolucionário que acredito é da mesma essência do ato de Luciana Genro, e que pode trazer esclarecimentos.
O acordo que os bolcheviques firmaram com os alemães em 1918. Os alemães, fazendo uso da sua superioridade militar, impuseram condições degradantes aos membros do governo bolchevique. Queriam que cedesse a eles qualquer coisa como a metade do país e a metade das riquezas. E na oportunidade, contrariando Bukharin, que não queria acordo algum com os alemães senão que partir para o confronto com eles, confiando no poder do proletariado mundial em vir no socorro da Revolução, e contrariando Trotsky, que com a proposta de nem guerra e nem paz apenas endossava a opinião de Bukharin, pois os alemães entenderam tal como nem os dedos e nem os anéis, mas a guerra, ora, contrariando a lógica dos revolucionários, todavia Lênin levantou com a proposta de que, diante das circunstâncias, a Revolução deveria ceder aos caprichos dos alemães. Assinar o acordo de paz proposto por eles, na condição proposta por eles, e assim, embora diminuindo o poder da revolução, todavia mantê-la salva. Porque Lênin sabia que a revolução não tinha forças para impedir os alemães.
Muitos viram a atitude de Lênin como desvio de princípios. Tanto é que a proposta de Lênin foi derrotada e triunfou a proposta de Bukharin e Trotsky, e a revolução só não foi destruída, primeiro, porque os alemães não tinham interesse no fim do governo bolchevique, segundo, quando começaram a ser massacrados militarmente então os revolucionários caíram de joelho e se renderam aos alemães, assinando o acordo (Trotsky o assinou sem ao menos ler o que estava escrito, porque naquele momento mandava os alemães).
Mas uma vez, a atitude de Lênin representou desvio de princípios, como teve de ouvir? Ou na verdade Lênin era um espírito de luz, vendo além do palpável, do imediato? Se tivesse triunfado a posição de Bukharin, qual teria sido o fim posterior da revolução? O proletariado mundial não teria se levantado em defesa da revolução, pois sim incipiente, os alemães teriam destruído a revolução, posto no poder políticos servis, e o socialismo não teria triunfado na terra.
Dei o exemplo do Lênin. Mas um exemplo com mais clareza vem das páginas da Bíblia. Das palavras de Paulo apóstolo. Vejamos o que Paulo diz em ICoríntios 9.19-27: Pois, embora eu esteja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o máximo número deles. E, assim, para os judeus tornei-me como judeu, para ganhar judeus; para os debaixo de lei tornei-me como debaixo de lei, para ganhar os debaixo de lei. Para os sem lei tornei-me como sem lei, embora eu não estivesse sem lei para com Deus, mas estivesse debaixo de lei para com Cristo, para ganhar os sem lei. Para os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me todas as coisas para pessoas de toda sorte, para de todos os modos salvar alguns. Mas, faço todas as coisas pela causa das boas novas, para tornar-me compartilhador delas com outros. Não sabeis que os corredores numa corrida correm todos, mas apenas um recebe o prêmio? Correi de tal modo, que o possais alcançar. Além disso, cada homem que toma parte numa competição exerce autodomínio em todas as coisas. Ora eles, naturalmente, fazem isso para obterem uma coroa incorruptível, mas nós, uma incorruptível. Portanto, corro de modo nada incerto; dirijo os meus golpes de modo a não golpear o ar; mas, surro o meu corpo e o conduzo como escravo, para que, depois de ter pregado a outros, eu mesmo não venha de algum modo a ser reprovado.
Quem ler estas palavras saídas de Paulo não raro o vê como homem sem princípios. Um camaleão, que para cada ocasião exibe uma cor própria. Mas Paulo era destituído de princípios? Que isto nunca aconteça! Paulo era uma luz procurando a cada momento se adaptar às necessidades do momento, como ele mesmo disse, DIRIJO OS MEUS GOLPES DE MODO A NÃO GOLPEAR O AR.
Ora, o que faz as pessoas verem Lênin ou Paulo como destituído de princípios é porque as suas ações se pareciam com as ações de homens sem princípios. Mas na forma, não, porém, no conteúdo. O homem sem princípios se metamorfoseia e se transforma, para enganar e, assim, levar vantagem para si.
Precisamos conhecer a distinção entre Lúcifer e Deus. Na forma são idênticos, não, porém, no conteúdo. O lúcifer se transforma em muitas faces para continuar a enganar e a explorar. Deus se transforma em muitas faces para continuar a libertação, como fez por intermédio de Lênin ou de Paulo. Na forma são idênticos, não, porém, no conteúdo. E é preciso fazer esta distinção, para não confundir pessoas como Paulo, Lênin e Luciana Genro com os Mussolinis, os Hitlers, os Collor de Melo. Uns se metamorfoseiam por falta de caráter, outros porque tem conhecimento.
Edson Maciel, ora, compreendo a sua postura e preocupação ética, e estou identificada com ela, e fiz a defesa de Luciana Genro porque é sobre nós que paira a responsabilidade da criação do Verdadeiro PSOL. O que se estabelece, não para a clausura do PSTU, mas para superar o PT e oferecer novos horizontes para a sociedade brasileira. E vos digo: precisamos de pessoas como Luciana Genro. Estamos prestes a despertar um universo para o nosso lado, e este universo é uma multiplicidade, os carismáticos não são os mesmos e têm divergências com os evangélicos, a Teologia da Libertação tem divergências com os marxistas, sem as dezenas que aqui não foi mencionado. E é preciso saber lidar com esta diversidade; a situação exige flexibilização. Pessoas sem flexibilização tenderão a reduzir o PSOL ao nível do PSTU, cuja postura ética é a ética no estágio verde, certamente que carregando a possibilidade do seu estado maduro, que se manifesta na razão inversa do alargamento de espírito. Sem isto fica a pergunta: se é assim, então para que foi criado o PSOL?
Ora, o PSOL na verdade foi criado como alternativa tanto ao PT como ao PSTU. Não ser nem o fruto verde do PSTU e nem o fruto que se estragou do PT, mas ser o fruto maduro. Ser partido condutor de princípios (Isaías 11.6) e não impositor de princípios ou caronista de princípios. Que não tivesse nem a cara de Kerensky, PT, e nem a cara de Bukharin, PSTU, mas a cara de Lênin, sabendo lidar com o complexo da situação e tê-la sob seu controle e domínio. Precisamos ganhar a confiança, para que todos comecem a olhar para Araçatuba, para o novo que ali está nascendo.
Éramos uma cidade, Presidente Prudente, passamos a ser duas, Araçatuba, e agora somos três, Londrina, a semente do novo renascimento pulsando o seu nascimento. Por certo que logo muitas cidades virão para o nosso lado, fazendo crescer a corrente do Sol da Justiça.
Analise a possibilidade deste quadro: Serra subindo a rampa do Palácio e sendo empossado Presidente. Não é então que diante de tão grande retrocesso ideológico temos nós de agir? Até parece a sequência lógica do plano antecessor do sistema: vamos deixar Lula ganhar e depois retornaremos com mais força? Por certo que esta força nova que vai então se contrapor ao retorno da direita só pode ser nós. Então vamos agir já! Levar aos líderes do PSOL a nossa proposta de ação já, que inclui mobilização para uma grande manifestação na cidade de Presidente Prudente para o dia da posse do velho ou de intiriça, ocasião em que é o Sol da Justiça chegando para criar um novo Brasil e uma nova terra e fazendo o povo brasileiro olhar com esperança para este novo foco político.
E creio que pessoas como Luciana Genro podem perfeitamente assumir a sua liderança, e acordar não só o Partido, mas os movimentos sociais e muitos e muitos setores da sociedade, de modo a que a manifestação tenha dezenas de milhares de participantes. É tempo de crescermos. É TEMPO DO APARECIMENTO DOS REIS DO NASCENTE DO SOL (Tradução do Novo Mundo das Sagradas Escrituras), que, segundo o seu profetismo tipológico (medos e persas) (Apocalipse 16.12) só pode ser a união do povo cristão com o povo socialista, conquistando Babilônia, que é agora a conquista do imperialismo, libertando a humanidade do seu jugo destrutivo, que tem feito grandes e pequenos não pensar em outra coisa senão em consumir, consumir e consumir, que de tanto consumir acabará por consumir a própria terra (Apocalipse 11.18). Paz e Graça.
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