terça-feira, 30 de julho de 2013

Papa Francisco e o Novo Francisco de Assis - TERCEIRA PARTE

Papa Francisco e o Novo Francisco de Assis – TERCEIRA PARTE

Na sua despedida o Papa Francisco voltou a repetir frases de todos os seus antecessores, talvez com exceção de João XXIII (Talvez!). E que frase é esta que foi pronunciada por Papa Francisco na sua despedida? “Não deixem o Evangelho ser usado para uma ideologia” (1).

O recado é claro: o Evangelho não pode ser usado para legitimar o Marxismo. E como até o presente momento o socialismo tem sido indissociável do Marxismo, logo o Evangelho não pode ser usado para o socialismo.

Quão diferente é o Papa Francisco do Novo Francisco de Assis! O Novo Francisco de Assis afirma que o Evangelho é indissociável do Marxismo. A luta do Marxismo, apesar de que os homens não souberam, na verdade foi luta de Deus. Foi o cumprimento da Palavra de Deus. Quando Jesus se dirigiu aos sacerdotes dos seus dias e lhes disse que o reino de Deus lhes seria tirado e dado a uma nação que produziria seus frutos (Mateus 21.43), ora, esta nação que produziria os frutos do Reino se manifestou através do Marxismo e de nenhuma outra. E tudo é clarificado em Mateus 25.40, pois queiram quer não, este diálogo que o Justo Juiz trava com o povo que cuidou dos humildes é sim um diálogo que trava com os marxistas. Há um esforço por parte do Justo Juiz em convencer os marxistas, reticentes, pegos de surpresa, de que eles são estes bem aventurados do Evangelho (2). Embora o mundo religioso diga que o inferno espera pelos marxistas, o Justo Juiz há de dizer para todos os filhos de Marx, naquele dia: Vinde benditos de meu Pai, e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo (3).

É verdade, o Marxismo está inserido em um processo do qual é meio e não fim. O Marxismo foi o Evangelho se manifestando pelo lado da Lei; revivedor das grandes giestas de Moisés (4), mas trazendo em oculto e a reviver as grandes giestas de Jesus. Em uma palavra, a Revolução tem o lado da Lei, mas tem também o lado da Graça. De modo que apenas dizemos que o Marxismo foi o tempo invernal do Evangelho (5), que produziu seu botão; e o Socialismo Celestial é o seu tempo primaveril. O botão do Marxismo não é descartado, como estaria na fala do Papa Francisco, mas aquecido com amor sempiterno até que de suas entranhas emirja o Cristo da cruz, emirja a sua flor pura, que muitos chamam de Comunismo (6). Emirja Aquele que teve o poder de fazer co que ricos vendessem suas propriedades e depositassem o valor aos pés dos apóstolos para que fossem usufruídos por todos, segundo a necessidade de cada um (Atos 2.44; 4.32).

Há muito que falar sobre a questão, em especial uma abordagem científica sobre a escatologia conforme está no livro do Profeta Sofonias; esclarecedor de como toda ação do Marxismo em cima da terra, não só a sua repulsa ao poder burguês, mas incluso a sua repulsa ao poder religioso, foi sim cumprimento da Palavra de Deus. Foi sim Deus vomitando de sua boca não só os que exploravam os trabalhadores (7), mas também os que usavam o nome de Deus para legitimar a exploração de sanguessugas sobre os humildes. Cumprimento de palavras que Deus colocou não só na boca do profeta Sofonias, mas de todos os profetas, em especial de Isaías.

Notas de Rodapé

(1)- É verdade, o Papa Francisco, na sua despedida, pronunciou a frase: Não deixem o
Evangelho ser usado para uma ideologia. Mas também é verdade que antes havia pronunciado uma frase antagônica, e qual foi ela? “Jovens, sejam revolucionários!” Frase esta que entendemos claro qual seja um voz divina dizendo às Cebs e às pastorais engajadas politicamente: Levantem! Tomem sua cama e andem.
Papa Francisco teria enchido balde de leite e na sua despedida o chutado.
Temos de compreender essa tergiversação de Papa Francisco. E ela pode significar sim a passagem de um tempo para outro, inteiramente novo. Temos de compreender essa tergiversação, esta aparente contradição, com as armas do Espírito. Ao ter dito na chegada: Jovens, sejam revolucionários, e dito na despedida: Não deixem o Evangelho ser usado para uma ideologia, esta aparente contradição esconde sim os mistérios do Espírito. Era como se o Espírito tivesse dito por intermédio de Papa Francisco: Jovens, sejam revolucionários; e oculto na frase seguinte: Façam a revolução, mas a façam não mais com as armas do Marxismo e sim, agora, com as armas do Socialismo Celestial (porque a história não se repete identicamente igual. Ora, se a revolução russa foi radicalmente diferente da revolução francesa, a verdade é que a revolução brasileira será radicalmente diferente tanto de uma como de outra. A revolução brasileira certamente é política e social, mas precedida por uma revolução do espírito. Homens e mulheres são revolucionados interiormente para adquirir uma nova visão do mundo e da História, e, então, mudados, transformados num abrir e piscar de olho (ICoríntios 15.52), mudarem o mundo; defenestrar as suas coisas velhas e no lugar colocar as coisas novas, que trarão vida em abundância para todos. Em uma palavra, os odres se farão novos para poderem receber o vinho novo). Prosseguindo.  Ora, dado o lugar que ocupa – o posto de Papa – o Espírito se viu forçado a assentar a contradição. Daí papa Francisco com uma mão ter dito uma coisa, com a outra mão, outra coisa. Agradou a gregos, esquerda, e ao final agradou a troianos, direita. O importante é que o Espírito, agora livre de qualquer convenção, está se expressando de forma clara e inequívoca: Façam a revolução, e agora dentro do corpo do socialismo celestial.
Alguém pode objetar: o Papa ter dito para os jovens serem revolucionários e em seguida ter deixado um recado claro a Bispos que não deixassem o Evangelho ser usado para uma ideologia, o que irá prevalecer será a frase última e não a primeira. Estes Bispos receberam a ordem de conter os jovens no seu ímpeto revolucionário. O lado conservador-político do Papado ao final mostrou suas garras. E é possível que na mesma esteira de análise, algum teólogo mais afoito acabe dizendo: Ora, é uma lei pela qual toda vez que Deus vai fazer uma obra na terra o Imitador sai na frente com uma obra de imitação. Ocupando as mentes e os corações, a sua intenção é impedir a obra de Deus. E este teólogo afoito prosseguirá dizendo: Uma vez que é fato que Deus estava preparando o seu Francisco de Assis no país Brasil, a escolha de um Papa argentino não pode ter sido a obra do Imitador? O Imitador criando o seu Francisco de Assis justamente para impedir o Francisco de Assis brasileiro? Este Francisco de Assis obra do Imitador apenas imita Francisco de Assis, mas carrega dentro de si a sua negação? É Francisco de Assis na forma e não no conteúdo? O importante é que em Papa Francisco se observou uma brecha pela qual podemos entrar e trabalhar o apoio deste Papa para a causa da revolução brasileira. Se ele for Francisco de Assis verdadeiro caminhará conosco; senão, terá o fim de Balaão, mui provavelmente sendo este Papa o último dos Papas. Porque a fortaleza da revolução brasileira, fazendo esfumar todo e qualquer sólido (Apocalipse 6.13-14), tornará inviável um novo Papa. Uma figura que transcende o humano, se colocando no patamar de um Deus para os terrenos. Essa figura dará lugar a um líder que se assemelha a outros líderes humanos. Mas, vamos estar com as mãos estendidas, porque nossas mãos há de serem mãos generosas, benevolentes. Não julguemos a priori, mas a posteriori. Demos a oportunidade.

(2) - Ora, quando os bem-aventurados dizem, ou, melhor, reagem: Senhor, quando te vimos com fome e te alimentamos, ou com sede, e te damos algo para beber? Quando te vimos como estranho, e te recebemos hospitaleiramente, ou nu, e te vestimos? Quando te vimos doente, e na prisão, e te fomos visitar? Ora, isto expressa que estes bem-aventurados são pessoas não religiosas. Era como se dissessem: Mas, nós? Porque nós se nunca estivemos ligados ao teu nome? E o Justo Juiz lhes dirá: Pois é, quando fizeram a um destes meus irmãos pequeninos foi a mim que fizeram (ver Isaías 65).

(3) - É verdade que o Justo Juiz dirá para os marxistas, naquele dia: Vinde benditos de meu Pai, e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo. Mas, como na sequência o Justo Juiz dá um giro de 180 graus e diz para os antagônicos, para os que estão na sua esquerda: Quanto a vós, afastai-vos de mim, vós os que tendes sido amaldiçoados, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos, ora, muitos estão entendendo que devido ao fato dos religiosos não terem se engajado na luta pelo socialismo, senão que para  impedir, o Justo Juiz lançará sobre eles a maldição. É verdade, quando o Justo Juiz acabar de proferir as bênçãos aos filhos de Marx, ele se voltará na direção dos religiosos. E também lhes dirá: Vinde benditos de meu Pai, e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome espiritual, e vós me destes alimentos espiritual para me alimentar. Tive sede espiritual, e vós me saciastes com a água espiritual. Estive nu, e vós me cobristes com veste espiritual. Era estranho, e vós me recebestes em sua espiritual. Estive doente espiritual e vós me curastes com remédio espiritual. Estive na prisão e vós me visitastes com a Palavra de Deus. É verdade, o Justo Juiz colocará a coroa régia na cabeça dos filhos de Marx e lhes dirá: Vós sois os reis que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Entrem no gozo de seu Senhor. E em seguida se dirigirá aos religiosos e colocará a coroa régia na sua cabeça, dizendo: Vós sois os sacerdotes que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Entrem no gozo de seu Senhor. (E fizestes deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus, e hão de reinar sobre a terra, Apocalipse 5.10; 20.6). Ora, o que faz com que o Justo Juiz profira esse juízo duplo é que o Cristianismo foi socialismo, mas socialismo espiritual, ao passo que o Marxismo, socialismo material. As duas faces do conceito de socialismo. O que faz com que nem marxistas nem cristão percebam isto é que foram concebidos de forma antitética e estão no patamar antitético. Mas quando amadurecerem, deixarem para trás as coisas de menino (ICoríntios 13.11), então compreenderão claro como o dia que a mensagem que Jesus entregou a Paulo e a mensagem de Marx fazem parte de um mesma unidade, de um mesmo processo, o do estabelecimento do senhorio de Jesus sobre a terra.

(4) - As giestas do Lênin, voltando do exílio e fazendo a revolução e principiando a guiar os trabalhadores na direção do socialismo, para o lugar que tempos antes Marx creu seria o lugar de descanso dos trabalhadores oprimidos, foi o antítipo da gieste de Moisés quando voltou do exílio e quebrou as algemas de Faraó, guiando o povo na direção da Terra da Promessa, na direção de Canaã, para o lugar que tempos antes Abraão creu seria o lugar de descanso de sua descendência peregrina e oprimida.

(5) - O Marxismo foi sim revivência do olho por olho, dente por dente, do Judaísmo. A Ditadura do Proletariado reviveu em sua essência o Judaísmo.

(6) – O conceito de comunismo não é o mesmo em Adamir Gerson. Não que o conceito de comunismo comporte diferentes realidades. Na verdade o conceito de Comunismo tanto em Marx como em seus epígonos é muito vago, impreciso, como é muito vago, impreciso, o conceito de reino de Deus entre os cristãos. Os marxistas de um modo geral concebem o Comunismo como o resultado do amadurecimento do socialismo. O Comunismo é o mesmo socialismo que amadurece.
Que o Comunismo seja o resultado do amadurecimento do socialismo isto é uma verdade. Mas este amadurecimento não segue a lógica simplória assim como está no Marxismo. Ele se dá dentro da tríade hegeliana, qual seja: o real-espírito nega a si mesmo para fazer da antítese seu objeto. Em seguida a antítese reconcilia-se com a tese, nascendo então o Comunismo no lugar do socialismo. Em uma palavra, o Comunismo começa a se formar no marxista quando ele faz da religião cristã o seu objeto. De posse deste objeto e retornando ao Marxismo a realidade que surge é inteiramente outra, o Comunismo. Nem mais religião cristã, nem mais socialismo, mas Comunismo para os marxistas e Reino de Deus para os cristãos. O amadurecimento do marxista se dá quando ele se abre para o Cristianismo, ao passo que o amadurecimento do cristão se dá quando ele se abre para o Marxismo.
E este processo tem principiado a ocorrer, e é preciso falar sobre ele. De fato, a Escola de Frankfurt representa o momento em que o Marxismo começou a deixar o que é para ser algo diferente de si. A Escola de Frankfurt, na sua abertura tanto para a religião como para a transcendência, embora de forma tímida, representa o momento de início de amadurecimento do Marxismo. Por outro, a Teologia da Libertação, na sua abertura para o Marxismo e para a terrenalidade da vida, representou o momento de amadurecimento do Cristianismo. Convergindo, chegará o momento em que estas duas instâncias da vida acabarão por se encontrar. Ao se encontrar, suas faces passarão a girar em torno de um centro que as agrega e as mantém em estabilidade, o Cristo da cruz. E este dia está próximo.


(7) - Este cumprimento: Vinde agora, vós ricos, chorai, uivando por causa das misérias que vos hão de sobrevir. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas exteriores ficaram roídas pelas traças. Vosso ouro e vossa prata estão corroídos, e a sua ferrugem será como testemunho contra vós e consumirá as vossas carnes. Algo como fogo é o que armazenastes nos últimos dias. Eis que os salários devidos aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, mas que são retidos por vós, estão clamando, e o clamor por ajuda, da parte dos ceifeiros, chegaram aos ouvidos de Javé dos exércitos. Vivestes em luxo na terra e vos entregastes ao prazer sensual. Engordastes os vossos corações no dia da matança. Condenastes, assassinastes o justo. Não se opõe ele a vós?

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