Bento XVI, Leonardo Boff, o Marxismo, os 100 Anos da Assembleia de Deus e Adamir Gerson
(Apocalipse 6.12-16)
Leonardo Boff publicou o texto de sua autoria “Faz falta um pouco de
marxismo ao papa”, e chama à atenção que todas as críticas que endereça aos
juízos do papa Bento XVI contidos na encíclica Caritas in Veritate, de 07 de
julho de 2009, se voltam também contra ele. Não representa distinção, o que
veremos a seguir.
Vejamos, sendo sucinto: a crítica mais contundente que Leonardo Boff
dirige ao atual papa é que este, de forma inconsciente, assume a ideologia
funcional da sociedade dominante, simplesmente a achando correta. Bento XVI não
vê a sociedade moderna portadora de contradições, mas, sim, de disjunções, a
mercê de corretivos. Vai mais além, dizendo que a tônica de Bento XVI não é a
da análise, mas a da ética, a do que deve ser (tautologia sacerdotal). De modo
Bento XVI não ser, pois, um profeta, mas um doutor e mestre, que por não se
ater à complexidade dos problemas que pululam na sociedade, para além dos que
há na sua superfície, visível aos olhos, também os que se escondem nos seus
labirintos ideológicos, acaba, pois, por se tornar simplista, principista,
equilibrista mesmo, se pautando pela indefinição (leia-se, falta de solução).
É notável como Leonardo Boff se coloca como Juiz Supremo contra Bento
XVI e o reduz a cinza, a tal ponto que fica a impressão de que a humanidade
pode estar diante do cumprimento profético de II Tessalonicenses 2.8. Deveras,
uma supremacia intelectual que se revela com a chancela da ciência ao constatar
de forma clara e inequívoca que Bento XVI vê os problemas e sabe da sua
existência, a ponto de dissecá-los e enumerá-los, mas peca no momento de sua
solução. Toma posição que não irá esfumá-los senão que escamoteá-los e
encobri-los mesmo com uma cal ao invocar como instância de solução a vaga e
inconsistente Doutrina Social da Igreja (elaborada às pressas na tentativa de
impedir o rebanho católico de ser ganho pelo avanço comunista, na luta dos
revolucionários recém-saídos do Egito contra Balaque capitalista, se prestando
ao inglório papel de Balaão, dirá Adamir Gerson). E Leonardo Boff está cônscio
de sua superioridade intelectual porque está cônscio de que também vê os
problemas vistos por Bento XVI, os vê como vistos por Bento XVI, com a
diferença de que aponta solução para eles. Aponta o caminho de sua resolução, o
que, no seu dizer e no entender dos seus leitores mais próximos, Bento XVI não
faz.
Bem, as críticas de Leonardo Boff ao papa Bento XVI são verdadeiras?
Indiscutivelmente que sim. Bento XVI representa o que ali está escrito. Nem
mais nem menos. Os problemas passam diretamente sobre e sob sua face, e
prosseguem sem nada que lhes dê cobro, deixando atrás de si um rio de lágrimas
e de sangue, corações que foram feitos pelo Criador para amar e ser amado e
que, no entanto, se acham sob Seus Olhos completamente despedaçados. E Bento
XVI, por estar preso em invólucro ideológico e não científico, revela-se
incapaz de restaurá-los.
Acontece, porém, que Leonardo Boff, na falta de qualquer resposta por
parte de Bento XVI aos problemas que aponta amiúde, a verdade é que ele também,
ao encurralar Bento XVI por manifestar de forma clara a existência de dois
sistemas que não permitem tergiversação por caminho diferente, ou é o sistema
capitalista, criador da dor e do pecado, ou é o sistema socialista, a cura do
pecado que trás paz ao espírito, não este ou aquele socialismo que abundaram
após a crise e queda do socialismo real, mas aquele socialismo singular que tem
o poder de cortar o mal pela raiz, o socialismo marxista, ora, é neste momento
que se descobre claro que toda crítica que Leonardo Boff endereça a Bento XVI,
como bumerangue, se volta contra ele. A tal ponto que as mentes clarividentes,
nas pegadas de Adamir Gerson, irão ponderar que de fato não há mesmo diferença
de fundo entre aquele que propõe solução para os problemas no bojo do
capitalismo e aquele que propõe solução no bojo do Marxismo. Após os dramáticos
acontecimentos do Leste, que revelaram o Marxismo incapaz de solução perene, é
capaz de lidar com estômagos vazios, mas se perde na resposta quando tem diante
de si corações sedentos, ora, sejamos sucintos, para economizar palavras:
invocar o Marxismo não é mais estar propondo cura para a ferida, mas é estar
lhe dando chute, que apenas alargará os espaços geográficos da ferida. Ademais,
não só sabemos que todo e qualquer conhecimento é e sempre será a relação do
sujeito com o objeto – cujo resultado é dado pela experiência – como também
sabemos que todo e qualquer médico antes de começar a terapia analisa
previamente as condições de reação do paciente, pressão arterial, se é
diabético, alérgico a isto e aquilo, etc, o que significa dizer que se Leonardo
Boff levasse em consideração o leque de forças contrárias engatilhadas a reagir
contra o Marxismo, e a fragilidade de suas forças para fazer frente a elas,
jamais teria receitado ao Papa tal remédio, que se no começo do século XX foi
um remédio que pode muito nos seus efeitos, convenhamos, hoje ele pode muito
pouco. Deixou de dar conta da demanda. Mesmo porque o Marxismo não quer dizer
um livro escrito, mas um conjunto de idéias, que adquire vitalidade quando
penetra no corpo popular, o que há muito deixou de fazer, ou porque seus
depositários perderam o jeito da evangelização ou porque as condições objetivas
que fez germinar sua semente o devir histórico levou embora; e outras tomaram o
seu lugar.
É verdade, Bento XVI apontou amiúde os problemas da sociedade moderna e
os deixou sem solução, pois na visão de Leonardo Boff teria forçosamente que
passar pelo caminho amargo do Marxismo; no entanto fica a pergunta, mais uma
vez para que não percamos o nosso foco central: mas, o Marxismo é a sua cura?
Representa a cura? Um moribundo morre não morre pode ser invocado para curar um
doente terminal? Afinal, o Marxismo, se quer ser consequente, é indissociável
do leninismo e do stalinismo, práxis revolucionária não universal, mas o
produto de uma época específica, o preciso instante da transição do feudalismo
para o capitalismo, que convenhamos o devir histórico levou embora em grande
parte da terra, comprobatório o fato dos marxistas hoje estarem, em toda a
terra, sem norte senão que entregues a picuinhas de lutas internas (mas não
levou embora a sua vontade de igualdade e de um mundo de justiça, sem
exploradores e sem explorados). Ora, Bento XVI propondo solução para os
problemas sem, no entanto, questionar o capitalismo de forma paradigmática e
Leonardo Boff propondo a sua solução no bojo do Marxismo, não é indício claro
de que tudo irá continuar como está? Bento XVI escrevendo Encíclicas, Leonardo
Boff dando palestra em Universidades, e o povo continuando no seu sofrimento do
dia a dia sem nada que estanque a sua dor?
Ora, achar que o Marxismo tem resposta para a sociedade atual e suas
crises é trilhar o caminho da ingenuidade. A começar que o Marxismo é parte da
crise geral. Não se trata de um remédio de fora a ser receitado, mas a
experiência que fez do capitalismo um doente a mercê de cura, cuidou em fazer o
mesmo do Marxismo. O Marxismo permanece de pé porque, primeiro, criaram bode
expiatório e o responsabilizaram pela crise e perda de credibilidade do
socialismo, blindando o verdadeiro responsável; segundo, como o próprio Marx
disse, uma formação social só desaparece quando o de vir dialético-histórico
preparou uma nova formação histórico-social e tornou-a apta a ocupar o seu
lugar, o que tal ainda não foi divisado em nenhum pensador atual, seja ele quem
for – o que é em si explicação porque muitos ainda acreditam nele e o invocam.
(O Bode Expiatório criado é que atribuíram culpa pela queda e crise do Marxismo
aos criadores do socialismo real, que na visão destes deturparam o pensamento
de Marx. O que não é verdade. Ninguém deturpou o pensamento de Marx. Se o que
se manifestou trouxe o selo da imperfeição ela deva ser procurada na base da
Teoria, no próprio Marx, e jamais fora dele. Eles foram o que Marx deixou
escrito, como o fruto que se manifesta é o que está escrito na sua semente.
Destarte, o pensamento de Marx não cria o Perfeito, mas é caminho para ele,
que, convenhamos, é algo bem diferente, como foi algo bem diferente o
cristianismo do judaísmo. E uma vez que Leonardo Boff invoca o Marxismo há de
se supor que ele também é daqueles que separam os criadores do socialismo real
dos criadores da Teoria, poupando uns e fustigando outros; acreditando piamente
que o que se acha tombado deva se levantar, agora com a atenção redobrada para
não repetir os “erros” daqueles que tiveram sobre si a missão de criar o
socialismo a partir do nada, do quase nada, de modo estas mãos sábias darem
encaminhamento fidedigno ao que Marx realmente deixou como ensinamento e então
surgir verdadeiramente o reino da liberdade concreta, em que cada um tem
segundo as suas necessidades, abortado pelos criadores do socialismo real, o
que afirmam amiúde).
É Verdade, Leonardo Boff foi incisivo e claro; apontando na direção de
Bento XVI: És representante de Jesus? Então em verdade vos digo que deves se
empenhar para que o modelo em que vivemos seja mudado e não apenas retificado;
que haja troca e não conservação de paradigma; deves se empenhar para que
tenhamos libertação e não apenas reformas. Mas, com a mesma incisividade e
clareza, Adamir Gerson aponta na direção de Leonardo Boff: És Profeta do
Senhor? Então em verdade vos digo que deves se empenhar para que o Marxismo
seja mudado e não apenas retificado; para que haja troca de seu paradigma pelo
novo paradigma trazido por Adamir Gerson; para que haja a sua libertação e não
apenas a sua reforma. Se Bento XVI for obediente às palavras de Leonardo Boff,
as entendendo como palavras do Divino – como veio finalmente entender Eli que
era Deus – e Leonardo Boff obediente às palavras de Adamir Gerson, as
entendendo como palavras do Divino – como finalmente veio entender Eli que era
Deus – por certo que é neste momento que os corações despedaçados estarão sendo
restaurados, surgindo diante dos nossos olhos o belíssimo quadro visionado pelo
profeta Isaías: E a terra inteira chegou a descansar. Ficou sossegada. As
pessoas ficaram animadas, com clamores jubilantes (Isaías 14.7); quadro este
que é portal para o mais belo quadro bíblico e o mais belo quadro de toda literatura
universal: (...) Quem são estes que trajam compridas vestes brancas e donde
vieram? (...) Estes são os que saem da grande tribulação, e lavaram as
suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro. É por isso que
estão diante do trono de Deus; e prestam-lhe serviço sagrado, dia e noite, no
seu templo; e O que está sentado no trono estenderá sobre eles a sua tenda. Não
terão mais fome, não terão mais sede, nem se abaterá sobre eles o sol, nem
calor abrasador, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, os pastoreará e
os guiará a fontes de águas da vida. E Deus enxugará toda lágrima dos olhos
deles (Apocalipse 7.9-17).
É verdade, quando Adamir Gerson, contrapondo à frase de Leonardo Boff,
lança a nova frase: que falta faz ao Marxismo um pouco de Cristianismo (e
vice-versa) tudo começa a se modificar e tudo começa a se encaminhar para a sua
solução. Na frase de Leonardo Boff olha-se para a sociedade e se vê apenas a
opressão material que o capitalismo exerce sobre o conjunto dos trabalhadores,
dos mais fracos; mas na frase de Adamir Gerson se vê além, ao lado da
opressão material que o capitalismo exerce sobre o conjunto
dos mais fracos, se vê também a opressão espiritual que o
paganismo (hedonismo) exerce sobre os corpos mais fracos. Vê-se opressão
material, mas também se vê opressão espiritual. Vê-se uma grande cidade que em
sentido espiritual se chama Egito e Sodoma, porque nela se mesclam os que
sofrem por causas materiais e os que sofrem por causas espirituais. E se tem
claro que o remédio para a opressão material é o socialismo, por outro se tem
claro que o remédio para a opressão espiritual é mesmo o cristianismo, um
cristianismo na total e cabal mediação de Paulo apóstolo.
É neste momento que se descobre que o Marxismo tem de passar por
refundação. Tem de nascer de novo. Porque com uma mão ele tira o pecado, mas
com a outra ele conserva o pecado. Pois ao desconhecer a natureza da Religião e
qual a sua verdadeira utilidade, achando-a desnecessária, dessa forma impede o
pecado QUE TEM CAUSA ESPIRITUAL de ser expurgado para fora da sociedade e para
fora dos corações. O pecado que tem causa espiritual o socialismo no momento da
comemoração e das grandes realizações tira os seus espaços; e ele vai ficar
ali, sem espaço, todavia aguardando o seu momento. E quando o socialismo
satisfaz materialmente, e brota naturalmente a sede espiritual nas pessoas
(como brota naturalmente naquele que se fartou do salgado o desejo do doce),
então esta é a ocasião para o male espiritual se manifestar. E ele vai
subverter tudo, fazendo com que a porca lavada volte ao seu antigo vômito
(porque o Bem espiritual se acha encarcerado no Marxismo. Encarcera o Bem
espiritual, mas não encarcera a vontade pelo espiritual). E isto é um ciclo a
que o socialismo não escapa, porque é um ser pela metade (ICoríntios 13.9), lhe
faltando o fundamento que o completa por saciar espiritualmente. E na sua
falta, os inimigos do socialismo aproveitam a brecha e dão de beber a eles a
espiritualidade poluída do paganismo (hedonismo), que indispõe contra o
socialismo e trás a sede do capitalismo. Foi isto (e nada fora disto) que
aconteceu no Leste Europeu com aquelas massas que saltaram o muro e foram beber
da espiritualidade hedonista que há no lado ocidental, babando nos cartazes que
estavam nas portas dos seus shoppings sex (como à época mostrou o jornal Folha
de São Paulo), nas suas vitrines de exposição do luxo, na sua indumentária
sensual e extravagante, na sua música que ativa o corpo e não o espírito e etc.
Mais ainda, que na sociedade atual a opressão e o sofrimento que tem
causas espirituais têm se tornado muito mais abundante do que a opressão e o
sofrimento que tem causas materiais; o que explica nas últimas três décadas as
massas terem procurado mais religião do que política, terem se interessado mais
pelo cristianismo do que pelo socialismo.
Há famílias que se desintegram por causas materiais? Certamente, mas há
também famílias que se desintegram por causas espirituais. O socialismo se
mostrou capaz de impedir a desintegração da família por causas materiais, não,
porém, as que se desintegram por causas espirituais, que é objeto de análise e
de solução unicamente por parte da religião e não pela política.
E vale para tudo. O socialismo tem o poder de realmente acabar com a
prostituição, mas não tem poder algum de acabar com o adultério. Cria leis para
lidar com essa questão, como o divórcio, mas jamais impedirá a sua
manifestação, como impede a manifestação da prostituição – pois que esfumou a
causa da sua manifestação.
E o que foi dito para o par, prostituição-adultério, vale para todos os
males sociais, o suicídio, o alcoolismo, o assassinato, a inveja, o ódio e etc.
Porque tudo tem duas causas que o produz (conceito filosófico assim chamado
de dualidade do conceito, dualidade axiológica, ainda
restrita às boas novas do socialismo celestial), e se houve o remédio que o
eliminou por suas causas materiais, o socialismo, por outro continuará a
vicejar na sociedade os que têm causas espirituais. No socialismo, a título de
exemplo, os alcoólatras não se manifestam por causas materiais, mas continuam
se manifestando por causas espirituais. E que diferença faz um alcoólatra que
se tornou tal por causas materiais e um alcoólatra que se tornou tal por causas
espirituais? Que diferença faz um lar que foi desfeito por causas materiais e
um lar que foi desfeito por causas espirituais?
Adamir Gerson nivela Bento XVI e Leonardo Boff? Que isto nunca aconteça!
Leonardo Boff é um cristão que tem de passar pela segunda ressurreição, mas
Bento XVI um cristão que tem pela frente duas ressurreições a percorrer a fim
de vir estar na presença de Deus, face a face, como foi o vaticínio do apóstolo
João (I João 3.2). Bento XVI tem de morrer para o capitalismo e
renascer no Marxismo, ao passo que Leonardo Boff tem de morrer para o Marxismo
e renascer nas boas novas de eternas do socialismo celestial. E ficar ali
aguardando que Bento XVI morra para o Marxismo e renasça também nas boas novas
do Reino de Deus, completando então o ciclo de sua ressurreição (I Coríntios
15.42.58). Então os dois estarão intelectualmente e moralmente nivelados,
feitos à imagem e semelhança do Cristo da Cruz, isto é, quando certo vaticínio
de Paulo se cumprir em suas vidas (ver I Coríntios 15.51) (A indicação de que,
hoje, para se chegar ao Cristo da cruz, para se chegar ao Reino de Deus tem-se
necessariamente que passar pelo marxismo é da mesma essência e do mesmo valor
da indicação passada de que se tinha de passar pelo judaísmo para se chegar ao
cristianismo. Ser cristão sem ter, no entanto, impresso no seu espírito as
marcas do judaísmo era ser cristão choço, e muitos se tornaram cristãos na negação
absoluta do judaísmo. Mui provavelmente seja uma idéia impensável, pois que o
cristianismo não foi outra coisa senão que o botão do judaísmo se abriu nesta
flor. E o que é, hoje, o reino de Deus senão que o fruto verde do Marxismo se
transformou neste fruto maduro?)
É verdade, Bento XVI tem de reconhecer que o Marxismo é Deus. Não este
ou aquele aspecto – como aproveitando a ocasião dos acenos ideológicos do
Concílio Vaticano II e dos acenos ecumênicos do Conselho Mundial das Igrejas
teólogos com lampejos divinos começaram a apontar nele este ou aquele aspecto
como tendo o selo de Deus – mas o Marxismo é Deus NO CONJUNTO DA OBRA! Bem
assim como o Judaísmo, que não obstante as suas imperfeições, mesmo assim foi Deus
no conjunto de sua obra. Verdade, os espinhos desta rosa, o seu ateísmo, a sua
irreligiosidade e o seu materialismo, foram sobejamente antecipados pelo
profeta Isaías e pelo Senhor Jesus. Quando Isaías falou de uma nação paradoxal
que iria se manifestar na história, não dobrando o seu joelho diante de Deus e
não invocando o seu nome, todavia fazendo a sua vontade, e quando Jesus,
fazendo das palavras de Isaías as suas palavras, se dirigiu aos sacerdotes dos
seus dias e lhes disse que o Reino de Deus iria lhes ser tirado e dado a uma
nação que produziria seus frutos, por certo que esta nação é mesmo a nação
socialista. Destarte, a produção destes frutos é a rosa que está na roseira.
Bento XVI tem de olhar para a grandeza de João Paulo II que olhou
retrospectivamente para trás e reconheceu que a Igreja errou e pecou ao longo
do seu caminhar. Bento XVI precisa completar a grandeza de João Paulo II,
olhando agora para o presente e reconhecendo de que a Igreja que errou e pecou
no passado é a mesma que tem errado e pecado no presente, por se unir às forças
do imperialismo e às forças capitalistas na sua luta contra o socialismo. Tem
de reconhecer de que quando lutavam contra o socialismo era contra Deus que
lutavam. Porque o Marxismo, na sua inteireza, na sua completeza, embora tenha
sido trazido por homens, todavia por homens que eram instrumentos no
cumprimento de Sua Santa e Bendita Palavra (ver Tiago 5.1-6).
A rigor, as palavras que Ele colocou na boca do profeta Sofonias, que
iria voltar a sua atenção para os sacerdotes, tanto os sacerdotes de Javé como
os sacerdotes de deuses estrangeiros, sim, que iria voltar a sua atenção para
os sacerdotes, e para os filhos do rei, e para os príncipes, e para o rei, e
para os que usavam vestuário estrangeiro (burguesia), e para os que pesavam a
prata (comerciantes), e para os poderosos, e nem a sua prata e nem o seu ouro
os iria livrar, ora, tudo isto teve seu cumprimento profético na ação dos
revolucionários comunistas, que podemos dizer acertadamente, contra a nova
Judá, que com certeza tem sido a Cristandade. O que os comunistas fizeram com a
Cristandade, quer na Rússia, quer na Ásia, quer em Cuba, foi tudo o que os
caldeus fizeram com Judá. E não eram os caldeus, mas Javé, através de
Nabucodonozor, a quem chamou de O Meu Servo, palavras que modernamente devam
ser entendidas e estendidas a Vladimir Illich Ulianov, o conhecido Lênin. (Para
um aprofundamento científico da questão, ver http://anovateologiadalibertacao.blogspot.com/2011/02/questao-da-destruicao-de-juda.html)XXXXXXXXXXXX
Que tenha a humildade do profeta Jeremias, que não amaldiçoou Deus por
ter dito que iria trazer os caldeus contra a nação da qual dependia e da qual
era um de seus filhos, mas que cuidou em se dirigir aos filhos da rebeldia, aos
que se desviaram dos seus estatutos, seus reis e seus príncipes, bem como seus
sacerdotes, e lhes comunicou o que Deus decidira fazer com eles, para que
provassem o fel amargo do quanto vale se desviar dos mandamentos que tinha
deixado a eles por intermédio dos seus profetas mensageiros. E quando vimos o
papa João Paulo II pedindo perdão pelos erros e pelos pecados que a Igreja
cometeu ao longo de sua existência então é claro que o que a Cristandade sofreu
nas mãos dos comunistas foi uma punição pelos seus pecados. João Paulo II
esteve muito atrasado em relação a Deus, que não pediu perdão pelos pecados da
Igreja, mas que a puniu por intermédio dos comunistas, cortando o seu poder,
colocando-a no pó dos mortais, enviando-a para um exílio de 70 anos que se
encerrou naquele ano de 89, quando os filhos da rebeldia puderam retornar, e
novamente revolver o corpo e a alma no lamaçal do pecado, pois que aquelas
foram forças do Ciro corruptível, que uniu o corruptível, Cristandade e
Capitalismo, e marchou, pois, sobre o corruptível, governos socialistas, para
vencê-los e restaurar no lugar o corruptível, a Rússia de hoje – todavia
preparando o caminho e as oportunidades para a chegada do Ciro incorruptível
(Apocalipse 16.12), que unindo o incorruptível, Cristianismo e Socialismo,
iriam vencer o corruptível e instalar no lugar o Incorruptível, Jesus Cristo de
Nazaré. O reino que segundo o profeta Daniel não iria jamais passar a outro
domínio, ver 2.44.
Bem, Bento XVI será obediente às palavras de Adamir Gerson? Mudará da
água para o vinho em relação ao Marxismo? Dirigir-se-á aos marxistas e lhes
dirá: o choro pode durar toda a noite, mas a alegria vem pela manhã?
Dirigir-se-á a eles e lhes dirá realmente: a alegria da manhã que está chegando
agora para mim está também chegando para vós! Está chegando para a humanidade
inteira! Saudamos em uníssono e estejamos cheios de glórias pela chegada da
alegria da manhã...
E não nos esqueçamos de que tudo está inserido em plano relativo. Quando
Bento XVI, recentemente, lançou um apelo para que a religião não fosse expulsa
do espaço público e reduzida ao plano do privado, vendo no espírito os problemas
se multiplicando nos espaços públicos por conta do mesmo ter prescindido da
contribuição ética e moral da religião, ora, ao lançar o apelo a que se dê
melhor atenção às aspirações da religião, ao que de fato ela, que não se reduz a uma mera psicologia, mas ela é também sociologia, sem falar nas outras ciências, e com objeto e espaço exclusivos na sociedade, ora, se observa em
Bento XVI uma grandeza que não se observa em muitos teólogos, pois é grande o
número de teólogos que endossam a cartilha de um pretenso Estado laico. Se como
o Estado estivesse na contra mão da sociedade. Afinal o laico na sociedade
pertence a uma minoria, com a sua imensa maioria sendo teísta, sendo impossível
que numa sociedade democrática uma minoria queira impor à maioria a sua visão
de mundo. Pior ainda, escolher a dedo o lugar onde confiná-lo.
Bem, Bento XVI será mesmo obediente às palavras de Adamir Gerson?
Certamente que sim, pois tudo está nas mãos e no controle de Deus. E o Deus que
pôs na boca do profeta Isaías o aparecimento futuro de uma nação paradoxal, que
não iria invocar o nome de Deus e nem iria dobrar o seu joelho diante de Deus,
todavia seria esta nação paradoxal quem iria fazer a sua vontade, ora, o mesmo
Deus também cuidou em colocar na boca de Isaías um segundo momento,
desenlacial, quando então iria remover o véu que o separava deste seu povo e
este povo paradoxal iria se acordar para Deus.
Senão vejamos a descrição de Isaías sobre o aparecimento futuro da nação
paradoxal: Deixei-me buscar por aqueles que não perguntaram por mim. Deixei-me
achar por aqueles que não me tinham procurado. Eu disse: Eis-me aqui, eis-me
aqui! A uma nação que não invocava o meu nome.
E vejamos a sua descrição sobre o momento em que o véu que separa esta
nação de Deus é removido e se reconciliam entre si: E certamente vereis, e
vosso coração forçosamente exultará, e os vossos próprios ossos florescerão
como a tenra relva. E a mão de Javé há de ser dada a conhecer aos seus servos,
mas ele verberará realmente os seus inimigos. (Isaías 65; 66.14).
E Bento XVI certamente que fará assim, pois há uma nuvem de Testemunho
muito grande pedindo para ele agir assim; pois deveras, não só Isaías, mas
Jesus também depois de se dirigir aos sacerdotes dos seus dias e lhes comunicar
que o Reino de Deus lhes seria tirado e dado a uma nação que produzisse seus
frutos, ora, o mesmo Mateus que nos legou estas palavras de Jesus ele mesmo,
coroando o silogismo de Isaías, cuidou em mostrar o momento exato em que Jesus
remove o véu que o separa deste povo que ele mesmo disse produziria os frutos
do Reino. Onde? Como? Ora, o diálogo escatológico que Mateus narra entre o
Justo Juiz e o povo que cuidou dos oprimidos (25.40), lhes dando de comer, de
beber, vestindo-os, e cuidando de sua saúde, ora, este povo é o mesmo povo
visto pelo profeta Isaías e é o mesmo povo que Jesus disse produziria os frutos
do Reino. E esse povo é o povo marxista e nenhum outro. Neste diálogo, Mateus
narra a conversão do povo marxista. E isto Bento XVI deverá levar em
consideração.
Leonardo Boff e o Concílio Vaticano II
É preciso compreender com mais profundidade as críticas que acima Adamir
Gerson endereçou a Leonardo Boff. É possível que, ficou a muitos a impressão
que se pretendeu golpear um ícone do pensamento brasileiro e mundial. Não é
nada disto. É que Leonardo Boff se acha preso a limites, como se achou seu
irmão, e é preciso expô-lo, como necessidade do pensamento teologal, não só da
Teologia da Libertação, mas de todo o cristianismo, dar um salto de qualidade.
Romper limitações epistemológicas sem o qual a libertação não vem, pois,
deveras, as forças do capitalismo globalizado conseguiram agregar ao seu lado
um leque muito grande de forças diversificadas, e para se opor a ele, fazer
frente a ele, é preciso, pois, uma força que tenha também o poder da agregação
de forças diversificadas. E isto, no campo antagônico ao capitalismo
globalizado, é missão do socialismo celestial. Por representar a poderosa e
avassaladora força que aparece em Isaías 2.10, certamente que ele acabará
empurrando para fora das relações sociais e nacionais a este capitalismo
globalizado.
Prosseguindo. Ora, é sabido que o Concílio Vaticano II, contrariando
Papas anteriores, teve uma visão um tanto diferente do marxismo. Sensível ao
sofrimento que tomava conta das nações em desenvolvimento e de todo o seu povo,
o Concílio Vaticano II viu a necessidade do socialismo como contraponto ao
capitalismo. Como condição mesmo do desenvolvimento, não só nacional como
social. Economizando palavras, a verdade é que o Concílio Vaticano II abriu as
portas da Igreja para o marxismo.
Mas, consciente das implicações, dado a natureza do próprio Marxismo, a
verdade é que ele cuidou em filtrá-lo, pondo dum lado a sua filosofia e de
outro todo o seu instrumental de análise social. E conservou o seu instrumental
de análise social e em larga medida de História como válidos e necessários para
a criação de um novo homem, mas trocou a sua filosofia pela filosofia cristã.
Foi assim que nasceu e ganhou corpo a Teologia da Libertação, uma mescla de
cristianismo com marxismo.
Porque estamos na iminência de grandes mudanças ao nível do pensamento,
que alcançará não só o povo cristão, mas, também, o povo marxista, é preciso um
esclarecimento: em virtude mesmo da conservação do instrumental de análise
social do Marxismo, a verdade é que jamais a Teologia da Libertação foi
depositária da filosofia cristã, senão que da filosofia judaica. Na Teologia da
Libertação o Êxodo foi muito mais presente e muito mais marcante do que a Cruz.
O Êxodo foi impiedoso com Faraó, mas a Cruz foi compreensiva, e porque foi
compreensiva foi benevolente com o pecador, tendo vindo para que todos tivessem
vida e vida em abundância. A Cruz não tomou lado dos contrários em presença,
mas transcendeu-os, com o objetivo de salvar a todos. De modo que o seu
léxico não foi a destruição, mas a transformação. É verdade, Moisés olhou para
o Egito e viu o mal que Faraó fazia ao povo de Deus, mas Jesus olhou para a
terra e viu que todos estavam destituídos da glória de Deus, mas carregava em
potência a possibilidade de tê-la, pois, deveras, o domínio da Serpente
Original haveria de ser transitório. Propedêutico, bem de acordo a assertiva de
Santo Agostinho segundo a qual o Mal existe para fazer o bem aparecer. Tendo
aparecido, não há mais lugar para ele.
A verdade é que Leonardo Boff é um fruto legítimo do Concílio Vaticano
II. O seu pensar reflete o Concílio Vaticano II. E o Concílio Vaticano II iria
chegar um momento em que seu botão iria abrir na mais linda das flores, a flor
pura do Reino de Deus. E neste momento não só a filosofia judaica iria se
converter realmente em filosofia cristã, como também todo o instrumental de
análise social E DE HISTÓRIA iria ser o do Cristo da cruz. A Comuna Primitiva,
como ponto de partida do devir histórico-dialético e de compreensão das razões
subjacentes à opressão, iria ceder o lugar para o Jardim do Éden, com Adão e
Eva emergindo como protótipos dos contrários, que, com o pecado original, se
alienou de si mesmo, perdendo a relação amorosa, mas vencido a resistência do
devir histórico-dialético, então iriam novamente reatar a primeira relação,
agora novamente termos complementares. E já sem o perigo da queda.
Sendo assim, o Concílio Vaticano II deva ser visto e entendido não como
Jesus, mas como João Batista. Veio preparar o caminho e as condições para
irromper do Cristo da cruz, que na sua manifestação iria inundar os seres
cristãos e marxistas de toda a sua seiva libertadora.
Ora, é comum ouvir-se que o Concílio Vaticano II foi manifestação
pentecostal de Deus. E isto é verdadeiro. Todavia o que poucos sabem é que este
pentecostes que foi derramado na terra na primeira metade da década de sessenta
do século passado era na verdade já uma segunda manifestação pentecostal de
Deus. Nesta, como seu fruto, Deus fizera brotar a libertação material dos
pobres e de todos que sentissem a sua necessidade. Mas, como os pobres além da
opressão material sofria na carne também a opressão espiritual, a verdade é que
antes do Concílio Vaticano II Deus obrara também outro pentecostes, e este portando
a libertação espiritual dos pobres e de todos que dela precisasse. Estamos
falando do ocorrido nos Estados Unidos no ano de 1906, e que engendrou o
moderno movimento pentecostal.
Como o que engendrou o moderno movimento pentecostal e o que engendrou a
Teologia da Libertação são como carne e unha, tese e antítese, as mentes
clarividentes devem ficar atentas, porque a qualquer momento Deus consuma sua
obra pentecostal, enviando um terceiro e grandíssimo pentecostes na terra,
sintético, em que a libertação espiritual e a libertação material se
manifestarão num só feixe de ação, pondo fim às concupiscências da carne e às
concupiscências do dinheiro. A santidade será plena, não somente no plano
material, como tem alcançado os marxistas e a Teologia da Libertação, mas
também no plano espiritual, como tem alcançado os evangélicos e a Renovação
Carismática.
Ora, como o Concílio Vaticano II claramente foi um elo de transição, o
que explica o seu fruto legítimo, a Teologia da Libertação, ser portadora muito
mais da religiosidade judaica que da cristã, muito mais do instrumental de
análise social do Marxismo do que do cristão, o que importa saber é para onde
tendia essa tendência. Simplesmente que a revolução entrara em processo de
metamorfose, do judeu Marx ela iria se levantar no judeu Paulo! No judeu Paulo
ela daria um giro de 180 graus, pois que Paulo é a outra face de Marx, a
igualdade espiritual é o outro lado da igualdade material, mas no Filho do
homem ela daria um giro de 360 graus, pois que Filho de Deus e Filho do homem
são os dois querubins que Deus mandou Moisés assentar em cima da tampa da Arca
do Pacto. Novo Adão e Novo Davi (1), sendo missão do Novo Davi, guiar a todos
para o Novo Adão, para que o rosto do Novo Adão, progressivamente, vai se manifestando
e formando todos os rostos. É o Paraíso redivivo, a Nova Jerusalém que do céu
desceu à terra, como noiva adornada para o seu marido. Eis que a tenda de Deus
está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão os seus povos. E o
próprio Deus estará com eles. E enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não
haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas
anteriores já passaram. Ap.21.
Mudanças profundas então iriam ocorrer. O socialismo iria ser construído
não mais no modo tradicional, destruição pura e simples do capitalismo levado a
cabo por uma vanguarda que se assenhoreou do poder do Estado, mas através da
transformação espiritual dos indivíduos que compõem a sociedade. Cada
indivíduo iria se acordar para o amor ao próximo, o desejo ardente da
cooperação iria tomar conta de muitos corações, e, por conseguinte, iria haver
uma indisposição popular muito forte contra o capitalismo, cada vez mais sendo
objeto de desprezo, se livrando dele por mudar progressivamente as leis que lhe
dão sustentação.
Essa transformação de Marx em Paulo iria trazer como resultado prático
que a revolução iria despontar justamente no movimento pentecostal. O
socialismo, que todos tinham dado como morto, de repente ressurge entre as
grandes massas pentecostais, e destas penetram na Renovação Carismática
contagiando todo o povo católico.
Estamos diante de uma completa negação da Teologia da Libertação e do
próprio Leonardo Boff? Certamente que sim, pois jamais conheceram o fenômeno
pentecostal e o fenômeno Renovação Carismática. Hoje menos, mas ontem, mais.
Quer dizer, tiveram deles apenas uma visão positivista, superficial, àquilo que
se manifestava aos olhos.
Isto é, que o movimento pentecostal fora criado e financiado por
entidades americanas perversas para combater o Marxismo e impedir que as
massas, em especial no continente americano, fossem por ele ganhas. E que estas
mesmas entidades perversas americanas criaram e financiaram a Renovação
Carismática para que ela impedisse das massas católicas serem ganhas pela
Teologia da Libertação.
Como a visão positivista tem lá as suas verdades não resta dúvida que
tanto o movimento pentecostal como os carismáticos foi realmente freio tanto ao
marxismo na América Latina como à Teologia da Libertação no catolicismo.
Surgiram como fortíssimos competidores.
Mas quando a visão metafísica chega vem como um trator passando por cima
do positivismo. Primeiro, o que as forças perversas americanas fizeram foi
oportunismo. Viram que quem não é contra nós pode ser por nós. Ou seja, que
quanto mais crescessem os pentecostais e os carismáticos mais e mais perdiam
forças a Teologia da Libertação e o Marxismo. Segundo, na verdade estavam
implícitos, ocultos mesmo, tanto o Pentecostalismo na Revolução como a
Renovação Carismática no Concílio Vaticano II. Estavam implícitos, ocultos
mesmos, porque tanto a Revolução como o Concílio Vaticano II foram Deus, e em
Deus o par Pentecostalismo-Marxismo e o par, Renovação Carismática-Teologia da
Libertação eram gêmeos no seu ventre. Literalmente protótipos dos irmãos gêmeos
Jacó e Esaú.
Ora, não nos conta a boa história que primeiro nasceu Esaú e depois,
Jacó? Que no embate Jacó acabou se apossando da primogenitura e da benção, mas
o final entre eles, após período de ódio mútuo, foi mesmo a reconciliação, com
Esaú correndo ao encontro de Jacó e lançando-se sobre seu pescoço e o beijando,
com os dois irrompendo em pranto. Não é isto que nos conta a boa história? Que
então Jacó olhou na face de Esaú e a viu como a face de Deus, e que Esaú
recebeu a Jacó com prazer?
Se Esaú reuniu quatrocentos homens disposto a aniquilar Jacó, o que de
extraordinário aconteceu que fez com que ele mudasse e o ódio pelo irmão
cedesse lugar para o amor? Unicamente a intervenção de Deus!
E Deus pode intervir hoje, com os marxistas, indo ao encontro dos
pentecostais e a Teologia da Libertação indo ao encontro da
Renovação Carismática. E se lançar ao seu pescoço e o beijar; e os dois se
romperem em pranto.
Isto virá a ser uma realidade? Certamente que sim, posto que Deus
concebeu o movimento pentecostal, não para estar a serviço do
imperialismo, visão positivista, mas para cobrir os campos da América
Latina da transformação espiritual. E quando estas flores estivessem brotando
por todo o continente latino-americano, tendo esgotado a sua primavera, então
iria chegar o seu verão e o seu outono. Em cada uma destas flores iria se
manifestar o fruto material, o socialismo, a princípio verde, mas na medida em
que o verão fosse cedendo lugar ao outono, então frutos maduros.
O que é isso? Novo socialismo! Se o primeiro socialismo, por necessidade
histórica, deitou vinho novo em odres velhos (o que fez Lênin lançar a NEP foi
que sentiu na carne que tinha diante de si apenas odres velhos – já assinalado
por Plekhanov), a verdade é que este novo socialismo irá ser construído a
partir de corações transformados. O “sémem” da materialidade socialista
iria ser lançado sobre o “óvulo” amadurecido da religiosidade cristã. Destarte,
a força de sua sustentação iria ser o Evangelho e não mais a Ditadura do
Proletariado. O Evangelho, se engalfinhando com estas pedras egoístas e que só
pensa em ter riqueza e poder, iria suscitar a elas filhos a Jesus Cristo.
Verdadeiramente um novo socialismo, que terá a perenidade de Daniel 2.44, não
caindo jamais, e não passando jamais a outro domínio, como aconteceu com o
Primeiro Socialismo.
Leonardo Boff compreenderá este novo tempo? Este novo chamado? Se
Leonardo Boff foi obediente ao Pai quando colocou diante de si as
responsabilidades políticas e fez o Papado saber que não era tão infalível
assim, e foi obediente ao Pai quando colocou diante de si as responsabilidades
ecológicas forçando os homens a pensarem em um novo modelo de desenvolvimento
que fosse submetido aos limites da Terra, sim, Leonardo Boff será mais uma vez
obediente ao Pai quando Ele, por intermédio de seu mensageiro, Adamir Gerson,
quer colocar diante de si novas responsabilidades, agora ser ponte de ligação
entre os evangélicos e os marxistas, entre as Cebs e a Renovação Carismática?
E quando chegar-se a eles ter debaixo do braço essa resposta de Esaú a
Jacó: Eu tenho muitíssimo, meu irmão. Continue teu o que é teu (Gênesis 33.9).
O que é isso? Até aqui cada qual quis destruir o outro achando que a
completeza habitava unicamente em si. Doravante compreenderão que são partes de
um processo maior. Que se um é portador da boa materialidade, o outro é
portador da boa espiritualidade. Que boa materialidade e boa espiritualidade se
convergem. O que diverge é boa materialidade (socialismo) e má materialidade
(capitalismo-hedonismo); boa espiritualidade (cristianismo) e má
espiritualidade (paganismo-hedonismo).
É verdade, Leonardo Boff procurará fazer todos entenderem que não se
destrói a feminilidade da religião cristã e não se destrói a masculinidade do
socialismo, mas as duas instâncias de vida foram feitas e preservadas pelo
Criador para a realização do casamento de seu Filho Jesus, para a realização do
casamento dos casamentos, simplesmente o Casamento do Cordeiro.
É tempo, pois, de novo tempo. O fruto verde do Reino, o Marxismo, na
luta revolucionária que expôs todas as suas vicissitudes e contradições,
amadureceu, saindo do seu estado verde para o seu estado de vez, a Escola de
Frankfurt. E tem chegado o tempo de se manifestar completamente maduro, apto
para o consumo de toda a sociedade. O tempo em que o judeu Marx se converte
totalmente no judeu Jesus. Novamente o milagre da ressurreição.
Tem chegado, pois, o tempo da colheita: Acudi e vinde, todas as nações
ao redor, e reuni-vos, Àquele lugar faze baixar os teus poderosos, ó Javé.
Despertem as nações e subam à baixada de Jeosafá, pois ali me assentarei para
julgar todas as nações ao redor. Metei a foicinha, porque a colheita ficou
madura. Vinde, descei, porque o lagar de vinho ficou cheio. Os tanques de lagar
estão realmente transbordando; porque se tornou abundante a sua maldade. Massas
de gente, massas de gente estão na baixada da decisão, porque está próximo o dia
de Javé na baixada da decisão (...) E eu vi, e eis uma nuvem branca, e sobre a
nuvem sentado alguém semelhante a um filho de homem, com uma coroa de ouro na
cabeça e uma foice afiada na mão. E do santuário do templo emergiu outro anjo,
gritando com voz alta para o sentado na nuvem: Mete a tua foice e ceifa, pois
chegou a hora para ceifar, porque a colheita da terra está inteiramente madura.
E o sentado na nuvem meteu a sua foice na terra e a terra foi ceifada. Joel
3.11-14; Apocalipse 14.14-16. Ora vem Senhor Jesus e realiza a sua obra,
fazendo com todos – novas criaturas – e todos passando a viver debaixo da
novidade de vida das boas novas de eternas. Cumpre, ó Senhor, o vaticínio que
pusestes na boca do profeta Miquéias, que viu na introdução do reino de Deus
sobre a terra, todos sentados debaixo de sua videira e debaixo da sua figueira;
e não havendo quem os fizessem tremer, 4.4.
Bento XVI e os Marxistas
Se Bento XVI em campo antagônico ao marxismo tem de passar por duas
ressurreições para ter a oportunidade de ver Deus face a face, ter o direito à
vida eterna, ora, é certo, muito certo, que os marxistas também terão de passar
por duas ressurreições, até se levantarem em um novíssimo patamar de
existência. E quando se levantarem neste novíssimo patamar de existência, hão
de olhar para a sua luz e para as coisas reais e verdadeiras que se movem
perante seus olhos, a sua paz e a sua justiça que não tem fim, e exclamarão:
este lugar de Perfeição não é aquele que nossos pais disseram o socialismo era
preparação e caminho para ele, chamado por eles de Comunismo e que vemos muitos
ao nosso redor o chamando de Reino de Deus?
É verdade, os marxistas terão mesmo que passar por estas duas
ressurreições; a primeira pelo cristianismo, e a segunda, pelas boas novas do
socialismo celestial.
E qual o profundo significado dos marxistas passarem por este primeira
ressurreição?
Literalmente que o fuzil em suas mãos estará se transfigurando em Escola
e o livro O Capital, em A Palavra de Deus. Que o ódio revolucionário se
converteu em amor revolucionário, e no lugar de se buscar a construção do
socialismo na destruição dos ricos e dos opressores procurarão a sua construção
na sua conversão e transformação. E estarão convictos desta conversão e
transformação porque eles também passaram por ela, tiveram a sua experiência; e
agora, sábios nas boas novas do socialismo celestial, sabem que o que acontece
a um dos pólos da contradição também acontece ao outro. “Se o impossível
aconteceu com nós porque também não com os nossos inimigos
ontológico-históricos”, dirão os novos sábios.
Ora, por que procurar ensinar às massas o caminho e a vivência no
socialismo tendo nas mãos o livro O Capital se tal pode ser feito tendo nas
mãos a Palavra de Deus? Que contém uma linguagem imediatamente assimilada pelos
humildes?
Senão vejamos: Vinde agora, vós ricos, chorai, uivando por causa das
misérias que vos hão de sobrevir. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas
exteriores ficaram roídas pelas traças. Vosso ouro e vossa prata estão
corroídos, e a sua ferrugem será por testemunho contra vós e consumirá as
vossas carnes. Algo como fogo é o que armazenastes nos últimos dias. Eis que os
salários devidos aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, mas que são
retidos por vós, estão clamando, e os clamores por ajuda, da parte dos
ceifeiros, chegaram aos ouvidos de Javé dos exércitos. Vivestes em luxo na
terra e vos entregastes ao prazer sensual. Engordastes os vossos corações no
dia da matança. Condenastes. Assassinastes o justo. Não se opõe ele a vós?
(Tiago 5).
Ora, porque se dirigir aos humildes com o livro O Capital se o texto de
Tiago 5 contém informações técnicas sobre o conceito de mais-valia que não
deixa margem à dúvida? Com a diferença de que dá ao humilde segurança, pois
então compreende que o socialismo e a revolução estão na Palavra de Deus e são
cumprimentos das palavras que saíram da boca de seus profetas? Que ele está se
ligando a Deus e não a homens, que um dia está pelos pés e outro pela cabeça
(maldito o homem que confia em outro homem)?
Vaticinou Isaías: Aí dos que juntam casa a casa, e dos que anexam campo
a campo, até não ter mais espaço e se ter feito que vós moreis sozinhos no meio
da terra (5.8). Ora, porque explicar os mecanismos da concentração de renda por
conceitos de difícil acesso se este vaticínio de Isaías explica tudo, e de
forma clara e simples?
A Conversão Marxista
Ora, foi dito que Isaías e Jesus tiveram a visão futura de um povo
paradoxal, que iria estar nas mãos de Deus e fazendo a sua vontade sem, no
entanto, ter essa consciência, e que tanto Isaías como Jesus deram
prosseguimento ao seu vaticínio sobre este povo por apresentar as glórias de um
segundo momento, o da sua conversão para Deus.
É verdade, no início da década de 60 presenciamos atos que podemos dizer
foi o namoro do cristianismo com o marxismo. Aquele momento em que desabrocha
no coração do jovem e da jovem a paixão pelo outro, parece que foi isto que
presenciamos. Aquele pipocar de teologias políticas por toda a Europa, todas
elas de certa forma procurando convergir cristianismo e marxismo, até a sua
culminância no Encontro de Salzburgo, preparado para selar a união de cristãos
e marxistas na sua luta para a construção de um novo mundo, ora, podemos dizer
que aquele momento ímpar na História já foi o próprio Deus no seu
devir-redencionista dando os primeiros passos no cumprimento de Sua Santa e
Bendita Palavra.
É verdade, a nova manifestação teológica e política que se deu naquele
momento de início da década de 60, nas pegadas do Concílio Vaticano II o
pipocar de teologias políticas, da Revolução, do Êxodo, da Impugnação, o
Encontro de Salsburgo, o livro de Roger Garaudy UM MARXISTA SE DIRIGE AO
CONCILIO, tendo prosseguido por toda a América Latina, aqui no Brasil na união
de jovens cristãos com jovens marxistas na sua luta contra a ditadura militar,
jovens católicos e evangélicos que se uniam a jovens marxistas não só dispostas
a lutarem contra os golpistas como até mesmo doarem as suas vidas em prol do
nascimento de um Brasil justo, livre de qualquer opressão, de qualquer
arbitrariedade, ora, tal momento não pode passar por nós de forma despercebida.
Mas deve ser repensada a sua importância, o que representava aquele momento
ímpar.
E não resta a menor dúvida que tal não foi outro senão que naquele
momento, Cristianismo e Marxismo no espírito de Deus, sim, Paulo e Marx no
espírito de Deus, começaram a se olhar mutuamente, como aquele momento
aguardado, em que um dia na curva da História Adão e Eva, apartados pelo pecado
original e lançados na alienação, cada qual perdendo o contato com o outro, um
dia o devir histórico iria cuidar em realizar o seu reencontro. E o que
aconteceu na década de 60, o broto, sim, o brotar em cristãos e marxistas do
interesse de um pelo outro, ora, tal pode perfeitamente ter sido este momento
esperado, em que na curva da história, bem longe um do outro, Adão e Eva se
avistaram e começou entre eles o esforço de mútuo reconhecimento. A se esforçar
para se reconhecer.
Mas, é fato que não obstante os inúmeros colóquios entre cristãos e
marxistas ao longo da segunda metade do século XX, é fato que os marxistas não
se converteram para Deus. Esse tempo passou e ainda hoje encontramos os
marxistas de posse da mesma visão sobre Deus, Religião e Bíblia anteriores ao
Concílio e àquele tempo específico. É certo que os inúmeros colóquios, e a
grandeza do Concílio Vaticano II e do Conselho Mundial das Igrejas, tiveram o
poder de fazer os marxistas baixarem as críticas e até mesmo, no exemplo destes
cristãos, como o de Camilo Torres, de Rubem Alves, de Jaime Wright, do Cardeal
Arns, expressar certa simpatia pelo Cristianismo. Mas quanto à conversão nada
teve o poder de acordar os marxistas para Deus, nem o Concílio Vaticano II, nem
o Encontro de Salzburgo, nem a Teologia da Libertação e nem o Protestantismo. O
poder de despertar a simpatia neles sim, não, porém, o poder da conversão.
E a razão é que a conversão dos marxistas não seria perda de identidade,
mas, sim, ter a sua identidade acrescentada. A sua conversão seria literalmente
o despertar sexual, encontrar o seu lado oculto, que lhe falta e que lhe daria
complemento. E, como é claro na Palavra de Deus a conversão do povo marxista (e
tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; a elas também convém agregar),
eis que tem chegado este novo momento na vida de marxistas, mas, também, de
cristãos.
É verdade, a conversão dos marxistas não iria dar-se a partir de nada
que surgiu a partir do Concílio Vaticano II e nem a partir de nada que surgiu a
partir da Reforma Protestante, mas a partir de um movimento religioso, que por
ter se manifestado à parte do Oficial e por ter se manifestado no meio dos
pobres, ainda hoje continua tabu entre o cristianismo oficial e é pouco
valorizado ou desconhecido mesmo pelo universo acadêmico-intelectual.
Adamir Gerson está falando do movimento pentecostal, que nasceu no ano
de 1906 na cidade norte-americano de Los Angeles, em um casarão que metodistas
construíram para ser igreja e que se achava abandonado, e tudo se dando na
mediação de um pastor negro iletrado filho de ex-escravos por nome William
Joseph Seymour; que não por acaso nasceu no mesmo ano de Lênin, 1870, e viveu
praticamente o mesmo tempo de vida de Lênin, 52 anos e alguma coisa os dois.
Aquele lampejo da paixão pelo sexo oposto, que brota no coração do jovem pela
jovem que viu e que tocou seu coração, estará se manifestando no coração
marxista quando ele olhar retrospectiva para aquele ano de 1906, para tudo o
que se desenrolava naquele casarão situado numa rua que é conhecida por todo
pentecostal pelo nome de Azusa. Especialmente para aquele momento em que, em um
país dominado pela segregação racial e social, então brancos e negros, ricos e
pobres, asiáticos e mexicanos, lavadeiras negras e patroas brancas, se
abraçavam e se reconheciam iguais perante Deus. Deveras, era que neste momento
estava se dando o derramar de Deus do Socialismo Espiritual, então ele dando
sequência a uma obra que começara a bem pouco, três anos antes, quando então na
cidade de Londres, distante dali, do outro lado do Atlântico, derramara o
Socialismo Material. Socialismo Material que ele derramara em Londres e
Socialismo Espiritual que ele derramara em Los Angeles, mas que um dia, na
consumação dos tempos, então ele iria trazer um ao outro, com socialismo
espiritual e socialismo material se reconhecendo osso do mesmo osso e carne da
mesma carne, um só espírito. E seria neste momento, e somente neste momento,
que o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas
necessidades, não as necessidades ditadas por esta ou aquela ideologia, mas por
Deus no nascimento de cada um, estaria então começando a ser construído, pois
que, então, fora lançada a sua verdadeira fundações. (O Reino da Liberdade
Concreta não nasce tendo como fundação o material, que reserva ao espiritual a
categoria de superestrutura, como é ensinado no mundo acadêmico-intelectual,
mas nasce no exato momento em que o material e o espiritual são colocados em
equilíbrio como fundamentos. Pois que o Reino da Liberdade Concreta é o
nascimento da vida, e a vida só pode nascer da junção de dois fundamentos,
gameta feminino e gameta masculino).
Prosseguindo. Ora, Adamir Gerson falou qualquer coisa em que acabou
ligando os acontecimentos que deram origem ao moderno movimento de esquerda
mundial e ao moderno movimento pentecostal. E é certo que não só marxistas como
também pentecostais ficaram sem entender, pois nunca ouviram dizer tal, e
desconheciam por completo, que pudesse haver relação entre eles, como partes de
um mesmo e único processo. (Não nos esquecendo do relato do Gênesis que foi no
momento em que Deus trouxe a mulher ao homem e este foi tocado por ela que lhe
foi manifesto a consciência da distinção sexual, reconhecendo nela o seu complemento
e a parte que lhe faltava).
É verdade, o movimento revolucionário marxista, que nasceu no ano de
1903 em Londres, quando o movimento bolchevique, que se gestara no ventre
moderado menchevique, fizera então seu nascimento, na histórica votação que deu
maioria a Lênin, e o movimento pentecostal, que nasceu três anos depois, em Los
Angeles, depois de ser gestado no ventre moderado metodista, ora, apesar de que
nenhum homem em cima da terra veio saber, eram sim partes de um mesmo e único
processo, o da redenção da humanidade, mas que primeiro iria passar pelo
processo da libertação dos pobres. E aí se revela a importância de Leonardo
Boff e a não importância do Clodovis Boff de 2007.
Mas, como em Deus a libertação se desloca dos pobres para a humanidade
(Em Hegel o Absoluto redime primeiro a si próprio para depois redimir a inteira
humanidade, com Marx concordando, apenas que no lugar do termo Absoluto
colocando o termo Proletariado (Mas em Adamir Gerson surge reconciliação entre
o Absoluto de Hegel e o Absoluto de Marx, assim como estão em Mateus 25.40),
ora, a verdade é que quando a libertação de Deus estivesse passando dos pobres
para a humanidade, neste momento Deus iria fazer um retorno tanto a John Wesley
como a Plekhanov. Mas este John Wesley e este Plekhanov seriam novos,
novíssimos, conduzidos pelas mãos dos pobres que saíram dos lombos de Seymour,
naquele ano de 1906, e de Lênin, naquele ano de 1903. Pois quê, quando Deus
liberta os pobres é para forjá-los instrumentos de libertação da inteira humanidade
(e neste momento se revela a não importância do Leonardo Boff de 2011, salvo o
seu amor e a sua luta na defesa do Planeta ameaçado, embora saibamos que a luta
conseqüente na sua defesa tenha de se dar muito mais no campo político e não
fora dele, pois a luta ecológica não edifica a Política, mas a luta política
edifica a Ecologia) (Talvez tenha sido esta passagem que frei Clodovis Boff
tenha captado intuitivamente, e, todavia, não soube expressar, se perdendo no
significado da palavra (do chamado) e na trama dialética do processo (mas com
certeza agora irá se encontrar, pois, deveras, tem chegado o tempo em que,
segundo o profeta Isaías, TODOS SERIAM PESSOAS ENSINADAS POR JAVÉ).
Ora, o movimento pentecostal para nascer teve de percorrer certo calvário,
no seu parto final. William Joseph Seymour, depois que ganhou autonomia frente
a Charles Fox Parham, como o Escolhido de Deus, ao estar começando a caminhada
das boas novas entre a irmandade de uma igreja Holiness (da Santidade) que
havia em Los Angeles, por não concordarem com o seu Ensino, expulsaram-no. No
entanto foi, pois, acolhido por uma família desta igreja em sua casa, os
Asbery. E logo a casa de Richard Asbery se tornara pequena demais. Pois não
tardou e o carisma de Seymour estava atraindo centenas, que se reuniam todas as
noites naquela casa, com a imensa maioria tendo de ficar do lado de fora,
interrompendo a rua. A tal ponto que conta um historiador que acorria tanta
gente para a casa de Richard Asbey que certa noite foi tanto barulho e tanto
gritar nos dons de línguas que a casa quase desabou. Foi então que descobriram
um antigo casarão que fora construído como uma igreja metodista africana, e
que, no entanto, ela fora embora com o lugar sendo ocupado por atividades
comerciais. Foi neste casarão que um dia foi igreja metodista, e que se achava
abandonado, era mesmo um gueto, que finalmente se deu o parto do Movimento
Pentecostal, hoje cerca de quatrocentos milhões ao redor do mundo, quarenta
milhões no Brasil.
Mas, não podemos dizer que este parto final do Pentecostalismo foi de
certa forma uma repetição do parto final do Bolchevismo, que se dera três anos
antes? De fato, partidários de Lênin e de Plekhanov escolheram Bruxelas para
realizarem o Segundo Encontro do Congresso do Partido Operário Social Democrata
Russo (POSDR), em julho de 1903, ocasião em que, através da maioria, iriam
decidir os rumos da revolução na Rússia. Mas, em Bruxelas, as discussões entre
os partidários de Lênin e de Plekhanov tornaram-se tão acaloradas que a vizinhança,
não suportando mais tanto barulho no casarão, que fora enfeitado de
bandeirinhas vermelhas, decidiu chamar a polícia. Expulsos, embarcaram rumo a
Londres. E contam os historiadores que as discussões entre eles prosseguiram
com tal intensidade na viagem que quem olhava de longe tinha a impressão de que
o navio parecia estar sendo sacudido por fortes ondas. E finalmente em Londres,
no lugar onde Marx meio séculos antes tinha lançado o Manifesto Comunista,
então o movimento bolchevique fez o seu nascimento, se constituindo a parte,
como um movimento próprio, com identidade própria, assim como três anos depois
tal foi acontecer com o movimento pentecostal ao se desligar do protestantismo,
onde fora gestado, se constituindo a parte, com identidade própria.
Quão diferente é o petismo do socialismo celestial! Jovens foram vistos
nos corredores da Unesp de Presidente Prudente com uma cartilha debaixo do
braço sobre Plekhanov lançada por intelectuais do PT. A julgar pelo Professor
Adão Peixoto, que no começo da década de 90 foi professor de filosofia nesta
instituição de ensino e à época dirigente do PT, que, analisando o que estava
acabando de acontecer com os governos socialistas do Leste europeu, disse que o
único responsável pela sua queda foi o próprio Lênin, que no seu entender
queimou e abortou etapas preciosas que dariam amadurecimento e independência
política aos trabalhadores, de modo que se entende claro que para ele a
revolução teria de continuar nas mãos de Plekhanov, dos mencheviques,
ora, o socialismo celestial diz coisa diferente. Que o desenvolvimento
apontado por Plekhanov não era nunca preparação para o socialismo, mas o seu
afastamento (que diga a baixa politização em lugares onde o capitalismo e as
forças produtivas se desenvolveram. Cada qual acha que as condições ajudam a
lutar pelos seus interesses imediatos, e não o pensar no coletivo). Isto é, a
partir do momento em que se entende o socialismo como alma no corpo do
Marxismo. Quanto mais a sociedade se desenvolve, mas ela tende a se afastar do
Marxismo, pois o Marxismo é um sistema científico, todavia recheado de
ideologia (ciência é aceita por muitos, ideologia, por uns). Somente no advento
do socialismo celestial é que tal equação seria resolvida, a este separar nele
ciência e ideologia, deixando a sua ideologia com a ortodoxia, todavia
presenteando as massas sedentas de justiça e paz com a sua ciência.
Então a leitura do socialismo celestial é que o socialismo começou a
nascer no exato momento em que Lênin rompeu com Plekhanov; pois que as
condições objetivas de então favoreciam o seu nascimento. Eram propícias a ele
(sem contar que os vaticínios bíblicos sobre a revolução apontavam a sua
ocorrência para exatamente quando se manifestassem estas condições objetivas
peculiares). Se alguns anos depois ele veio a cair, as razões são inteiramente
outras. Caiu, não porque abortou etapas, mas porque esgotou etapas
(amadureceu espíritos no fogo da revolução e das suas transformações sociais),
necessário a que o socialismo fosse construído na acepção de Plekhanov (na sua
forma, mas com outro conteúdo). Mas este Plekhanov que retorna não é o
pobre e a priori que anda nas mãos de intelectuais do PT (querendo blindar e
justificar filosoficamente o rumo que tomou), que praguejam Lênin e amaldiçoam
Stálin, mas é outro, a posteriori, que se alienou de si para enriquecer em
Lênin, e voltar, inteiramente outro, a tal ponto que diz: eu estava errado e
Lênin, certo. Lênin modificou-me inteiramente. Fez-me conhecer melhor a
psicologia humana...
O rompimento de Lênin frente a Plekhanov é da mesma essência do
rompimento de Marx frente a Proudhon e de Stálin frente a Trotsky. E a sua
consumação se dará agora, no rompimento revolucionário do operário do ABC
paulista Adamir Gerson frente ao operário do ABC paulista Lula Inácio. Mas
agora, porque o absoluto hegeliano entrou em existência sintético-adulta
(deixou para trás a sua existência adolescente-antitética), imprimindo espírito
adulto e de reconciliação aos vetores que fazem o devir histórico, e surge o
“espelho histórico”, que trás a oportunidade ímpar de personagens presentes
conhecerem a si mesmos em fatos e personagens do passado, a título de
exemplo os intelectuais do PT olham no espelho histórico interpolado entre
eles e se reconhecem os mesmos mencheviques que vieram a estar no poder; olham
na aliança política construída por Lula e reconhecem nela a mesma aliança política
construída por Kerensky, sim, olham em Adamir Gerson e se lembra da chegada de
Lênin na estação Finlândia...
Então nada do que alcançou Proudhon, Plekhnanov e Trotsky alcançará
Lula. Lula não terá diante de si aquele Moisés que desceu do monte e indignado
triturou o bezerro de ouro e passou ao fio da espada três mil que pulavam e
dançavam diante dele e diziam: ó Israel, este é o Deus que te fez sair do
Egito!, mas Lula terá diante de si aquele que no caminho de Damasco reluziu a
sua luz sobre Saulo de Tarso e o derrubou do cavalo, fazendo dele um novo
homem, que deixou de estar a serviço de forças mortas para estar a serviço da
vida).
Prosseguindo. Bem, na verdade o movimento pentecostal e o movimento
comunista tiveram um nascimento idêntico, ao menos quanto à forma, em virtude
de profecia concebida no Velho Testamento, por Isaías, e reforçada no Novo
Testamento, pelo apóstolo Tiago.
De fato, o profeta Isaías, tomando os acontecimentos do Êxodo, então o
projetou para o futuro. Um novo êxodo iria acontecer, com um novo Moisés. (O
Relato analógico de Mateus sobre a volta de Moisés de Midiã para o Egito e a
volta de Jesus do Egito para Israel não se encaixam neste vaticínio isaítico.
De fato, para Mateus a volta de Jesus não repete pura e simples a volta de
Moisés, não é um acontecimento que caminha paralelo, mas sim um acontecimento
que o transcende. A volta de Moisés foi para conduzir um povo para Canaã, do
corruptível para o corruptível, mas a de Jesus seria uma nova caminhada, do
corruptível para o incorruptível, de Canaã para uma nova Canaã, a Celestial.
Quando compreendemos a caminhada do proletariado rumo ao socialismo é que
compreendemos este vaticínio do profeta Isaías).
Prosseguindo. Vejamos, pois, o que nos legou Isaías: Naquele dia virá a
haver um altar a Javé na terra do Egito, e uma coluna a Javé ao lado do seu
termo. E terá de mostrar ser como sinal e como testemunha para Javé dos
exércitos na terra do Egito; pois clamarão a Javé por causa dos opressores, e
ele lhes enviará um salvador, sim, alguém grandioso, que realmente os livrará,
19.19-20.
O grande vaticínio de Tiago, que teólogos da Teologia da Libertação e
marxistas com conhecimento da Palavra de Deus tomam como tendo sido uma
profecia da revolução proletária, que naquele ano de 1917 destronou os
poderosos do poder e fez recair misérias sobre os ricos, com eles sendo
despedidos de mãos vazias e as suas riquezas indo saciar os humildes, ora, com
certeza, absoluta certeza, Tiago concebeu seu vaticínio a partir do vaticínio
de Isaías 19.19-20, assim como os vaticínios de Jesus constante em Mateus 21.43
foram a partir de Isaías 65. Uma análise hermenêutico-exegética, assim o dirá.
A diferença que se observa é que Tiago enriquece (explícita o que está
implícito em Isaías) de sociologia e de política o texto de Isaías. Tiago
fornece as causas porque os pobres clamariam a Deus: os opressores não estavam
lhes pagando segundo o que tinham direito. Daí estarem em sofrimento, ao passo
que aqueles que se apoderavam do produto de seu trabalho estavam vivendo em
luxo e entregues ao prazer sensual, como diz Tiago.
Ora, como as profecias se cumprem ao tempo devido, a verdade é que naquele
início primeiro do século XX, Deus, vendo o sofrimento dos pobres na terra
inteira, que já fora registrado por Marx no ano de 1844, no livro Manuscritos
Econômico-Filosóficos, a verdade é que o mesmo Deus que ouviu o clamor do seu
povo no Egito e lhes enviou Moisés portando a sua libertação, vai novamente
intervir. E como o sofrimento dos pobres se dava em duas mãos, a opressão
material, mas também a opressão espiritual; clamavam a Deus contra o peso do
Egito sobre seus corpos, mas também contra o peso de Sodoma sobre suas almas, a
libertação de Deus para eles iria ser total, absoluta. Deus iria mesmo fazê-los
se sentar debaixo de sua videira, mas também debaixo de sua figueira, não
havendo mais nada que os fizesse tremer, como foram as palavras que colocou na
boca do profeta Miquéias (4.4).
E como o mover de Deus se dá na tríade hegeliana, tese, antítese e
síntese, criando a antítese apartada e aparentemente sem qualquer ligação com a
tese, todavia os reunificando na síntese, eis a razão porque naquele início do
século XX nasceram os dois maiores movimentos sociais do presente século, o
comunista e o pentecostal. Mais tarde, na plenitude dos tempos escatológicos,
então Deus iria realizar o seu momento de síntese, ocasião em que o povo
marxista e o povo pentecostal iriam se reconhecer osso do mesmo osso e carne da
mesma carne, um só espírito. Iriam descobrir que as suas ações, distantes uma
da outra e com motivos distintos, aos olhos positivistas (da letra) sem
qualquer relação, na verdade elas estavam libertando os pobres de todo o seu
sofrimento, quer o sofrimento material quer o sofrimento espiritual. E neste
momento, quando todas estas coisas estivessem acontecendo, nascendo o
verdadeiro socialismo, que se levanta a partir do alicerce da religião e não
contra ela, que preparou os corações, transformou odres cheios do egoísmo, e da
intriga, e da inveja, e da ira, e da cobiça, em odres novos, para que o vinho
novo do socialismo tivesse, então, realmente onde se abrigar, então as massas,
nas ruas de Belém do Pará, nas ruas de Londrina, nas ruas de Presidente
Prudente, nas ruas de Araçatuba, nas ruas de Bom Despacho, não cessarão de
cantar, com o rei Roberto Carlos: Essa luz é Jesus! Essa luz só pode ser Jesus!
(E lá no Oriente Médio, analistas atentos, com os o lhos do Espírito, se
perguntarão: toda essa revolta que varreu os países árabes não eram na verdade
que a força transcendente estava preparando os nossos corações para a chegada
de Isaque? O tempo de Ismael já não se esgotou em nós, com nós tendo de preparar
as nossas casas para um novo existir e um novo caminhar? As notícias que
estamos ouvindo do Brasil, não dizem respeito a nós também? Porque elas estão
dizendo que toda a revolta que varreu os países socialistas no final da década
de 80 é que na verdade se esgotou neles a sua existência de Esaú; e que após a
partida de Esaú, na reconciliação com a sua outra metade, o cristianismo, eles
iriam viver o nome tempo de Isaque? Isto também não diz respeito a nós? Essa
revolta que varre os países árabes não se assemelha à revolta que varreu os
governos socialistas?).
Jacó e Esaú
O fato do movimento comunista e o movimento pentecostal terem nascidos
em tempo igual e os seus dois criadores terem nascidos no mesmo ano e vivido o
mesmo tempo de vida (Lênin viveu quatro meses mais que William Joseph Seymour),
sim, o fato de tanto o movimento comunista como o movimento pentecostal terem
se lançado na libertação dos pobres, apenas que com intenção e motivo
diferente, um de posse da sociologia espiritual e outro de posse da sociologia
material, com a sociologia espiritual preparando ação e se engalfinhando contra
os pecados da carne e a sociologia material preparando ação e se engalfinhando
contra os pecados do dinheiro, ora, podemos dizer que na verdade o que ocorreu
naquele início do século XX foi que se deu o parto de Rebeca Espiritual? O que
aconteceu de fato foi que veio haver gêmeos no seu ventre, com o movimento
comunista representando Esaú, ao passo que o movimento pentecostal, Jacó?
É verdade, o socialismo iria realmente se manifestar em dois momentos
distintos, um que traria o imperfeito e outro que traria o Perfeito. O
imperfeito nasceria primeiro, mas depois daria lugar ao Perfeito. E o que iria
os distinguir, basicamente, é que o imperfeito seria imperfeito porque nasceria
desligado da Religião, entendendo o Homem como sendo produto de si mesmo e
responsável e dono de seu próprio destino, ao passo que o Perfeito iria nascer
ligado a Religião e entendendo o Homem corpo da Transcendência e co-responsável
e co-participante da luta de libertação. Um novo socialismo, novíssimo, que os
marxistas, para não ganhar a pecha de Saulo de Tarso, iriam ter de lançar mão
do Espelho Histórico para compreendê-lo e compreender a si mesmo, se situando
no tempo e no espaço.
Então Adamir Gerson acabou de dizer que Jacó representou o Perfeito e
Esaú, o imperfeito? Que o movimento pentecostal representa o Perfeito, ao passo
que o movimento marxista, o imperfeito? Que isto nunca aconteça!
O que foi dito é que o verdadeiro socialismo, o Perfeito, começará a ser
construído a partir do movimento pentecostal, da espiritualidade que forma o
seu tecido, e que não há como negar: é a mesma que Jesus tirou de si no caminho
de Damasco e a plasmou no espírito de Saulo de Tarso. O que significa dizer que
os pentecostais, então, não se acham mais no patamar e existência do Jacó amado
por Rebeca, mas do Jacó amado por Deus. Aquele novo Jacó, que reconheceu em
Esaú o seu irmão e viu a sua face como tendo visto a face de Deus, os dois sendo
portadores de riqueza.
Portanto um novo Pentecostalismo, que reconhece no Marxismo o seu irmão
Esaú, e sabe que para retornar na sua terra natal chamada Jesus tem de ir ao
seu encontro, e reconhecer nele a sua essência divina, e com a sua essência
divina, a igualdade social, se pôr então a construir o Reino de Deus. Não
reconstruir o socialismo, mas a partir do socialismo, da sua essência
verdadeira, então construir o reino de Deus.
E vale a recíproca, pois quando os marxistas olharem para o movimento religioso
que nasceu no casarão metodista naquele ano de 1906 é então que conhecerão e
reconhecerão os seus limites. E será neste momento que estarão entrando em
processo de ressurreição, para se levantar em corpo novo, novíssimo, o corpo do
judeu Marx que pela morte do socialismo se levantou em corpo de Jesus Cristo, e
agora o socialismo principiando a atrair todos a si.
Assembléia de Deus
Neste ano de 2011 a igreja evangélica Assembléia de Deus está
comemorando o centenário do seu nascimento no Brasil, que se deu naquele ano de
1911 na cidade de Belém do Pará, quando dois missionários nórdicos, Gunnar
Vingren e Daniel Berg, que beberam e se alimentaram do Espírito no casarão
metodista situado na rua Azusa, em Los Angeles, lançaram as bases do seu
nascimento.
E é certo que em todo o Brasil todo e qualquer templo da Assembléia de
Deus estarão realizando grande ato para relembrar e comemorar tão grande data.
Mas nada deva se igualar ao grande acontecimento que estão reservando para a
cidade de Belém do Pará.
Mas, uma vez que Adamir Gerson, o Peregrino do Senhor, teve o seu
encontro teofânico no ano de 78, ocasião em que mãos divinas o conduziram para
o ventre da Assembléia de Deus, fazendo que ficasse ali exatos nove meses, a
verdade é que em meio aos festejos que a irmandade da Assembléia de Deus estará
realizando neste ano Deus se manifestará no meio de seu povo com um novo
chamado, um chamado maior, agora para sair para vencer e para completar a obra
que então iniciou naquele ano de 1911. Ao lado da luta contra as
concupiscências da carne, agora também a luta contra as concupiscências do
dinheiro. Pois deveras a santidade de Jesus Cristo é no campo
espiritual-religioso, mas também no campo material-político. No seu reinado
todos estarão gozando a verdadeira paz e a verdadeira justiça, sim, todos estarão
sentados debaixo de sua videira e debaixo de sua figueira, não havendo quem os
faça tremer, como foram os vaticínios do profeta Miquéias.
É verdade, se neste ano de 2011 a irmandade da Assembléia de Deus está
realizando uma festa que faz olhar para trás, para os cem anos de sua
existência, a verdade é que neste ano de 2011, Deus estará olhando para frente
no meio de seu povo. Os cem anos decorridos desde aquele primeiro momento fez
lembrar a Deus que se esgotou um tempo com seu povo; e que agora é tempo dele
começar um novo tempo. Uma nova caminhada, literalmente consumadora daquela.
De fato, estes cem anos tem significado especial no calendário de Deus.
Foi aos cem anos que Abraão teve o seu filho Isaque com Sara, que pode neste
ano de 2011 revestir-se de grande significado para a irmandade atenta da
Assembléia de Deus.
E o grande significado é que aquela igreja que nasceu no ano de 2011 na
cidade paraense de Belém, fundada pelos dois missionários nórdicos, ela é sim
figura de Sara. E se aos cem anos de Abraão Deus rompeu a esterilidade de Sara
e fez que ela desse à luz ao seu filho Isaque – o que iria herdar – nestes cem
anos da Assembléia de Deus a verdade é que Deus estará chegando ao seu meio e a
fecundará.
E o grande significado desta fecundação é que, então, a igreja
evangélica Assembléia de Deus estará se despertando e acordando que o
socialismo é Deus. Mais do que isso, é a metade que lhe falta para que a sua
obra de redenção do povo brasileiro se torne completa. O que aconteceu no
início da década de 60 quando na Igreja Católica, por conta da realização do
Concílio Vaticano II, houve um grande despertar dos católicos para o
socialismo, em todas as paróquias surgindo padres e leigos que se engajavam na
luta do socialismo contra o capitalismo, surgindo entre eles um rio de
mártires, ora, é isto que está reservado para todo o povo evangélico, a partir
da Assembléia de Deus.
Agar
Ora, sabemos que no tempo em que Deus rompeu a esterilidade de Sara e
ela ficou grávida, Abraão havia tido um filho com a serva Agar, Ismael. E tendo
chegado o tempo de Deus, então veio a Abraão o recado do rompimento, pois,
deveras, quem iria herdar era Isaque, filho da livre com o livre. E Abraão com
o coração partido então comunicou a Agar e seu filho a vontade de Deus; e foram
despedidos, todavia levando consigo um pão e um odre de água.
O que isso quer dizer? Que a mesma cisão ocorrida no seio da família
abrâmica, por conta e vontade de Deus, também irá acontecer na Assembléia de
Deus e no meio de todo o seu povo. Na Assembléia de Deus tem convivido lado a
lado a estéril Sara com a escrava Agar e seu filho Ismael. Mas chegará um tempo
em que a estéril dará à luz, e seu filho crescerá, e então ela fará valer a sua
autoridade e o seu poder de Escolhida.
O que é isso? Quem é Agar e quem é esse Ismael no seu meio? Certamente
que são todos os seus ministros que trocaram a pregação do Evangelho de Cristo
pela pregação do anticomunismo, achando que estavam prestando um grande serviço
a Deus. Uniram-se e foram fortalecer mãos assassinas, como recente artigo que
tem circulado na Internet mostra que no período da Ditadura Militar aqui no
Brasil Ministros de igrejas protestantes tradicionais delatavam e entregavam a
assassinos jovens das suas próprias igrejas, para sofrer nos porões da ditadura
o que jovens cristãos sofreram nos coliseus de Roma, 2000 anos antes (Apocalipse
6.9-11).
Destarte, Agar e esse Ismael são os seus ministros que tem se engajado
ao lado das forças que defendem o capitalismo na sua luta contra o socialismo,
quer em homilias, quer em tratados teológicos, como aquele referente ao levante
de Gogue e Magogue que segundo o profeta Ezequiel iria dar-se no final dos
dias. E este levante de Gogue e Magogue, que segundo o vaticínio do profeta
hebreu iria, como nuvens, cercar o acampamento dos santos, para destruir e
saquear os que foram recuperados da espada, habitando agora sem muralha, em
sossego, em casas sem nem mesmo trancas e portas, ora, estes ministros que tem
trocado o Evangelho de Jesus pela pregação do anticomunismo tem afirmado que o
levante de Gogue e Magogue seria que a União Soviética e os comunistas iriam
invadir o território de Israel para saquear as suas riquezas.
Mas, façamos a pergunta: isto foi visto? A verdade é que a União
Soviética deixou de existir e ninguém nunca a viu invadindo Israel e saquear as
suas riquezas. Isto não quer, contudo, dizer que a Palavra de Deus não teve o
seu cumprimento. Teve sim. Mas ironicamente o levante de Gogue e Magogue
cercando o acampamento dos santos e saqueando as suas riquezas se deu naquele
final da década de 80 quando centenas de milhares da noite para o dia se
levantaram como nuvens para destruir o socialismo. E, se cumprindo os
vaticínios da Palavra de Deus e não da palavra do homem, a verdade é que as
riquezas da Pátria do Socialismo estão hoje nas mãos do bando de Gogue e
Magogue, ao passo que nas mãos dos trabalhadores estão apenas os calos da sua
construção.
Ai dos que dizem que o bom é mau e que o mal é bom, os que põem a
escuridão por luz e a luz por escuridão, os que colocam o amargo pelo doce e o
doce pelo amargo, Isaías 5.20.
Bem, qual o profundo significado de Sara, não antes, mas depois que
Isaque cresceu e foi desmamado, ter dito para Abraão: Expulsa essa escrava e o
filho dela, pois o filho desta escrava não vai ser herdeiro com o meu filho,
com Isaque?
Simplesmente que quando Isaque espiritual crescer e for desmamado, o que
quer dizer o crescimento no crente da consciência do socialismo como sendo
Deus, certamente que estes ministros que trocaram o evangelho de Jesus pelo
evangelho do anticomunismo irão ser despedidos do meio do povo de Deus. Quer
dizer, não estes ministros, mas as ações deles serão despedidas do meio do povo
de Deus, como as ações de Saulo de Tarso foram despedidas dele, por ele mesmo,
pois que tem chegado o tempo em todos seríamos transformados num abrir e piscar
de olho. E Deus conhece os corações, sabendo distinguir os que erram por
inocência e os que erram por consciência, a uns dando um novo nascimento e a
outros o desprezo eterno.
Destarte, esse despedir de Agar e de seu filho Ismael do meio do povo de
Deus será mesmo o cumprimento profético de Apocalipse 12.12, como segue: Agora
se realizou a salvação, e o poder, e o reino de nosso Deus, e a autoridade do
seu Cristo, porque foi lançado para baixo o acusador dos nossos irmãos, o qual
os acusa dia e noite perante o nosso Deus. E eles o venceram por causa do
sangue do Cordeiro e por causa da palavra do seu testemunho, e não amaram as
suas almas, nem mesmo ao encararem a morte.
Quem são estes que eram acusados dia e noite perante o nosso
Deus? Por ventura que foram o povo marxista? A tal ponto que podemos dizer
que as palavras que Paulo dirigiu aos cristãos, conforme estão I Coríntios
4.8-13 (temo-nos tornado como o refugo do mundo, a escória de todas as coisas,
até agora) alcançaram também o povo marxista?
O povo marxista é estes irmãos dos cristãos, visto em espírito profético
pelo apóstolo amado? O povo marxista, que tem lutado para que os pobres saiam
do seu sofrimento material, tendo emprego digno, moradia para morar, escola
para estudar, hospitais para tratar-se, roupas para vestirem, e o povo cristão,
que lutava para que os pobres saíssem do seu sofrimento espiritual, não
conhecendo mais a dor da separação, a dor da desintegração da família, a dor
dos vícios, os dois são irmãos como carne e unha? Os marxistas, torturados e
mortos nos porões das ditaduras, e os cristãos, torturados e mortos nos
coliseus de Roma, eram irmãos? A tal ponto que nos cabe perguntar se isto não
faz dos marxistas os irmãos e co-escravos daqueles que João viu por debaixo do
altar clamando vingança pelo seu sangue, como aparece em Apocalipse 6.9-11?
“Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois chegou a tua luz e raiou sobre ti a própria
glória de Javé”.
O que é isso? Qual o profundo significado de Deus dizer, para a
“mulher”: dá luz? Que é a Igreja tomar sobre si as responsabilidades e a luta
pela condução do socialismo? E este chamado de Deus está chegando a ela porque
ele, condutor real do socialismo – e não Internacionais – sabe que o Marxismo
se esgotou na sua condução? De modo que agora as mesmas palavras que dirigiu a
Josué: Moisés, meu servo, morreu; e agora levanta-te, atravessa este Jordão, tu
e todo este povo, para a terra que dou a eles, aos filhos de Israel, são as
mesmas palavras que hoje está dirigindo à Sua Amada Igreja? Para que ela se
levante, e tome em suas mãos a condução dos destinos da Humanidade, fazendo-a
atravessar o Jordão espiritual e indo construir o reino da liberdade concreta,
em que cada um tem segundo as suas necessidades?
Um dia os filhos de Israel ouviram a notícia: Moisés está morto: tem
chegado o momento dos marxistas ouvirem a notícia: o Marxismo está morto? E tal
os hebreus, que com muita dor e muita dificuldade se entregaram a uma nova
liderança, assim acontecerá com os marxistas se entregando agora a nova
liderança revolucionária da Igreja de Cristo?
Indiscutivelmente que sim. Como Moisés, que foi levado ao alto do monte
Nebo, ao cume do Pisga, e dali lhe foi mostrado toda a terra do outro lado,
terra boa, que manava leite e mel, mas que não entraria nela, outro entraria no
seu lugar, a verdade é que o Marxismo foi levado ao alto do monte do Socialismo
Real e dali avistou do outro lado o reino da liberdade concreta, em que cada um
tem segundo as suas necessidades. Mas ele não iria entrar e não iria construir
este mui desejável reino da liberdade concreta. Em hipótese alguma o Marxismo
construiria este reino perfeito, mas quem o iria construir seria a Igreja,
quando fosse por Deus acordada politicamente.
Ora, então foi dito que a Igreja de Cristo tomará o bastão
revolucionário que um dia esteve nas mãos dos marxistas puro e simples, fazendo
renascer a sua luta?
É preciso uma nova compreensão deste novo tempo que está chegando. A
Igreja de Cristo não está sendo chamada para reviver e recauchutar o leninismo
e nem o stalinismo. Ela não está sendo chamada para levantar as forças
revolucionárias que estão caídas, mas, sim, para começar uma nova jornada
revolucionária em cima da terra que podemos sim dizer é sintética. O que quer
dizer que ela não irá tomar o lado de uns contra outros, como fez o Marxismo na
necessidade do seu tempo e de sua missão, mas ela se apresentará muito mais
como Mediadora. Nela os opostos ideológicos se reconciliarão plenamente entre
si. Deveras, ao mesmo tempo em que procurará dar consciência
teológico-epistemológica a todas as forças burguesas de que o socialismo é
Deus, de todos os ângulos de análise o socialismo é o Reino sendo construído
nas suas partes ainda imperfeitas, ora, ao mesmo tempo procurará dar
consciência cristã aos marxistas de que agora é tempo de construir o
socialismo, não mais na destruição das forças burguesas, mas sim na sua
transformação. Integrá-los e fazê-los caminhar junto, de modo a serem
co-participantes na construção deste novo tempo, que estará chegando à medida
que toda a sociedade for ganhando maturidade.
E este caminhar junto destas forças antagônicas é mesmo o cumprimento
das palavras proféticas que Deus pôs na boca do profeta Isaías, dizendo: E o
lobo, de fato, residirá por um tempo com o cordeiro e o próprio leopardo se
deitará com o cabritinho, e o bezerro, e o leão novo jubado, e o animal cevado,
todos juntos; e um pequeno rapaz é que será condutor deles
(11.6).
Os ministros da Palavra de Deus compreenderão estas palavras? Em especial
os que respondem pela Assembléia de Deus olharão com esperança para a cidade de
Presidente Prudente, onde no ano de 1978 mãos divinas tomaram o jovem Gerson e
o levaram para o ventre desta igreja que neste ano de 2011, completa
centenário, fazendo que ele permanecesse ali por exatos nove meses, com ele, a
partir de então, passando a receber de Deus e de nenhum homem os fundamentos
teóricos do governo de Jesus Cristo, a tal ponto que este ano iria entrar para
a história como divisor de eras, antes do ano de 1978 o domínio do governo
humano, mas depois de 1977 o domínio do governo divino?
“Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois chegou a tua luz e raiou sobre ti a
própria glória de Javé. Pois, eis que a própria escuridão cobrirá a terra e
densas trevas os grupos nacionais; mas sobre ti raiará Javé e sobre ti se verá
a sua própria glória. E nações hão de ir à tua luz e reis à claridade do teu
raiar” Isaías 60
Renovação Carismática
A Renovação Carismática surgiu no final da década de 70. E desde o seu
aparecimento foi vista e entendida como sendo algo que nasceu a partir do
imperialismo e enviada para a América Latina, e o Brasil especialmente, para
combater a Teologia da Libertação e o Marxismo, dessa forma impedindo que as
massas religiosas do continente fossem contagiadas pelos ideais
revolucionários.
Mas, a verdade é que a Renovação Carismática deva ser vista como tendo a
sua base de nascimento e fecundação também no Concílio Vaticano II. Não no
sentido de se ver o Concílio Vaticano II como algo que foi realizado pelo homem
para tratar e resolver problemas pendentes à Igreja Católica, mas no sentido em
que é visto como algo que foi realizado por Deus.
Era como se a Teologia da Libertação tivesse sido o seu Esaú, que fez
nascimento primeiro. E a Teologia da Libertação, tendo adquirido e incrementado
uma práxis voltada para o material, e politicamente se empenhada na superação
do capitalismo, deva sim ser vista como este Esaú de Deus.
Mas, porque a Renovação Carismática? A Renovação Carismática frente à
Teologia da Libertação se reveste da mesma importância do Cristianismo frente
ao Marxismo, isto é, em essência.
Por que a Renovação Carismática? Porque o socialismo na Rússia foi
construído desligado e sem ter de passar pela religião. Era uma necessidade
premente que fosse assim. As profecias concebidas aguardavam o seu momento de
cumprimento; e o socialismo marxista, desligado da religião e de qualquer
transcendência, era a forma exata para o cumprimento da profecia. Não só aquela
de Isaías e de Jesus pela qual Deus iria construir os frutos do Reino por
intermédio de um povo sem qualquer ligação com o sagrado como também o
vaticínio do profeta Sofonias pelo qual o dia da ira de Deus iria ser contra os
sacerdotes e todas as forças terrenas que com eles era uma unidade.
Mas o Brasil teve destino escatológico diferente do russo. O socialismo
no Brasil iria ser construído a partir dos fundamentos espirituais, nascendo um
Estado socialista a partir de um povo socialista. A partir deste fundamento
espiritual, toda a violência revolucionária iria ser dispensada, porque o lugar
iria ser ocupado pelo poder do Evangelho.
Então a Renovação Carismática deva ser vista sim como sendo mãos divinas
que o trouxe para o Brasil, para suprir a falta da Teologia da Libertação. A
Teologia da Libertação não estava intelectualmente apta a construir o
socialismo SEGUNDO JESUS, mas segundo Moisés. E o socialismo marxista na Rússia
representou mesmo a chegada de Moisés. Mas o Brasil fora reservado para
construir o socialismo segundo Jesus.
Então a Renovação Carismática, trazendo para o meio do povo católico a
espiritualidade cristã, deva ser vista como ajudadora e preparação para a
Teologia da Libertação. Ela tinha a missão de preparar odres novos, para que o
vinho novo do socialismo, nas mãos da Teologia da Libertação, tivesse realmente
onde ser armazenado. Destarte, a Renovação Carismática deva ser visto como a
chegada do óvulo para o sêmen da Teologia da Libertação, capaz de construir o
socialismo que as massas derrubaram no Leste europeu, mas só seria capaz de
construir o socialismo perene, aquele que se acha em Daniel 2.44, quando
recebesse os fundamentos espirituais que Deus depositou na Renovação Carismática.
Mas, aspecto fundamental a ser destacado na Renovação Carismática é que
uma vez o socialismo será construído no Brasil sem, no entanto, passar pela
destruição dos ricos, como ocorreu na Rússia, senão que a partir de sua
transformação, ora, grande é o papel reservado para a Renovação Carismática. De
fato, a sua missão real é mesmo a de evangelizar a classe rica. Aos
pentecostais, Deus reservou a grande missão de evangelizar os pobres, mas à
Renovação Carismática, a missão da evangelização dos ricos. Uma evangelização
que é unicamente mostrar aos ricos e a todos que detém o poder da propriedade
que toda a luta travada nos últimos cem anos pelos socialistas era uma luta de
Deus e conduzida por Deus. E que devem olhar para o socialismo com outros olhos.
A rigor, despertar neles o que a força dos escravos saídos do Egito
despertou nos habitantes de Gibeão (Josué 9), a ponto que eles reconheceram que
era loucura lutar contra um povo que tinham um Deus que não encontrava rival no
panteão dos deuses. É papel sim da Renovação Carismática, fazer este papel,
trabalhar no coração e na mente dos ricos e despertar neles o interesse e a
vontade de estar também nesta luta ao lado de Deus. Despertar neles a
solidariedade e o amor às riquezas espirituais. E, quando tiver conseguido
algum avanço no meio deles, então ser esta ocasião para que a Teologia da
Libertação exerça mudanças nas estruturas materiais da sociedade, tanto nas
suas instâncias de poder como nas suas instâncias de modo de produção. Assim,
cada vez mais a sociedade estará avançando para o socialismo, nesse caso,
porém, com a própria aquiescência das forças burguesas (ver Isaías 11.6).
Se, porém, a Renovação Carismática der mostras de que não fez opção pelo
socialismo, crendo ser sua missão apenas alegrar os corações com cânticos e
orações, continua apenas num estado infantil perante Deus. São apenas os
pequeninos de que fala o apóstolo Paulo (I Coríntios 13.8-13), que não obstante
a sua chegada, todavia não se abriram para aceitar em suas vidas a chegada do
Completo aludido por Paulo, Completo este que só pode ser Jesus Cristo.
Santo Anastácio e as Imagens de Paz
No ano de 2002 Adamir Gerson foi inspirado pelo seu Deus para que fosse
a Brasília e levasse um recado seu para um determinado político. Tendo voltado,
naquele início de maio, sintonizando a esmo seu rádio eis que ouviu um locutor
dizer, na Rádio Cultura de Santo Anastácio, que na quarta-feira próxima iria
haver na Igreja matriz da cidade uma missa ecumênica.
Porque era forte nele a presença do espírito de Javé, que o impelia, eis
que na quarta-feira Adamir Gerson se achava ocupando um banco da Igreja matriz
de Santo Anastácio, cidade que se localiza cerca de quarenta quilômetros de
Presidente Prudente.
O que sucede é que quando os ponteiros dos relógios se aproximavam das
20 horas eis que todos na Igreja se levantaram e começaram a olhar para trás,
para a porta de entrada da Igreja. E Adamir Gerson também se levantou e começou
a olhar para ver o que era. E eis que viu entrar na Igreja três jovens, cada um
levando alçado um cartaz que juntos formavam a palavra paz. E logo atrás dos
jovens eis que viu entrar três sacerdotes, e o ministro Sidnei, que estava no
altar com o microfone e fora o locutor que anunciara na Rádio local, declinou
os seus nomes. E eis que eram pastores Ari e Benedito, da Igreja Luterana e
Assembléia de Deus respectivamente. E os dois ministros de Deus entraram na
Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio.
A missa Adamir Gerson não pode assistir porque na Rodoviária ficou
sabendo que a última Circular partia de Santo Anastácio para Presidente
Prudente às 20:30 horas, mas nos dois dias seguintes pôde ouvir depoimentos dos
dois homens de Deus, pois o Ministro Sidnei trouxe-os para o seu programa na
Rádio Cultura, num dia Pastor Ari e no dia seguinte Pastor Benedito.
A missa, deveras, além de ter sido muito bela – pois Pastor Benedito,
além do corpo ajudador próximo, também levou consigo o Coral da Igreja que com
os seus hinos tradicionais encheu ainda mais aquele lugar divino de canto
divino – também foi muito proveitoso, pois, deveras, os dois homens de Deus não
se cansaram de dizer que uma experiência como aquela não podia sofrer corte de
continuidade, pois revelavam para a sociedade que os cristãos podem e devem se
unir, como condição de serem mais ainda úteis à sociedade.
Porque Adamir Gerson foi a Santo Anastácio e presenciou aquelas imagens,
representantes dos três ramos do cristianismo ocidental entrando juntos na
Igreja matriz de Santo Anastácio? Foi ali unicamente por ir ou porque levado
pelo próprio Deus? Afinal, bastasse que naqueles segundos em que sintonizou a
Rádio Cultura e ouviu o anúncio do Ministro Sidnei, sim, bastasse que naqueles
segundos não o tivesse sintonizado e esta revelação não estaria vindo à tona
agora.
Ora, sabemos que a Palavra de Deus diz de forma peremptória sobre um
tempo em que a Terra passaria a estar sob o domínio político de Jesus Cristo
(Apocalipse 11.15-18). E é muito certo que Jesus fará o seu domínio através do
povo cristão. Mas, com o povo cristão dividido, Jesus fará o seu domínio? Ou
ele, seguindo as pisadas de Ciro, que derrubou os muros de divisão que havia
entre medos e persas, impedindo-os de se unir contra um inimigo comum,
Babilônia, ora, Jesus como Ciro Maior, não cuidaria em fazer o mesmo com seus
filhos católicos, protestantes e pentecostais? Derrubando entre eles os muros
de inimizade e eles, agora simplesmente cristãos, tomando posição para se unir
ao povo socialista, para, então, conquistarem Babilônia, a Grande, de modo toda
humanidade ser liberta do seu jugo e retornar, livre, para o Paraíso de Deus?
Para o Jardim do Éden, lugar de onde foi expulsa por causa da desobediência?
Ora, é certo que as imagens de pastores Ari e Benedito entrando na
Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio representam a
maturidade dos cristãos, que é como a maturidade Daquele que não obstante não
haver tratos entre judeus e samaritanos, todavia ele transitava entre todos e
tinha diálogo com todos. E a maturidade que levou pastores Ari e Benedito
entrarem na Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio é
a mesma maturidade que faz Pastor Benedito e Monsenhor José Antônio entrarem na
Igreja Luterana ladeando Pastor Ari e faz Pastor Ari e Monsenhor José Antônio
entrarem na Igreja Assembléia de Deus ladeando Pastor Benedito. Basta que haja
o sopro divino e o chamado Daquele que se deixou morrer na cruz para que todos
os muros de divisão fossem derrubados.
Bem, porque mesmo Adamir Gerson, tendo passado dez anos, está trazendo à
lembrança aquela missa ecumênica que presenciou naquele ano de 2002 na cidade
de Santo Anastácio? Não é que o próprio Deus está se mobilizando para formar a
sua poderosa força política, e assim, e somente assim, resgatar os pobres do
seu sofrimento? Porque a força política que aí está não se presta a isto, se
prestando muito mais a conservar todo esse estado de coisas? Que tem conservado
todo este estado de coisas porque o povo de Deus tem estado como os escravos
hebreus no Egito, que no lugar de se unirem e lutar contra o rei do Egito,
saindo do país e indo para o lugar que Deus lhe reservou, ao contrário, o que
faziam era brigar entre si? Questões menores impediam de ver a questão maior?
Que ao avistá-la, eis então esse quadro belíssimo que o Livro do Êxodo nos
legou, centenas de milhares de corpos deixando as masmorras do Egito e, livres,
tomando o rumo da terra da promessa?
Que os cristãos segurem agora nas mãos um do outro e juntos oremos a
oração que Jesus nos ensinou: Pai nosso que está no céu, santificado seja o
vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feito a tua vontade, assim como é
no céu que assim também seja na terra.
A Grande Caminhada das Forças do Reino
Por volta do ano de 2003 Adamir Gerson se achava na igreja Obras do
Espírito Santo. Fora ali porque levado por Deus, para que falasse ao seu
dirigente, pastor Luis Baldez, sobre as boas novas. E sucedeu que por esse
tempo chegou também na Igreja a jovem Joseane, vinda da igreja Nova Jerusalém.
E assim que tomou assento, então Joseane narrou um sonho que tivera naqueles
dias. E o que narrou?
Narrou que viu em sonho uma grandíssima caminhada acontecendo no centro
de Presidente Prudente. Dezenas e dezenas de milhares se encaminhavam do seu
centro para o Parque do Povo. E a grande multidão depois de passar por uns
clérigos parados ali na sua boca de entrada – conversando entre si e indagando
entre si: Quem deu poder para estes fazerem isto? – entraram no Parque do Povo
e foi se postar diante de um grande palanque ali armado, ocupado pelos
ministros da Palavra de Deus.
E a jovem Joseane narrando o sonho então dizia que a grande multidão que
viu caminhando pelo centro de Presidente Prudente era composta de católicos e
de evangélicos. Mas os católicos nas suas avenidas era maioria. Quanto aos
ministros da Palavra de Deus no palanque que fora ali armado eram padres e
pastores. No entanto, como ela mesma disse – os pastores no Palanque eram
maioria.
E quando acabou de narrar o sonho então a jovem disse: O dia e o ano –
não sei. Mas que esta caminhada vai acontecer não tenho nenhuma dúvida, pois
foi muito claro no meu espírito. Pouco tempo depois retornou para a sua Igreja,
todavia deixando a pergunta: o que foi fazer naquela Igreja onde estava o homem
que Deus vinha preparando para começar na terra, a partir dele, o reinado de
seu filho Jesus? Por ventura que ela foi enviada ali pelo Deus que não faz nada
sem antes avisar os seus escravos, os profetas?
O que seria esta caminhada? Por ventura que católicos, evangélicos e
socialistas se conscientizarão que o caminho a seguir é o apontado por Adamir
Gerson? A criação do instrumento político do Partido Celestial e com ele dar a
consciência política do Reino, organizando o povo e o povo tomando consciência
que tem chegado o tempo da construção, no lugar do governo humano, do governo
divino?
O que seria mesmo esta caminhada? Por ventura que católicos, evangélicos
e socialistas, que adquiriram a plena maturação do espírito, convergirão para
Presidente Prudente e quem sabe ainda neste ano de 2011, que pode ser o 12 de
Outubro, farão nesta cidade do oeste paulista a grandíssima caminhada vista em
sonho pela jovem Joseane, que marcará sim o início da caminhada milenial, o
início mesmo da organização de todo o povo de Deus, católicos, evangélicos e
socialistas, a fim de fazer, não por violência e nem pelo poder militar, mas
pela Palavra de Deus, que os reinos deste mundo se tornem em reinos de nosso
Senhor e do seu Cristo, como são as imagens de Apocalipse 11.15-18 e Daniel
2.44? De modo a se estabelecer entre nós a verdadeira paz e a verdadeira
justiça?
As imensas massas cristãs e socialistas nas avenidas de Presidente
Prudente, batendo fortes os seus tambores, alçando ao vento as suas bandeiras,
e cantando os mais belos cânticos, é este um dia em que o poder divino se
estabelece na terra e a terra começa a ser dos mansos, que Jesus disse
herdariam a terra, e que sabemos são aqueles que com o seu trabalho produzem todas
as riquezas, os trabalhadores? Pois que uma grandíssima caminhada em que na
frente dos ungidos de Deus, dos homens e mulheres que escolheu para começar na
terra, a partir do país Brasil, o reinado de seu filho Jesus Cristo, irão
jovens levando em um carrinho um grande livro aberto e nas suas abas a
inscrição, deste lado, EDUCAÇÃO, e do outro lado, EVANGELHO? Deste lado de cá
um jovem evangélico, e do lado de lá um jovem católico, mas no meio deles um
jovem socialista, os três empurrando o carrinho? E estas imagens são assim,
pois que, deveras, o reinado de Jesus Cristo há mesmo de se estabelecer pela
junção do poder da Educação com o pode do Evangelho, de modo um ensinando
conhecimento e outro ensinando amor, não tardará e a exploração e todas as coisas
velhas serão procuradas e não mais encontradas? Como vaticinou o profeta
Isaías, não subirão mais ao coração e não mais serão lembradas?
Mais ainda, que atrás dos três jovens empurrando o carrinho com o livro
aberto irão jovens levando três grandes estandartes, deste lado de cá Martin
Luther King e do lado de lá, Nelson Mandela, mas no meio deles o estandarte de
Mahatma Gandhi?
E atrás dos três jovens que levarão o estandarte de Luther King, Gandhi
e Mandela irão dois jovens montados em cavalos brancos, cada qual levando ao
ombro um grande estandarte, que seguirão alçados e girando em suas mãos. E o
que sucede é que quando o jovem que vai do lado de cá gira o estandarte em sua
mão então dum lado aparece o rosto de João XXIII, mas no outro lado o rosto de
John Wesley; e quando o jovem que vai do lado de lá gira o estandarte em sua
mão dum lado aparece o rosto de Che Guevara, mas no outro lado o rosto de
Francisco de Assis.
E atrás deles seguem os povos da floresta, nas suas mais ricas
indumentárias, e logo trás o grande caminhão levando os homens e as mulheres
que irão iniciar na terra o reinado de paz e de justiça de Jesus Cristo.
Ora, estamos no ano de 2012 e a verdade é que Adamir Gerson intentou
realizar tão grande caminhada não só naquele ano de 2003 ou 2004, e nos anos
seguintes, mas a verdade é que ele a intentou realizar bem antes do sonho da
jovem, a partir do ano de 2001 imediatamente após os atentados terroristas nos
Estados Unidos.
Naquele ano, no fogo de sua indignação e perplexidade, Adamir Gerson,
inspirado, começou a trabalhar para a realização desta grande caminhada na
cidade de Presidente Prudente que seria introdutora na terra de uma nova ordem
de coisas; que, quando plenamente estabelecida, ninguém mais iria ter o
pretexto para fazer o que fizeram aqueles terroristas nos Estados Unidos e
nação alguma iria ter o pretexto para fazer o que os Estados Unidos fizeram no
Afeganistão e Iraque, O que não aconteceu em 2001, não aconteceu em 2002, nem
em 2003 ou mesmo 2004, e nos anos seguintes, pode acontecer no ano de 2012.
Quem sabe neste ano de 2012, mui provavelmente no dia 12 de outubro deste ano,
aconteça então a grande caminhada que Deus inspirou seu profeta naquele ano de
2001, e a reforçou através do sonho da jovem Joseane, quando, neste 12 de
Outubro, então uma multidão estará nas avenidas de Presidente Prudente, vinda
de todas as partes do Brasil e da América Latina, pois com certeza ao chamado
então os líderes da América Latina comprometidos com a libertação do seu povo
compreenderam claro que no Brasil está nascendo algo de novo que realmente vai
dar consciência política às massas populares, as libertando do circo de domingo
à tarde e do circo de todos os dias, sendo então criado o alicerce rochoso
sobre o qual será erguido o edifício da liberdade e da igualdade, cujo vento
reacionário, soprando forte sobre ele, não terá nenhum poder.
Lembrando que Adamir Gerson imediatamente após os atentados de 11 de
Setembro foi inspirado a realizar tão grande caminhada tendo como pano de fundo
o sonho profético de Dom Bosco, que viu, após um grande estrondo, uma chuva de
espinhos caindo do céu na terra, sucessivamente, mas, ao final, então caíram do
céu uma chuva de rosas mui perfumadas que cobriam as terras e as casas. Naquele
momento de efervescência do Espírito, Adamir Gerson compreendeu claro que o
grande estrondo fora mesmo o Atentado, mas que a chuva de espinhos que foi
derramada em sequência seria as bombas que os americanos se preparavam para
lançar sobre o inocente povo do Afeganistão. E querendo impedir tal então
entrou em febril atividade para que fosse realizada em Presidente Prudente tão grande
caminhada, que ao estar trazendo para o mundo uma nova ordem
jurídico-econômico-social, emanada do sangue que foi derramado na cruz, sim,
junção em um só corpo e um só espírito da fé cristã com a fé socialista, a
igualdade espiritual e a igualdade material de Jesus Cristo, antítipo da união
de medos e persas que conquistou Babilônia e libertou o povo de Javé
escravizado no seu meio, e agora o povo de Javé se revelando nos trabalhadores
oprimidos, ora, a verdade é que seria esta nova ordem a chuva de rosas mui
perfumadas que então Dom Bosco a viu caindo sobre a terra e cobrindo as suas
casas. Mas, é verdade, está explícito no sonho de Dom Bosco que a chuva de
rosas cairia após a chuva de espinhos... O horror da chuva do espinho da dor e
da destruição que os Estados Unidos semearam no Afeganistão e no Iraque teria
que preceder a beleza da chuva de rosas, que pode cair sobre as terras e as
casas ainda neste ano de 2012, neste 12 de Outubro, quando, no Parque do Povo
de Presidente Prudente, a multidão ali, após a celebração, lançarão ao
alto uma chuva de rosas, brancas e vermelhas, em homenagem aos mártires do
cristianismo e do socialismo, que sofreram horrores nos coliseus de Roma e nos
porões das ditaduras. E as suas pétalas brancas e vermelhas, subindo para o
alto e então descendo e forrando o chão do Parque do Povo, são novamente
reunidas em suas mãos e feitas uma só, com o rosa de Jesus Cristo sendo
novamente lançado ao alto e o seu perfume universal, levado na força do vento,
cobrindo as terras e as casas, as que estão norte e as que estão no sul, e
também as que estão no oeste e as que estão no leste.
Canaã e não Gileade
Ora, sabemos que os escravos hebreus quando saíram do Egito sob Moisés
tinham um destino bem claro e bem definido por Deus, Canaã. Todavia antes de
entrar em Canaã acabou por conquistar o reino de Hesbón, à Síon, seu rei, e o
reino de Basã, a Ogue, seu rei. E Moisés os deu às tribos de Rubem e Gade, e à
meia-tribo de Manassés, como a sua herança.
E o reino de Gileade periclitou o plano de Deus, pois, deveras, estas
duas tribos e meia desinteressaram de prosseguir a caminhada, achando que
Gileade, bastava. E se acomodaram com o que tinham.
Mas, a firmeza de Moisés fez mais uma vez prevalecer os desígnios de
Deus, de modo que as tribos de Rubem, de Gade e a meia-tribo de Manassés
finalmente concordaram em atravessar o Jordão na frente dos seus irmãos a fim
de ajudá-los a também conquistar a sua herança.
O que representa para os dias de hoje a conquista do deserto, Gileade?
Simplesmente que todas as conquistas do Reino, seja a dos cristãos, seja a dos
marxistas, representam Gileade. O final da jornada dos cristãos não é o
Cristianismo, mas, sim, o Reino de Deus, e o final da jornada dos marxistas não
é o Socialismo, mas, sim, o Comunismo, não reinos distintos, mas o mesmo, do
referencial cristão, é Reino de Deus, e do referencial marxista, é Comunismo.
Protestantes, Pentecostais, Renovação Carismática, Teologia da
Libertação, bem como todo e qualquer grupo marxista, tem de se conscientizar
que atravessaram o Mar Vermelho, não, porém, o Jordão. Tem de conscientizar que
todas estas conquistas representam a conquista do deserto, e que é preciso
olhar para além do Jordão, onde está aquilo que Paulo chamou escatologicamente
de Completo, e que é Jesus Cristo de Nazaré e o seu Reino.
Representam a conquista do deserto? A meia-tribo de Manassés? Destarte,
de um lado, as duas tribos de Marx e Lênin e a meia-tribo de Stálin, e de
outro, as duas tribos de Abraão e Moisés, e a meia tribo de Paulo (ICoríntios
13.9)?
Ora, quando é que a meia-tribo do Marxismo atravessa o Jordão a fim de
se tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas
eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando os marxistas olham para o
Cristianismo e reconhecem nele o complemento de que tem falta; quando olham nos
Coliseus de Roma e para o sangue dos mártires cristãos que ali eram derramados
e reconhecem que o seu martírio é o outro lado do martírio socialista nos
porões das ditaduras; que aquele estava produzindo o branco da paz, e este, o
vermelho da vida.
Quando é que a meia-tribo do Pentecostalismo atravessa o Jordão a fim de
se tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas
eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando olham para o Concílio
Vaticano II e reconhece no seu fruto mais precioso, a Teologia da Libertação, o
complemento para o fruto precioso que nasceu no casarão metodista situado na
Rua Azusa, em Los Angeles, naquele ano de 1906; que a pregação dos pentecostais
no meio dos pobres, os resgatando da opressão espiritual e das concupiscências
da carne, e a pregação da Teologia da Libertação no meio dos pobres, os resgatando
da opressão material e das concupiscências do dinheiro, as duas práxis se
complementam e são uma só na palma da mão de Jesus.
Quando é que a meia-tribo dos judeus atravessa o Jordão a fim de se
tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas
eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando olham nos palestinos e
reconhecem neles o seu irmão Esaú, passando a querer para eles tudo o que
querem para si, que é uma reconciliação plena, a tal ponto que virão ser um só
povo, um só Estado, um só governo, governado conjuntamente por palestinos e
judeus, com Jerusalém una e indivisível sendo o centro de suas vidas,
transitando livre por ela, de um lado a outro, sem qualquer impedimento.
É verdade, por carregar uns a essência espiritual do Reino, Reforma
Protestante, Pentecostalismo, Renovação Carismática, e outros a essência
material do Reino, Marxismo, Teologia da Libertação, Escola de Frankfurt, com
certos arranjos, todos vem a estar na palma da mão de Jesus como a Sua Unidade,
o que de si saiu e a si retornou, na plenitude dos tempos escatológicos.
Os Valentes de Jah
Relata a Palavra de Deus que aqueles que reconheceram que o final da
jornada de Deus era mesmo do outro lado do Jordão, em Canaã, e não antes, em
Gileade, acabaram por tomar sobre si as responsabilidades de atravessar na
frente dos seus irmãos a fim de ajudá-los a conquistar também a sua herança
eterna. E aqueles que atravessaram o Jordão na frente dos seus irmãos vieram a
gozar e a ter um nome especial, os Valentes de Jah!
Quem seriam hoje os Valentes de Jah? Certamente que são todos que
reconhecem que as palavras de Adamir Gerson são palavras inspiradas, e
representam a vontade de Deus. Mais ainda, de que o lugar onde estão e a que
pertencem representa mesmo conquista do deserto, e que é preciso realizar a
cisão hegeliana, deixando-o aos cuidados dos pequeninos, e assumir sobre si as
responsabilidades da travessia do Jordão espiritual.
A Arca do Pacto
Ora, quando os escravos saídos do Egito foram atravessar o Jordão então
na frente de todo o povo seguia os sacerdotes de Deus, levando no ombro a Arca
do Pacto. Guardando distância, deveriam seguir para onde a Arca do Pacto os
levasse. O que é isto? O que isto quer dizer para nós precisamente?
Que a Arca do Pacto hoje é o Partido Celestial. E é ele que terá de ir à
frente do povo, levado nos ombros dos sacerdotes de Deus. Organizando o povo,
criando lideranças, e dando vitalidade aos movimentos sociais, ora, o Partido
Celestial por certo que levará todo o povo brasileiro e todo o povo da terra ao
reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades,
pois que é portador do seu combustível teórico.
A Arca do Pacto e o Partido Celestial
Quando os escravos saídos do Egito principiaram à travessia do Jordão
seguindo a Arca do Pacto, ora, a Arca tem como seu conteúdo as duas tábuas da
lei, o jarro com o maná e a vara de Arão que havia florescida, segundo o que
está no livro Aos Hebreus.
Estes são o conteúdo sublime do Partido Celestial, de modo ele se
apresentar como sendo o único representante escatológico?
Vejamos: O Jarro com o Maná. Narra o livro Aos Hebreus que
no Lugar Santíssimo estava a Arca do Pacto e dentro dela havia objetos que
vindicavam e representavam a soberania de Deus sobre toda a criação. Ali estava
o jarro de ouro com o maná, a vara de Arão que havia florescido e as duas
tábuas da lei.
Qual o profundo significado do vaso de ouro com o maná?
Ora, sabemos que o maná foi o alimento que Deus enviou ao seu povo no
deserto para saciar-lhe a fome e com algumas recomendações, como segue: (...)
Esta é a Palavra que Javé ordenou: Colhei disso, cada um proporcionalmente ao
que come. Deveis tomar a medida de um gômor para cada um, segundo o número de
almas que cada um de vós tem em sua tenda. E os filhos de Israel começaram a
fazer isso; e foram apanhá-lo, alguns recolhendo muito e outros recolhendo
pouco. Quando o mediam pelo gômor, quem tinha recolhido muito não tinha sobra e
quem tinha recolhido pouco não tinha falta. Apanharam-no cada um
proporcionalmente ao que comia.
Certamente que o vaso de ouro com o maná, que segundo o livro Aos
Hebreus estavam com a Arca do Pacto no Lugar Santíssimo, é dos combustíveis do
Partido Celestial. Os celestiais por certo que irão confrontar essa cultura que
incentiva as pessoas a querer para além do que tem necessidade. Atuará forte
nos espíritos, tentando reviver neles a simplicidade, e a austeridade, de modo
cada um lutar pelo estritamente necessário. Essa cultura do consumismo, que
pode levar a terra à exaustão, certamente que será combatida pelos celestiais,
através de uma intermitente educação que chegará a eles na mediação do
Evangelho de Jesus Cristo. “Que cada um procure ter segundo a necessidade do
corpo e segundo a necessidade da alma”, dirão os celestiais.
Além de que os celestiais se dirigirão às massas populares com o jarro
de ouro contendo o maná; e por eles as massas se conscientizarão que o Maná que
Deus enviou ao seu povo por alimento é a completa negação do alimento oferecido
pelo sistema capitalista.
A Vara de Arão. Ora, relata o livro de Números que Deus, querendo cessar os resmungos
com que resmungavam, então ordenou a todos os maiorais dos filhos de Israel que
cada um tomasse o seu bastão e escrevesse nele o nome de sua tribo; e fossem
colocados na tenda de reunião diante do Testemunho. E tinha de dar-se que
aquele que Deus escolhesse o seu bastão iria florescer. E doze bastões foram
colocados na tenda de reunião diante do Testemunho. E entre eles havia o bastão
de Arão para a casa de Levi.
O que sucede é que no dia seguinte, quando Moisés entrou na tenda do
Testemunho eis que havia florescido o bastão de Arão para a casa de
Levi. E ele produzira botões e brotará flores, e dera amêndoas maduras.
O que é isso? O bastão de Arão que florescera é também conteúdo sublime
do Partido Celestial? O Partido Celestial carrega e porta também o bastão de
Arão que florescera?
Ora, sabemos que no tipo Moisés quando se achava no deserto de Midiã
então ouviu o chamado de Deus para que voltasse ao Egito e libertasse o seu
povo o conduzindo liberto para a terra da promessa. De modo que Deus disse
mesmo: Volta Moisés, porque estão mortos todos que estavam a procura de sua
alma para tirá-la. E Moisés quando voltava e estava no monte do Verdadeiro
Deus, eis que Deus despertou seu irmão Arão para que fosse ao seu encontro e
fosse seu ajudador. E Arão fez exatamente assim, indo ao encontro de Moisés e o
encontrando no monte do Verdadeiro Deus, selando com ele uma aliança de vida.
De modo que foram Moisés e Arão, os homens que entraram até Faraó e libertaram
o povo de Deus que por quatrocentos anos estava escravizado no Egito.
Ora, a verdade é que no antítipo tudo veio a se repetir com Lênin. No
exílio então ouviu a notícia que era para voltar à Rússia e fazer a revolução e
libertar o povo do seu sofrimento, pois, deveras o Czar tinha sido destronado e
o caminho estava livre para a sua volta. Se Moisés foi ao seu sogro Jetro e lhe
pediu permissão para voltar com ele não só permitindo como lhe ofertando um
meio de transporte, um jumento, no qual montou sua esposa Zípora e seu filho
Gerson e passou a voltar ao Egito, a verdade é que Lênin foi ao Kaiser e
pediu-lhe permissão para atravessar o seu território na sua volta à Rússia, com
o Kaiser não só permitindo como também lhe ofertando um meio de transporte, o
trem blindado, no qual Lênin colocou sua família de revolucionários e passou a
voltar à Rússia.
E quando Lênin estava na Rússia eis que um mês depois chegou o judeu
Trotsky do seu exílio nos Estados Unidos. E a verdade é que entre Lênin e
Trotsky foi selada uma aliança que historiadores se referem a ela como “uma
terrível aliança”, pois, deveras, naqueles dias crítico de final do ano de 1917
foi mesmo a ação destes dois homens que balançou e pôs abaixo o poderio do
reino humano, estabelecendo no seu lugar aos humildes proletários, se cumprindo
ao pé da letra o que está escrito em Daniel 4.17 (mesmo porque em 1823 um
inglês por nome John Acquila Brown escreveu um livro no qual narrou que no ano
de 1917, Daniel 4.17 iria ter seu cumprimento. Mas agora não é ocasião para se
falar deste assunto). É verdade, o papel desempenhado por Arão, porta-voz da
libertação dos escravos hebreus, ao passo que Moisés era a sua cabeça pensante,
foi o papel que a História reservou a Trotsky.
Mas, onde entra a questão referente ao florescimento do bastão de Arão?
Por ventura que o trotskismo irá florescer? É isso?
Ora, o pensamento de Trotsky, a revolução sendo mundial e só cessando
quando todo o seu trabalho estivesse completado por certo que era um sonho que
estava no espírito de todos os revolucionários. Mas as condições objetivas lhes
eram completamente adversas. A revolução mal tinha forças para se manter de pé
quanto mais ter que sustentar uma guerra com o resto do mundo. Se na segunda
guerra mundial a União Soviética, que já tinha alcançado um grande
desenvolvimento econômico e industrial, lutando ao lado dos Estados Unidos e de
países europeus, mesmo assim passou sérios riscos de ser vencida e destruída
pela Alemanha nazista, imagine naquele início da década de 20 quando a sua
economia ainda era conduzida pelo arado, e ela ter que sustentar uma guerra
contra o resto do mundo... Certamente que era a revolução ser levada para a
cova dos leões para ser devorada, que só não o foi pela pronta intervenção de
Deus, que percebendo o perigo com a sua obra imediatamente levantou Stálin. E
Stálin, pondo os pés no chão, não só salvou a revolução da destruição certa
como soube conduzi-la por caminhos seguros, fazendo daquela massa de escravos
uma nação de homens e mulheres livres. (Esse espírito sábio que se manifestou
em Stálin palpitara antes em Lênin, não somente no acordo de Brest-Litov com os
alemães, de 1918, quando a sua sapiência evitou da revolução ser destruída
pelos alemães, quando também protelou o programa bolchevique pela imediatez da
NEP. Mas agora não é ocasião de se falar deste assunto, apenas lembrando que a
boa exegese encontra respostas para essa questão envolvendo Trotsky e Stálin em
Êxodo 23.20-33. Quando ali está escrito: Não os expulsarei de diante de ti em
um só ano, para que o país não se torne um baldio desolado e os animais
selváticos realmente não se multipliquem contra ti. Pouco a pouco os expulsarei
de diante de ti, até que te tornes fecundo e realmente tomes posse do país, é
que se descobre qual o verdadeiro espírito estava em Stálin).
Prosseguindo. Bem, isso, contudo, não quer dizer que o pensamento de
Trotsky fosse falso ou errado. Tratava-se de um plano teórico inexeqüível, pois
quê as condições objetivas não permitiam de modo algum o seu progresso. Mas,
convenhamos, os tempos hoje são outros. Vivemos os tempos da globalização em
que tudo está ligado e de certa forma tudo dependendo de tudo. Não é esta a
ocasião para o ressurgimento do pensamento de Trotsky? Da sua revolução
permanente?
Certamente que sim, e os celestiais é exatamente isto. Mas o bastão de
Trotsky que ressurge não é aquele mesmo; é outro bastão, é o bastão de Arão que
florescera e brotara flores e dera amêndoas maduras. O que é isso? Certamente
que nas asas das boas novas do socialismo celestial as forças revolucionárias
irão novamente se levantar, e agora irão efetuar o assalto final. Mas não será
na perspectiva idealizada por Trotsky, quando então os trabalhadores,
conquistando posições e mais posições, então se lançariam para a destruição
final da burguesia e de todas as forças que lhe davam sustentação.
Não, mas esse assalto final será na perspectiva de Jesus, em que os
trabalhadores, os mansos que ele disse herdariam a terra, se lançarão num
grande trabalho de evangelização para transformar e mudar o coração e a mente
do homem e da mulher burgueses. Não serão destruídos, porque tal se tornou um
contra-senso, mas sim educados, instruídos nos caminhos de Deus cujo escopo é
mesmo a chegada em uma terra sem males, em que não há nem mesmo a sombra dos
exploradores, de indivíduos que se locupletam no trabalho e suor alheio.
É verdade, a revolução mundial se acha parada tanto em Trotsky como em
Che Guevara, mas agora ela irá se levantar, e certamente será feita, todavia
que no espírito das amêndoas maduras, por amêndoas maduras. O seu combustível
será o amor revolucionário e não mais o ódio revolucionário, de modo que nas
mãos das amêndoas maduras o que se verá é o giz no lugar do fuzil e a Palavra
de Deus como o conteúdo do conhecimento, quer os psicológicos, quer os
sociológicos, quer os políticos, quer os econômicos. O giz nas mãos dos novos
guerrilheiros cuidará em escrever nos corações o conhecimento genuíno, que não
admite, não tolera que indivíduos se locupletem no sofrimento de outrem.
As Duas Tábuas da Lei. Ora, além do jarro de ouro com o maná e o bastão de Arão que havia
florescido, segundo o livro Aos Hebreus havia também na Arca do Pacto as duas
tábuas da lei.
As duas tábuas da lei estão também representadas no Partido Celestial
como dos seus combustíveis que faz todo homem e toda mulher reconhecer nele a
presença do selo divino?
Ora, vaticinou o profeta Habacuque: E havia dois raios saindo de sua
mão; e ali se escondia a sua força.
Uma vez que Habacuque concebeu tal, a partir das imagens de Moisés
descendo do monte com as duas tábuas da lei o que Habacuque viu foram sim foi
estes dois raios estando presente na escatologia. De fato, e eles se acham
mesmo no Partido Celestial, que tanto pode ser o amor a Deus e aos homens, a
sua inseparabilidade da igualdade e liberdade, a sua luta contra os pecados da
carne e os pecados do dinheiro.
Adamir Gerson foi operado e encontra sem disposição para abordar esses
temas com mais clareza. Vai dar uma pausa, e dentro de uns 10 dias procurará
dar a ele melhor conteúdo. Por enquanto segue isto, e já é suficiente para que
os espíritos se movam, para que o Brasil possa ter nos anos próximos, melhor
destino político, no lugar de mencheviques no poder, os bolcheviques
espirituais, que estão para os bolcheviques históricos como os cristãos
estiveram para os judeus.
“E abriu-se o santuário do templo de
Deus, que está no céu, e viu-se a arca do pacto no santuário do seu templo. E
houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e um terremoto, e grande saraivada”, Apocalipse 11.19.
O que é isso? O Partido Celestial no templo de
Deus? No coração e na mente dos homens e mulheres de boa vontade?
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