sexta-feira, 6 de julho de 2012

Bento XVI, Leonardo Boff, o Marxismo, os 100 Anos da Assembleia de Deus e Adamir Gerson




Bento XVI, Leonardo Boff, o Marxismo, os 100 Anos da Assembleia de Deus e Adamir Gerson

(Apocalipse 6.12-16)

Leonardo Boff publicou o texto de sua autoria “Faz falta um pouco de marxismo ao papa”, e chama à atenção que todas as críticas que endereça aos juízos do papa Bento XVI contidos na encíclica Caritas in Veritate, de 07 de julho de 2009, se voltam também contra ele. Não representa distinção, o que veremos a seguir.

Vejamos, sendo sucinto: a crítica mais contundente que Leonardo Boff dirige ao atual papa é que este, de forma inconsciente, assume a ideologia funcional da sociedade dominante, simplesmente a achando correta. Bento XVI não vê a sociedade moderna portadora de contradições, mas, sim, de disjunções, a mercê de corretivos. Vai mais além, dizendo que a tônica de Bento XVI não é a da análise, mas a da ética, a do que deve ser (tautologia sacerdotal). De modo Bento XVI não ser, pois, um profeta, mas um doutor e mestre, que por não se ater à complexidade dos problemas que pululam na sociedade, para além dos que há na sua superfície, visível aos olhos, também os que se escondem nos seus labirintos ideológicos, acaba, pois, por se tornar simplista, principista, equilibrista mesmo, se pautando pela indefinição (leia-se, falta de solução).

É notável como Leonardo Boff se coloca como Juiz Supremo contra Bento XVI e o reduz a cinza, a tal ponto que fica a impressão de que a humanidade pode estar diante do cumprimento profético de II Tessalonicenses 2.8. Deveras, uma supremacia intelectual que se revela com a chancela da ciência ao constatar de forma clara e inequívoca que Bento XVI vê os problemas e sabe da sua existência, a ponto de dissecá-los e enumerá-los, mas peca no momento de sua solução. Toma posição que não irá esfumá-los senão que escamoteá-los e encobri-los mesmo com uma cal ao invocar como instância de solução a vaga e inconsistente Doutrina Social da Igreja (elaborada às pressas na tentativa de impedir o rebanho católico de ser ganho pelo avanço comunista, na luta dos revolucionários recém-saídos do Egito contra Balaque capitalista, se prestando ao inglório papel de Balaão, dirá Adamir Gerson). E Leonardo Boff está cônscio de sua superioridade intelectual porque está cônscio de que também vê os problemas vistos por Bento XVI, os vê como vistos por Bento XVI, com a diferença de que aponta solução para eles. Aponta o caminho de sua resolução, o que, no seu dizer e no entender dos seus leitores mais próximos, Bento XVI não faz.


Bem, as críticas de Leonardo Boff ao papa Bento XVI são verdadeiras? Indiscutivelmente que sim. Bento XVI representa o que ali está escrito. Nem mais nem menos. Os problemas passam diretamente sobre e sob sua face, e prosseguem sem nada que lhes dê cobro, deixando atrás de si um rio de lágrimas e de sangue, corações que foram feitos pelo Criador para amar e ser amado e que, no entanto, se acham sob Seus Olhos completamente despedaçados. E Bento XVI, por estar preso em invólucro ideológico e não científico, revela-se incapaz de restaurá-los.

Acontece, porém, que Leonardo Boff, na falta de qualquer resposta por parte de Bento XVI aos problemas que aponta amiúde, a verdade é que ele também, ao encurralar Bento XVI por manifestar de forma clara a existência de dois sistemas que não permitem tergiversação por caminho diferente, ou é o sistema capitalista, criador da dor e do pecado, ou é o sistema socialista, a cura do pecado que trás paz ao espírito, não este ou aquele socialismo que abundaram após a crise e queda do socialismo real, mas aquele socialismo singular que tem o poder de cortar o mal pela raiz, o socialismo marxista, ora, é neste momento que se descobre claro que toda crítica que Leonardo Boff endereça a Bento XVI, como bumerangue, se volta contra ele. A tal ponto que as mentes clarividentes, nas pegadas de Adamir Gerson, irão ponderar que de fato não há mesmo diferença de fundo entre aquele que propõe solução para os problemas no bojo do capitalismo e aquele que propõe solução no bojo do Marxismo. Após os dramáticos acontecimentos do Leste, que revelaram o Marxismo incapaz de solução perene, é capaz de lidar com estômagos vazios, mas se perde na resposta quando tem diante de si corações sedentos, ora, sejamos sucintos, para economizar palavras: invocar o Marxismo não é mais estar propondo cura para a ferida, mas é estar lhe dando chute, que apenas alargará os espaços geográficos da ferida. Ademais, não só sabemos que todo e qualquer conhecimento é e sempre será a relação do sujeito com o objeto – cujo resultado é dado pela experiência – como também sabemos que todo e qualquer médico antes de começar a terapia analisa previamente as condições de reação do paciente, pressão arterial, se é diabético, alérgico a isto e aquilo, etc, o que significa dizer que se Leonardo Boff levasse em consideração o leque de forças contrárias engatilhadas a reagir contra o Marxismo, e a fragilidade de suas forças para fazer frente a elas, jamais teria receitado ao Papa tal remédio, que se no começo do século XX foi um remédio que pode muito nos seus efeitos, convenhamos, hoje ele pode muito pouco. Deixou de dar conta da demanda. Mesmo porque o Marxismo não quer dizer um livro escrito, mas um conjunto de idéias, que adquire vitalidade quando penetra no corpo popular, o que há muito deixou de fazer, ou porque seus depositários perderam o jeito da evangelização ou porque as condições objetivas que fez germinar sua semente o devir histórico levou embora; e outras tomaram o seu lugar.

É verdade, Bento XVI apontou amiúde os problemas da sociedade moderna e os deixou sem solução, pois na visão de Leonardo Boff teria forçosamente que passar pelo caminho amargo do Marxismo; no entanto fica a pergunta, mais uma vez para que não percamos o nosso foco central: mas, o Marxismo é a sua cura? Representa a cura? Um moribundo morre não morre pode ser invocado para curar um doente terminal? Afinal, o Marxismo, se quer ser consequente, é indissociável do leninismo e do stalinismo, práxis revolucionária não universal, mas o produto de uma época específica, o preciso instante da transição do feudalismo para o capitalismo, que convenhamos o devir histórico levou embora em grande parte da terra, comprobatório o fato dos marxistas hoje estarem, em toda a terra, sem norte senão que entregues a picuinhas de lutas internas (mas não levou embora a sua vontade de igualdade e de um mundo de justiça, sem exploradores e sem explorados). Ora, Bento XVI propondo solução para os problemas sem, no entanto, questionar o capitalismo de forma paradigmática e Leonardo Boff propondo a sua solução no bojo do Marxismo, não é indício claro de que tudo irá continuar como está? Bento XVI escrevendo Encíclicas, Leonardo Boff dando palestra em Universidades, e o povo continuando no seu sofrimento do dia a dia sem nada que estanque a sua dor?

Ora, achar que o Marxismo tem resposta para a sociedade atual e suas crises é trilhar o caminho da ingenuidade. A começar que o Marxismo é parte da crise geral. Não se trata de um remédio de fora a ser receitado, mas a experiência que fez do capitalismo um doente a mercê de cura, cuidou em fazer o mesmo do Marxismo. O Marxismo permanece de pé porque, primeiro, criaram bode expiatório e o responsabilizaram pela crise e perda de credibilidade do socialismo, blindando o verdadeiro responsável; segundo, como o próprio Marx disse, uma formação social só desaparece quando o de vir dialético-histórico preparou uma nova formação histórico-social e tornou-a apta a ocupar o seu lugar, o que tal ainda não foi divisado em nenhum pensador atual, seja ele quem for – o que é em si explicação porque muitos ainda acreditam nele e o invocam. (O Bode Expiatório criado é que atribuíram culpa pela queda e crise do Marxismo aos criadores do socialismo real, que na visão destes deturparam o pensamento de Marx. O que não é verdade. Ninguém deturpou o pensamento de Marx. Se o que se manifestou trouxe o selo da imperfeição ela deva ser procurada na base da Teoria, no próprio Marx, e jamais fora dele. Eles foram o que Marx deixou escrito, como o fruto que se manifesta é o que está escrito na sua semente. Destarte, o pensamento de Marx não cria o Perfeito, mas é caminho para ele, que, convenhamos, é algo bem diferente, como foi algo bem diferente o cristianismo do judaísmo. E uma vez que Leonardo Boff invoca o Marxismo há de se supor que ele também é daqueles que separam os criadores do socialismo real dos criadores da Teoria, poupando uns e fustigando outros; acreditando piamente que o que se acha tombado deva se levantar, agora com a atenção redobrada para não repetir os “erros” daqueles que tiveram sobre si a missão de criar o socialismo a partir do nada, do quase nada, de modo estas mãos sábias darem encaminhamento fidedigno ao que Marx realmente deixou como ensinamento e então surgir verdadeiramente o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, abortado pelos criadores do socialismo real, o que afirmam amiúde).

É Verdade, Leonardo Boff foi incisivo e claro; apontando na direção de Bento XVI: És representante de Jesus? Então em verdade vos digo que deves se empenhar para que o modelo em que vivemos seja mudado e não apenas retificado; que haja troca e não conservação de paradigma; deves se empenhar para que tenhamos libertação e não apenas reformas. Mas, com a mesma incisividade e clareza, Adamir Gerson aponta na direção de Leonardo Boff: És Profeta do Senhor? Então em verdade vos digo que deves se empenhar para que o Marxismo seja mudado e não apenas retificado; para que haja troca de seu paradigma pelo novo paradigma trazido por Adamir Gerson; para que haja a sua libertação e não apenas a sua reforma. Se Bento XVI for obediente às palavras de Leonardo Boff, as entendendo como palavras do Divino – como veio finalmente entender Eli que era Deus – e Leonardo Boff obediente às palavras de Adamir Gerson, as entendendo como palavras do Divino – como finalmente veio entender Eli que era Deus – por certo que é neste momento que os corações despedaçados estarão sendo restaurados, surgindo diante dos nossos olhos o belíssimo quadro visionado pelo profeta Isaías: E a terra inteira chegou a descansar. Ficou sossegada. As pessoas ficaram animadas, com clamores jubilantes (Isaías 14.7); quadro este que é portal para o mais belo quadro bíblico e o mais belo quadro de toda literatura universal: (...) Quem são estes que trajam compridas vestes brancas e donde vieram? (...) Estes são os que saem da grande tribulação, e lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro. É por isso que estão diante do trono de Deus; e prestam-lhe serviço sagrado, dia e noite, no seu templo; e O que está sentado no trono estenderá sobre eles a sua tenda. Não terão mais fome, não terão mais sede, nem se abaterá sobre eles o sol, nem calor abrasador, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, os pastoreará e os guiará a fontes de águas da vida. E Deus enxugará toda lágrima dos olhos deles (Apocalipse 7.9-17).

É verdade, quando Adamir Gerson, contrapondo à frase de Leonardo Boff, lança a nova frase: que falta faz ao Marxismo um pouco de Cristianismo (e vice-versa) tudo começa a se modificar e tudo começa a se encaminhar para a sua solução. Na frase de Leonardo Boff olha-se para a sociedade e se vê apenas a opressão material que o capitalismo exerce sobre o conjunto dos trabalhadores, dos mais fracos; mas na frase de Adamir Gerson se vê além, ao lado da opressão material que o capitalismo exerce sobre o conjunto dos mais fracos, se vê também a opressão espiritual que o paganismo (hedonismo) exerce sobre os corpos mais fracos. Vê-se opressão material, mas também se vê opressão espiritual. Vê-se uma grande cidade que em sentido espiritual se chama Egito e Sodoma, porque nela se mesclam os que sofrem por causas materiais e os que sofrem por causas espirituais. E se tem claro que o remédio para a opressão material é o socialismo, por outro se tem claro que o remédio para a opressão espiritual é mesmo o cristianismo, um cristianismo na total e cabal mediação de Paulo apóstolo.

É neste momento que se descobre que o Marxismo tem de passar por refundação. Tem de nascer de novo. Porque com uma mão ele tira o pecado, mas com a outra ele conserva o pecado. Pois ao desconhecer a natureza da Religião e qual a sua verdadeira utilidade, achando-a desnecessária, dessa forma impede o pecado QUE TEM CAUSA ESPIRITUAL de ser expurgado para fora da sociedade e para fora dos corações. O pecado que tem causa espiritual o socialismo no momento da comemoração e das grandes realizações tira os seus espaços; e ele vai ficar ali, sem espaço, todavia aguardando o seu momento. E quando o socialismo satisfaz materialmente, e brota naturalmente a sede espiritual nas pessoas (como brota naturalmente naquele que se fartou do salgado o desejo do doce), então esta é a ocasião para o male espiritual se manifestar. E ele vai subverter tudo, fazendo com que a porca lavada volte ao seu antigo vômito (porque o Bem espiritual se acha encarcerado no Marxismo. Encarcera o Bem espiritual, mas não encarcera a vontade pelo espiritual). E isto é um ciclo a que o socialismo não escapa, porque é um ser pela metade (ICoríntios 13.9), lhe faltando o fundamento que o completa por saciar espiritualmente. E na sua falta, os inimigos do socialismo aproveitam a brecha e dão de beber a eles a espiritualidade poluída do paganismo (hedonismo), que indispõe contra o socialismo e trás a sede do capitalismo. Foi isto (e nada fora disto) que aconteceu no Leste Europeu com aquelas massas que saltaram o muro e foram beber da espiritualidade hedonista que há no lado ocidental, babando nos cartazes que estavam nas portas dos seus shoppings sex (como à época mostrou o jornal Folha de São Paulo), nas suas vitrines de exposição do luxo, na sua indumentária sensual e extravagante, na sua música que ativa o corpo e não o espírito e etc.

Mais ainda, que na sociedade atual a opressão e o sofrimento que tem causas espirituais têm se tornado muito mais abundante do que a opressão e o sofrimento que tem causas materiais; o que explica nas últimas três décadas as massas terem procurado mais religião do que política, terem se interessado mais pelo cristianismo do que pelo socialismo.

Há famílias que se desintegram por causas materiais? Certamente, mas há também famílias que se desintegram por causas espirituais. O socialismo se mostrou capaz de impedir a desintegração da família por causas materiais, não, porém, as que se desintegram por causas espirituais, que é objeto de análise e de solução unicamente por parte da religião e não pela política.

E vale para tudo. O socialismo tem o poder de realmente acabar com a prostituição, mas não tem poder algum de acabar com o adultério. Cria leis para lidar com essa questão, como o divórcio, mas jamais impedirá a sua manifestação, como impede a manifestação da prostituição – pois que esfumou a causa da sua manifestação. 

E o que foi dito para o par, prostituição-adultério, vale para todos os males sociais, o suicídio, o alcoolismo, o assassinato, a inveja, o ódio e etc. Porque tudo tem duas causas que o produz (conceito filosófico assim chamado de dualidade do conceito, dualidade axiológica, ainda restrita às boas novas do socialismo celestial), e se houve o remédio que o eliminou por suas causas materiais, o socialismo, por outro continuará a vicejar na sociedade os que têm causas espirituais. No socialismo, a título de exemplo, os alcoólatras não se manifestam por causas materiais, mas continuam se manifestando por causas espirituais. E que diferença faz um alcoólatra que se tornou tal por causas materiais e um alcoólatra que se tornou tal por causas espirituais? Que diferença faz um lar que foi desfeito por causas materiais e um lar que foi desfeito por causas espirituais?

Adamir Gerson nivela Bento XVI e Leonardo Boff? Que isto nunca aconteça! Leonardo Boff é um cristão que tem de passar pela segunda ressurreição, mas Bento XVI um cristão que tem pela frente duas ressurreições a percorrer a fim de vir estar na presença de Deus, face a face, como foi o vaticínio do apóstolo João (I João 3.2). Bento XVI tem de morrer para o capitalismo e renascer no Marxismo, ao passo que Leonardo Boff tem de morrer para o Marxismo e renascer nas boas novas de eternas do socialismo celestial. E ficar ali aguardando que Bento XVI morra para o Marxismo e renasça também nas boas novas do Reino de Deus, completando então o ciclo de sua ressurreição (I Coríntios 15.42.58). Então os dois estarão intelectualmente e moralmente nivelados, feitos à imagem e semelhança do Cristo da Cruz, isto é, quando certo vaticínio de Paulo se cumprir em suas vidas (ver I Coríntios 15.51) (A indicação de que, hoje, para se chegar ao Cristo da cruz, para se chegar ao Reino de Deus tem-se necessariamente que passar pelo marxismo é da mesma essência e do mesmo valor da indicação passada de que se tinha de passar pelo judaísmo para se chegar ao cristianismo. Ser cristão sem ter, no entanto, impresso no seu espírito as marcas do judaísmo era ser cristão choço, e muitos se tornaram cristãos na negação absoluta do judaísmo. Mui provavelmente seja uma idéia impensável, pois que o cristianismo não foi outra coisa senão que o botão do judaísmo se abriu nesta flor. E o que é, hoje, o reino de Deus senão que o fruto verde do Marxismo se transformou neste fruto maduro?)

É verdade, Bento XVI tem de reconhecer que o Marxismo é Deus. Não este ou aquele aspecto – como aproveitando a ocasião dos acenos ideológicos do Concílio Vaticano II e dos acenos ecumênicos do Conselho Mundial das Igrejas teólogos com lampejos divinos começaram a apontar nele este ou aquele aspecto como tendo o selo de Deus – mas o Marxismo é Deus NO CONJUNTO DA OBRA! Bem assim como o Judaísmo, que não obstante as suas imperfeições, mesmo assim foi Deus no conjunto de sua obra. Verdade, os espinhos desta rosa, o seu ateísmo, a sua irreligiosidade e o seu materialismo, foram sobejamente antecipados pelo profeta Isaías e pelo Senhor Jesus. Quando Isaías falou de uma nação paradoxal que iria se manifestar na história, não dobrando o seu joelho diante de Deus e não invocando o seu nome, todavia fazendo a sua vontade, e quando Jesus, fazendo das palavras de Isaías as suas palavras, se dirigiu aos sacerdotes dos seus dias e lhes disse que o Reino de Deus iria lhes ser tirado e dado a uma nação que produziria seus frutos, por certo que esta nação é mesmo a nação socialista. Destarte, a produção destes frutos é a rosa que está na roseira.

Bento XVI tem de olhar para a grandeza de João Paulo II que olhou retrospectivamente para trás e reconheceu que a Igreja errou e pecou ao longo do seu caminhar. Bento XVI precisa completar a grandeza de João Paulo II, olhando agora para o presente e reconhecendo de que a Igreja que errou e pecou no passado é a mesma que tem errado e pecado no presente, por se unir às forças do imperialismo e às forças capitalistas na sua luta contra o socialismo. Tem de reconhecer de que quando lutavam contra o socialismo era contra Deus que lutavam. Porque o Marxismo, na sua inteireza, na sua completeza, embora tenha sido trazido por homens, todavia por homens que eram instrumentos no cumprimento de Sua Santa e Bendita Palavra (ver Tiago 5.1-6).

A rigor, as palavras que Ele colocou na boca do profeta Sofonias, que iria voltar a sua atenção para os sacerdotes, tanto os sacerdotes de Javé como os sacerdotes de deuses estrangeiros, sim, que iria voltar a sua atenção para os sacerdotes, e para os filhos do rei, e para os príncipes, e para o rei, e para os que usavam vestuário estrangeiro (burguesia), e para os que pesavam a prata (comerciantes), e para os poderosos, e nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar, ora, tudo isto teve seu cumprimento profético na ação dos revolucionários comunistas, que podemos dizer acertadamente, contra a nova Judá, que com certeza tem sido a Cristandade. O que os comunistas fizeram com a Cristandade, quer na Rússia, quer na Ásia, quer em Cuba, foi tudo o que os caldeus fizeram com Judá. E não eram os caldeus, mas Javé, através de Nabucodonozor, a quem chamou de O Meu Servo, palavras que modernamente devam ser entendidas e estendidas a Vladimir Illich Ulianov, o conhecido Lênin. (Para um aprofundamento científico da questão, ver  http://anovateologiadalibertacao.blogspot.com/2011/02/questao-da-destruicao-de-juda.html)XXXXXXXXXXXX

Que tenha a humildade do profeta Jeremias, que não amaldiçoou Deus por ter dito que iria trazer os caldeus contra a nação da qual dependia e da qual era um de seus filhos, mas que cuidou em se dirigir aos filhos da rebeldia, aos que se desviaram dos seus estatutos, seus reis e seus príncipes, bem como seus sacerdotes, e lhes comunicou o que Deus decidira fazer com eles, para que provassem o fel amargo do quanto vale se desviar dos mandamentos que tinha deixado a eles por intermédio dos seus profetas mensageiros. E quando vimos o papa João Paulo II pedindo perdão pelos erros e pelos pecados que a Igreja cometeu ao longo de sua existência então é claro que o que a Cristandade sofreu nas mãos dos comunistas foi uma punição pelos seus pecados. João Paulo II esteve muito atrasado em relação a Deus, que não pediu perdão pelos pecados da Igreja, mas que a puniu por intermédio dos comunistas, cortando o seu poder, colocando-a no pó dos mortais, enviando-a para um exílio de 70 anos que se encerrou naquele ano de 89, quando os filhos da rebeldia puderam retornar, e novamente revolver o corpo e a alma no lamaçal do pecado, pois que aquelas foram forças do Ciro corruptível, que uniu o corruptível, Cristandade e Capitalismo, e marchou, pois, sobre o corruptível, governos socialistas, para vencê-los e restaurar no lugar o corruptível, a Rússia de hoje – todavia preparando o caminho e as oportunidades para a chegada do Ciro incorruptível (Apocalipse 16.12), que unindo o incorruptível, Cristianismo e Socialismo, iriam vencer o corruptível e instalar no lugar o Incorruptível, Jesus Cristo de Nazaré. O reino que segundo o profeta Daniel não iria jamais passar a outro domínio, ver 2.44.

Bem, Bento XVI será obediente às palavras de Adamir Gerson? Mudará da água para o vinho em relação ao Marxismo? Dirigir-se-á aos marxistas e lhes dirá: o choro pode durar toda a noite, mas a alegria vem pela manhã? Dirigir-se-á a eles e lhes dirá realmente: a alegria da manhã que está chegando agora para mim está também chegando para vós! Está chegando para a humanidade inteira! Saudamos em uníssono e estejamos cheios de glórias pela chegada da alegria da manhã...

E não nos esqueçamos de que tudo está inserido em plano relativo. Quando Bento XVI, recentemente, lançou um apelo para que a religião não fosse expulsa do espaço público e reduzida ao plano do privado, vendo no espírito os problemas se multiplicando nos espaços públicos por conta do mesmo ter prescindido da contribuição ética e moral da religião, ora, ao lançar o apelo a que se dê melhor atenção às aspirações da religião, ao que de fato ela é se observa em Bento XVI uma grandeza que não se observa em muitos teólogos, pois é grande o número de teólogos que endossam a cartilha de um pretenso Estado laico. Se como o Estado estivesse na contra mão da sociedade. Afinal o laico na sociedade pertence a uma minoria, com a sua imensa maioria sendo teísta, sendo impossível que numa sociedade democrática uma minoria queira impor à maioria a sua visão de mundo. Pior ainda, escolher a dedo o lugar onde confiná-lo.

Bem, Bento XVI será mesmo obediente às palavras de Adamir Gerson? Certamente que sim, pois tudo está nas mãos e no controle de Deus. E o Deus que pôs na boca do profeta Isaías o aparecimento futuro de uma nação paradoxal, que não iria invocar o nome de Deus e nem iria dobrar o seu joelho diante de Deus, todavia seria esta nação paradoxal quem iria fazer a sua vontade, ora, o mesmo Deus também cuidou em colocar na boca de Isaías um segundo momento, desenlacial, quando então iria remover o véu que o separava deste seu povo e este povo paradoxal iria se acordar para Deus.

Senão vejamos a descrição de Isaías sobre o aparecimento futuro da nação paradoxal: Deixei-me buscar por aqueles que não perguntaram por mim. Deixei-me achar por aqueles que não me tinham procurado. Eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui! A uma nação que não invocava o meu nome.

E vejamos a sua descrição sobre o momento em que o véu que separa esta nação de Deus é removido e se reconciliam entre si: E certamente vereis, e vosso coração forçosamente exultará, e os vossos próprios ossos florescerão como a tenra relva. E a mão de Javé há de ser dada a conhecer aos seus servos, mas ele verberará realmente os seus inimigos. (Isaías 65; 66.14).

E Bento XVI certamente que fará assim, pois há uma nuvem de Testemunho muito grande pedindo para ele agir assim; pois deveras, não só Isaías, mas Jesus também depois de se dirigir aos sacerdotes dos seus dias e lhes comunicar que o Reino de Deus lhes seria tirado e dado a uma nação que produzisse seus frutos, ora, o mesmo Mateus que nos legou estas palavras de Jesus ele mesmo, coroando o silogismo de Isaías, cuidou em mostrar o momento exato em que Jesus remove o véu que o separa deste povo que ele mesmo disse produziria os frutos do Reino. Onde? Como? Ora, o diálogo escatológico que Mateus narra entre o Justo Juiz e o povo que cuidou dos oprimidos (25.40), lhes dando de comer, de beber, vestindo-os, e cuidando de sua saúde, ora, este povo é o mesmo povo visto pelo profeta Isaías e é o mesmo povo que Jesus disse produziria os frutos do Reino. E esse povo é o povo marxista e nenhum outro. Neste diálogo, Mateus narra a conversão do povo marxista. E isto Bento XVI deverá levar em consideração.

Leonardo Boff e o Concílio Vaticano II

É preciso compreender com mais profundidade as críticas que acima Adamir Gerson endereçou a Leonardo Boff. É possível que, ficou a muitos a impressão que se pretendeu golpear um ícone do pensamento brasileiro e mundial. Não é nada disto. É que Leonardo Boff se acha preso a limites, como se achou seu irmão, e é preciso expô-lo, como necessidade do pensamento teologal, não só da Teologia da Libertação, mas de todo o cristianismo, dar um salto de qualidade. Romper limitações epistemológicas sem o qual a libertação não vem, pois, deveras, as forças do capitalismo globalizado conseguiram agregar ao seu lado um leque muito grande de forças diversificadas, e para se opor a ele, fazer frente a ele, é preciso, pois, uma força que tenha também o poder da agregação de forças diversificadas. E isto, no campo antagônico ao capitalismo globalizado, é missão do socialismo celestial. Por representar a poderosa e avassaladora força que aparece em Isaías 2.10, certamente que ele acabará empurrando para fora das relações sociais e nacionais a este capitalismo globalizado.

Prosseguindo. Ora, é sabido que o Concílio Vaticano II, contrariando Papas anteriores, teve uma visão um tanto diferente do marxismo. Sensível ao sofrimento que tomava conta das nações em desenvolvimento e de todo o seu povo, o Concílio Vaticano II viu a necessidade do socialismo como contraponto ao capitalismo. Como condição mesmo do desenvolvimento, não só nacional como social. Economizando palavras, a verdade é que o Concílio Vaticano II abriu as portas da Igreja para o marxismo.

Mas, consciente das implicações, dado a natureza do próprio Marxismo, a verdade é que ele cuidou em filtrá-lo, pondo dum lado a sua filosofia e de outro todo o seu instrumental de análise social. E conservou o seu instrumental de análise social e em larga medida de História como válidos e necessários para a criação de um novo homem, mas trocou a sua filosofia pela filosofia cristã. Foi assim que nasceu e ganhou corpo a Teologia da Libertação, uma mescla de cristianismo com marxismo.

Porque estamos na iminência de grandes mudanças ao nível do pensamento, que alcançará não só o povo cristão, mas, também, o povo marxista, é preciso um esclarecimento: em virtude mesmo da conservação do instrumental de análise social do Marxismo, a verdade é que jamais a Teologia da Libertação foi depositária da filosofia cristã, senão que da filosofia judaica. Na Teologia da Libertação o Êxodo foi muito mais presente e muito mais marcante do que a Cruz. O Êxodo foi impiedoso com Faraó, mas a Cruz foi compreensiva, e porque foi compreensiva foi benevolente com o pecador, tendo vindo para que todos tivessem vida e vida em abundância. A Cruz não tomou lado dos contrários em presença, mas transcendeu-os, com o objetivo de salvar a todos.  De modo que o seu léxico não foi a destruição, mas a transformação. É verdade, Moisés olhou para o Egito e viu o mal que Faraó fazia ao povo de Deus, mas Jesus olhou para a terra e viu que todos estavam destituídos da glória de Deus, mas carregava em potência a possibilidade de tê-la, pois, deveras, o domínio da Serpente Original haveria de ser transitório. Propedêutico, bem de acordo a assertiva de Santo Agostinho segundo a qual o Mal existe para fazer o bem aparecer. Tendo aparecido, não há mais lugar para ele.

A verdade é que Leonardo Boff é um fruto legítimo do Concílio Vaticano II. O seu pensar reflete o Concílio Vaticano II. E o Concílio Vaticano II iria chegar um momento em que seu botão iria abrir na mais linda das flores, a flor pura do Reino de Deus. E neste momento não só a filosofia judaica iria se converter realmente em filosofia cristã, como também todo o instrumental de análise social E DE HISTÓRIA iria ser o do Cristo da cruz. A Comuna Primitiva, como ponto de partida do devir histórico-dialético e de compreensão das razões subjacentes à opressão, iria ceder o lugar para o Jardim do Éden, com Adão e Eva emergindo como protótipos dos contrários, que, com o pecado original, se alienou de si mesmo, perdendo a relação amorosa, mas vencido a resistência do devir histórico-dialético, então iriam novamente reatar a primeira relação, agora novamente termos complementares. E já sem o perigo da queda.

Sendo assim, o Concílio Vaticano II deva ser visto e entendido não como Jesus, mas como João Batista. Veio preparar o caminho e as condições para irromper do Cristo da cruz, que na sua manifestação iria inundar os seres cristãos e marxistas de toda a sua seiva libertadora.

Ora, é comum ouvir-se que o Concílio Vaticano II foi manifestação pentecostal de Deus. E isto é verdadeiro. Todavia o que poucos sabem é que este pentecostes que foi derramado na terra na primeira metade da década de sessenta do século passado era na verdade já uma segunda manifestação pentecostal de Deus. Nesta, como seu fruto, Deus fizera brotar a libertação material dos pobres e de todos que sentissem a sua necessidade. Mas, como os pobres além da opressão material sofria na carne também a opressão espiritual, a verdade é que antes do Concílio Vaticano II Deus obrara também outro pentecostes, e este portando a libertação espiritual dos pobres e de todos que dela precisasse. Estamos falando do ocorrido nos Estados Unidos no ano de 1906, e que engendrou o moderno movimento pentecostal. 

Como o que engendrou o moderno movimento pentecostal e o que engendrou a Teologia da Libertação são como carne e unha, tese e antítese, as mentes clarividentes devem ficar atentas, porque a qualquer momento Deus consuma sua obra pentecostal, enviando um terceiro e grandíssimo pentecostes na terra, sintético, em que a libertação espiritual e a libertação material se manifestarão num só feixe de ação, pondo fim às concupiscências da carne e às concupiscências do dinheiro. A santidade será plena, não somente no plano material, como tem alcançado os marxistas e a Teologia da Libertação, mas também no plano espiritual, como tem alcançado os evangélicos e a Renovação Carismática.

Ora, como o Concílio Vaticano II claramente foi um elo de transição, o que explica o seu fruto legítimo, a Teologia da Libertação, ser portadora muito mais da religiosidade judaica que da cristã, muito mais do instrumental de análise social do Marxismo do que do cristão, o que importa saber é para onde tendia essa tendência. Simplesmente que a revolução entrara em processo de metamorfose, do judeu Marx ela iria se levantar no judeu Paulo! No judeu Paulo ela daria um giro de 180 graus, pois que Paulo é a outra face de Marx, a igualdade espiritual é o outro lado da igualdade material, mas no Filho do homem ela daria um giro de 360 graus, pois que Filho de Deus e Filho do homem são os dois querubins que Deus mandou Moisés assentar em cima da tampa da Arca do Pacto. Novo Adão e Novo Davi (1), sendo missão do Novo Davi, guiar a todos para o Novo Adão, para que o rosto do Novo Adão, progressivamente, vai se manifestando e formando todos os rostos. É o Paraíso redivivo, a Nova Jerusalém que do céu desceu à terra, como noiva adornada para o seu marido. Eis que a tenda de Deus está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão os seus povos. E o próprio Deus estará com eles. E enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram. Ap.21.

Mudanças profundas então iriam ocorrer. O socialismo iria ser construído não mais no modo tradicional, destruição pura e simples do capitalismo levado a cabo por uma vanguarda que se assenhoreou do poder do Estado, mas através da transformação espiritual dos indivíduos que compõem a sociedade.  Cada indivíduo iria se acordar para o amor ao próximo, o desejo ardente da cooperação iria tomar conta de muitos corações, e, por conseguinte, iria haver uma indisposição popular muito forte contra o capitalismo, cada vez mais sendo objeto de desprezo, se livrando dele por mudar progressivamente as leis que lhe dão sustentação.

Essa transformação de Marx em Paulo iria trazer como resultado prático que a revolução iria despontar justamente no movimento pentecostal. O socialismo, que todos tinham dado como morto, de repente ressurge entre as grandes massas pentecostais, e destas penetram na Renovação Carismática contagiando todo o povo católico.

Estamos diante de uma completa negação da Teologia da Libertação e do próprio Leonardo Boff? Certamente que sim, pois jamais conheceram o fenômeno pentecostal e o fenômeno Renovação Carismática. Hoje menos, mas ontem, mais. Quer dizer, tiveram deles apenas uma visão positivista, superficial, àquilo que se manifestava aos olhos.

Isto é, que o movimento pentecostal fora criado e financiado por entidades americanas perversas para combater o Marxismo e impedir que as massas, em especial no continente americano, fossem por ele ganhas. E que estas mesmas entidades perversas americanas criaram e financiaram a Renovação Carismática para que ela impedisse das massas católicas serem ganhas pela Teologia da Libertação.

Como a visão positivista tem lá as suas verdades não resta dúvida que tanto o movimento pentecostal como os carismáticos foi realmente freio tanto ao marxismo na América Latina como à Teologia da Libertação no catolicismo. Surgiram como fortíssimos competidores.

Mas quando a visão metafísica chega vem como um trator passando por cima do positivismo. Primeiro, o que as forças perversas americanas fizeram foi oportunismo. Viram que quem não é contra nós pode ser por nós. Ou seja, que quanto mais crescessem os pentecostais e os carismáticos mais e mais perdiam forças a Teologia da Libertação e o Marxismo. Segundo, na verdade estavam implícitos, ocultos mesmo, tanto o Pentecostalismo na Revolução como a Renovação Carismática no Concílio Vaticano II. Estavam implícitos, ocultos mesmos, porque tanto a Revolução como o Concílio Vaticano II foram Deus, e em Deus o par Pentecostalismo-Marxismo e o par, Renovação Carismática-Teologia da Libertação eram gêmeos no seu ventre. Literalmente protótipos dos irmãos gêmeos Jacó e Esaú.

Ora, não nos conta a boa história que primeiro nasceu Esaú e depois, Jacó? Que no embate Jacó acabou se apossando da primogenitura e da benção, mas o final entre eles, após período de ódio mútuo, foi mesmo a reconciliação, com Esaú correndo ao encontro de Jacó e lançando-se sobre seu pescoço e o beijando, com os dois irrompendo em pranto. Não é isto que nos conta a boa história? Que então Jacó olhou na face de Esaú e a viu como a face de Deus, e que Esaú recebeu a Jacó com prazer?

Se Esaú reuniu quatrocentos homens disposto a aniquilar Jacó, o que de extraordinário aconteceu que fez com que ele mudasse e o ódio pelo irmão cedesse lugar para o amor? Unicamente a intervenção de Deus!

E Deus pode intervir hoje, com os marxistas, indo ao encontro dos pentecostais e a Teologia da Libertação indo ao encontro da Renovação Carismática. E se lançar ao seu pescoço e o beijar; e os dois se romperem em pranto.

Isto virá a ser uma realidade? Certamente que sim, posto que Deus concebeu o movimento pentecostal, não para estar a serviço do imperialismo,  visão positivista, mas para cobrir os campos da América Latina da transformação espiritual. E quando estas flores estivessem brotando por todo o continente latino-americano, tendo esgotado a sua primavera, então iria chegar o seu verão e o seu outono. Em cada uma destas flores iria se manifestar o fruto material, o socialismo, a princípio verde, mas na medida em que o verão fosse cedendo lugar ao outono, então frutos maduros.

O que é isso? Novo socialismo! Se o primeiro socialismo, por necessidade histórica, deitou vinho novo em odres velhos (o que fez Lênin lançar a NEP foi que sentiu na carne que tinha diante de si apenas odres velhos – já assinalado por Plekhanov), a verdade é que este novo socialismo irá ser construído a partir de corações transformados.  O “sémem” da materialidade socialista iria ser lançado sobre o “óvulo” amadurecido da religiosidade cristã. Destarte, a força de sua sustentação iria ser o Evangelho e não mais a Ditadura do Proletariado. O Evangelho, se engalfinhando com estas pedras egoístas e que só pensa em ter riqueza e poder, iria suscitar a elas filhos a Jesus Cristo. Verdadeiramente um novo socialismo, que terá a perenidade de Daniel 2.44, não caindo jamais, e não passando jamais a outro domínio, como aconteceu com o Primeiro Socialismo.

Leonardo Boff compreenderá este novo tempo? Este novo chamado? Se Leonardo Boff foi obediente ao Pai quando colocou diante de si as responsabilidades políticas e fez o Papado saber que não era tão infalível assim, e foi obediente ao Pai quando colocou diante de si as responsabilidades ecológicas forçando os homens a pensarem em um novo modelo de desenvolvimento que fosse submetido aos limites da Terra, sim, Leonardo Boff será mais uma vez obediente ao Pai quando Ele, por intermédio de seu mensageiro, Adamir Gerson, quer colocar diante de si novas responsabilidades, agora ser ponte de ligação entre os evangélicos e os marxistas, entre as Cebs e a Renovação Carismática?

E quando chegar-se a eles ter debaixo do braço essa resposta de Esaú a Jacó: Eu tenho muitíssimo, meu irmão. Continue teu o que é teu (Gênesis 33.9).

O que é isso? Até aqui cada qual quis destruir o outro achando que a completeza habitava unicamente em si. Doravante compreenderão que são partes de um processo maior. Que se um é portador da boa materialidade, o outro é portador da boa espiritualidade. Que boa materialidade e boa espiritualidade se convergem. O que diverge é boa materialidade (socialismo) e má materialidade (capitalismo-hedonismo); boa espiritualidade (cristianismo) e má espiritualidade (paganismo-hedonismo).

É verdade, Leonardo Boff procurará fazer todos entenderem que não se destrói a feminilidade da religião cristã e não se destrói a masculinidade do socialismo, mas as duas instâncias de vida foram feitas e preservadas pelo Criador para a realização do casamento de seu Filho Jesus, para a realização do casamento dos casamentos, simplesmente o Casamento do Cordeiro.

É tempo, pois, de novo tempo. O fruto verde do Reino, o Marxismo, na luta revolucionária que expôs todas as suas vicissitudes e contradições, amadureceu, saindo do seu estado verde para o seu estado de vez, a Escola de Frankfurt. E tem chegado o tempo de se manifestar completamente maduro, apto para o consumo de toda a sociedade. O tempo em que o judeu Marx se converte totalmente no judeu Jesus. Novamente o milagre da ressurreição.

Tem chegado, pois, o tempo da colheita: Acudi e vinde, todas as nações ao redor, e reuni-vos, Àquele lugar faze baixar os teus poderosos, ó Javé. Despertem as nações e subam à baixada de Jeosafá, pois ali me assentarei para julgar todas as nações ao redor. Metei a foicinha, porque a colheita ficou madura. Vinde, descei, porque o lagar de vinho ficou cheio. Os tanques de lagar estão realmente transbordando; porque se tornou abundante a sua maldade. Massas de gente, massas de gente estão na baixada da decisão, porque está próximo o dia de Javé na baixada da decisão (...) E eu vi, e eis uma nuvem branca, e sobre a nuvem sentado alguém semelhante a um filho de homem, com uma coroa de ouro na cabeça e uma foice afiada na mão. E do santuário do templo emergiu outro anjo, gritando com voz alta para o sentado na nuvem: Mete a tua foice e ceifa, pois chegou a hora para ceifar, porque a colheita da terra está inteiramente madura. E o sentado na nuvem meteu a sua foice na terra e a terra foi ceifada. Joel 3.11-14; Apocalipse 14.14-16. Ora vem Senhor Jesus e realiza a sua obra, fazendo com todos – novas criaturas – e todos passando a viver debaixo da novidade de vida das boas novas de eternas. Cumpre, ó Senhor, o vaticínio que pusestes na boca do profeta Miquéias, que viu na introdução do reino de Deus sobre a terra, todos sentados debaixo de sua videira e debaixo da sua figueira; e não havendo quem os fizessem tremer, 4.4.


Bento XVI e os Marxistas

Se Bento XVI em campo antagônico ao marxismo tem de passar por duas ressurreições para ter a oportunidade de ver Deus face a face, ter o direito à vida eterna, ora, é certo, muito certo, que os marxistas também terão de passar por duas ressurreições, até se levantarem em um novíssimo patamar de existência. E quando se levantarem neste novíssimo patamar de existência, hão de olhar para a sua luz e para as coisas reais e verdadeiras que se movem perante seus olhos, a sua paz e a sua justiça que não tem fim, e exclamarão: este lugar de Perfeição não é aquele que nossos pais disseram o socialismo era preparação e caminho para ele, chamado por eles de Comunismo e que vemos muitos ao nosso redor o chamando de Reino de Deus?

É verdade, os marxistas terão mesmo que passar por estas duas ressurreições; a primeira pelo cristianismo, e a segunda, pelas boas novas do socialismo celestial.

E qual o profundo significado dos marxistas passarem por este primeira ressurreição?

Literalmente que o fuzil em suas mãos estará se transfigurando em Escola e o livro O Capital, em A Palavra de Deus. Que o ódio revolucionário se converteu em amor revolucionário, e no lugar de se buscar a construção do socialismo na destruição dos ricos e dos opressores procurarão a sua construção na sua conversão e transformação. E estarão convictos desta conversão e transformação porque eles também passaram por ela, tiveram a sua experiência; e agora, sábios nas boas novas do socialismo celestial, sabem que o que acontece a um dos pólos da contradição também acontece ao outro. “Se o impossível aconteceu com nós porque também não com os nossos inimigos ontológico-históricos”, dirão os novos sábios.

Ora, por que procurar ensinar às massas o caminho e a vivência no socialismo tendo nas mãos o livro O Capital se tal pode ser feito tendo nas mãos a Palavra de Deus? Que contém uma linguagem imediatamente assimilada pelos humildes?

Senão vejamos: Vinde agora, vós ricos, chorai, uivando por causa das misérias que vos hão de sobrevir. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas exteriores ficaram roídas pelas traças. Vosso ouro e vossa prata estão corroídos, e a sua ferrugem será por testemunho contra vós e consumirá as vossas carnes. Algo como fogo é o que armazenastes nos últimos dias. Eis que os salários devidos aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, mas que são retidos por vós, estão clamando, e os clamores por ajuda, da parte dos ceifeiros, chegaram aos ouvidos de Javé dos exércitos. Vivestes em luxo na terra e vos entregastes ao prazer sensual. Engordastes os vossos corações no dia da matança. Condenastes. Assassinastes o justo. Não se opõe ele a vós? (Tiago 5).

Ora, porque se dirigir aos humildes com o livro O Capital se o texto de Tiago 5 contém informações técnicas sobre o conceito de mais-valia que não deixa margem à dúvida? Com a diferença de que dá ao humilde segurança, pois então compreende que o socialismo e a revolução estão na Palavra de Deus e são cumprimentos das palavras que saíram da boca de seus profetas? Que ele está se ligando a Deus e não a homens, que um dia está pelos pés e outro pela cabeça (maldito o homem que confia em outro homem)?

Vaticinou Isaías: Aí dos que juntam casa a casa, e dos que anexam campo a campo, até não ter mais espaço e se ter feito que vós moreis sozinhos no meio da terra (5.8). Ora, porque explicar os mecanismos da concentração de renda por conceitos de difícil acesso se este vaticínio de Isaías explica tudo, e de forma clara e simples?

A Conversão Marxista

Ora, foi dito que Isaías e Jesus tiveram a visão futura de um povo paradoxal, que iria estar nas mãos de Deus e fazendo a sua vontade sem, no entanto, ter essa consciência, e que tanto Isaías como Jesus deram prosseguimento ao seu vaticínio sobre este povo por apresentar as glórias de um segundo momento, o da sua conversão para Deus.

É verdade, no início da década de 60 presenciamos atos que podemos dizer foi o namoro do cristianismo com o marxismo. Aquele momento em que desabrocha no coração do jovem e da jovem a paixão pelo outro, parece que foi isto que presenciamos. Aquele pipocar de teologias políticas por toda a Europa, todas elas de certa forma procurando convergir cristianismo e marxismo, até a sua culminância no Encontro de Salzburgo, preparado para selar a união de cristãos e marxistas na sua luta para a construção de um novo mundo, ora, podemos dizer que aquele momento ímpar na História já foi o próprio Deus no seu devir-redencionista dando os primeiros passos no cumprimento de Sua Santa e Bendita Palavra.

É verdade, a nova manifestação teológica e política que se deu naquele momento de início da década de 60, nas pegadas do Concílio Vaticano II o pipocar de teologias políticas, da Revolução, do Êxodo, da Impugnação, o Encontro de Salsburgo, o livro de Roger Garaudy UM MARXISTA SE DIRIGE AO CONCILIO, tendo prosseguido por toda a América Latina, aqui no Brasil na união de jovens cristãos com jovens marxistas na sua luta contra a ditadura militar, jovens católicos e evangélicos que se uniam a jovens marxistas não só dispostas a lutarem contra os golpistas como até mesmo doarem as suas vidas em prol do nascimento de um Brasil justo, livre de qualquer opressão, de qualquer arbitrariedade, ora, tal momento não pode passar por nós de forma despercebida. Mas deve ser repensada a sua importância, o que representava aquele momento ímpar.

E não resta a menor dúvida que tal não foi outro senão que naquele momento, Cristianismo e Marxismo no espírito de Deus, sim, Paulo e Marx no espírito de Deus, começaram a se olhar mutuamente, como aquele momento aguardado, em que um dia na curva da História Adão e Eva, apartados pelo pecado original e lançados na alienação, cada qual perdendo o contato com o outro, um dia o devir histórico iria cuidar em realizar o seu reencontro. E o que aconteceu na década de 60, o broto, sim, o brotar em cristãos e marxistas do interesse de um pelo outro, ora, tal pode perfeitamente ter sido este momento esperado, em que na curva da história, bem longe um do outro, Adão e Eva se avistaram e começou entre eles o esforço de mútuo reconhecimento. A se esforçar para se reconhecer.

Mas, é fato que não obstante os inúmeros colóquios entre cristãos e marxistas ao longo da segunda metade do século XX, é fato que os marxistas não se converteram para Deus. Esse tempo passou e ainda hoje encontramos os marxistas de posse da mesma visão sobre Deus, Religião e Bíblia anteriores ao Concílio e àquele tempo específico. É certo que os inúmeros colóquios, e a grandeza do Concílio Vaticano II e do Conselho Mundial das Igrejas, tiveram o poder de fazer os marxistas baixarem as críticas e até mesmo, no exemplo destes cristãos, como o de Camilo Torres, de Rubem Alves, de Jaime Wright, do Cardeal Arns, expressar certa simpatia pelo Cristianismo. Mas quanto à conversão nada teve o poder de acordar os marxistas para Deus, nem o Concílio Vaticano II, nem o Encontro de Salzburgo, nem a Teologia da Libertação e nem o Protestantismo. O poder de despertar a simpatia neles sim, não, porém, o poder da conversão.

E a razão é que a conversão dos marxistas não seria perda de identidade, mas, sim, ter a sua identidade acrescentada. A sua conversão seria literalmente o despertar sexual, encontrar o seu lado oculto, que lhe falta e que lhe daria complemento. E, como é claro na Palavra de Deus a conversão do povo marxista (e tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; a elas também convém agregar), eis que tem chegado este novo momento na vida de marxistas, mas, também, de cristãos.

É verdade, a conversão dos marxistas não iria dar-se a partir de nada que surgiu a partir do Concílio Vaticano II e nem a partir de nada que surgiu a partir da Reforma Protestante, mas a partir de um movimento religioso, que por ter se manifestado à parte do Oficial e por ter se manifestado no meio dos pobres, ainda hoje continua tabu entre o cristianismo oficial e é pouco valorizado ou desconhecido mesmo pelo universo acadêmico-intelectual.

Adamir Gerson está falando do movimento pentecostal, que nasceu no ano de 1906 na cidade norte-americano de Los Angeles, em um casarão que metodistas construíram para ser igreja e que se achava abandonado, e tudo se dando na mediação de um pastor negro iletrado filho de ex-escravos por nome William Joseph Seymour; que não por acaso nasceu no mesmo ano de Lênin, 1870, e viveu praticamente o mesmo tempo de vida de Lênin, 52 anos e alguma coisa os dois. Aquele lampejo da paixão pelo sexo oposto, que brota no coração do jovem pela jovem que viu e que tocou seu coração, estará se manifestando no coração marxista quando ele olhar retrospectiva para aquele ano de 1906, para tudo o que se desenrolava naquele casarão situado numa rua que é conhecida por todo pentecostal pelo nome de Azusa. Especialmente para aquele momento em que, em um país dominado pela segregação racial e social, então brancos e negros, ricos e pobres, asiáticos e mexicanos, lavadeiras negras e patroas brancas, se abraçavam e se reconheciam iguais perante Deus. Deveras, era que neste momento estava se dando o derramar de Deus do Socialismo Espiritual, então ele dando sequência a uma obra que começara a bem pouco, três anos antes, quando então na cidade de Londres, distante dali, do outro lado do Atlântico, derramara o Socialismo Material. Socialismo Material que ele derramara em Londres e Socialismo Espiritual que ele derramara em Los Angeles, mas que um dia, na consumação dos tempos, então ele iria trazer um ao outro, com socialismo espiritual e socialismo material se reconhecendo osso do mesmo osso e carne da mesma carne, um só espírito. E seria neste momento, e somente neste momento, que o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, não as necessidades ditadas por esta ou aquela ideologia, mas por Deus no nascimento de cada um, estaria então começando a ser construído, pois que, então, fora lançada a sua verdadeira fundações. (O Reino da Liberdade Concreta não nasce tendo como fundação o material, que reserva ao espiritual a categoria de superestrutura, como é ensinado no mundo acadêmico-intelectual, mas nasce no exato momento em que o material e o espiritual são colocados em equilíbrio como fundamentos. Pois que o Reino da Liberdade Concreta é o nascimento da vida, e a vida só pode nascer da junção de dois fundamentos, gameta feminino e gameta masculino).

Prosseguindo. Ora, Adamir Gerson falou qualquer coisa em que acabou ligando os acontecimentos que deram origem ao moderno movimento de esquerda mundial e ao moderno movimento pentecostal. E é certo que não só marxistas como também pentecostais ficaram sem entender, pois nunca ouviram dizer tal, e desconheciam por completo, que pudesse haver relação entre eles, como partes de um mesmo e único processo. (Não nos esquecendo do relato do Gênesis que foi no momento em que Deus trouxe a mulher ao homem e este foi tocado por ela que lhe foi manifesto a consciência da distinção sexual, reconhecendo nela o seu complemento e a parte que lhe faltava).

É verdade, o movimento revolucionário marxista, que nasceu no ano de 1903 em Londres, quando o movimento bolchevique, que se gestara no ventre moderado menchevique, fizera então seu nascimento, na histórica votação que deu maioria a Lênin, e o movimento pentecostal, que nasceu três anos depois, em Los Angeles, depois de ser gestado no ventre moderado metodista, ora, apesar de que nenhum homem em cima da terra veio saber, eram sim partes de um mesmo e único processo, o da redenção da humanidade, mas que primeiro iria passar pelo processo da libertação dos pobres. E aí se revela a importância de Leonardo Boff e a não importância do Clodovis Boff de 2007.

Mas, como em Deus a libertação se desloca dos pobres para a humanidade (Em Hegel o Absoluto redime primeiro a si próprio para depois redimir a inteira humanidade, com Marx concordando, apenas que no lugar do termo Absoluto colocando o termo Proletariado (Mas em Adamir Gerson surge reconciliação entre o Absoluto de Hegel e o Absoluto de Marx, assim como estão em Mateus 25.40), ora, a verdade é que quando a libertação de Deus estivesse passando dos pobres para a humanidade, neste momento Deus iria fazer um retorno tanto a John Wesley como a Plekhanov. Mas este John Wesley e este Plekhanov seriam novos, novíssimos, conduzidos pelas mãos dos pobres que saíram dos lombos de Seymour, naquele ano de 1906, e de Lênin, naquele ano de 1903. Pois quê, quando Deus liberta os pobres é para forjá-los instrumentos de libertação da inteira humanidade (e neste momento se revela a não importância do Leonardo Boff de 2011, salvo o seu amor e a sua luta na defesa do Planeta ameaçado, embora saibamos que a luta conseqüente na sua defesa tenha de se dar muito mais no campo político e não fora dele, pois a luta ecológica não edifica a Política, mas a luta política edifica a Ecologia) (Talvez tenha sido esta passagem que frei Clodovis Boff tenha captado intuitivamente, e, todavia, não soube expressar, se perdendo no significado da palavra (do chamado) e na trama dialética do processo (mas com certeza agora irá se encontrar, pois, deveras, tem chegado o tempo em que, segundo o profeta Isaías, TODOS SERIAM PESSOAS ENSINADAS POR JAVÉ).

Ora, o movimento pentecostal para nascer teve de percorrer certo calvário, no seu parto final. William Joseph Seymour, depois que ganhou autonomia frente a Charles Fox Parham, como o Escolhido de Deus, ao estar começando a caminhada das boas novas entre a irmandade de uma igreja Holiness (da Santidade) que havia em Los Angeles, por não concordarem com o seu Ensino, expulsaram-no. No entanto foi, pois, acolhido por uma família desta igreja em sua casa, os Asbery. E logo a casa de Richard Asbery se tornara pequena demais. Pois não tardou e o carisma de Seymour estava atraindo centenas, que se reuniam todas as noites naquela casa, com a imensa maioria tendo de ficar do lado de fora, interrompendo a rua. A tal ponto que conta um historiador que acorria tanta gente para a casa de Richard Asbey que certa noite foi tanto barulho e tanto gritar nos dons de línguas que a casa quase desabou. Foi então que descobriram um antigo casarão que fora construído como uma igreja metodista africana, e que, no entanto, ela fora embora com o lugar sendo ocupado por atividades comerciais. Foi neste casarão que um dia foi igreja metodista, e que se achava abandonado, era mesmo um gueto, que finalmente se deu o parto do Movimento Pentecostal, hoje cerca de quatrocentos milhões ao redor do mundo, quarenta milhões no Brasil.

Mas, não podemos dizer que este parto final do Pentecostalismo foi de certa forma uma repetição do parto final do Bolchevismo, que se dera três anos antes? De fato, partidários de Lênin e de Plekhanov escolheram Bruxelas para realizarem o Segundo Encontro do Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), em julho de 1903, ocasião em que, através da maioria, iriam decidir os rumos da revolução na Rússia. Mas, em Bruxelas, as discussões entre os partidários de Lênin e de Plekhanov tornaram-se tão acaloradas que a vizinhança, não suportando mais tanto barulho no casarão, que fora enfeitado de bandeirinhas vermelhas, decidiu chamar a polícia. Expulsos, embarcaram rumo a Londres. E contam os historiadores que as discussões entre eles prosseguiram com tal intensidade na viagem que quem olhava de longe tinha a impressão de que o navio parecia estar sendo sacudido por fortes ondas. E finalmente em Londres, no lugar onde Marx meio séculos antes tinha lançado o Manifesto Comunista, então o movimento bolchevique fez o seu nascimento, se constituindo a parte, como um movimento próprio, com identidade própria, assim como três anos depois tal foi acontecer com o movimento pentecostal ao se desligar do protestantismo, onde fora gestado, se constituindo a parte, com identidade própria.

Quão diferente é o petismo do socialismo celestial! Jovens foram vistos nos corredores da Unesp de Presidente Prudente com uma cartilha debaixo do braço sobre Plekhanov lançada por intelectuais do PT. A julgar pelo Professor Adão Peixoto, que no começo da década de 90 foi professor de filosofia nesta instituição de ensino e à época dirigente do PT, que, analisando o que estava acabando de acontecer com os governos socialistas do Leste europeu, disse que o único responsável pela sua queda foi o próprio Lênin, que no seu entender queimou e abortou etapas preciosas que dariam amadurecimento e independência política aos trabalhadores, de modo que se entende claro que para ele a revolução teria de continuar nas mãos de Plekhanov, dos mencheviques, ora, o socialismo celestial diz coisa diferente. Que o desenvolvimento apontado por Plekhanov não era nunca preparação para o socialismo, mas o seu afastamento (que diga a baixa politização em lugares onde o capitalismo e as forças produtivas se desenvolveram. Cada qual acha que as condições ajudam a lutar pelos seus interesses imediatos, e não o pensar no coletivo). Isto é, a partir do momento em que se entende o socialismo como alma no corpo do Marxismo. Quanto mais a sociedade se desenvolve, mas ela tende a se afastar do Marxismo, pois o Marxismo é um sistema científico, todavia recheado de ideologia (ciência é aceita por muitos, ideologia, por uns). Somente no advento do socialismo celestial é que tal equação seria resolvida, a este separar nele ciência e ideologia, deixando a sua ideologia com a ortodoxia, todavia presenteando as massas sedentas de justiça e paz com a sua ciência.

Então a leitura do socialismo celestial é que o socialismo começou a nascer no exato momento em que Lênin rompeu com Plekhanov; pois que as condições objetivas de então favoreciam o seu nascimento. Eram propícias a ele (sem contar que os vaticínios bíblicos sobre a revolução apontavam a sua ocorrência para exatamente quando se manifestassem estas condições objetivas peculiares). Se alguns anos depois ele veio a cair, as razões são inteiramente outras. Caiu, não porque abortou etapas, mas porque esgotou etapas (amadureceu espíritos no fogo da revolução e das suas transformações sociais), necessário a que o socialismo fosse construído na acepção de Plekhanov (na sua forma, mas com outro conteúdo). Mas este Plekhanov que retorna não é o pobre e a priori que anda nas mãos de intelectuais do PT (querendo blindar e justificar filosoficamente o rumo que tomou), que praguejam Lênin e amaldiçoam Stálin, mas é outro, a posteriori, que se alienou de si para enriquecer em Lênin, e voltar, inteiramente outro, a tal ponto que diz: eu estava errado e Lênin, certo. Lênin modificou-me inteiramente. Fez-me conhecer melhor a psicologia humana...

O rompimento de Lênin frente a Plekhanov é da mesma essência do rompimento de Marx frente a Proudhon e de Stálin frente a Trotsky. E a sua consumação se dará agora, no rompimento revolucionário do operário do ABC paulista Adamir Gerson frente ao operário do ABC paulista Lula Inácio. Mas agora, porque o absoluto hegeliano entrou em existência sintético-adulta (deixou para trás a sua existência adolescente-antitética), imprimindo espírito adulto e de reconciliação aos vetores que fazem o devir histórico, e surge o “espelho histórico”, que trás a oportunidade ímpar de personagens presentes conhecerem a si mesmos em fatos e personagens do passado, a título de exemplo os intelectuais do PT olham no espelho histórico interpolado entre eles e se reconhecem os mesmos mencheviques que vieram a estar no poder; olham na aliança política construída por Lula e reconhecem nela a mesma aliança política construída por Kerensky, sim, olham em Adamir Gerson e se lembra da chegada de Lênin na estação Finlândia...

Então nada do que alcançou Proudhon, Plekhnanov e Trotsky alcançará Lula. Lula não terá diante de si aquele Moisés que desceu do monte e indignado triturou o bezerro de ouro e passou ao fio da espada três mil que pulavam e dançavam diante dele e diziam: ó Israel, este é o Deus que te fez sair do Egito!, mas Lula terá diante de si aquele que no caminho de Damasco reluziu a sua luz sobre Saulo de Tarso e o derrubou do cavalo, fazendo dele um novo homem, que deixou de estar a serviço de forças mortas para estar a serviço da vida).

Prosseguindo. Bem, na verdade o movimento pentecostal e o movimento comunista tiveram um nascimento idêntico, ao menos quanto à forma, em virtude de profecia concebida no Velho Testamento, por Isaías, e reforçada no Novo Testamento, pelo apóstolo Tiago.

De fato, o profeta Isaías, tomando os acontecimentos do Êxodo, então o projetou para o futuro. Um novo êxodo iria acontecer, com um novo Moisés. (O Relato analógico de Mateus sobre a volta de Moisés de Midiã para o Egito e a volta de Jesus do Egito para Israel não se encaixam neste vaticínio isaítico. De fato, para Mateus a volta de Jesus não repete pura e simples a volta de Moisés, não é um acontecimento que caminha paralelo, mas sim um acontecimento que o transcende. A volta de Moisés foi para conduzir um povo para Canaã, do corruptível para o corruptível, mas a de Jesus seria uma nova caminhada, do corruptível para o incorruptível, de Canaã para uma nova Canaã, a Celestial. Quando compreendemos a caminhada do proletariado rumo ao socialismo é que compreendemos este vaticínio do profeta Isaías).

Prosseguindo. Vejamos, pois, o que nos legou Isaías: Naquele dia virá a haver um altar a Javé na terra do Egito, e uma coluna a Javé ao lado do seu termo. E terá de mostrar ser como sinal e como testemunha para Javé dos exércitos na terra do Egito; pois clamarão a Javé por causa dos opressores, e ele lhes enviará um salvador, sim, alguém grandioso, que realmente os livrará, 19.19-20.

O grande vaticínio de Tiago, que teólogos da Teologia da Libertação e marxistas com conhecimento da Palavra de Deus tomam como tendo sido uma profecia da revolução proletária, que naquele ano de 1917 destronou os poderosos do poder e fez recair misérias sobre os ricos, com eles sendo despedidos de mãos vazias e as suas riquezas indo saciar os humildes, ora, com certeza, absoluta certeza, Tiago concebeu seu vaticínio a partir do vaticínio de Isaías 19.19-20, assim como os vaticínios de Jesus constante em Mateus 21.43 foram a partir de Isaías 65. Uma análise hermenêutico-exegética, assim o dirá. A diferença que se observa é que Tiago enriquece (explícita o que está implícito em Isaías) de sociologia e de política o texto de Isaías. Tiago fornece as causas porque os pobres clamariam a Deus: os opressores não estavam lhes pagando segundo o que tinham direito. Daí estarem em sofrimento, ao passo que aqueles que se apoderavam do produto de seu trabalho estavam vivendo em luxo e entregues ao prazer sensual, como diz Tiago.

Ora, como as profecias se cumprem ao tempo devido, a verdade é que naquele início primeiro do século XX, Deus, vendo o sofrimento dos pobres na terra inteira, que já fora registrado por Marx no ano de 1844, no livro Manuscritos Econômico-Filosóficos, a verdade é que o mesmo Deus que ouviu o clamor do seu povo no Egito e lhes enviou Moisés portando a sua libertação, vai novamente intervir. E como o sofrimento dos pobres se dava em duas mãos, a opressão material, mas também a opressão espiritual; clamavam a Deus contra o peso do Egito sobre seus corpos, mas também contra o peso de Sodoma sobre suas almas, a libertação de Deus para eles iria ser total, absoluta. Deus iria mesmo fazê-los se sentar debaixo de sua videira, mas também debaixo de sua figueira, não havendo mais nada que os fizesse tremer, como foram as palavras que colocou na boca do profeta Miquéias (4.4).

E como o mover de Deus se dá na tríade hegeliana, tese, antítese e síntese, criando a antítese apartada e aparentemente sem qualquer ligação com a tese, todavia os reunificando na síntese, eis a razão porque naquele início do século XX nasceram os dois maiores movimentos sociais do presente século, o comunista e o pentecostal. Mais tarde, na plenitude dos tempos escatológicos, então Deus iria realizar o seu momento de síntese, ocasião em que o povo marxista e o povo pentecostal iriam se reconhecer osso do mesmo osso e carne da mesma carne, um só espírito. Iriam descobrir que as suas ações, distantes uma da outra e com motivos distintos, aos olhos positivistas (da letra) sem qualquer relação, na verdade elas estavam libertando os pobres de todo o seu sofrimento, quer o sofrimento material quer o sofrimento espiritual. E neste momento, quando todas estas coisas estivessem acontecendo, nascendo o verdadeiro socialismo, que se levanta a partir do alicerce da religião e não contra ela, que preparou os corações, transformou odres cheios do egoísmo, e da intriga, e da inveja, e da ira, e da cobiça, em odres novos, para que o vinho novo do socialismo tivesse, então, realmente onde se abrigar, então as massas, nas ruas de Belém do Pará, nas ruas de Londrina, nas ruas de Presidente Prudente, nas ruas de Araçatuba, nas ruas de Bom Despacho, não cessarão de cantar, com o rei Roberto Carlos: Essa luz é Jesus! Essa luz só pode ser Jesus! (E lá no Oriente Médio, analistas atentos, com os o lhos do Espírito, se perguntarão: toda essa revolta que varreu os países árabes não eram na verdade que a força transcendente estava preparando os nossos corações para a chegada de Isaque? O tempo de Ismael já não se esgotou em nós, com nós tendo de preparar as nossas casas para um novo existir e um novo caminhar? As notícias que estamos ouvindo do Brasil, não dizem respeito a nós também? Porque elas estão dizendo que toda a revolta que varreu os países socialistas no final da década de 80 é que na verdade se esgotou neles a sua existência de Esaú; e que após a partida de Esaú, na reconciliação com a sua outra metade, o cristianismo, eles iriam viver o nome tempo de Isaque? Isto também não diz respeito a nós? Essa revolta que varre os países árabes não se assemelha à revolta que varreu os governos socialistas?).

Jacó e Esaú

O fato do movimento comunista e o movimento pentecostal terem nascidos em tempo igual e os seus dois criadores terem nascidos no mesmo ano e vivido o mesmo tempo de vida (Lênin viveu quatro meses mais que William Joseph Seymour), sim, o fato de tanto o movimento comunista como o movimento pentecostal terem se lançado na libertação dos pobres, apenas que com intenção e motivo diferente, um de posse da sociologia espiritual e outro de posse da sociologia material, com a sociologia espiritual preparando ação e se engalfinhando contra os pecados da carne e a sociologia material preparando ação e se engalfinhando contra os pecados do dinheiro, ora, podemos dizer que na verdade o que ocorreu naquele início do século XX foi que se deu o parto de Rebeca Espiritual? O que aconteceu de fato foi que veio haver gêmeos no seu ventre, com o movimento comunista representando Esaú, ao passo que o movimento pentecostal, Jacó?

É verdade, o socialismo iria realmente se manifestar em dois momentos distintos, um que traria o imperfeito e outro que traria o Perfeito. O imperfeito nasceria primeiro, mas depois daria lugar ao Perfeito. E o que iria os distinguir, basicamente, é que o imperfeito seria imperfeito porque nasceria desligado da Religião, entendendo o Homem como sendo produto de si mesmo e responsável e dono de seu próprio destino, ao passo que o Perfeito iria nascer ligado a Religião e entendendo o Homem corpo da Transcendência e co-responsável e co-participante da luta de libertação. Um novo socialismo, novíssimo, que os marxistas, para não ganhar a pecha de Saulo de Tarso, iriam ter de lançar mão do Espelho Histórico para compreendê-lo e compreender a si mesmo, se situando no tempo e no espaço.

Então Adamir Gerson acabou de dizer que Jacó representou o Perfeito e Esaú, o imperfeito? Que o movimento pentecostal representa o Perfeito, ao passo que o movimento marxista, o imperfeito? Que isto nunca aconteça!

O que foi dito é que o verdadeiro socialismo, o Perfeito, começará a ser construído a partir do movimento pentecostal, da espiritualidade que forma o seu tecido, e que não há como negar: é a mesma que Jesus tirou de si no caminho de Damasco e a plasmou no espírito de Saulo de Tarso. O que significa dizer que os pentecostais, então, não se acham mais no patamar e existência do Jacó amado por Rebeca, mas do Jacó amado por Deus. Aquele novo Jacó, que reconheceu em Esaú o seu irmão e viu a sua face como tendo visto a face de Deus, os dois sendo portadores de riqueza.

Portanto um novo Pentecostalismo, que reconhece no Marxismo o seu irmão Esaú, e sabe que para retornar na sua terra natal chamada Jesus tem de ir ao seu encontro, e reconhecer nele a sua essência divina, e com a sua essência divina, a igualdade social, se pôr então a construir o Reino de Deus. Não reconstruir o socialismo, mas a partir do socialismo, da sua essência verdadeira, então construir o reino de Deus.

E vale a recíproca, pois quando os marxistas olharem para o movimento religioso que nasceu no casarão metodista naquele ano de 1906 é então que conhecerão e reconhecerão os seus limites. E será neste momento que estarão entrando em processo de ressurreição, para se levantar em corpo novo, novíssimo, o corpo do judeu Marx que pela morte do socialismo se levantou em corpo de Jesus Cristo, e agora o socialismo principiando a atrair todos a si.

Assembléia de Deus

Neste ano de 2011 a igreja evangélica Assembléia de Deus está comemorando o centenário do seu nascimento no Brasil, que se deu naquele ano de 1911 na cidade de Belém do Pará, quando dois missionários nórdicos, Gunnar Vingren e Daniel Berg, que beberam e se alimentaram do Espírito no casarão metodista situado na rua Azusa, em Los Angeles, lançaram as bases do seu nascimento.

E é certo que em todo o Brasil todo e qualquer templo da Assembléia de Deus estarão realizando grande ato para relembrar e comemorar tão grande data. Mas nada deva se igualar ao grande acontecimento que estão reservando para a cidade de Belém do Pará.

Mas, uma vez que Adamir Gerson, o Peregrino do Senhor, teve o seu encontro teofânico no ano de 78, ocasião em que mãos divinas o conduziram para o ventre da Assembléia de Deus, fazendo que ficasse ali exatos nove meses, a verdade é que em meio aos festejos que a irmandade da Assembléia de Deus estará realizando neste ano Deus se manifestará no meio de seu povo com um novo chamado, um chamado maior, agora para sair para vencer e para completar a obra que então iniciou naquele ano de 1911. Ao lado da luta contra as concupiscências da carne, agora também a luta contra as concupiscências do dinheiro. Pois deveras a santidade de Jesus Cristo é no campo espiritual-religioso, mas também no campo material-político. No seu reinado todos estarão gozando a verdadeira paz e a verdadeira justiça, sim, todos estarão sentados debaixo de sua videira e debaixo de sua figueira, não havendo quem os faça tremer, como foram os vaticínios do profeta Miquéias.

É verdade, se neste ano de 2011 a irmandade da Assembléia de Deus está realizando uma festa que faz olhar para trás, para os cem anos de sua existência, a verdade é que neste ano de 2011, Deus estará olhando para frente no meio de seu povo. Os cem anos decorridos desde aquele primeiro momento fez lembrar a Deus que se esgotou um tempo com seu povo; e que agora é tempo dele começar um novo tempo. Uma nova caminhada, literalmente consumadora daquela.

De fato, estes cem anos tem significado especial no calendário de Deus. Foi aos cem anos que Abraão teve o seu filho Isaque com Sara, que pode neste ano de 2011 revestir-se de grande significado para a irmandade atenta da Assembléia de Deus.

E o grande significado é que aquela igreja que nasceu no ano de 2011 na cidade paraense de Belém, fundada pelos dois missionários nórdicos, ela é sim figura de Sara. E se aos cem anos de Abraão Deus rompeu a esterilidade de Sara e fez que ela desse à luz ao seu filho Isaque – o que iria herdar – nestes cem anos da Assembléia de Deus a verdade é que Deus estará chegando ao seu meio e a fecundará.

E o grande significado desta fecundação é que, então, a igreja evangélica Assembléia de Deus estará se despertando e acordando que o socialismo é Deus. Mais do que isso, é a metade que lhe falta para que a sua obra de redenção do povo brasileiro se torne completa. O que aconteceu no início da década de 60 quando na Igreja Católica, por conta da realização do Concílio Vaticano II, houve um grande despertar dos católicos para o socialismo, em todas as paróquias surgindo padres e leigos que se engajavam na luta do socialismo contra o capitalismo, surgindo entre eles um rio de mártires, ora, é isto que está reservado para todo o povo evangélico, a partir da Assembléia de Deus.

Agar

Ora, sabemos que no tempo em que Deus rompeu a esterilidade de Sara e ela ficou grávida, Abraão havia tido um filho com a serva Agar, Ismael. E tendo chegado o tempo de Deus, então veio a Abraão o recado do rompimento, pois, deveras, quem iria herdar era Isaque, filho da livre com o livre. E Abraão com o coração partido então comunicou a Agar e seu filho a vontade de Deus; e foram despedidos, todavia levando consigo um pão e um odre de água.

O que isso quer dizer? Que a mesma cisão ocorrida no seio da família abrâmica, por conta e vontade de Deus, também irá acontecer na Assembléia de Deus e no meio de todo o seu povo. Na Assembléia de Deus tem convivido lado a lado a estéril Sara com a escrava Agar e seu filho Ismael. Mas chegará um tempo em que a estéril dará à luz, e seu filho crescerá, e então ela fará valer a sua autoridade e o seu poder de Escolhida.

O que é isso? Quem é Agar e quem é esse Ismael no seu meio? Certamente que são todos os seus ministros que trocaram a pregação do Evangelho de Cristo pela pregação do anticomunismo, achando que estavam prestando um grande serviço a Deus. Uniram-se e foram fortalecer mãos assassinas, como recente artigo que tem circulado na Internet mostra que no período da Ditadura Militar aqui no Brasil Ministros de igrejas protestantes tradicionais delatavam e entregavam a assassinos jovens das suas próprias igrejas, para sofrer nos porões da ditadura o que jovens cristãos sofreram nos coliseus de Roma, 2000 anos antes (Apocalipse 6.9-11).

Destarte, Agar e esse Ismael são os seus ministros que tem se engajado ao lado das forças que defendem o capitalismo na sua luta contra o socialismo, quer em homilias, quer em tratados teológicos, como aquele referente ao levante de Gogue e Magogue que segundo o profeta Ezequiel iria dar-se no final dos dias. E este levante de Gogue e Magogue, que segundo o vaticínio do profeta hebreu iria, como nuvens, cercar o acampamento dos santos, para destruir e saquear os que foram recuperados da espada, habitando agora sem muralha, em sossego, em casas sem nem mesmo trancas e portas, ora, estes ministros que tem trocado o Evangelho de Jesus pela pregação do anticomunismo tem afirmado que o levante de Gogue e Magogue seria que a União Soviética e os comunistas iriam invadir o território de Israel para saquear as suas riquezas.

Mas, façamos a pergunta: isto foi visto? A verdade é que a União Soviética deixou de existir e ninguém nunca a viu invadindo Israel e saquear as suas riquezas. Isto não quer, contudo, dizer que a Palavra de Deus não teve o seu cumprimento. Teve sim. Mas ironicamente o levante de Gogue e Magogue cercando o acampamento dos santos e saqueando as suas riquezas se deu naquele final da década de 80 quando centenas de milhares da noite para o dia se levantaram como nuvens para destruir o socialismo. E, se cumprindo os vaticínios da Palavra de Deus e não da palavra do homem, a verdade é que as riquezas da Pátria do Socialismo estão hoje nas mãos do bando de Gogue e Magogue, ao passo que nas mãos dos trabalhadores estão apenas os calos da sua construção.

Ai dos que dizem que o bom é mau e que o mal é bom, os que põem a escuridão por luz e a luz por escuridão, os que colocam o amargo pelo doce e o doce pelo amargo, Isaías 5.20.

Bem, qual o profundo significado de Sara, não antes, mas depois que Isaque cresceu e foi desmamado, ter dito para Abraão: Expulsa essa escrava e o filho dela, pois o filho desta escrava não vai ser herdeiro com o meu filho, com Isaque?

Simplesmente que quando Isaque espiritual crescer e for desmamado, o que quer dizer o crescimento no crente da consciência do socialismo como sendo Deus, certamente que estes ministros que trocaram o evangelho de Jesus pelo evangelho do anticomunismo irão ser despedidos do meio do povo de Deus. Quer dizer, não estes ministros, mas as ações deles serão despedidas do meio do povo de Deus, como as ações de Saulo de Tarso foram despedidas dele, por ele mesmo, pois que tem chegado o tempo em todos seríamos transformados num abrir e piscar de olho. E Deus conhece os corações, sabendo distinguir os que erram por inocência e os que erram por consciência, a uns dando um novo nascimento e a outros o desprezo eterno.

Destarte, esse despedir de Agar e de seu filho Ismael do meio do povo de Deus será mesmo o cumprimento profético de Apocalipse 12.12, como segue: Agora se realizou a salvação, e o poder, e o reino de nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo, porque foi lançado para baixo o acusador dos nossos irmãos, o qual os acusa dia e noite perante o nosso Deus. E eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do seu testemunho, e não amaram as suas almas, nem mesmo ao encararem a morte.

Quem são estes que eram acusados dia e noite perante o nosso Deus? Por ventura que foram o povo marxista? A tal ponto que podemos dizer que as palavras que Paulo dirigiu aos cristãos, conforme estão I Coríntios 4.8-13 (temo-nos tornado como o refugo do mundo, a escória de todas as coisas, até agora) alcançaram também o povo marxista?

O povo marxista é estes irmãos dos cristãos, visto em espírito profético pelo apóstolo amado? O povo marxista, que tem lutado para que os pobres saiam do seu sofrimento material, tendo emprego digno, moradia para morar, escola para estudar, hospitais para tratar-se, roupas para vestirem, e o povo cristão, que lutava para que os pobres saíssem do seu sofrimento espiritual, não conhecendo mais a dor da separação, a dor da desintegração da família, a dor dos vícios, os dois são irmãos como carne e unha? Os marxistas, torturados e mortos nos porões das ditaduras, e os cristãos, torturados e mortos nos coliseus de Roma, eram irmãos? A tal ponto que nos cabe perguntar se isto não faz dos marxistas os irmãos e co-escravos daqueles que João viu por debaixo do altar clamando vingança pelo seu sangue, como aparece em Apocalipse 6.9-11? “Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois chegou a tua luz e raiou sobre ti a própria glória de Javé”.

O que é isso? Qual o profundo significado de Deus dizer, para a “mulher”: dá luz? Que é a Igreja tomar sobre si as responsabilidades e a luta pela condução do socialismo? E este chamado de Deus está chegando a ela porque ele, condutor real do socialismo – e não Internacionais – sabe que o Marxismo se esgotou na sua condução? De modo que agora as mesmas palavras que dirigiu a Josué: Moisés, meu servo, morreu; e agora levanta-te, atravessa este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que dou a eles, aos filhos de Israel, são as mesmas palavras que hoje está dirigindo à Sua Amada Igreja? Para que ela se levante, e tome em suas mãos a condução dos destinos da Humanidade, fazendo-a atravessar o Jordão espiritual e indo construir o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades?

Um dia os filhos de Israel ouviram a notícia: Moisés está morto: tem chegado o momento dos marxistas ouvirem a notícia: o Marxismo está morto? E tal os hebreus, que com muita dor e muita dificuldade se entregaram a uma nova liderança, assim acontecerá com os marxistas se entregando agora a nova liderança revolucionária da Igreja de Cristo?

Indiscutivelmente que sim. Como Moisés, que foi levado ao alto do monte Nebo, ao cume do Pisga, e dali lhe foi mostrado toda a terra do outro lado, terra boa, que manava leite e mel, mas que não entraria nela, outro entraria no seu lugar, a verdade é que o Marxismo foi levado ao alto do monte do Socialismo Real e dali avistou do outro lado o reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades. Mas ele não iria entrar e não iria construir este mui desejável reino da liberdade concreta. Em hipótese alguma o Marxismo construiria este reino perfeito, mas quem o iria construir seria a Igreja, quando fosse por Deus acordada politicamente.

Ora, então foi dito que a Igreja de Cristo tomará o bastão revolucionário que um dia esteve nas mãos dos marxistas puro e simples, fazendo renascer a sua luta?

É preciso uma nova compreensão deste novo tempo que está chegando. A Igreja de Cristo não está sendo chamada para reviver e recauchutar o leninismo e nem o stalinismo. Ela não está sendo chamada para levantar as forças revolucionárias que estão caídas, mas, sim, para começar uma nova jornada revolucionária em cima da terra que podemos sim dizer é sintética. O que quer dizer que ela não irá tomar o lado de uns contra outros, como fez o Marxismo na necessidade do seu tempo e de sua missão, mas ela se apresentará muito mais como Mediadora. Nela os opostos ideológicos se reconciliarão plenamente entre si. Deveras, ao mesmo tempo em que procurará dar consciência teológico-epistemológica a todas as forças burguesas de que o socialismo é Deus, de todos os ângulos de análise o socialismo é o Reino sendo construído nas suas partes ainda imperfeitas, ora, ao mesmo tempo procurará dar consciência cristã aos marxistas de que agora é tempo de construir o socialismo, não mais na destruição das forças burguesas, mas sim na sua transformação. Integrá-los e fazê-los caminhar junto, de modo a serem co-participantes na construção deste novo tempo, que estará chegando à medida que toda a sociedade for ganhando maturidade.

E este caminhar junto destas forças antagônicas é mesmo o cumprimento das palavras proféticas que Deus pôs na boca do profeta Isaías, dizendo: E o lobo, de fato, residirá por um tempo com o cordeiro e o próprio leopardo se deitará com o cabritinho, e o bezerro, e o leão novo jubado, e o animal cevado, todos juntos; e um pequeno rapaz é que será condutor deles (11.6).

Os ministros da Palavra de Deus compreenderão estas palavras? Em especial os que respondem pela Assembléia de Deus olharão com esperança para a cidade de Presidente Prudente, onde no ano de 1978 mãos divinas tomaram o jovem Gerson e o levaram para o ventre desta igreja que neste ano de 2011, completa centenário, fazendo que ele permanecesse ali por exatos nove meses, com ele, a partir de então, passando a receber de Deus e de nenhum homem os fundamentos teóricos do governo de Jesus Cristo, a tal ponto que este ano iria entrar para a história como divisor de eras, antes do ano de 1978 o domínio do governo humano, mas depois de 1977 o domínio do governo divino?

“Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois chegou a tua luz e raiou sobre ti a própria glória de Javé. Pois, eis que a própria escuridão cobrirá a terra e densas trevas os grupos nacionais; mas sobre ti raiará Javé e sobre ti se verá a sua própria glória. E nações hão de ir à tua luz e reis à claridade do teu raiar” Isaías 60

Renovação Carismática

A Renovação Carismática surgiu no final da década de 70. E desde o seu aparecimento foi vista e entendida como sendo algo que nasceu a partir do imperialismo e enviada para a América Latina, e o Brasil especialmente, para combater a Teologia da Libertação e o Marxismo, dessa forma impedindo que as massas religiosas do continente fossem contagiadas pelos ideais revolucionários.

Mas, a verdade é que a Renovação Carismática deva ser vista como tendo a sua base de nascimento e fecundação também no Concílio Vaticano II. Não no sentido de se ver o Concílio Vaticano II como algo que foi realizado pelo homem para tratar e resolver problemas pendentes à Igreja Católica, mas no sentido em que é visto como algo que foi realizado por Deus.

Era como se a Teologia da Libertação tivesse sido o seu Esaú, que fez nascimento primeiro. E a Teologia da Libertação, tendo adquirido e incrementado uma práxis voltada para o material, e politicamente se empenhada na superação do capitalismo, deva sim ser vista como este Esaú de Deus.

Mas, porque a Renovação Carismática? A Renovação Carismática frente à Teologia da Libertação se reveste da mesma importância do Cristianismo frente ao Marxismo, isto é, em essência.

Por que a Renovação Carismática? Porque o socialismo na Rússia foi construído desligado e sem ter de passar pela religião. Era uma necessidade premente que fosse assim. As profecias concebidas aguardavam o seu momento de cumprimento; e o socialismo marxista, desligado da religião e de qualquer transcendência, era a forma exata para o cumprimento da profecia. Não só aquela de Isaías e de Jesus pela qual Deus iria construir os frutos do Reino por intermédio de um povo sem qualquer ligação com o sagrado como também o vaticínio do profeta Sofonias pelo qual o dia da ira de Deus iria ser contra os sacerdotes e todas as forças terrenas que com eles era uma unidade.

Mas o Brasil teve destino escatológico diferente do russo. O socialismo no Brasil iria ser construído a partir dos fundamentos espirituais, nascendo um Estado socialista a partir de um povo socialista. A partir deste fundamento espiritual, toda a violência revolucionária iria ser dispensada, porque o lugar iria ser ocupado pelo poder do Evangelho.

Então a Renovação Carismática deva ser vista sim como sendo mãos divinas que o trouxe para o Brasil, para suprir a falta da Teologia da Libertação. A Teologia da Libertação não estava intelectualmente apta a construir o socialismo SEGUNDO JESUS, mas segundo Moisés. E o socialismo marxista na Rússia representou mesmo a chegada de Moisés. Mas o Brasil fora reservado para construir o socialismo segundo Jesus.

Então a Renovação Carismática, trazendo para o meio do povo católico a espiritualidade cristã, deva ser vista como ajudadora e preparação para a Teologia da Libertação. Ela tinha a missão de preparar odres novos, para que o vinho novo do socialismo, nas mãos da Teologia da Libertação, tivesse realmente onde ser armazenado. Destarte, a Renovação Carismática deva ser visto como a chegada do óvulo para o sêmen da Teologia da Libertação, capaz de construir o socialismo que as massas derrubaram no Leste europeu, mas só seria capaz de construir o socialismo perene, aquele que se acha em Daniel 2.44, quando recebesse os fundamentos espirituais que Deus depositou na Renovação Carismática.

Mas, aspecto fundamental a ser destacado na Renovação Carismática é que uma vez o socialismo será construído no Brasil sem, no entanto, passar pela destruição dos ricos, como ocorreu na Rússia, senão que a partir de sua transformação, ora, grande é o papel reservado para a Renovação Carismática. De fato, a sua missão real é mesmo a de evangelizar a classe rica. Aos pentecostais, Deus reservou a grande missão de evangelizar os pobres, mas à Renovação Carismática, a missão da evangelização dos ricos. Uma evangelização que é unicamente mostrar aos ricos e a todos que detém o poder da propriedade que toda a luta travada nos últimos cem anos pelos socialistas era uma luta de Deus e conduzida por Deus. E que devem olhar para o socialismo com outros olhos.

A rigor, despertar neles o que a força dos escravos saídos do Egito despertou nos habitantes de Gibeão (Josué 9), a ponto que eles reconheceram que era loucura lutar contra um povo que tinham um Deus que não encontrava rival no panteão dos deuses. É papel sim da Renovação Carismática, fazer este papel, trabalhar no coração e na mente dos ricos e despertar neles o interesse e a vontade de estar também nesta luta ao lado de Deus. Despertar neles a solidariedade e o amor às riquezas espirituais. E, quando tiver conseguido algum avanço no meio deles, então ser esta ocasião para que a Teologia da Libertação exerça mudanças nas estruturas materiais da sociedade, tanto nas suas instâncias de poder como nas suas instâncias de modo de produção. Assim, cada vez mais a sociedade estará avançando para o socialismo, nesse caso, porém, com a própria aquiescência das forças burguesas (ver Isaías 11.6).

Se, porém, a Renovação Carismática der mostras de que não fez opção pelo socialismo, crendo ser sua missão apenas alegrar os corações com cânticos e orações, continua apenas num estado infantil perante Deus. São apenas os pequeninos de que fala o apóstolo Paulo (I Coríntios 13.8-13), que não obstante a sua chegada, todavia não se abriram para aceitar em suas vidas a chegada do Completo aludido por Paulo, Completo este que só pode ser Jesus Cristo.

Santo Anastácio e as Imagens de Paz

No ano de 2002 Adamir Gerson foi inspirado pelo seu Deus para que fosse a Brasília e levasse um recado seu para um determinado político. Tendo voltado, naquele início de maio, sintonizando a esmo seu rádio eis que ouviu um locutor dizer, na Rádio Cultura de Santo Anastácio, que na quarta-feira próxima iria haver na Igreja matriz da cidade uma missa ecumênica.

Porque era forte nele a presença do espírito de Javé, que o impelia, eis que na quarta-feira Adamir Gerson se achava ocupando um banco da Igreja matriz de Santo Anastácio, cidade que se localiza cerca de quarenta quilômetros de Presidente Prudente.

O que sucede é que quando os ponteiros dos relógios se aproximavam das 20 horas eis que todos na Igreja se levantaram e começaram a olhar para trás, para a porta de entrada da Igreja. E Adamir Gerson também se levantou e começou a olhar para ver o que era. E eis que viu entrar na Igreja três jovens, cada um levando alçado um cartaz que juntos formavam a palavra paz. E logo atrás dos jovens eis que viu entrar três sacerdotes, e o ministro Sidnei, que estava no altar com o microfone e fora o locutor que anunciara na Rádio local, declinou os seus nomes. E eis que eram pastores Ari e Benedito, da Igreja Luterana e Assembléia de Deus respectivamente. E os dois ministros de Deus entraram na Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio.

A missa Adamir Gerson não pode assistir porque na Rodoviária ficou sabendo que a última Circular partia de Santo Anastácio para Presidente Prudente às 20:30 horas, mas nos dois dias seguintes pôde ouvir depoimentos dos dois homens de Deus, pois o Ministro Sidnei trouxe-os para o seu programa na Rádio Cultura, num dia Pastor Ari e no dia seguinte Pastor Benedito.

A missa, deveras, além de ter sido muito bela – pois Pastor Benedito, além do corpo ajudador próximo, também levou consigo o Coral da Igreja que com os seus hinos tradicionais encheu ainda mais aquele lugar divino de canto divino – também foi muito proveitoso, pois, deveras, os dois homens de Deus não se cansaram de dizer que uma experiência como aquela não podia sofrer corte de continuidade, pois revelavam para a sociedade que os cristãos podem e devem se unir, como condição de serem mais ainda úteis à sociedade.

Porque Adamir Gerson foi a Santo Anastácio e presenciou aquelas imagens, representantes dos três ramos do cristianismo ocidental entrando juntos na Igreja matriz de Santo Anastácio? Foi ali unicamente por ir ou porque levado pelo próprio Deus? Afinal, bastasse que naqueles segundos em que sintonizou a Rádio Cultura e ouviu o anúncio do Ministro Sidnei, sim, bastasse que naqueles segundos não o tivesse sintonizado e esta revelação não estaria vindo à tona agora.

Ora, sabemos que a Palavra de Deus diz de forma peremptória sobre um tempo em que a Terra passaria a estar sob o domínio político de Jesus Cristo (Apocalipse 11.15-18). E é muito certo que Jesus fará o seu domínio através do povo cristão. Mas, com o povo cristão dividido, Jesus fará o seu domínio? Ou ele, seguindo as pisadas de Ciro, que derrubou os muros de divisão que havia entre medos e persas, impedindo-os de se unir contra um inimigo comum, Babilônia, ora, Jesus como Ciro Maior, não cuidaria em fazer o mesmo com seus filhos católicos, protestantes e pentecostais? Derrubando entre eles os muros de inimizade e eles, agora simplesmente cristãos, tomando posição para se unir ao povo socialista, para, então, conquistarem Babilônia, a Grande, de modo toda humanidade ser liberta do seu jugo e retornar, livre, para o Paraíso de Deus? Para o Jardim do Éden, lugar de onde foi expulsa por causa da desobediência?

Ora, é certo que as imagens de pastores Ari e Benedito entrando na Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio representam a maturidade dos cristãos, que é como a maturidade Daquele que não obstante não haver tratos entre judeus e samaritanos, todavia ele transitava entre todos e tinha diálogo com todos. E a maturidade que levou pastores Ari e Benedito entrarem na Igreja matriz de Santo Anastácio ladeando Monsenhor José Antônio é a mesma maturidade que faz Pastor Benedito e Monsenhor José Antônio entrarem na Igreja Luterana ladeando Pastor Ari e faz Pastor Ari e Monsenhor José Antônio entrarem na Igreja Assembléia de Deus ladeando Pastor Benedito. Basta que haja o sopro divino e o chamado Daquele que se deixou morrer na cruz para que todos os muros de divisão fossem derrubados.

Bem, porque mesmo Adamir Gerson, tendo passado dez anos, está trazendo à lembrança aquela missa ecumênica que presenciou naquele ano de 2002 na cidade de Santo Anastácio? Não é que o próprio Deus está se mobilizando para formar a sua poderosa força política, e assim, e somente assim, resgatar os pobres do seu sofrimento? Porque a força política que aí está não se presta a isto, se prestando muito mais a conservar todo esse estado de coisas? Que tem conservado todo este estado de coisas porque o povo de Deus tem estado como os escravos hebreus no Egito, que no lugar de se unirem e lutar contra o rei do Egito, saindo do país e indo para o lugar que Deus lhe reservou, ao contrário, o que faziam era brigar entre si? Questões menores impediam de ver a questão maior? Que ao avistá-la, eis então esse quadro belíssimo que o Livro do Êxodo nos legou, centenas de milhares de corpos deixando as masmorras do Egito e, livres, tomando o rumo da terra da promessa?

Que os cristãos segurem agora nas mãos um do outro e juntos oremos a oração que Jesus nos ensinou: Pai nosso que está no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feito a tua vontade, assim como é no céu que assim também seja na terra.

A Grande Caminhada das Forças do Reino

Por volta do ano de 2003 Adamir Gerson se achava na igreja Obras do Espírito Santo. Fora ali porque levado por Deus, para que falasse ao seu dirigente, pastor Luis Baldez, sobre as boas novas. E sucedeu que por esse tempo chegou também na Igreja a jovem Joseane, vinda da igreja Nova Jerusalém. E assim que tomou assento, então Joseane narrou um sonho que tivera naqueles dias. E o que narrou?

Narrou que viu em sonho uma grandíssima caminhada acontecendo no centro de Presidente Prudente. Dezenas e dezenas de milhares se encaminhavam do seu centro para o Parque do Povo. E a grande multidão depois de passar por uns clérigos parados ali na sua boca de entrada – conversando entre si e indagando entre si: Quem deu poder para estes fazerem isto? – entraram no Parque do Povo e foi se postar diante de um grande palanque ali armado, ocupado pelos ministros da Palavra de Deus.

E a jovem Joseane narrando o sonho então dizia que a grande multidão que viu caminhando pelo centro de Presidente Prudente era composta de católicos e de evangélicos. Mas os católicos nas suas avenidas era maioria. Quanto aos ministros da Palavra de Deus no palanque que fora ali armado eram padres e pastores. No entanto, como ela mesma disse – os pastores no Palanque eram maioria.

E quando acabou de narrar o sonho então a jovem disse: O dia e o ano – não sei. Mas que esta caminhada vai acontecer não tenho nenhuma dúvida, pois foi muito claro no meu espírito. Pouco tempo depois retornou para a sua Igreja, todavia deixando a pergunta: o que foi fazer naquela Igreja onde estava o homem que Deus vinha preparando para começar na terra, a partir dele, o reinado de seu filho Jesus? Por ventura que ela foi enviada ali pelo Deus que não faz nada sem antes avisar os seus escravos, os profetas?

O que seria esta caminhada? Por ventura que católicos, evangélicos e socialistas se conscientizarão que o caminho a seguir é o apontado por Adamir Gerson? A criação do instrumento político do Partido Celestial e com ele dar a consciência política do Reino, organizando o povo e o povo tomando consciência que tem chegado o tempo da construção, no lugar do governo humano, do governo divino?

O que seria mesmo esta caminhada? Por ventura que católicos, evangélicos e socialistas, que adquiriram a plena maturação do espírito, convergirão para Presidente Prudente e quem sabe ainda neste ano de 2011, que pode ser o 12 de Outubro, farão nesta cidade do oeste paulista a grandíssima caminhada vista em sonho pela jovem Joseane, que marcará sim o início da caminhada milenial, o início mesmo da organização de todo o povo de Deus, católicos, evangélicos e socialistas, a fim de fazer, não por violência e nem pelo poder militar, mas pela Palavra de Deus, que os reinos deste mundo se tornem em reinos de nosso Senhor e do seu Cristo, como são as imagens de Apocalipse 11.15-18 e Daniel 2.44? De modo a se estabelecer entre nós a verdadeira paz e a verdadeira justiça?

As imensas massas cristãs e socialistas nas avenidas de Presidente Prudente, batendo fortes os seus tambores, alçando ao vento as suas bandeiras, e cantando os mais belos cânticos, é este um dia em que o poder divino se estabelece na terra e a terra começa a ser dos mansos, que Jesus disse herdariam a terra, e que sabemos são aqueles que com o seu trabalho produzem todas as riquezas, os trabalhadores? Pois que uma grandíssima caminhada em que na frente dos ungidos de Deus, dos homens e mulheres que escolheu para começar na terra, a partir do país Brasil, o reinado de seu filho Jesus Cristo, irão jovens levando em um carrinho um grande livro aberto e nas suas abas a inscrição, deste lado, EDUCAÇÃO, e do outro lado, EVANGELHO? Deste lado de cá um jovem evangélico, e do lado de lá um jovem católico, mas no meio deles um jovem socialista, os três empurrando o carrinho? E estas imagens são assim, pois que, deveras, o reinado de Jesus Cristo há mesmo de se estabelecer pela junção do poder da Educação com o pode do Evangelho, de modo um ensinando conhecimento e outro ensinando amor, não tardará e a exploração e todas as coisas velhas serão procuradas e não mais encontradas? Como vaticinou o profeta Isaías, não subirão mais ao coração e não mais serão lembradas?

Mais ainda, que atrás dos três jovens empurrando o carrinho com o livro aberto irão jovens levando três grandes estandartes, deste lado de cá Martin Luther King e do lado de lá, Nelson Mandela, mas no meio deles o estandarte de Mahatma Gandhi?

E atrás dos três jovens que levarão o estandarte de Luther King, Gandhi e Mandela irão dois jovens montados em cavalos brancos, cada qual levando ao ombro um grande estandarte, que seguirão alçados e girando em suas mãos. E o que sucede é que quando o jovem que vai do lado de cá gira o estandarte em sua mão então dum lado aparece o rosto de João XXIII, mas no outro lado o rosto de John Wesley; e quando o jovem que vai do lado de lá gira o estandarte em sua mão dum lado aparece o rosto de Che Guevara, mas no outro lado o rosto de Francisco de Assis.

E atrás deles seguem os povos da floresta, nas suas mais ricas indumentárias, e logo trás o grande caminhão levando os homens e as mulheres que irão iniciar na terra o reinado de paz e de justiça de Jesus Cristo.

Ora, estamos no ano de 2012 e a verdade é que Adamir Gerson intentou realizar tão grande caminhada não só naquele ano de 2003 ou 2004, e nos anos seguintes, mas a verdade é que ele a intentou realizar bem antes do sonho da jovem, a partir do ano de 2001 imediatamente após os atentados terroristas nos Estados Unidos.

Naquele ano, no fogo de sua indignação e perplexidade, Adamir Gerson, inspirado, começou a trabalhar para a realização desta grande caminhada na cidade de Presidente Prudente que seria introdutora na terra de uma nova ordem de coisas; que, quando plenamente estabelecida, ninguém mais iria ter o pretexto para fazer o que fizeram aqueles terroristas nos Estados Unidos e nação alguma iria ter o pretexto para fazer o que os Estados Unidos fizeram no Afeganistão e Iraque, O que não aconteceu em 2001, não aconteceu em 2002, nem em 2003 ou mesmo 2004, e nos anos seguintes, pode acontecer no ano de 2012. Quem sabe neste ano de 2012, mui provavelmente no dia 12 de outubro deste ano, aconteça então a grande caminhada que Deus inspirou seu profeta naquele ano de 2001, e a reforçou através do sonho da jovem Joseane, quando, neste 12 de Outubro, então uma multidão estará nas avenidas de Presidente Prudente, vinda de todas as partes do Brasil e da América Latina, pois com certeza ao chamado então os líderes da América Latina comprometidos com a libertação do seu povo compreenderam claro que no Brasil está nascendo algo de novo que realmente vai dar consciência política às massas populares, as libertando do circo de domingo à tarde e do circo de todos os dias, sendo então criado o alicerce rochoso sobre o qual será erguido o edifício da liberdade e da igualdade, cujo vento reacionário, soprando forte sobre ele, não terá nenhum poder.

Lembrando que Adamir Gerson imediatamente após os atentados de 11 de Setembro foi inspirado a realizar tão grande caminhada tendo como pano de fundo o sonho profético de Dom Bosco, que viu, após um grande estrondo, uma chuva de espinhos caindo do céu na terra, sucessivamente, mas, ao final, então caíram do céu uma chuva de rosas mui perfumadas que cobriam as terras e as casas. Naquele momento de efervescência do Espírito, Adamir Gerson compreendeu claro que o grande estrondo fora mesmo o Atentado, mas que a chuva de espinhos que foi derramada em sequência seria as bombas que os americanos se preparavam para lançar sobre o inocente povo do Afeganistão. E querendo impedir tal então entrou em febril atividade para que fosse realizada em Presidente Prudente tão grande caminhada, que ao estar trazendo para o mundo uma nova ordem jurídico-econômico-social, emanada do sangue que foi derramado na cruz, sim, junção em um só corpo e um só espírito da fé cristã com a fé socialista, a igualdade espiritual e a igualdade material de Jesus Cristo, antítipo da união de medos e persas que conquistou Babilônia e libertou o povo de Javé escravizado no seu meio, e agora o povo de Javé se revelando nos trabalhadores oprimidos, ora, a verdade é que seria esta nova ordem a chuva de rosas mui perfumadas que então Dom Bosco a viu caindo sobre a terra e cobrindo as suas casas. Mas, é verdade, está explícito no sonho de Dom Bosco que a chuva de rosas cairia após a chuva de espinhos... O horror da chuva do espinho da dor e da destruição que os Estados Unidos semearam no Afeganistão e no Iraque teria que preceder a beleza da chuva de rosas, que pode cair sobre as terras e as casas ainda neste ano de 2012, neste 12 de Outubro, quando, no Parque do Povo de Presidente Prudente, a multidão ali,  após a celebração, lançarão ao alto uma chuva de rosas, brancas e vermelhas, em homenagem aos mártires do cristianismo e do socialismo, que sofreram horrores nos coliseus de Roma e nos porões das ditaduras. E as suas pétalas brancas e vermelhas, subindo para o alto e então descendo e forrando o chão do Parque do Povo, são novamente reunidas em suas mãos e feitas uma só, com o rosa de Jesus Cristo sendo novamente lançado ao alto e o seu perfume universal, levado na força do vento, cobrindo as terras e as casas, as que estão norte e as que estão no sul, e também as que estão no oeste e as que estão no leste.

Canaã e não Gileade

Ora, sabemos que os escravos hebreus quando saíram do Egito sob Moisés tinham um destino bem claro e bem definido por Deus, Canaã. Todavia antes de entrar em Canaã acabou por conquistar o reino de Hesbón, à Síon, seu rei, e o reino de Basã, a Ogue, seu rei. E Moisés os deu às tribos de Rubem e Gade, e à meia-tribo de Manassés, como a sua herança.

E o reino de Gileade periclitou o plano de Deus, pois, deveras, estas duas tribos e meia desinteressaram de prosseguir a caminhada, achando que Gileade, bastava. E se acomodaram com o que tinham.

Mas, a firmeza de Moisés fez mais uma vez prevalecer os desígnios de Deus, de modo que as tribos de Rubem, de Gade e a meia-tribo de Manassés finalmente concordaram em atravessar o Jordão na frente dos seus irmãos a fim de ajudá-los a também conquistar a sua herança.

O que representa para os dias de hoje a conquista do deserto, Gileade? Simplesmente que todas as conquistas do Reino, seja a dos cristãos, seja a dos marxistas, representam Gileade. O final da jornada dos cristãos não é o Cristianismo, mas, sim, o Reino de Deus, e o final da jornada dos marxistas não é o Socialismo, mas, sim, o Comunismo, não reinos distintos, mas o mesmo, do referencial cristão, é Reino de Deus, e do referencial marxista, é Comunismo.

Protestantes, Pentecostais, Renovação Carismática, Teologia da Libertação, bem como todo e qualquer grupo marxista, tem de se conscientizar que atravessaram o Mar Vermelho, não, porém, o Jordão. Tem de conscientizar que todas estas conquistas representam a conquista do deserto, e que é preciso olhar para além do Jordão, onde está aquilo que Paulo chamou escatologicamente de Completo, e que é Jesus Cristo de Nazaré e o seu Reino.

Representam a conquista do deserto? A meia-tribo de Manassés? Destarte, de um lado, as duas tribos de Marx e Lênin e a meia-tribo de Stálin, e de outro, as duas tribos de Abraão e Moisés, e a meia tribo de Paulo (ICoríntios 13.9)?
Ora, quando é que a meia-tribo do Marxismo atravessa o Jordão a fim de se tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando os marxistas olham para o Cristianismo e reconhecem nele o complemento de que tem falta; quando olham nos Coliseus de Roma e para o sangue dos mártires cristãos que ali eram derramados e reconhecem que o seu martírio é o outro lado do martírio socialista nos porões das ditaduras; que aquele estava produzindo o branco da paz, e este, o vermelho da vida.

Quando é que a meia-tribo do Pentecostalismo atravessa o Jordão a fim de se tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando olham para o Concílio Vaticano II e reconhece no seu fruto mais precioso, a Teologia da Libertação, o complemento para o fruto precioso que nasceu no casarão metodista situado na Rua Azusa, em Los Angeles, naquele ano de 1906; que a pregação dos pentecostais no meio dos pobres, os resgatando da opressão espiritual e das concupiscências da carne, e a pregação da Teologia da Libertação no meio dos pobres, os resgatando da opressão material e das concupiscências do dinheiro, as duas práxis se complementam e são uma só na palma da mão de Jesus.

Quando é que a meia-tribo dos judeus atravessa o Jordão a fim de se tornar completa? De abraçar o Completo e passar a estar com Ele nas moradas eternas que construiu DO OUTRO LADO DO JORDÃO? Quando olham nos palestinos e reconhecem neles o seu irmão Esaú, passando a querer para eles tudo o que querem para si, que é uma reconciliação plena, a tal ponto que virão ser um só povo, um só Estado, um só governo, governado conjuntamente por palestinos e judeus, com Jerusalém una e indivisível sendo o centro de suas vidas, transitando livre por ela, de um lado a outro, sem qualquer impedimento.

É verdade, por carregar uns a essência espiritual do Reino, Reforma Protestante, Pentecostalismo, Renovação Carismática, e outros a essência material do Reino, Marxismo, Teologia da Libertação, Escola de Frankfurt, com certos arranjos, todos vem a estar na palma da mão de Jesus como a Sua Unidade, o que de si saiu e a si retornou, na plenitude dos tempos escatológicos.

Os Valentes de Jah

Relata a Palavra de Deus que aqueles que reconheceram que o final da jornada de Deus era mesmo do outro lado do Jordão, em Canaã, e não antes, em Gileade, acabaram por tomar sobre si as responsabilidades de atravessar na frente dos seus irmãos a fim de ajudá-los a conquistar também a sua herança eterna. E aqueles que atravessaram o Jordão na frente dos seus irmãos vieram a gozar e a ter um nome especial, os Valentes de Jah!

Quem seriam hoje os Valentes de Jah? Certamente que são todos que reconhecem que as palavras de Adamir Gerson são palavras inspiradas, e representam a vontade de Deus. Mais ainda, de que o lugar onde estão e a que pertencem representa mesmo conquista do deserto, e que é preciso realizar a cisão hegeliana, deixando-o aos cuidados dos pequeninos, e assumir sobre si as responsabilidades da travessia do Jordão espiritual.

A Arca do Pacto

Ora, quando os escravos saídos do Egito foram atravessar o Jordão então na frente de todo o povo seguia os sacerdotes de Deus, levando no ombro a Arca do Pacto. Guardando distância, deveriam seguir para onde a Arca do Pacto os levasse. O que é isto? O que isto quer dizer para nós precisamente?

Que a Arca do Pacto hoje é o Partido Celestial. E é ele que terá de ir à frente do povo, levado nos ombros dos sacerdotes de Deus. Organizando o povo, criando lideranças, e dando vitalidade aos movimentos sociais, ora, o Partido Celestial por certo que levará todo o povo brasileiro e todo o povo da terra ao reino da liberdade concreta, em que cada um tem segundo as suas necessidades, pois que é portador do seu combustível teórico.

A Arca do Pacto e o Partido Celestial

Quando os escravos saídos do Egito principiaram à travessia do Jordão seguindo a Arca do Pacto, ora, a Arca tem como seu conteúdo as duas tábuas da lei, o jarro com o maná e a vara de Arão que havia florescida, segundo o que está no livro Aos Hebreus.

Estes são o conteúdo sublime do Partido Celestial, de modo ele se apresentar como sendo o único representante escatológico?

Vejamos: O Jarro com o Maná. Narra o livro Aos Hebreus que no Lugar Santíssimo estava a Arca do Pacto e dentro dela havia objetos que vindicavam e representavam a soberania de Deus sobre toda a criação. Ali estava o jarro de ouro com o maná, a vara de Arão que havia florescido e as duas tábuas da lei.

Qual o profundo significado do vaso de ouro com o maná?

Ora, sabemos que o maná foi o alimento que Deus enviou ao seu povo no deserto para saciar-lhe a fome e com algumas recomendações, como segue: (...) Esta é a Palavra que Javé ordenou: Colhei disso, cada um proporcionalmente ao que come. Deveis tomar a medida de um gômor para cada um, segundo o número de almas que cada um de vós tem em sua tenda. E os filhos de Israel começaram a fazer isso; e foram apanhá-lo, alguns recolhendo muito e outros recolhendo pouco. Quando o mediam pelo gômor, quem tinha recolhido muito não tinha sobra e quem tinha recolhido pouco não tinha falta. Apanharam-no cada um proporcionalmente ao que comia.

Certamente que o vaso de ouro com o maná, que segundo o livro Aos Hebreus estavam com a Arca do Pacto no Lugar Santíssimo, é dos combustíveis do Partido Celestial. Os celestiais por certo que irão confrontar essa cultura que incentiva as pessoas a querer para além do que tem necessidade. Atuará forte nos espíritos, tentando reviver neles a simplicidade, e a austeridade, de modo cada um lutar pelo estritamente necessário. Essa cultura do consumismo, que pode levar a terra à exaustão, certamente que será combatida pelos celestiais, através de uma intermitente educação que chegará a eles na mediação do Evangelho de Jesus Cristo. “Que cada um procure ter segundo a necessidade do corpo e segundo a necessidade da alma”, dirão os celestiais.

Além de que os celestiais se dirigirão às massas populares com o jarro de ouro contendo o maná; e por eles as massas se conscientizarão que o Maná que Deus enviou ao seu povo por alimento é a completa negação do alimento oferecido pelo sistema capitalista.

A Vara de Arão. Ora, relata o livro de Números que Deus, querendo cessar os resmungos com que resmungavam, então ordenou a todos os maiorais dos filhos de Israel que cada um tomasse o seu bastão e escrevesse nele o nome de sua tribo; e fossem colocados na tenda de reunião diante do Testemunho. E tinha de dar-se que aquele que Deus escolhesse o seu bastão iria florescer. E doze bastões foram colocados na tenda de reunião diante do Testemunho. E entre eles havia o bastão de Arão para a casa de Levi.

O que sucede é que no dia seguinte, quando Moisés entrou na tenda do Testemunho eis que havia florescido o bastão de Arão para a casa de Levi. E ele produzira botões e brotará flores, e dera amêndoas maduras.

O que é isso? O bastão de Arão que florescera é também conteúdo sublime do Partido Celestial? O Partido Celestial carrega e porta também o bastão de Arão que florescera?

Ora, sabemos que no tipo Moisés quando se achava no deserto de Midiã então ouviu o chamado de Deus para que voltasse ao Egito e libertasse o seu povo o conduzindo liberto para a terra da promessa. De modo que Deus disse mesmo: Volta Moisés, porque estão mortos todos que estavam a procura de sua alma para tirá-la. E Moisés quando voltava e estava no monte do Verdadeiro Deus, eis que Deus despertou seu irmão Arão para que fosse ao seu encontro e fosse seu ajudador. E Arão fez exatamente assim, indo ao encontro de Moisés e o encontrando no monte do Verdadeiro Deus, selando com ele uma aliança de vida. De modo que foram Moisés e Arão, os homens que entraram até Faraó e libertaram o povo de Deus que por quatrocentos anos estava escravizado no Egito.

Ora, a verdade é que no antítipo tudo veio a se repetir com Lênin. No exílio então ouviu a notícia que era para voltar à Rússia e fazer a revolução e libertar o povo do seu sofrimento, pois, deveras o Czar tinha sido destronado e o caminho estava livre para a sua volta. Se Moisés foi ao seu sogro Jetro e lhe pediu permissão para voltar com ele não só permitindo como lhe ofertando um meio de transporte, um jumento, no qual montou sua esposa Zípora e seu filho Gerson e passou a voltar ao Egito, a verdade é que Lênin foi ao Kaiser e pediu-lhe permissão para atravessar o seu território na sua volta à Rússia, com o Kaiser não só permitindo como também lhe ofertando um meio de transporte, o trem blindado, no qual Lênin colocou sua família de revolucionários e passou a voltar à Rússia.

E quando Lênin estava na Rússia eis que um mês depois chegou o judeu Trotsky do seu exílio nos Estados Unidos. E a verdade é que entre Lênin e Trotsky foi selada uma aliança que historiadores se referem a ela como “uma terrível aliança”, pois, deveras, naqueles dias crítico de final do ano de 1917 foi mesmo a ação destes dois homens que balançou e pôs abaixo o poderio do reino humano, estabelecendo no seu lugar aos humildes proletários, se cumprindo ao pé da letra o que está escrito em Daniel 4.17 (mesmo porque em 1823 um inglês por nome John Acquila Brown escreveu um livro no qual narrou que no ano de 1917, Daniel 4.17 iria ter seu cumprimento. Mas agora não é ocasião para se falar deste assunto). É verdade, o papel desempenhado por Arão, porta-voz da libertação dos escravos hebreus, ao passo que Moisés era a sua cabeça pensante, foi o papel que a História reservou a Trotsky.

Mas, onde entra a questão referente ao florescimento do bastão de Arão? Por ventura que o trotskismo irá florescer? É isso?

Ora, o pensamento de Trotsky, a revolução sendo mundial e só cessando quando todo o seu trabalho estivesse completado por certo que era um sonho que estava no espírito de todos os revolucionários. Mas as condições objetivas lhes eram completamente adversas. A revolução mal tinha forças para se manter de pé quanto mais ter que sustentar uma guerra com o resto do mundo. Se na segunda guerra mundial a União Soviética, que já tinha alcançado um grande desenvolvimento econômico e industrial, lutando ao lado dos Estados Unidos e de países europeus, mesmo assim passou sérios riscos de ser vencida e destruída pela Alemanha nazista, imagine naquele início da década de 20 quando a sua economia ainda era conduzida pelo arado, e ela ter que sustentar uma guerra contra o resto do mundo... Certamente que era a revolução ser levada para a cova dos leões para ser devorada, que só não o foi pela pronta intervenção de Deus, que percebendo o perigo com a sua obra imediatamente levantou Stálin. E Stálin, pondo os pés no chão, não só salvou a revolução da destruição certa como soube conduzi-la por caminhos seguros, fazendo daquela massa de escravos uma nação de homens e mulheres livres. (Esse espírito sábio que se manifestou em Stálin palpitara antes em Lênin, não somente no acordo de Brest-Litov com os alemães, de 1918, quando a sua sapiência evitou da revolução ser destruída pelos alemães, quando também protelou o programa bolchevique pela imediatez da NEP. Mas agora não é ocasião de se falar deste assunto, apenas lembrando que a boa exegese encontra respostas para essa questão envolvendo Trotsky e Stálin em Êxodo 23.20-33. Quando ali está escrito: Não os expulsarei de diante de ti em um só ano, para que o país não se torne um baldio desolado e os animais selváticos realmente não se multipliquem contra ti. Pouco a pouco os expulsarei de diante de ti, até que te tornes fecundo e realmente tomes posse do país, é que se descobre qual o verdadeiro espírito estava em Stálin).

Prosseguindo. Bem, isso, contudo, não quer dizer que o pensamento de Trotsky fosse falso ou errado. Tratava-se de um plano teórico inexeqüível, pois quê as condições objetivas não permitiam de modo algum o seu progresso. Mas, convenhamos, os tempos hoje são outros. Vivemos os tempos da globalização em que tudo está ligado e de certa forma tudo dependendo de tudo. Não é esta a ocasião para o ressurgimento do pensamento de Trotsky? Da sua revolução permanente?

Certamente que sim, e os celestiais é exatamente isto. Mas o bastão de Trotsky que ressurge não é aquele mesmo; é outro bastão, é o bastão de Arão que florescera e brotara flores e dera amêndoas maduras. O que é isso? Certamente que nas asas das boas novas do socialismo celestial as forças revolucionárias irão novamente se levantar, e agora irão efetuar o assalto final. Mas não será na perspectiva idealizada por Trotsky, quando então os trabalhadores, conquistando posições e mais posições, então se lançariam para a destruição final da burguesia e de todas as forças que lhe davam sustentação.

Não, mas esse assalto final será na perspectiva de Jesus, em que os trabalhadores, os mansos que ele disse herdariam a terra, se lançarão num grande trabalho de evangelização para transformar e mudar o coração e a mente do homem e da mulher burgueses. Não serão destruídos, porque tal se tornou um contra-senso, mas sim educados, instruídos nos caminhos de Deus cujo escopo é mesmo a chegada em uma terra sem males, em que não há nem mesmo a sombra dos exploradores, de indivíduos que se locupletam no trabalho e suor alheio.

É verdade, a revolução mundial se acha parada tanto em Trotsky como em Che Guevara, mas agora ela irá se levantar, e certamente será feita, todavia que no espírito das amêndoas maduras, por amêndoas maduras. O seu combustível será o amor revolucionário e não mais o ódio revolucionário, de modo que nas mãos das amêndoas maduras o que se verá é o giz no lugar do fuzil e a Palavra de Deus como o conteúdo do conhecimento, quer os psicológicos, quer os sociológicos, quer os políticos, quer os econômicos. O giz nas mãos dos novos guerrilheiros cuidará em escrever nos corações o conhecimento genuíno, que não admite, não tolera que indivíduos se locupletem no sofrimento de outrem.

As Duas Tábuas da Lei. Ora, além do jarro de ouro com o maná e o bastão de Arão que havia florescido, segundo o livro Aos Hebreus havia também na Arca do Pacto as duas tábuas da lei.

As duas tábuas da lei estão também representadas no Partido Celestial como dos seus combustíveis que faz todo homem e toda mulher reconhecer nele a presença do selo divino?

Ora, vaticinou o profeta Habacuque: E havia dois raios saindo de sua mão; e ali se escondia a sua força.

Uma vez que Habacuque concebeu tal, a partir das imagens de Moisés descendo do monte com as duas tábuas da lei o que Habacuque viu foram sim foi estes dois raios estando presente na escatologia. De fato, e eles se acham mesmo no Partido Celestial, que tanto pode ser o amor a Deus e aos homens, a sua inseparabilidade da igualdade e liberdade, a sua luta contra os pecados da carne e os pecados do dinheiro.

Adamir Gerson foi operado e encontra sem disposição para abordar esses temas com mais clareza. Vai dar uma pausa, e dentro de uns 10 dias procurará dar a ele melhor conteúdo. Por enquanto segue isto, e já é suficiente para que os espíritos se movam, para que o Brasil possa ter nos anos próximos, melhor destino político, no lugar de mencheviques no poder, os bolcheviques espirituais, que estão para os bolcheviques históricos como os cristãos estiveram para os judeus.

“E abriu-se o santuário do templo de Deus, que está no céu, e viu-se a arca do pacto no santuário do seu templo. E houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e um terremoto, e grande saraivada”, Apocalipse 11.19.
O que é isso? O Partido Celestial no templo de Deus? No coração e na mente dos homens e mulheres de boa vontade?

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