domingo, 22 de julho de 2012

O Abrir da História e de uma Nova Consciência


max turazzi:
AMEI O ARTIGO ESTA ESPERANDO ESSA RESPOSTA DURANTE TODA A MINHA VIDA MUITO OBRIGADO (Max Turazzi é professor em Bela Vista do Paraíso, Paraná) (Esse escrito já tem alguns anos, parece do ano de 2002)
O ABRIR DA HISTÓRIA

Padre João: participei do II Fórum Diocesano dos Movimentos Sociais, e prestei atenção em suas palavras e reflexões teológicas segundo as quais a partir do Concílio de Nicéia, a partir de Constantino, o evangelho de Jesus, de Concílio em Concílio, foi perdendo o lugar para uma instituição eclesiástica, e somente com Leão XIII, com a encíclica Rerum Novarum, de defesa veemente dos operários explorados pelo capitalismo, então se fez um retorno ao evangelho de Jesus Cristo, retorno que se deu de forma mais clara com o Concílio Vaticano II, mais claro ainda em Medellin e Puebla. Hegelianamente, Jesus se alienou de si mesmo em Constantino, e retornou a si mesmo na Teologia da Libertação, se caracterizando o longo período constantinista de ausência de Jesus (Retido nos céus, Atos 3.21), para agora voltar com a sua luz. Em uma palavra, Jesus, que esteve na Igreja de Atos, em que todos tinham todas as coisas em comum, retornou e está hoje na Teologia da Libertação. Foi isto que captei em vossas palavras, que digo são sábias.

Mas, antes de prosseguir é preciso esta complementação e acareação: esta visão, de que a partir do Concílio de Nicéia, a Igreja se apartou de Jesus para se ligar ao homem, deixando de estar a serviço do Reino para estar a serviço do reino de homens, é também visão dos evangélicos, apenas que dizem que este retorno de Jesus se deu com John Wicliffe, se manifestou de forma clara em Lutero, deu um salto de qualidade muitíssimo grande em John Wesley, e do seu toco então florescendo de forma claríssima no moderno movimento pentecostal, arrebatador das grandes massas.

Essa visão teológico-histórica da Teologia da Libertação e dos evangélicos é correta? É fato puro e simples?

Antes de prosseguir devo dizer as razões deste escrito: recentemente o novo arcebispo de São Paulo, que ocupou o lugar de Dom Cláudio, Dom Odílio, disse com palavras claras: a Teologia da Libertação não mais existe. Tratou-se de uma tendência que se manifestou no seio da Igreja e hoje já não mais existe.

Ora, é muito certo que estas duas igrejas caminham para um confronto, pois ultimamente tem corrido e-mails e mais e-mails na Internet de militantes das Cebs conclamando todos para a luta, para reviver a Teologia da Libertação. Ela tem que se levantar, dizem os e-mails, enquanto do outro lado os conservadores dizem que "defunto" não se levanta. Ora, a razão deste escrito é justamente apartar os contendedores, pois é muito certo que a Teologia da Libertação tem de se levantar, mas não com aquela cara, a cara de Marx ou a cara de teólogos que concebem o seu pensar filosófico com as lentes do materialismo dialético, mas com outra cara, a cara de Jesus de Nazaré, uma cara que talvez possa fazer os sisudos conservadores soltarem um sorriso ao menos amarelo. Mas já o primeiro passo da sua aceitação.

Pois bem, a visão da Teologia da Libertação e dos evangélicos, segundo a qual a igreja da Cristandade foi um afastamento do evangelho de Jesus Cristo, é verdadeira? Corresponde aos fatos?

Do ponto de vista da ciência positivista isto é verdadeiro, mas a ciência metafísica, feita por Deus, por Javé dos exércitos, trabalha com outras imagens valorizadoras dos fenômenos históricos. O seu juízo acaba, pois, por ser outro.

A visão corrente, tanto da Teologia da Libertação como dos evangélicos, pela qual o cristianismo primitivo foi perdendo qualidade, se distanciando cada vez mais de Jesus, até que no século III se apartou dele, dando lugar à igreja da Cristandade, muitíssima parecida com Judá, pois sofreu sim nas mãos de Lênin e dos revolucionários marxistas os mesmos golpes que Judá sofreu nas mãos de Nabucodonozor e dos caldeus, por sinal vivendo o mesmo cativeiro de setenta anos, trata-se de uma visão correta?

Vamos deixar de lado os evangélicos, por enquanto, e nos ater à Teologia da Libertação.

Bem, então nas palavras de padre João esse retorno de Jesus Cristo se deu com a Teologia da Libertação. Mas, a Teologia da Libertação teria sido este retorno?

Ora, sabemos que a essência do cristianismo foi depositada por Jesus em Paulo apóstolo no caminho de Damasco, a partir de então Paulo imprimindo o seu ritmo ao cristianismo, a todo o cristianismo.

Façamos a pergunta: Jesus depositou em Paulo a essência material como a vemos na Teologia da Libertação? O cristianismo primitivo, que se expandiu para todo o império em várias células-igreja com e após Paulo, possuía uma essência que podemos dizer é hoje a essência da Teologia da Libertação?

Ora, a verdade é uma só: Jesus depositou em Paulo, não o socialismo material, vivido e pregado pela Teologia da Libertação, mas o socialismo espiritual. Embora Paulo tivesse consciência do sofrimento material do povo a que se dirigia com as boas novas, todavia tinha uma plena consciência de que era sua missão a libertação espiritual. Foi por isso que disse: em parte conhecemos e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é completo... A libertação completa do ser humano era coisa futura para Paulo, que tinha consciência de que o que é completo teria de ser precedido e preparado por aquilo que é em parte.

Prosseguindo. E a razão que Jesus não depositou em Paulo o socialismo material é que aquele era o tempo em que a história, NO SEU MOVIMENTO REAL, se achava na sua fase teológico-espiritual. Achava-se na sua fase primaveril. Assim como na primavera a árvore dá flor e não fruto, guardando o fruto para dá-lo na fase outonal, a história na sua fase teológico-espiritual não podia em hipótese alguma dar o fruto do socialismo material, como assim pensou e quis Engels, senão a flor do socialismo espiritual.

O socialismo material havia em Jesus sim (Mateus 20; 25.40), e Ele sabia da futuricidade do socialismo material sim (Mateus 21.43; Isaías 65, sem falar em Lucas 6.24-25 e a inspiração que Ele deu para Tiago 5), mas porque Ele é a pura ciência guardou-o para quando a história, no seu movimento real, saísse da sua fase teológico-espiritual e entrasse na sua fase filosófico-material, o que se deu com e a partir do Renascimento quando a visão de mundo teocêntrica passou a dar lugar para a visão de mundo antropocêntrica. (Ora, a fase teológico-espiritual se iniciou nos primórdios da humanidade-civilização e findou no final da Idade Média, nascendo, então, a fase filosófico-materialista, que tem perdurado até nossos dias. E é fato estabelecer que na passagem da visão teocêntrica para a visão antropocêntrica não tivemos uma superação antropológica, como foi saudado pelos positivistas comteanos e é ainda saudado por todos os materialistas, mas, sim, uma virada antropológica, que quer dizer simplesmente que Deus saiu da metade teológica (ICoríntios 13.9) e foi para a metade antropológica, para um dia, no terceiro momento, o momento glorioso da síntese, então pudesse se levantar no que é completo (ICoríntios 13.10). Sim, a metade teológica e a metade antropológica, tendo deixado a casa de seus pais, Paulo e Marx respectivamente (Gênesis 2.24), então pudessem se levantar num só corpo, num só espírito, o corpo e espírito de Cristo Jesus, que os deu nos momentos certos e no momento certo os iria reunir) (A virada antropológica se deu porque a história possui curvatura, fato ignorado e desconhecido tanto pelo positivismo como pelo materialismo, que crêem piamente ela se move retilineamente (deformismo da história herdado de Heráclito). Mas a História se move em torno de um centro, o Absoluto, assim como a terra se move em torno do sol. É por isso que a História teve inverno – judaísmo (Moisés), teve primavera – cristianismo (Paulo), teve verão – marxismo (Marx), teve outono – leninismo (Lênin), e agora está principiando a ter colheita, quando os filhos e filhas de Deus serão então reunidos em um só aprisco, sendo um só rebanho e tendo um só pastor, Jesus Cristo, o filho do Deus vivo).

Em uma palavra, assim como na semente habita a plenitude do fruto, em Jesus habitava a plenitude do Reino. Nele a igualdade espiritual (socialismo espiritual, gameta feminino da semente), o amor e respeito pelo corpo que ama e gera a vida, o corpo da mulher, e a igualdade material (socialismo material, gameta masculino da semente), o amor e respeito pelo corpo que trabalha e é gerador de todas as riquezas, o corpo do trabalhador, em Jesus estas duas essências portadoras e produtoras da vida giravam harmoniosamente, como a sua Eva (igualdade espiritual) e o seu Adão (igualdade material). Em Jesus? Sim, mas não nos cristãos primitivos, que possuíam realmente a asa da igualdade espiritual, mas não a asa da igualdade material, que Jesus guardou para dá-la quando chegasse o tempo material do Reino; e quando chegou então foi dá-la para um povo que ganhou a designação de povo socialista.

Nos cristãos primitivos o Reino se achava pela metade, somente na sua dimensão espiritual. Os cristãos tinham um firme combate às concupiscências da carne, à opressão espiritual de Roma, mas não combatiam a opressão material do império, se achando de costas para ela. (E nem podia, pois, como já foi dito, tal Deus postergou para o futuro, quando os tempos materiais chegassem. Então Deus iria colocar a igualdade material do seu filho Jesus nos humanos, e eles, então fazendo um combate firme contra a opressão material, iriam então sofrer o mesmo martírio que sofreram seus irmãos cristãos, Apocalipse 6.11. Mas iriam vencer, criando a terra paradisíaca, sem pecado, sem qualquer tipo de opressão. O seu sangue não iria ser em vão, mas iria ser germinador e frutificador da nova vida (Tudo isto iria ocorrer dentro de um processo dialético longo, com a terra paradisíaca começando a se manifestar no exato momento em que o povo marxista desse uma meia volta de 180 graus e, livre da tapa no seu olho direito posto nele pelo Materialismo Dialético (necessário na sua fase embrionária), reconhecesse, então, no cristianismo o seu outro lado, a complementação de toda sua parcialidade e imperfeição (I Coríntios 13.9 vale também para o povo socialista, a outra metade do povo que conheceu o martírio e a glória nas arenas de Roma).

Prosseguindo. Então, em verdade, o ocorrido no século III, quando a Igreja trocou a ilegalidade pela legalidade estatal, tal deva ser visto, não como um movimento negativo, retrocesso do Evangelho, a visão dos evangélicos e da Teologia da Libertação, mas um movimento altamente positivo, de suma importância, pois seria nessa passagem, e somente nela, que as condições iriam ser criadas e dispostas para o que é em parte pudesse se levantar no que é completo.

É verdade, a passagem foi tão somente que o Espírito, no seu longo calvário (Hegel), após, no Espiritualismo Histórico, galgando as suas etapas, das inferiores para as superiores, das mais simples para as mais complexas – totemismo, animismo, fetichismo, politeísmo, JUDAÍSMO, CRISTIANISMO – sim, o momento de Constantino não foi outro senão que o Espírito, na busca incessante de sua completeza, de reaver a sua perfeição usurpada com o pecado original, começou então uma nova caminhada, agora na estrada do Materialismo Histórico, para que um dia, galgando as suas etapas, das inferiores para as superiores, das mais simples para as mais complexas – escravatura, feudalismo, capitalismo, pudesse então produzir o seu fruto puro, que podemos dizer começou a ser formado com o socialismo marxista. E na formação e junção desta unidade, a flor pura produzida na árvore do Espiritualismo Histórico, a fé judaico-cristã, e o fruto puro produzido na árvore do Materialismo Histórico, a fé marxista-celestial, sim, na junção do que mais belo produziu a história na árvore do Espiritualismo Histórico e na árvore do Materialismo Histórico, é que iria dar-se o casamento escatológico, o casamento dos casamentos, o Casamento do Cordeiro.

Destarte, o casamento do Cordeiro, fato bíblico-apocalíptico, iria se dar no exato momento em que o socialismo marxista completasse a sua metamorfose em socialismo celestial. Neste momento iria haver o seu acasalamento com a fé cristã, nascendo uma nova práxis, evangelizadora em mão dupla, principiando pelos trabalhadores, resgatando a inteira humanidade do domínio de Sodoma e do domínio do Egito, cidade pecadora que crucificou a Jesus Cristo (Apocalipse 11.8) e continua ainda hoje com a sua escravização, em especial entre os  jovens.

Em uma palavra, assim como na árvore do Espiritualismo Histórico primeiro o Espírito se revelou no botão do judaísmo, para depois se abrir na flor pura do cristianismo, de igual modo na árvore do Materialismo Histórico Ele primeiro se revelou no fruto verde do socialismo marxista, para depois se abrir no fruto maduro do socialismo celestial. E seria então, e somente então, que a humanidade no seu conjunto iria aceitar a construção do socialismo, pois então seria construído, não por esta ou aquela mão, mas por todas as mãos, pois, deveras, no acontecimento escatológico, o seu fogo dissolveu todos os paradigmas (II Pedro 3.10; Apocalipse 6.12-14), e um novo paradigma se descortinou aos olhos de todos; agregador e condutor de todos, como são as imagens de Isaías 11.6 (E o lobo, de fato, residirá por um tempo com o cordeiro e o próprio leopardo se deitará com o cabritinho, e o bezerro, e o leão novo jubado, e o animal cevado, todos juntos; e um pequeno rapaz é que será o condutor deles)

Ora, no primeiro momento, o momento espiritual-religioso do Espiritualismo Histórico, a Parúsia se deu em três momentos, a saber: o judaísmo (Moisés), os essênios (João Batista), e finalmente a luz parusiática se revelando em Jesus Cristo o Filho de Deus. De modo que em Jesus ela se revelou como a sua flor mais pura e na sua maior glória, sendo os essênios elo e ponte de ligação. No segundo momento, o momento material-político do Materialismo Histórico, o Espírito, em Parúsia, também iria se manifestar em três momentos, a saber: o marxismo (Marx-Lênin, fruto verde), a Teologia da Libertação (Gustavo Gutierrez-Rubem Alves, fruto de vez), e finalmente a luz parusiática se revelando no socialismo celestial, fruto maduro, que é novamente o Filho de Deus, agora se manifestando, não mais como Cordeiro sofredor, mas como Leão que é da tribo de Judá, sim, agora como Filho do homem vindo com as nuvens do céu com poder e grande glória, a fim de dar a cada um o que cada um de fato tem de direito.

É preciso este esclarecimento: como as boas novas de eternas são o momento sublime do nascimento da ciência, os seus enunciados são apresentados em bases científicas, mesmo que neste seu início trate-se de uma ciência incipiente, o seu edifício de síntese tendo as suas partes frouxamente amarradas, necessitando, pois, de desenvolvimento assim como ocorre com todo recém-nascido, ora, o momento terceiro da síntese se dá tanto de um lado indo para o outro como daquele que se foi para este que se vai. Em uma palavra, da tese indo para a síntese, mas passando pela antítese; e da antítese indo para a síntese, mas passando pela tese (visão corrente em Teilhard de Chardin). O que ocorre, por exemplo, com a menininha e o menininho que quando entram na puberdade então começam mutuamente a se convergir, com a paixão e o amor brotando no coração de ambos e convergindo um para o outro, para ser um só. Sendo assim, no momento da síntese temos então dois momentos convergencionais, a saber: da tese para a síntese: Cristianismo (Paulo) – Teologia da Libertação (Gustavo Gutierrez-Rubem Alves) – Socialismo Celestial (JESUS). Da antítese para a síntese: Marxismo (Marx) – Escola de Frankfurt (Horkheimer-Ernst Bloch) – Socialismo Celestial (JESUS). Os extremos, que nasceram do Cristo da cruz, como a sua tese e a sua antítese, retornam novamente para ele, se encontrando e se reconciliando plenamente entre si, encontro este visto em espírito de profecia por Nicolau de Cusa e Mestre Ekhart. É verdade, neste preciso momento sublime, acabam por se reconhecer osso do mesmo osso e carne da mesma carne, passando a ter um só espírito, o espírito Daquele que se deixou morrer na cruz para que todos os muros de separação fossem abolidos. (Ora, se o momento em que o Cristo da cruz, por meiose, tirou de si a igualdade espiritual e a plasmou nos humanos foi quando, no caminho de Damasco, reluziu sobre Saulo de Tarso, dando a ele uma nova consciência, a consciência espiritual do Reino, ora, a verdade é que o momento em que o Cristo da cruz, dando prosseguimento à meiose, tirou de si a igualdade material e a plasmou nos humanos foi quando, diante do veredicto da justiça prussiana, que condenou como ladrão aos camponeses pobres que haviam retirado lenha das florestas para aquecerem as suas casas contra o rigor do inverno, sim, foi neste momento, quando o jovem Karl Marx, judeu de família convertida ao protestantismo, analisando o veredicto da justiça prussiana e indignado com o mesmo, então na ocasião Jesus plasmou no seu espírito a igualdade material, nascendo o socialismo científico. Era neste preciso momento que Marx descobria o grande desnível entre Justiça e Direito; que a justiça prussiana não estava a serviço da justiça e do Bem, mas, sim, a serviço de uma classe social, no caso a classe dos proprietários. E a luz intermitente de Jesus reluzindo no seu espírito, foi mostrando para Marx que não só o judiciário, mas tudo o que se achava constituído, Igreja, Exército, Governo, eram classistas, cooperando entre si para este mesmo fim, a defesa dos proprietários, proprietários que eram eles mesmos, juízes, bispos, comandantes militares, governantes. Estava descoberto, pois, as causas que fazem na sociedade haver pobres e ricos, causas fixadas na posse da propriedade) (Mas o socialismo celestial não é o mesmo socialismo marxista. Portanto esta descoberta em Marx foi das causas segundas e não das causas primeiras, que hão de ser buscadas e desentranhadas nos escaninhos do espírito, no pecado original. Esta descoberta em Marx resolve a questão assim como ela está na superfície, que não tardará e novamente brotará, revivendo a mesma luta, e isto ao infinito. Mas deixará de brotar quando for atacada a sua causa ocultada sob a superfície. É o pleno estabelecimento do reinado de Daniel 2.44 que segundo o profeta hebreu não passaria jamais a outro domínio) (Este plasmar de Jesus é a súbita iluminação de que falou Agostinho, um ser vivo, vivíssimo, com propriedades, que, assim como a semente que é plantada na terra e se transforma numa arvore, este ser vivo, vivíssimo, com propriedades, se instala na alma e vai se desenvolvendo, até o ponto de nascimento na mente, que é também o momento em que se acha apto para a reprodução) (Assim, pois, todo socialista o é pela presença de Jesus, que ilumina para ele a realidade social e política. Sem essa presença, está mergulhado na escuridão política)

Prosseguindo. É preciso este outro esclarecimento: o socialismo evolui da sua fase verde para a sua fase madura na medida em que a essência da religião cristã, oculta em seu interior (Isaías 65; Mateus 25.40) começa a se desenvolver. Na medida em que a religião vai se manifestando no corpo do socialismo, inversamente e proporcionalmente o socialismo vai se livrando das suas imperfeições, até se levantar no que é perfeito, em Jesus Cristo, em que realmente todos têm segundo as suas necessidades, não as ditadas pelo interesse de uma ideologia, mas as ditadas por Deus no nascimento de cada um. Assim, pois, a passagem do regime imperfeito do socialismo para o regime perfeito a que os marxistas chamam de Comunismo se dá de modo completamente oposto ao que se acha prescrito na teoria. Não virá na razão inversa em que o ser humano se emancipou de toda e qualquer religião, de toda e qualquer transcendência, mas, pelo contrário, na medida em que o ser humano descobre que a religião é o complemento sublime da política. A política determina e norteia a economia à produção dos bens, mas quem determina e norteia o seu usufruto coletivo e na estrita necessidade é a religião. Sem a religião é impossível a construção de um sistema assim, a não ser pelos ditames da Lei, de um Estado que se sustenta pela força da força, que com o tempo a sua faca se revela cega. Logo, religião e política são consubstanciais.

Explicando melhor: quando a flor começa a murchar e a fenecer, caindo, nascendo no seu lugar o fruto, ora, o que murchou e caiu foram a pétalas, mas a essência da flor, o seu néctar, se passou para o fruto em nascimento, se ocultando no seu mais recôndito. De fato, e quando chega à estação do outono então o néctar da flor começa a se desenvolver e a fermentar, amolecendo a carne dura do fruto e lhe dando sabor, tornando-o apto para o consumo.

Pois é, o socialismo quando nasceu em Marx o que em Marx morria eram as pétalas da religião, as suas fantasticidades, mas a essência pura da religião, o seu néctar, o amor ao próximo, o desejo mesmo de perfeição, era na verdade o alicerce sobre o qual o socialismo era construído, trazendo oculto no seu ser essa essência sublime da religião (desse modo, todo marxista carrega oculto no seu ser essa essência sublime, que dia mais dia menos desabrochará em sua vida, ver Isaías 66.14; Mateus 25.40. Carrega em oculto por causa do momento primeiro, Marx, que não por acaso foi um judeu de família convertida ao protestantismo, pois a essência da religião cristã, ausente por longo tempo, fez o seu florescimento justamente a partir de Lutero). E a verdade é que com a Teologia da Libertação, recebendo o aval do Concílio Vaticano II João XXIII, foi o momento em que a essência religiosa começou a se desenvolver no interior do socialismo (mas também o momento em que o socialismo começou a se desenvolver no interior do cristianismo, como já foi falado acima). O fruto verde, amargo e duro do marxismo começava, pois, a ficar amarelo e a amolecer, até o momento em que se revelaria completamente amadurecido. (Como já falado atrás, o momento em que a essência espiritual da religião começou a se desenvolver no interior do marxismo, começando a amolecer o seu fruto duro e amargo, foi com a Escola de Frankfurt. Mas podemos dizer foi também com a Teologia da Libertação, posto que cristianismo e marxismo correspondem-se, ambos sendo parciais, carregando o selo da limitação. Com a Teologia da Libertação o que de fato aconteceu foi que no interior do Cristianismo começou a se desenvolver a materialidade socialista, também ocultada no seu interior, naquele preciso momento em que Paulo recebia de Jesus a sua espiritualidade. Quando a materialidade socialista começava a se desenvolver no Cristianismo, com a Teologia da Libertação, era então que o amargor da Cristandade começava a ceder o lugar para a docilidade de Jesus. Na falta do socialismo (porque era futuro), o seu lugar foi ocupado pela Cristandade, com a Noiva tende de viver e estar sujeito a concubinato (o concubinato do socialismo foi a Ditadura do Proletariado, na ausência da Noiva, que era futuro, ocupando o seu lugar) (De igual modo a Renovação Carismática estava em oculto na realização do Concílio Vaticano II, ao seu tempo se desenvolvendo no corpo da Teologia da Libertação, cuja essência, a materialidade socialista, também ao seu tempo iria se desenvolver no interior do corpo da Renovação Carismática. Mas agora não é ocasião para se abordar tal questão).

Com a Teologia da Libertação então foi o momento em que o fruto do socialismo se manifestou maduro? Não, mas de vez. É somente no socialismo celestial que o fruto do Reino se manifesta maduro, adocicado, saudável, pronto para o consumo, não destes ou daqueles, mas de todos, Teologia da Libertação, Carismáticos, Conservadores, Evangélicos, Socialistas. É a maturidade da própria Humanidade. É o cumprimento de Apocalipse 20. É o cumprimento de Apocalipse 21: E eu vi um novo céu e uma nova terra; pois o céu anterior e a terra anterior tinham passado, e o mar já não é. Já não é mais o domínio dos exploradores e daqueles que vivem do suor alheio, mas já é o domínio daquele que Jesus disse herdariam a terra, os mansos, todo homem e mulher que se tornam revolucionários na práxis do socialismo celestial.

Então esta é a verdade: na plenitude do Espiritualismo Histórico Jesus fez nascer a sua Eva, o cristianismo primitivo. Primeiro como judaísmo, Moisés, depois como cristianismo, Paulo. E na plenitude do Materialismo Histórico Jesus fez nascer o seu Adão. Primeiro como socialismo antropológico, Marx, e depois como socialismo celestial, o Filho de Deus agora se revelando como Filho do homem, não mais o Cordeiro sofredor, mas agora o Leão que é da tribo de Judá. Rei dos reis e Senhor dos senhores. (Esta fase ainda não nasceu, pois os homens ainda não acumularam fé para crer nela (Lucas 18.8), se achando, pois, ocupados com aquilo que se é pão é então o pão amanhecido e ressequido dos gibeonitas (Josué 9), que o prepararam para a sobrevivência. Todos esses fóruns sociais que passaram a acontecer na terra a partir de Porto Alegre são na verdade o grito da criatura oprimida. É o povo em busca da sua libertação. E quando esses fóruns sociais convergirem para o socialismo celestial é então neste momento que Deus respondeu ao grito da criatura oprimida. Até aqui não resultaram em um grande movimento de transformação social porque deixam a palavra final em mãos portadoras de idéias vencidas, desgastadas, que já cumpriram com sua missão histórica, não conseguindo dar vazão ao sonho de libertação das grandes massas. Mas as pessoas portadoras destas idéias, ao entrarem em contato com o socialismo celestial, serão as primeiras a perceberem isto, vendo no socialismo celestial a chegada de novas armas, que muito as ajudarão a ajudar a criatura oprimida. E elas mesmas, aproveitando o carinho e respeito que recebem da criatura oprimida, assim como João Batista, passarão a apontar para ela o caminho do socialismo celestial, com a criatura oprimida entrando no socialismo celestial sendo conduzida por elas, que irão na sua retaguarda com os seus bastões.

Constantino e Gorbatchov

Padre João, falei da importância de Constantino, de que após ele a Igreja se embrenhou no império, entre os bárbaros, a fim de procurar e encontrar o seu Adão, o que iria ocorrer no momento em que ela, passando pelas etapas da escravatura, feudalismo e capitalismo, avistasse então o socialismo. Neste momento ela iria então se livrar dos filhos da Assíria e dos filhos de Babilônia, todos eles vestidos de azul, prefeitos e magistrados, todos mancebo de cobiçar, cavaleiros montados a cavalos, para viver com aquele que é osso do seu osso e carne da sua carne (ver Ezequiel 23 sobre as duas irmãs Oolá e Oolibá).

Mas o inverso também iria ocorrer, e de fato tem principiado a ocorrer. A Revolução também iria ter o seu Constantino. Ela também iria entrar na estrada contrária, caminhando nela, galgando as suas etapas, procurando, procurando, até que finalmente encontraria a sua Eva, a sua outra cara-metade, a Igreja de Cristo Jesus. E se Constantino foi ponte pela qual a Igreja atravessou do outro lado, entrando na estrada do Materialismo Histórico a fim de encontrar o seu Adão, que passou a encontrá-lo justamente com a Teologia da Libertação, a verdade é que Gorbatchov tem sido a ponte por onde os marxistas atravessarão do outro lado, começando na estrada do Espiritualismo Histórico uma nova caminhada, galgando as suas etapas, totemismo, animismo, politeísmo, até que, passando pelo botão do judaísmo, encontre finalmente a sua Eva, a graça que Jesus tirou de si e a depositou em Paulo apóstolo e em todos aqueles cristãos que eram todos os dias arrastados para o martírio nas arenas romanas.

Quão importante na história da Redenção são Constantino e Gorbatchov! Passando por Constantino, a Igreja iria então, no seu longo calvário, chegar ao Reino de Deus, no reino em que cada um busca a vantagem do próximo e não a sua (I Coríntios 10.24); passando por Gorbatchov, a Revolução iria, então, no seu longo calvário, chegar ao Comunismo, no reino em que cada um tem segundo as suas necessidades, não as ditadas pelo imperfeito Marxismo, mas as ditadas por Deus no nascimento de cada um. Reino de Deus e Comunismo que não são outra coisa senão novamente Eva e Adão girando harmoniosamente em torno do Cristo da cruz, em torno Daquele que os deu e agora está chegando reclamando o que é seu.

A Festa de Casamento do Cordeiro

Estrada do Espiritualismo Histórico e estrada do Materialismo Histórico. O Absoluto transitando nas suas duas mãos, à maneira daquele que move o segredo do cofre para um lado e outro até que encontra o ponto que o abrirá, sim, assim foi o Absoluto, transitando nas duas estradas, nas duas vias da mesma estrada, passando por um passando por outro, acertando este removendo aquele, então iria chegar o dia em que iria concluir o seu trabalho sublime, finalmente colocando de frente, um olhando nos olhos do outro, a sua Eva e o seu Adão, completamente resgatados do seu longo calvário.

E neste dia então, Adão e Eva novamente juntos, e os dois novamente na presença de Deus, resgatados, na sua pureza primeira, se achando agora assim como no princípio da criação, então o Absoluto baterá palmas. E então o anjo que se acha ao lado da Arca do Pacto (Apocalipse 11.19) a abrirá e trará para fora, segurando nas suas duas mãos, a uma coroa régia. E a porá nas mãos do Absoluto. E então o Absoluto se virará para todos aqueles que dedicaram as suas vidas na defesa dos oprimidos pelo capitalismo e pelo poder do dinheiro e da ganância e lhes dirá: "Vinde, benditos de meu Pai, e possuí o reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois fiquei com fome, e vós me destes algo para comer; fiquei com sede, e vós me destes algo para beber. Eu era estranho, e vós me recebestes hospitaleiramente; estava nu, e vós me vestistes. Fiquei doente, e vós cuidastes de mim. Eu estava na prisão, e vós me visitastes". E após dizer isto, então colocará a coroa régia, em suas mãos, nas suas cabeças, cada um tendo uma coroa régia na sua cabeça, com as palavras: "Vós sois os reis que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Tomem posse do Reino e entrem no gozo do vosso Senhor".

Ora, e quando o Absoluto acabar de dizer estas palavras, porque ele as dirá, então ele novamente baterá palmas (porque ele baterá). Então o anjo que se acha do outro lado da Arca (porque eram dois anjos, um deste lado e outro daquele lado da Arca) abrirá a tampa da Arca e com as duas mãos levantará a coroa régia e a porá nas mãos do Absoluto. Então o Absoluto se virará na direção daqueles que dedicaram as suas vidas, madrugando manhã após manhã, a orarem e a buscar a libertação dos escravizados pelas concupiscências da carne, dos escravizados pelos vícios e o desamor familiar, restaurando as suas vidas, os seus lares, sim, então o Absoluto se virará na sua direção e lhes dirá: "Vinde, benditos de meu Pai, e possuí por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo. Pois fiquei com fome espiritual, e vós me destes algo para comer; fiquei com sede espiritual, e vós me destes algo para beber. Eu era estranho espiritual, e vós me recebestes hospitaleiramente; estava nu espiritual, e vós me vestistes. Fiquei doente espiritual, e vós cuidastes de mim. Eu estava na prisão espiritual, e vós me visitastes" (Porque todos os conceitos possuem dois lados, de um lado há a fome por pão, o corpo clamado por seu alimento, e do outro há a fome por Deus, a alma clamando pelo seu alimento; há a sede pela água material, que alimenta o corpo, mas há a sede pela água espiritual, que alimenta a alma). E sucederá que quando o Absoluto acabar de dizer estas palavras (porque ele as dirá) então tomará a coroa régia em suas mãos e a colocará sobre as suas cabeças, cada um tendo uma coroa régia sobre a cabeça, com as palavras: "Vós sois os sacerdotes que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Tomem posse do Reino e entrem no gozo do vosso Senhor".
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Padre João: então creio mostrei a importância histórica da igreja constantinista, simplesmente a árvore do Reino (Se ela tivesse o valor atribuído a ela pelos positivistas porque o Deus condutor e soberano da História teria permitido a sua existência?). Foi nos seus galhos que surgiu a flor dos evangélico-carismáticos e o fruto do marxismo-teologia da libertação. É da sua junção, do seu caldo, que se manifesta o governo do Reino de Deus, que há de fazer com que todos se sentem debaixo da sua videira, igualdade espiritual, evangélico-carismáticos e debaixo da sua figueira, igualdade material, socialista-teologia da libertação, não havendo quem os faça tremer, pois a própria boca de Javé dos exércitos falou isso (Miquéias 4.4).

Eu diria que o quadro hoje é este: Eis o fruto do Reino! Por fora está a casca dos assim chamados conservadores, aqueles que são defensores da igreja constantinista e vêem nela uma continuação pura e simples do sacrifício na cruz, e por dentro está o seu fruto, agora se manifestando maduro no socialismo celestial. Rompamos, pois, a sua casca e apanhemos o seu fruto puro, Jesus de Nazaré! (a casca não se rompe, mas ela também se amadurece, ao mesmo ritmo do fruto (fruto verde, casca verde; fruto maduro, casca madura), o que significa dizer que os assim chamados conservadores também vão reconhecer que Lutero, Marx e João XXIII eram Deus chegando com o reino de seu filho Jesus Cristo (e ele terá de voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais; para que eu realmente não venha e golpeia a terra, devotando-a a destruição).

            
Padre João: estamos no alvorecer de uma nova consciência. Precisamos pôr um fim a visões isoladas da Igreja, se como a Igreja de Cristo fosse isto ou aquilo. A Igreja de Cristo deva ser apreendida em totalidade, no seu devir. Trata-se de um processo dialético-histórico que ao seu final revelará o Cristo da cruz em toda a sua perfeição e plenitude. Bem como disse o apóstolo amado: porque o veremos assim como ele é. Destarte, um processo dialético-histórico que revelará o Cristo da cruz em toda a sua perfeição e plenitude, mas que também revelará os filhos e as filhas de Deus (e tereis de ver novamente a diferença entre o justo e o injusto, entre o que serve a Deus e o que não o serviu, Malaquias 3.18) (Naquele tempo, os justos brilharão tão claramente como o sol, no reino de seu Pai. Escute aquele que tem ouvidos, Mateus 13.43), sim, todos aqueles que lutam para a terra respirar o oxigênio da igualdade espiritual e da igualdade material de Jesus, o respirar não por imposição, à maneira da lei, mas o respirar através da educação, de uma educação que é amor e que alcança e agracia a todos indistintamente. A rigor, isto que vimos ultimamente, com os meios de comunicação trazendo pesquisa sobre os cristãos, em que mostraram tal porcentagem de católicos, tal porcentagem de evangélicos, apresentados como rivais, se contrapondo, isto está com os dias contados, pois em breve todos serão contados como Igreja de Cristo, isto é, quando todos deixarem de serem meninos em Jesus Cristo para serem adultos Nele.

Ele está chegando

Padre João, aqui está um profeta, e agora mesmo acabei de receber uma revelação de Deus para que assente neste escrito. Ora, o momento em que a Igreja, a partir do Concílio de Nicéia, foi elevada à condição de religião de Estado, na verdade foi que a Igreja se pôs em caminhada para encontrar o seu Adão, apartados um do outro desde o dia do pecado original, pela parede de separação levantada pela Serpente Original. E ela entrou na estrada certa. Mas teve de ir passando pelos bárbaros, e tendo as suas vestes, na caminhada, manchada pelo pecado (não guardou o seu vinhedo, aquele que era seu, Cantares 1.6). Mesclou-se com eles, se misturou com eles, viveu e se deitou com eles, tão bem visionado pelo profeta Ezequiel e por João apóstolo. Assim como uma mulher é passada de mão em mão, assim foi a Igreja. Até que um dia, depois de passar pelas etapas da escravatura, feudalismo e capitalismo, ela então, à distância, avistou o seu Adão, o socialismo. E quando o viu, imediatamente o reconheceu. A saudade bateu no peito. Mas Adão, quando a viu não a reconheceu. Ela estava com vestes rotas, manchadas pelo seu encontro com os bárbaros. E ela ficou irradiante, feliz, porque enfim encontrou o seu amado. Andara pelas ruas do Materialismo Histórico perguntando por ele: Vistes aquele a quem a minha alma tem amado? Assim que passei deles adiante – escravatura, feudalismo, capitalismo – então achei aquele a quem a minha alma tem amado: o socialismo. Segurei-o e não o larguei, até que o fiz entrar na casa de minha mãe e no quarto interior daquela que esteve grávida de mim...

O som do meu querido! Eis que este está chegando, escalando os montes, saltando sobre os morros. Meu querido se parece a uma gazela ou à cria dos veados. Eis que este está de pé atrás da nossa parede, espreitando pelas janelas, espiando pelas rótulas. Meu querido respondeu e me disse: "Levanta-te, companheira minha, minha bela, e vem. Pois eis que passou a própria estação chuvosa, acabou o próprio aguaceiro, ele se foi. As próprias flores apareceram na terra, chegou o próprio tempo da poda das vides e ouviu-se a voz da própria rola em nossa terra. Quanto à figueira, atingiu a cor madura para os seus figos temporãos; e as videiras estão em flor, tem dado a sua fragrância. Levanta-te, vem, ó companheira minha, minha bela, e vem. Ó minha pomba, nos retiros do rochedo, no esconderijo do caminho escarpado, mostra-me a tua forma, deixa-me ouvir a tua voz, pois a tua voz é agradável e a tua forma é linda. Segurai para nós as raposas, as pequenas raposas que estragam os vinhedos, visto que os nossos vinhedos estão em flor. Meu querido é meu e eu sou dele. Ele pastoreia entre os lírios. Até a aragem do dia e até que tenham fugido as sombras, volta-te, ó meu querido; sê semelhante à gazela ou à cria dos veados sobre os montes de separação"

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