max turazzi:
AMEI O ARTIGO ESTA ESPERANDO ESSA
RESPOSTA DURANTE TODA A MINHA VIDA MUITO OBRIGADO (Max Turazzi é professor em
Bela Vista do Paraíso, Paraná) (Esse escrito já tem alguns anos, parece do ano
de 2002)
O ABRIR DA HISTÓRIA
Padre João: participei do II Fórum
Diocesano dos Movimentos Sociais, e prestei atenção em suas palavras e
reflexões teológicas segundo as quais a partir do Concílio de Nicéia, a partir
de Constantino, o evangelho de Jesus, de Concílio em Concílio, foi perdendo o
lugar para uma instituição eclesiástica, e somente com Leão XIII, com a
encíclica Rerum Novarum, de defesa veemente dos operários explorados pelo
capitalismo, então se fez um retorno ao evangelho de Jesus Cristo, retorno que
se deu de forma mais clara com o Concílio Vaticano II, mais claro ainda em
Medellin e Puebla. Hegelianamente, Jesus se alienou de si mesmo em Constantino,
e retornou a si mesmo na Teologia da Libertação, se caracterizando o longo
período constantinista de ausência de Jesus (Retido nos céus, Atos 3.21), para
agora voltar com a sua luz. Em uma palavra, Jesus, que esteve na Igreja de
Atos, em que todos tinham todas as coisas em comum, retornou e está hoje na
Teologia da Libertação. Foi isto que captei em vossas palavras, que digo são
sábias.
Mas, antes de prosseguir é preciso
esta complementação e acareação: esta visão, de que a partir do Concílio de
Nicéia, a Igreja se apartou de Jesus para se ligar ao homem, deixando de estar
a serviço do Reino para estar a serviço do reino de homens, é também visão dos
evangélicos, apenas que dizem que este retorno de Jesus se deu com John
Wicliffe, se manifestou de forma clara em Lutero, deu um salto de qualidade
muitíssimo grande em John Wesley, e do seu toco então florescendo de forma
claríssima no moderno movimento pentecostal, arrebatador das grandes massas.
Essa visão teológico-histórica da
Teologia da Libertação e dos evangélicos é correta? É fato puro e simples?
Antes de prosseguir devo dizer as
razões deste escrito: recentemente o novo arcebispo de São Paulo, que ocupou o
lugar de Dom Cláudio, Dom Odílio, disse com palavras claras: a Teologia da
Libertação não mais existe. Tratou-se de uma tendência que se manifestou no
seio da Igreja e hoje já não mais existe.
Ora, é muito certo que estas duas
igrejas caminham para um confronto, pois ultimamente tem corrido e-mails e mais
e-mails na Internet de militantes das Cebs conclamando todos para a luta, para
reviver a Teologia da Libertação. Ela tem que se levantar, dizem os e-mails,
enquanto do outro lado os conservadores dizem que "defunto" não se
levanta. Ora, a razão deste escrito é justamente apartar os contendedores, pois
é muito certo que a Teologia da Libertação tem de se levantar, mas não com
aquela cara, a cara de Marx ou a cara de teólogos que concebem o seu pensar
filosófico com as lentes do materialismo dialético, mas com outra cara, a cara
de Jesus de Nazaré, uma cara que talvez possa fazer os sisudos conservadores
soltarem um sorriso ao menos amarelo. Mas já o primeiro passo da sua aceitação.
Pois bem, a visão da Teologia da
Libertação e dos evangélicos, segundo a qual a igreja da Cristandade foi um
afastamento do evangelho de Jesus Cristo, é verdadeira? Corresponde aos fatos?
Do ponto de vista da ciência
positivista isto é verdadeiro, mas a ciência metafísica, feita por Deus, por
Javé dos exércitos, trabalha com outras imagens valorizadoras dos fenômenos
históricos. O seu juízo acaba, pois, por ser outro.
A visão corrente, tanto da Teologia
da Libertação como dos evangélicos, pela qual o cristianismo primitivo foi
perdendo qualidade, se distanciando cada vez mais de Jesus, até que no século
III se apartou dele, dando lugar à igreja da Cristandade, muitíssima parecida
com Judá, pois sofreu sim nas mãos de Lênin e dos revolucionários marxistas os
mesmos golpes que Judá sofreu nas mãos de Nabucodonozor e dos caldeus, por
sinal vivendo o mesmo cativeiro de setenta anos, trata-se de uma visão correta?
Vamos deixar de lado os evangélicos,
por enquanto, e nos ater à Teologia da Libertação.
Bem, então nas palavras de padre João
esse retorno de Jesus Cristo se deu com a Teologia da Libertação. Mas, a
Teologia da Libertação teria sido este retorno?
Ora, sabemos que a essência do
cristianismo foi depositada por Jesus em Paulo apóstolo no caminho de Damasco,
a partir de então Paulo imprimindo o seu ritmo ao cristianismo, a todo o
cristianismo.
Façamos a pergunta: Jesus depositou
em Paulo a essência material como a vemos na Teologia da Libertação? O
cristianismo primitivo, que se expandiu para todo o império em várias
células-igreja com e após Paulo, possuía uma essência que podemos dizer é hoje a
essência da Teologia da Libertação?
Ora, a verdade é uma só: Jesus
depositou em Paulo, não o socialismo material, vivido e pregado pela Teologia
da Libertação, mas o socialismo espiritual. Embora Paulo tivesse consciência do
sofrimento material do povo a que se dirigia com as boas novas, todavia tinha
uma plena consciência de que era sua missão a libertação espiritual. Foi por
isso que disse: em parte conhecemos e em parte profetizamos; mas, quando vier o
que é completo... A libertação completa do ser humano era coisa futura para
Paulo, que tinha consciência de que o que é completo teria de ser precedido e
preparado por aquilo que é em parte.
Prosseguindo. E a razão que Jesus não
depositou em Paulo o socialismo material é que aquele era o tempo em que a
história, NO SEU MOVIMENTO REAL, se achava na sua fase teológico-espiritual.
Achava-se na sua fase primaveril. Assim como na primavera a árvore dá flor e
não fruto, guardando o fruto para dá-lo na fase outonal, a história na sua fase
teológico-espiritual não podia em hipótese alguma dar o fruto do socialismo
material, como assim pensou e quis Engels, senão a flor do socialismo
espiritual.
O socialismo material havia em Jesus
sim (Mateus 20; 25.40), e Ele sabia da futuricidade do socialismo material sim (Mateus
21.43; Isaías 65, sem falar em Lucas 6.24-25 e a inspiração que Ele deu para
Tiago 5), mas porque Ele é a pura ciência guardou-o para quando a história, no
seu movimento real, saísse da sua fase teológico-espiritual e entrasse na sua
fase filosófico-material, o que se deu com e a partir do Renascimento quando a
visão de mundo teocêntrica passou a dar lugar para a visão de mundo
antropocêntrica. (Ora, a fase teológico-espiritual se iniciou nos primórdios da
humanidade-civilização e findou no final da Idade Média, nascendo, então, a
fase filosófico-materialista, que tem perdurado até nossos dias. E é fato
estabelecer que na passagem da visão teocêntrica para a visão antropocêntrica
não tivemos uma superação antropológica, como foi saudado pelos positivistas
comteanos e é ainda saudado por todos os materialistas, mas, sim, uma virada antropológica, que quer dizer
simplesmente que Deus saiu da metade teológica (ICoríntios 13.9) e foi para a
metade antropológica, para um dia, no terceiro momento, o momento glorioso da
síntese, então pudesse se levantar no que é completo (ICoríntios 13.10). Sim, a
metade teológica e a metade antropológica, tendo deixado a casa de seus pais,
Paulo e Marx respectivamente (Gênesis 2.24), então pudessem se levantar num só
corpo, num só espírito, o corpo e espírito de Cristo Jesus, que os deu nos
momentos certos e no momento certo os iria reunir) (A virada antropológica se
deu porque a história possui curvatura, fato ignorado e desconhecido tanto pelo
positivismo como pelo materialismo, que crêem piamente ela se move
retilineamente (deformismo da história herdado de Heráclito). Mas a História se
move em torno de um centro, o Absoluto, assim como a terra se move em torno do
sol. É por isso que a História teve inverno – judaísmo (Moisés), teve primavera
– cristianismo (Paulo), teve verão – marxismo (Marx), teve outono – leninismo
(Lênin), e agora está principiando a ter colheita, quando os filhos e filhas de
Deus serão então reunidos em um só aprisco, sendo um só rebanho e tendo um só
pastor, Jesus Cristo, o filho do Deus vivo).
Em uma palavra, assim como na semente
habita a plenitude do fruto, em Jesus habitava a plenitude do Reino. Nele a
igualdade espiritual (socialismo espiritual, gameta feminino da semente), o
amor e respeito pelo corpo que ama e gera a vida, o corpo da mulher, e a
igualdade material (socialismo material, gameta masculino da semente), o amor e
respeito pelo corpo que trabalha e é gerador de todas as riquezas, o corpo do
trabalhador, em Jesus estas duas essências portadoras e produtoras da vida
giravam harmoniosamente, como a sua Eva (igualdade espiritual) e o seu Adão
(igualdade material). Em Jesus? Sim, mas não nos cristãos primitivos, que
possuíam realmente a asa da igualdade espiritual, mas não a asa da igualdade
material, que Jesus guardou para dá-la quando chegasse o tempo material do Reino; e quando chegou então foi dá-la para um povo que ganhou a designação de povo socialista.
Nos cristãos primitivos o Reino se
achava pela metade, somente na sua dimensão espiritual. Os cristãos tinham um firme
combate às concupiscências da carne, à opressão espiritual de Roma, mas não
combatiam a opressão material do império, se achando de costas para ela. (E nem
podia, pois, como já foi dito, tal Deus postergou para o futuro, quando os
tempos materiais chegassem. Então Deus iria colocar a igualdade material do seu
filho Jesus nos humanos, e eles, então fazendo um combate firme contra a
opressão material, iriam então sofrer o mesmo martírio que sofreram seus irmãos
cristãos, Apocalipse 6.11. Mas iriam vencer, criando a terra paradisíaca, sem
pecado, sem qualquer tipo de opressão. O seu sangue não iria ser em vão, mas
iria ser germinador e frutificador da nova vida (Tudo isto iria ocorrer dentro
de um processo dialético longo, com a terra paradisíaca começando a se
manifestar no exato momento em que o povo marxista desse uma meia volta de 180
graus e, livre da tapa no seu olho direito posto nele pelo Materialismo
Dialético (necessário na sua fase embrionária), reconhecesse, então, no
cristianismo o seu outro lado, a complementação de toda sua parcialidade e
imperfeição (I Coríntios 13.9 vale também para o povo socialista, a outra
metade do povo que conheceu o martírio e a glória nas arenas de Roma).
Prosseguindo. Então, em verdade, o
ocorrido no século III, quando a Igreja trocou a ilegalidade pela legalidade
estatal, tal deva ser visto, não como um movimento negativo, retrocesso do
Evangelho, a visão dos evangélicos e da Teologia da Libertação, mas um
movimento altamente positivo, de suma importância, pois seria nessa passagem, e
somente nela, que as condições iriam ser criadas e dispostas para o que é em
parte pudesse se levantar no que é completo.
É verdade, a passagem foi tão somente
que o Espírito, no seu longo calvário (Hegel), após, no Espiritualismo
Histórico, galgando as suas etapas, das inferiores para as superiores, das mais
simples para as mais complexas – totemismo, animismo, fetichismo, politeísmo, JUDAÍSMO,
CRISTIANISMO – sim, o momento de Constantino não foi outro senão que o
Espírito, na busca incessante de sua completeza, de reaver a sua perfeição
usurpada com o pecado original, começou então uma nova caminhada, agora na
estrada do Materialismo Histórico, para que um dia, galgando as suas etapas,
das inferiores para as superiores, das mais simples para as mais complexas –
escravatura, feudalismo, capitalismo, pudesse então produzir o seu fruto puro, que
podemos dizer começou a ser formado com o socialismo marxista. E na formação e
junção desta unidade, a flor pura produzida na árvore do Espiritualismo
Histórico, a fé judaico-cristã, e o fruto puro produzido na árvore do
Materialismo Histórico, a fé marxista-celestial, sim, na junção do que mais
belo produziu a história na árvore do Espiritualismo Histórico e na árvore do
Materialismo Histórico, é que iria dar-se o casamento escatológico, o casamento
dos casamentos, o Casamento do Cordeiro.
Destarte, o casamento do Cordeiro,
fato bíblico-apocalíptico, iria se dar no exato momento em que o socialismo
marxista completasse a sua metamorfose em socialismo celestial. Neste momento
iria haver o seu acasalamento com a fé cristã, nascendo uma nova práxis,
evangelizadora em mão dupla, principiando pelos trabalhadores, resgatando a
inteira humanidade do domínio de Sodoma e do domínio do Egito, cidade pecadora
que crucificou a Jesus Cristo (Apocalipse 11.8) e continua ainda hoje com a sua escravização, em especial entre os jovens.
Em uma palavra, assim como na árvore
do Espiritualismo Histórico primeiro o Espírito se revelou no botão do
judaísmo, para depois se abrir na flor pura do cristianismo, de igual modo na
árvore do Materialismo Histórico Ele primeiro se revelou no fruto verde do
socialismo marxista, para depois se abrir no fruto maduro do socialismo
celestial. E seria então, e somente então, que a humanidade no seu conjunto
iria aceitar a construção do socialismo, pois então seria construído, não por
esta ou aquela mão, mas por todas as mãos, pois, deveras, no acontecimento
escatológico, o seu fogo dissolveu todos os paradigmas (II Pedro 3.10;
Apocalipse 6.12-14), e um novo paradigma se descortinou aos olhos de todos;
agregador e condutor de todos, como são as imagens de Isaías 11.6 (E o lobo, de
fato, residirá por um tempo com o cordeiro e o próprio leopardo se deitará com
o cabritinho, e o bezerro, e o leão novo jubado, e o animal cevado, todos
juntos; e um pequeno rapaz é que será
o condutor deles)
Ora, no primeiro momento, o momento
espiritual-religioso do Espiritualismo Histórico, a Parúsia se deu em três
momentos, a saber: o judaísmo (Moisés), os essênios (João Batista), e finalmente
a luz parusiática se revelando em Jesus Cristo o Filho de Deus. De modo que em
Jesus ela se revelou como a sua flor mais pura e na sua maior glória, sendo os
essênios elo e ponte de ligação. No segundo momento, o momento
material-político do Materialismo Histórico, o Espírito, em Parúsia, também
iria se manifestar em três momentos, a saber: o marxismo (Marx-Lênin, fruto
verde), a Teologia da Libertação (Gustavo Gutierrez-Rubem Alves, fruto de vez),
e finalmente a luz parusiática se revelando no socialismo celestial, fruto
maduro, que é novamente o Filho de Deus, agora se manifestando, não mais como
Cordeiro sofredor, mas como Leão que é da tribo de Judá, sim, agora como Filho
do homem vindo com as nuvens do céu com poder e grande glória, a fim de dar a
cada um o que cada um de fato tem de direito.
É preciso este esclarecimento: como
as boas novas de eternas são o momento sublime do nascimento da ciência, os
seus enunciados são apresentados em bases científicas, mesmo que neste seu
início trate-se de uma ciência incipiente, o seu edifício de síntese tendo as
suas partes frouxamente amarradas, necessitando, pois, de desenvolvimento assim como ocorre com todo recém-nascido, ora, o momento terceiro da síntese se
dá tanto de um lado indo para o outro como daquele que se foi para este que se
vai. Em uma palavra, da tese indo para a síntese, mas passando pela antítese; e
da antítese indo para a síntese, mas passando pela tese (visão corrente em
Teilhard de Chardin). O que ocorre, por exemplo, com a menininha e o menininho
que quando entram na puberdade então começam mutuamente a se convergir, com a
paixão e o amor brotando no coração de ambos e convergindo um para o outro,
para ser um só. Sendo assim, no momento da síntese temos então dois momentos
convergencionais, a saber: da tese para a síntese: Cristianismo (Paulo) –
Teologia da Libertação (Gustavo Gutierrez-Rubem Alves) – Socialismo Celestial
(JESUS). Da antítese para a síntese: Marxismo (Marx) – Escola de Frankfurt
(Horkheimer-Ernst Bloch) – Socialismo Celestial (JESUS). Os extremos, que
nasceram do Cristo da cruz, como a sua tese e a sua antítese, retornam
novamente para ele, se encontrando e se reconciliando plenamente entre si,
encontro este visto em espírito de profecia por Nicolau de Cusa e Mestre Ekhart.
É verdade, neste preciso momento sublime, acabam por se reconhecer osso do
mesmo osso e carne da mesma carne, passando a ter um só espírito, o espírito Daquele
que se deixou morrer na cruz para que todos os muros de separação fossem
abolidos. (Ora, se o momento em que o Cristo da cruz, por meiose, tirou de si a
igualdade espiritual e a plasmou nos humanos foi quando, no caminho de Damasco,
reluziu sobre Saulo de Tarso, dando a ele uma nova consciência, a consciência
espiritual do Reino, ora, a verdade é que o momento em que o Cristo da cruz,
dando prosseguimento à meiose, tirou de si a igualdade material e a plasmou nos
humanos foi quando, diante do veredicto da justiça prussiana, que condenou como
ladrão aos camponeses pobres que haviam retirado lenha das florestas para
aquecerem as suas casas contra o rigor do inverno, sim, foi neste momento,
quando o jovem Karl Marx, judeu de família convertida ao protestantismo,
analisando o veredicto da justiça prussiana e indignado com o mesmo, então na
ocasião Jesus plasmou no seu espírito a igualdade material, nascendo o
socialismo científico. Era neste preciso momento que Marx descobria o grande
desnível entre Justiça e Direito; que a justiça prussiana não estava a serviço
da justiça e do Bem, mas, sim, a serviço de uma classe social, no caso a classe
dos proprietários. E a luz intermitente de Jesus reluzindo no seu espírito, foi
mostrando para Marx que não só o judiciário, mas tudo o que se achava
constituído, Igreja, Exército, Governo, eram classistas, cooperando entre si
para este mesmo fim, a defesa dos proprietários, proprietários que eram eles
mesmos, juízes, bispos, comandantes militares, governantes. Estava descoberto,
pois, as causas que fazem na sociedade haver pobres e ricos, causas fixadas na posse
da propriedade) (Mas o socialismo celestial não é o mesmo socialismo marxista. Portanto
esta descoberta em Marx foi das causas segundas e não das causas primeiras, que
hão de ser buscadas e desentranhadas nos escaninhos do espírito, no pecado
original. Esta descoberta em Marx resolve a questão assim como ela está na
superfície, que não tardará e novamente brotará, revivendo a mesma luta, e isto
ao infinito. Mas deixará de brotar quando for atacada a sua causa ocultada sob a
superfície. É o pleno estabelecimento do reinado de Daniel 2.44 que segundo o
profeta hebreu não passaria jamais a outro domínio) (Este plasmar de Jesus é a
súbita iluminação de que falou Agostinho, um ser vivo, vivíssimo, com
propriedades, que, assim como a semente que é plantada na terra e se transforma
numa arvore, este ser vivo, vivíssimo, com propriedades, se instala na alma e
vai se desenvolvendo, até o ponto de nascimento na mente, que é também o
momento em que se acha apto para a reprodução) (Assim, pois, todo socialista o
é pela presença de Jesus, que ilumina para ele a realidade social e política.
Sem essa presença, está mergulhado na escuridão política)
Prosseguindo. É preciso este outro
esclarecimento: o socialismo evolui da sua fase verde para a sua fase madura na
medida em que a essência da religião cristã, oculta em seu interior (Isaías 65;
Mateus 25.40) começa a se desenvolver. Na medida em que a religião vai se
manifestando no corpo do socialismo, inversamente e proporcionalmente o
socialismo vai se livrando das suas imperfeições, até se levantar no que é
perfeito, em Jesus Cristo, em que realmente todos têm segundo as suas
necessidades, não as ditadas pelo interesse de uma ideologia, mas as ditadas
por Deus no nascimento de cada um. Assim, pois, a passagem do regime imperfeito
do socialismo para o regime perfeito a que os marxistas chamam de Comunismo se
dá de modo completamente oposto ao que se acha prescrito na teoria. Não virá na
razão inversa em que o ser humano se emancipou de toda e qualquer religião, de
toda e qualquer transcendência, mas, pelo contrário, na medida em que o ser
humano descobre que a religião é o complemento sublime da política. A política
determina e norteia a economia à produção dos bens, mas quem determina e
norteia o seu usufruto coletivo e na estrita necessidade é a religião. Sem a
religião é impossível a construção de um sistema assim, a não ser pelos ditames
da Lei, de um Estado que se sustenta pela força da força, que com o tempo a sua
faca se revela cega. Logo, religião e política são consubstanciais.
Explicando melhor: quando a flor
começa a murchar e a fenecer, caindo, nascendo no seu lugar o fruto, ora, o que
murchou e caiu foram a pétalas, mas a essência da flor, o seu néctar, se passou
para o fruto em nascimento, se ocultando no seu mais recôndito. De fato, e
quando chega à estação do outono então o néctar da flor começa a se desenvolver
e a fermentar, amolecendo a carne dura do fruto e lhe dando sabor, tornando-o
apto para o consumo.
Pois é, o socialismo quando nasceu em
Marx o que em Marx morria eram as pétalas da religião, as suas fantasticidades,
mas a essência pura da religião, o seu néctar, o amor ao próximo, o desejo mesmo
de perfeição, era na verdade o alicerce sobre o qual o socialismo era
construído, trazendo oculto no seu ser essa essência sublime da religião (desse
modo, todo marxista carrega oculto no seu ser essa essência sublime, que dia
mais dia menos desabrochará em sua vida, ver Isaías 66.14; Mateus 25.40.
Carrega em oculto por causa do momento primeiro, Marx, que não por acaso foi um
judeu de família convertida ao protestantismo, pois a essência da religião
cristã, ausente por longo tempo, fez o seu florescimento justamente a partir de
Lutero). E a verdade é que com a Teologia da Libertação, recebendo o aval do
Concílio Vaticano II João XXIII, foi o momento em que a essência religiosa
começou a se desenvolver no interior do socialismo (mas também o momento em que
o socialismo começou a se desenvolver no interior do cristianismo, como já foi
falado acima). O fruto verde, amargo e duro do marxismo começava, pois, a ficar
amarelo e a amolecer, até o momento em que se revelaria completamente
amadurecido. (Como já falado atrás, o momento em que a essência espiritual da
religião começou a se desenvolver no interior do marxismo, começando a amolecer
o seu fruto duro e amargo, foi com a Escola de Frankfurt. Mas podemos dizer foi
também com a Teologia da Libertação, posto que cristianismo e marxismo
correspondem-se, ambos sendo parciais, carregando o selo da limitação. Com a
Teologia da Libertação o que de fato aconteceu foi que no interior do
Cristianismo começou a se desenvolver a materialidade socialista, também
ocultada no seu interior, naquele preciso momento em que Paulo recebia de Jesus
a sua espiritualidade. Quando a materialidade socialista começava a se
desenvolver no Cristianismo, com a Teologia da Libertação, era então que o
amargor da Cristandade começava a ceder o lugar para a docilidade de Jesus. Na
falta do socialismo (porque era futuro), o seu lugar foi ocupado pela
Cristandade, com a Noiva tende de viver e estar sujeito a concubinato (o
concubinato do socialismo foi a Ditadura do Proletariado, na ausência da Noiva,
que era futuro, ocupando o seu lugar) (De igual modo a Renovação Carismática
estava em oculto na realização do Concílio Vaticano II, ao seu tempo se
desenvolvendo no corpo da Teologia da Libertação, cuja essência, a materialidade
socialista, também ao seu tempo iria se desenvolver no interior do corpo da
Renovação Carismática. Mas agora não é ocasião para se abordar tal questão).
Com a Teologia da Libertação então
foi o momento em que o fruto do socialismo se manifestou maduro? Não, mas de
vez. É somente no socialismo celestial que o fruto do Reino se manifesta
maduro, adocicado, saudável, pronto para o consumo, não destes ou daqueles, mas
de todos, Teologia da Libertação, Carismáticos, Conservadores, Evangélicos,
Socialistas. É a maturidade da própria Humanidade. É o cumprimento de
Apocalipse 20. É o cumprimento de Apocalipse 21: E eu vi um novo céu e uma nova
terra; pois o céu anterior e a terra anterior tinham passado, e o mar já não é.
Já não é mais o domínio dos exploradores e daqueles que vivem do suor alheio,
mas já é o domínio daquele que Jesus disse herdariam a terra, os mansos, todo
homem e mulher que se tornam revolucionários na práxis do socialismo celestial.
Então esta é a verdade: na plenitude
do Espiritualismo Histórico Jesus fez nascer a sua Eva, o cristianismo
primitivo. Primeiro como judaísmo, Moisés, depois como cristianismo, Paulo. E
na plenitude do Materialismo Histórico Jesus fez nascer o seu Adão. Primeiro
como socialismo antropológico, Marx, e depois como socialismo celestial, o
Filho de Deus agora se revelando como Filho do homem, não mais o Cordeiro
sofredor, mas agora o Leão que é da tribo de Judá. Rei dos reis e Senhor dos
senhores. (Esta fase ainda não nasceu, pois os homens ainda não acumularam fé
para crer nela (Lucas 18.8), se achando, pois, ocupados com aquilo que se é pão
é então o pão amanhecido e ressequido dos gibeonitas (Josué 9), que o
prepararam para a sobrevivência. Todos esses fóruns sociais que passaram a
acontecer na terra a partir de Porto Alegre são na verdade o grito da criatura
oprimida. É o povo em busca da sua libertação. E quando esses fóruns sociais
convergirem para o socialismo celestial é então neste momento que Deus
respondeu ao grito da criatura oprimida. Até aqui não resultaram em um grande
movimento de transformação social porque deixam a palavra final em mãos
portadoras de idéias vencidas, desgastadas, que já cumpriram com sua missão
histórica, não conseguindo dar vazão ao sonho de libertação das grandes massas.
Mas as pessoas portadoras destas idéias, ao entrarem em contato com o
socialismo celestial, serão as primeiras a perceberem isto, vendo no socialismo
celestial a chegada de novas armas, que muito as ajudarão a ajudar a criatura
oprimida. E elas mesmas, aproveitando o carinho e respeito que recebem da
criatura oprimida, assim como João Batista, passarão a apontar para ela o
caminho do socialismo celestial, com a criatura oprimida entrando no socialismo
celestial sendo conduzida por elas, que irão na sua retaguarda com os seus
bastões.
Constantino e Gorbatchov
Padre João, falei da importância de Constantino, de que após ele a Igreja se embrenhou no império, entre os bárbaros, a fim de procurar e encontrar o seu Adão, o que iria ocorrer no momento em que ela, passando pelas etapas da escravatura, feudalismo e capitalismo, avistasse então o socialismo. Neste momento ela iria então se livrar dos filhos da Assíria e dos filhos de Babilônia, todos eles vestidos de azul, prefeitos e magistrados, todos mancebo de cobiçar, cavaleiros montados a cavalos, para viver com aquele que é osso do seu osso e carne da sua carne (ver Ezequiel 23 sobre as duas irmãs Oolá e Oolibá).
Constantino e Gorbatchov
Padre João, falei da importância de Constantino, de que após ele a Igreja se embrenhou no império, entre os bárbaros, a fim de procurar e encontrar o seu Adão, o que iria ocorrer no momento em que ela, passando pelas etapas da escravatura, feudalismo e capitalismo, avistasse então o socialismo. Neste momento ela iria então se livrar dos filhos da Assíria e dos filhos de Babilônia, todos eles vestidos de azul, prefeitos e magistrados, todos mancebo de cobiçar, cavaleiros montados a cavalos, para viver com aquele que é osso do seu osso e carne da sua carne (ver Ezequiel 23 sobre as duas irmãs Oolá e Oolibá).
Mas o inverso também iria ocorrer, e
de fato tem principiado a ocorrer. A Revolução também iria ter o seu
Constantino. Ela também iria entrar na estrada contrária, caminhando nela,
galgando as suas etapas, procurando, procurando, até que finalmente encontraria
a sua Eva, a sua outra cara-metade, a Igreja de Cristo Jesus. E se Constantino
foi ponte pela qual a Igreja atravessou do outro lado, entrando na estrada do
Materialismo Histórico a fim de encontrar o seu Adão, que passou a encontrá-lo
justamente com a Teologia da Libertação, a verdade é que Gorbatchov tem sido a
ponte por onde os marxistas atravessarão do outro lado, começando na estrada do
Espiritualismo Histórico uma nova caminhada, galgando as suas etapas, totemismo,
animismo, politeísmo, até que, passando pelo botão do judaísmo, encontre
finalmente a sua Eva, a graça que Jesus tirou de si e a depositou em Paulo
apóstolo e em todos aqueles cristãos que eram todos os dias arrastados para o
martírio nas arenas romanas.
Quão importante na história da
Redenção são Constantino e Gorbatchov! Passando por Constantino, a Igreja iria
então, no seu longo calvário, chegar ao Reino de Deus, no reino em que cada um
busca a vantagem do próximo e não a sua (I Coríntios 10.24); passando por
Gorbatchov, a Revolução iria, então, no seu longo calvário, chegar ao
Comunismo, no reino em que cada um tem segundo as suas necessidades, não as ditadas
pelo imperfeito Marxismo, mas as ditadas por Deus no nascimento de cada um.
Reino de Deus e Comunismo que não são outra coisa senão novamente Eva e Adão
girando harmoniosamente em torno do Cristo da cruz, em torno Daquele que os deu
e agora está chegando reclamando o que é seu.
A Festa de Casamento do Cordeiro
Estrada do Espiritualismo Histórico e
estrada do Materialismo Histórico. O Absoluto transitando nas suas duas mãos, à
maneira daquele que move o segredo do cofre para um lado e outro até que
encontra o ponto que o abrirá, sim, assim foi o Absoluto, transitando nas duas
estradas, nas duas vias da mesma estrada, passando por um passando por outro,
acertando este removendo aquele, então iria chegar o dia em que iria concluir o
seu trabalho sublime, finalmente colocando de frente, um olhando nos olhos do
outro, a sua Eva e o seu Adão, completamente resgatados do seu longo calvário.
E neste dia então, Adão e Eva
novamente juntos, e os dois novamente na presença de Deus, resgatados, na sua
pureza primeira, se achando agora assim como no princípio da criação, então o
Absoluto baterá palmas. E então o anjo que se acha ao lado da Arca do Pacto
(Apocalipse 11.19) a abrirá e trará para fora, segurando nas suas duas mãos, a
uma coroa régia. E a porá nas mãos do Absoluto. E então o Absoluto se virará
para todos aqueles que dedicaram as suas vidas na defesa dos oprimidos pelo
capitalismo e pelo poder do dinheiro e da ganância e lhes dirá: "Vinde,
benditos de meu Pai, e possuí o reino preparado para vós desde a fundação do
mundo. Pois fiquei com fome, e vós me destes algo para comer; fiquei com sede,
e vós me destes algo para beber. Eu era estranho, e vós me recebestes
hospitaleiramente; estava nu, e vós me vestistes. Fiquei doente, e vós
cuidastes de mim. Eu estava na prisão, e vós me visitastes". E após dizer
isto, então colocará a coroa régia, em suas mãos, nas suas cabeças, cada um
tendo uma coroa régia na sua cabeça, com as palavras: "Vós sois os reis
que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade sem fim com o Cristo. Tomem
posse do Reino e entrem no gozo do vosso Senhor".
Ora, e quando o Absoluto acabar de
dizer estas palavras, porque ele as dirá, então ele novamente baterá palmas
(porque ele baterá). Então o anjo que se acha do outro lado da Arca (porque
eram dois anjos, um deste lado e outro daquele lado da Arca) abrirá a tampa da
Arca e com as duas mãos levantará a coroa régia e a porá nas mãos do Absoluto.
Então o Absoluto se virará na direção daqueles que dedicaram as suas vidas,
madrugando manhã após manhã, a orarem e a buscar a libertação dos escravizados
pelas concupiscências da carne, dos escravizados pelos vícios e o desamor
familiar, restaurando as suas vidas, os seus lares, sim, então o Absoluto se
virará na sua direção e lhes dirá: "Vinde, benditos de meu Pai, e possuí
por herança o reino vos preparado desde a fundação do mundo. Pois fiquei com
fome espiritual, e vós me destes algo para comer; fiquei com sede espiritual, e vós me destes algo
para beber. Eu era estranho espiritual, e vós me recebestes hospitaleiramente; estava nu espiritual,
e vós me vestistes. Fiquei doente espiritual, e vós cuidastes de mim. Eu estava na prisão espiritual,
e vós me visitastes" (Porque todos os conceitos possuem dois lados, de um
lado há a fome por pão, o corpo clamado por seu alimento, e do outro há a fome
por Deus, a alma clamando pelo seu alimento; há a sede pela água material, que
alimenta o corpo, mas há a sede pela água espiritual, que alimenta a alma). E
sucederá que quando o Absoluto acabar de dizer estas palavras (porque ele as
dirá) então tomará a coroa régia em suas mãos e a colocará sobre as suas
cabeças, cada um tendo uma coroa régia sobre a cabeça, com as palavras:
"Vós sois os sacerdotes que haveriam de reinar os mil anos e a eternidade
sem fim com o Cristo. Tomem posse do Reino e entrem no gozo do vosso
Senhor".
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Padre João: então creio mostrei a
importância histórica da igreja constantinista, simplesmente a árvore do Reino
(Se ela tivesse o valor atribuído a ela pelos positivistas porque o Deus
condutor e soberano da História teria permitido a sua existência?). Foi nos
seus galhos que surgiu a flor dos evangélico-carismáticos e o fruto do marxismo-teologia
da libertação. É da sua junção, do seu caldo, que se manifesta o governo do
Reino de Deus, que há de fazer com que todos se sentem debaixo da sua videira,
igualdade espiritual, evangélico-carismáticos e debaixo da sua figueira,
igualdade material, socialista-teologia da libertação, não havendo quem os faça
tremer, pois a própria boca de Javé dos exércitos falou isso (Miquéias 4.4).
Eu diria que o quadro hoje é este:
Eis o fruto do Reino! Por fora está a casca dos assim chamados conservadores,
aqueles que são defensores da igreja constantinista e vêem nela uma continuação
pura e simples do sacrifício na cruz, e por dentro está o seu fruto, agora se
manifestando maduro no socialismo celestial. Rompamos, pois, a sua casca e
apanhemos o seu fruto puro, Jesus de Nazaré! (a casca não se rompe, mas ela
também se amadurece, ao mesmo ritmo do fruto (fruto verde, casca verde; fruto
maduro, casca madura), o que significa dizer que os assim chamados
conservadores também vão reconhecer que Lutero, Marx e João XXIII eram Deus
chegando com o reino de seu filho Jesus Cristo (e ele terá de voltar o coração
dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais; para que eu
realmente não venha e golpeia a terra, devotando-a a destruição).
Padre João: estamos no alvorecer de
uma nova consciência. Precisamos pôr um fim a visões isoladas da Igreja, se
como a Igreja de Cristo fosse isto ou aquilo. A Igreja de Cristo deva ser
apreendida em totalidade, no seu devir. Trata-se de um processo dialético-histórico
que ao seu final revelará o Cristo da cruz em toda a sua perfeição e plenitude.
Bem como disse o apóstolo amado: porque o veremos assim como ele é. Destarte,
um processo dialético-histórico que revelará o Cristo da cruz em toda a sua
perfeição e plenitude, mas que também revelará os filhos e as filhas de Deus (e
tereis de ver novamente a diferença entre o justo e o injusto, entre o que
serve a Deus e o que não o serviu, Malaquias 3.18) (Naquele tempo, os justos
brilharão tão claramente como o sol, no reino de seu Pai. Escute aquele que tem
ouvidos, Mateus 13.43), sim, todos aqueles que lutam para a terra respirar o
oxigênio da igualdade espiritual e da igualdade material de Jesus, o respirar
não por imposição, à maneira da lei, mas o respirar através da educação, de uma
educação que é amor e que alcança e agracia a todos indistintamente. A rigor,
isto que vimos ultimamente, com os meios de comunicação trazendo pesquisa sobre
os cristãos, em que mostraram tal porcentagem de católicos, tal porcentagem de
evangélicos, apresentados como rivais, se contrapondo, isto está com os dias
contados, pois em breve todos serão contados como Igreja de Cristo, isto é,
quando todos deixarem de serem meninos em Jesus Cristo para serem adultos Nele.
Ele está chegando
Padre João, aqui está um profeta, e
agora mesmo acabei de receber uma revelação de Deus para que assente neste
escrito. Ora, o momento em que a Igreja, a partir do Concílio de Nicéia, foi
elevada à condição de religião de Estado, na verdade foi que a Igreja se pôs em
caminhada para encontrar o seu Adão, apartados um do outro desde o dia do
pecado original, pela parede de separação levantada pela Serpente Original. E
ela entrou na estrada certa. Mas teve de ir passando pelos bárbaros, e tendo as
suas vestes, na caminhada, manchada pelo pecado (não guardou o seu vinhedo,
aquele que era seu, Cantares 1.6). Mesclou-se com eles, se misturou com eles,
viveu e se deitou com eles, tão bem visionado pelo profeta Ezequiel e por João
apóstolo. Assim como uma mulher é passada de mão em mão, assim foi a Igreja.
Até que um dia, depois de passar pelas etapas da escravatura, feudalismo e
capitalismo, ela então, à distância, avistou o seu Adão, o socialismo. E quando
o viu, imediatamente o reconheceu. A saudade bateu no peito. Mas Adão, quando a
viu não a reconheceu. Ela estava com vestes rotas, manchadas pelo seu encontro
com os bárbaros. E ela ficou irradiante, feliz, porque enfim encontrou o seu
amado. Andara pelas ruas do Materialismo Histórico perguntando por ele: Vistes
aquele a quem a minha alma tem amado? Assim que passei deles adiante –
escravatura, feudalismo, capitalismo – então achei aquele a quem a minha alma
tem amado: o socialismo. Segurei-o e não o larguei, até que o fiz entrar na casa
de minha mãe e no quarto interior daquela que esteve grávida de mim...
O som do meu querido! Eis que este está
chegando, escalando os montes, saltando sobre os morros. Meu querido se parece
a uma gazela ou à cria dos veados. Eis que este está de pé atrás da nossa
parede, espreitando pelas janelas, espiando pelas rótulas. Meu querido
respondeu e me disse: "Levanta-te, companheira minha, minha bela, e vem.
Pois eis que passou a própria estação chuvosa, acabou o próprio aguaceiro, ele
se foi. As próprias flores apareceram na terra, chegou o próprio tempo da poda
das vides e ouviu-se a voz da própria rola em nossa terra. Quanto à figueira,
atingiu a cor madura para os seus figos temporãos; e as videiras estão em flor,
tem dado a sua fragrância. Levanta-te, vem, ó companheira minha, minha bela, e
vem. Ó minha pomba, nos retiros do rochedo, no esconderijo do caminho
escarpado, mostra-me a tua forma, deixa-me ouvir a tua voz, pois a tua voz é
agradável e a tua forma é linda. Segurai para nós as raposas, as pequenas
raposas que estragam os vinhedos, visto que os nossos vinhedos estão em flor.
Meu querido é meu e eu sou dele. Ele pastoreia entre os lírios. Até a aragem do
dia e até que tenham fugido as sombras, volta-te, ó meu querido; sê semelhante
à gazela ou à cria dos veados sobre os montes de separação"
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