(*****5) A Nova Visão da História
“Quem tem estado ativo e tem feito isso, convocando as gerações desde o começo? (...) Quem é que contou alguma coisa desde o começo, para que a saibamos, ou dos tempos passados, para que digamos: Ele tem razão? (...) A tal ponto surpreenderá muitas nações. Por causa dele, reis fecharão a sua boca, pois verão realmente aquilo que não se lhes narrou e terão de dar sua consideração àquilo que não ouviram”, Profeta Isaías
No trabalho se acha a visão dos esquemas históricos do Materialismo Histórico e do Espiritualismo Histórico, bem como o esquema histórico de um pensador da Escola de Frankfurt, Ernst Bloch, sobre a relação do Cristianismo com o Socialismo. Todas estas visões são válidas; mas, não obstante, o leitor terá agora acesso a uma nova visão da História, muito mais abrangente, muito mais abarcadora dos fenômenos históricos libertadores, transcendendo os esquemas apresentados, indo muito além; não os negando, porém, senão que os integrando no seu novo sistema, com eles também sendo partes constitutivas de si. E o que vai agora ser revelado é com certeza os seus momentos que dizem respeito diretamente à libertação; que tem parte ativa na libertação, com os seus momentos remotos não sendo preciso a sua nomeação mesmo porque eles se acham tanto no Materialismo Histórico como no Espiritualismo Histórico.
Qual é, pois, o esquema da História segundo a filosofia celestial? Este novo pensar que vem se manifestando cujo corpo é composto de tudo o que de bom e verdadeiro foram produzidos ao longo dos tempos?
Ela tem, basicamente, três momentos distintos e evolutivos, e cada um destes momentos tem, por sua vez, também três momentos distintos e evolutivos. Trata-se de um processo altamente dialético, indo do mais simples ao mais complexo, e, ao final, porque o mesmo se move na tríade hegeliana da tese, antítese e síntese, então revelando toda a sua teia de complexificação. Eis o novo esquema da História:
PRIMEIRO MOMENTO – TESE: Abraão / Moisés (Judaísmo) – Hillel / João Batista (Essênios) – PAULO & PEDRO (CRISTIANISMO)
SEGUNDO MOMENTO – ANTÍTESE: Adam Smith / Ricardo (Materialismo Inglês) – Saint Simon / Proudhon (Materialismo Francês) – MARX & ENGELS (SOCIALISMO)
TERCEIRO MOMENTO
O Terceiro Momento é o de síntese. E ele será apresentado se como gêmeos vitelinos de sexo diferente, espiritualismo e materialismo, fecundados e gestados no ventre da História para um nascimento que está prestes a ser dar. Vamos a estes gêmeos vitelinos de sexo diferente.
TERCEIRO MOMENTO – SÍNTESE ESPIRITUALISTA: Primeiro Momento do TERCEIRO MOMENTO (Embrião): TEOLOGIA HUMANISTA (Carl Rahner / Rudolf Bultmann) – (Mas, Jurgen Moltmann, Richard Shaull, Johann Baptist Metz, José Comblin, são elos de transição do primeiro para o segundo momento) – Segundo Momento do TERCEIRO MOMENTO (Botão): TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO (Gustavo Gutierrez / Rubem Alves) – Terceiro Momento DO TERCEIRO MOMENTO (Nascimento do Ser):LIBERDADE – PAULO (Mas, Leonardo Boff – Clodovis Boff – Angélico Sândalo – Paul Freston – Robinson Cavalcante – Ariovaldo Ramos = FREI BETO + PASTOR DAVI àSANDINISMO, já é o momento em que o Espírito, subindo e convergindo para o seu ser-outra-metade, na busca da reconciliação do finito no Infinito, a sublimação de Mestre Ekhart e Teilhard de Chardin em Hegel Redivivo, está chegando e se aproximando do patamar IGUALDADE - MARX, pelos seus profetas mensageiros. É o momento em que a pomba da Parúsia, ainda invisível, na invisibilidade da Parúsia, começa a exercitar o bater das asas para o seu vôo nupcial, o Casamento do Cordeiro, e quando faz, batendo as suas asas, na medida em que vai se aproximando, mais e mais vai completando a sua transformação e metamorfose, até que quando chega e pousa a planta dos seus pés na terra seca, já visível, na visibilidade da Parúsia (Lucas 17.24), é tão somente PAULO – MARX! Que pelo esvaziamento de suas imperfeições (ICoríntios 13.9-10) (uma realidade cindida ou tendo apenas partes, por causa do pecado original, que preenche os espaços vazios, a imperfeição se acha ali presente) acabaram por se fazer expressão real da Luz! Expressão real da Vida! Destarte, tudo, absolutamente tudo, ficou para trás como os seus momentos histórico-constitutivos. Até mesmo o conjunto da obra elencado,Leonardo Boff – Clodovis Boff – Angélico Sândalo – Paul Freston – Robinson Cavalcante –Ariovaldo Ramos = FREI BETO + PASTOR DAVI à SANDINISMO, que é a Teoria-Ação do Reino no seu quase ser, que começa a ser neste ano de 2011, na força dos seus jovens e na força dos seus intelectuais, bem como na força dos seus homens e mulheres de fé, ao se completar exatos 33 anos em que Jesus começou a construir o Seu reino no jovem Gerson de então 25 anos, um operário iletrado, de raiz nordestina, naquele ano de 78, que queiram ou não será marco divisor da História. Antes deste ano de 78, até o ano de 77, o domínio daqueles que pela violência combateram a justiça e instauraram a injustiça e o domínio daqueles que pela violência combateram a injustiça e instauraram a justiça, mas, deste ano de 78 em diante, o domínio eterno d’Aquele que veio para que todos tivessem vida e vida em abundância, quer os que com violência combateram a justiça para instaurar a injustiça quer os que com violência combateram a injustiça para instaurar a justiça. E, porque a dialeticidade só existe no Criador (Gênesis 1.2), pois quê é função da dialética tão somente comunicar a novidade, à criatura, e não criá-la, que é obra da metafísica (no seu grande banquete Ele colocará porções no prato de Heráclito, mas cinco vezes mais no prato de Sócrates), de modo que a criatura não pode ir além senão aquém, porque foi dotada de memória para registrar o Devir como se lhe apresentou (As coisas escondidas pertencem a Javé, nosso Deus, mas as coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos por tempo indefinido, para cumprirmos toda a palavra desta lei, Deuteronômio 29.29), e porque, por causa do pecado original, que introduziu o Mal na criação, que não tem assento na novidade oculta senão que na novidade revelada, lhe foi permitido este Assento, de modo que a novidade não se estabelece sem que entre em luta de morte e vença a Reação, que é libertação da criatura, a verdade é que o conjunto da obra elencado, Leonardo Boff – Clodovis Boff –Angélico Sândalo – Paul Freston – Robinson Cavalcante – Ariovaldo Ramos = FREI BETO – PASTOR DAVI à SANDINISMO, ao mesmo tempo em que representa o ponto mais avançado do Espírito e a sua mais alta excelência, por causa do pecado original, em presença na obra do Criador (Jó 1.6; Apocalipse 12.4), representa também o último refúgio da Serpente Original e é o último inimigo a ser vencido, de tal modo que quando este último inimigo for vencido, sem mais qualquer barreira de resistência, na sua mais completa liberdade, é então este o momento em que se acende a luz da Parúsia (Apocalipse 18; Lucas 17.24). Na sua derrota, na sua mais completa derrota, esvaziados de si (Miserável homem que eu sou! Quem me resgatará do corpo que é submetido a esta morte? (Romanos 7.17-24), sem mais nada para si senão que com as obras que os acompanham, é então que um corpo humilde e manso, como humilde e manso foi o corpo de João Batista, se fará presente, se apresentando como interlocutor-intérprete das palavras de Isaías, dizendo: E naquele dia certamente se dirá: Eis! Este é o nosso Deus. Pusemos nossa esperança nele, e ele nos salvará. Este é Javé. Pusemos nossa esperança nele. Jubilemos e alegremo-nos na salvação por ele. Dessa forma abrindo caminho para que as grandes massas nas avenidas d’ACidade, nas suas avenidas em tapete, cumprindo o sonho da jovem Joseane, possam dizer, com palmas em suas mãos: Bendito o que vem em nome do Senhor! (Certamente que o sábio entende as palavras de Isaías como referência não a uma pessoa que é Javé, mas, sim, que é Javé a obra que ela porta. Tem a sua marca, as suas impressões digitais). E a verdade é que este esvaziar-se de si, sem ter nada para si, e então exclamar: ó que homem miserável eu sou! Sim, esta obra libertadora Deus já começou a realizar com o conjunto da obra elencada, se apagando nela, com Clodovis Boff no ano de 2007, na questão do erro de princípio em que os pobres foram penalizados na perda da primazia do amor divino, e em Leonardo Boff no ano de 2010 ao colocar Lula e governo do PT numa altura que de modo algum corresponde ao que de fato o são, o que, dado o grau intelectual dos atores em presença e a moralidade-espiritualidade de que de fato são depositárioshttp://anovateologiadalibertacao.blogspot.com/2010/09/o-aparecimento-do-verdadeiro.html, condenou a nação a longos anos de imobilismo político e a classe dominante e dominadora a longos anos de sossego político, destarte, adiou mesmo a libertação do povo pobre ao tempo de uma geração política, que finda quando os oprimidos descobrem, enfim, que com eles tiveram melhora, mas que sem eles poderiam estar muito mais melhor, como o povo russo conheceu melhora no Governo Provisório de Kerensky e cadetes, mas a libertação somente no governo de Lênin (que seja a sua recompensa o encobrimento eterno dos seus corpos pelas águas e pela terra que se fez lama que a fúria da natureza fez descer dos morros da região serrana do estado do Rio de Janeiro, engolindo os inocentes que ali estavam, mas que podiam estar em outro lugar, num outro lugar que Lula e PT eram para ter sido colocado).
Frei Beto e Pastor Davi. Ora, no ano de 94 Noubarus Gerson pondo um escrito nas mãos de Frei Beto, no centro de São Paulo, então Frei Beto, folheando e olhando para Noubarus Gerson, fez a ele a pergunta, já carregada de intenções afirmativas: Você é Josué? E no ano seguinte, em 95, se achando na presença de pastor Davi, batista e naquele ano presidente da Associação Evangélica do município de São Bernardo do Campo, então pastor Davi tendo folheado um escrito escatológico que ficou com ele por um dia, pois fora orientado por pastores Paulo e Marcos da pastoral universitária da Faculdade Metodista de São Bernardo do Campo que o procurasse, e o fez, deixando o escrito com sua secretária, pois não se achava presente, sim, então Pastor Davi, depois de levá-lo a um canto, então indagou dele sinceramente: não me negues e não me ocultes: Você é Jesus? (e ele não negou e não ocultou, mas disse: Não, mas sou aquele que haveria de iniciar o trabalho da restauração de todas as coisas, de modo todas as coisas vir a estar em Jesus e Jesus vir a estar em todas as coisas).
Por que Frei Beto e Pastor Davi tiveram uma reação assim? Porque representam o ponto mais elevado do Espírito, a sua mais alta excelência, além do qual não há mais nada senão a Parúsia? Quando viram aquele estranho à sua frente, o conteúdo do escrito que portava, e tiveram uma reação assim foi na verdade que no seu coração a criança da Parúsia (Apocalipse 12) saltou ansiando o nascimento? Que saltará e ansiará o nascimento na vida de todos os que são limpos de mão e puros de coração?
TERCEIRO MOMENTO – SÍNTESE MATERIALISTA: Primeiro Momento DO TERCEIRO MOMENTO (Embrião): EXISTENCIALISMO (Soren Kierkegaard / Friedrich Nietzsche) (Mas, Karl Jaspers, Gabriel Marcel, Heidegger, Paul Sartre, são elos de transição do primeiro para o segundo momento) – Segundo Momento DO TERCEIRO MOMENTO (Botão): SOCIALISMO DEMOCRÁTICO-FRANKFURTIANO (Rosa Luxemburgo / Horkheimer) – Terceiro Momento DO TERCEIRO MOMENTO(Nascimento do Ser) (IGUALDADE – MARX) (Mas, Ernst Bloch – Roger Garaudy –Marcuse – Theodor Adorno – Habermas – Walter Benjamim = ANTONIO GRAMSCI + NORBERTO BOBBIO à ZAPATISMO, são elos de transição e ligação do segundo para o terceiro momento, e representam o socialismo no seu momento de quase já Comunismo. Depois deles o que vem para o marxista é o reino da liberdade concreta, de modo que para onde irá o conjunto da obra elencada que parte do fundamento do Cristianismo,Leonardo Boff – Clodovis Boff – Angélico Sândalo – Paul Freston – Robinson Cavalcante –Ariovaldo Ramos = FREI BETO + PASTOR DAVI à, é para lá que vai também o conjunto da obra elencada que parte do fundamento do Marxismo, de dois em dois, nos seus pares, a ocupar na Arca o lugar que o Novo Noé lhes determinar.
No que diz respeito a esse terceiro momento da Síntese, ora, como ele é a reconciliação e junção da tese e antítese em único corpo, então o processo da síntese se dará nas duas direções: do Cristianismo para o Socialismo e do Socialismo para o Cristianismo, um crescimento que não obstante o seu mútuo imbricamento, todavia as partes são independentes, como independentes são o homem e a mulher. Chegando ao Cristianismo, do seu referencial, é Reino de Deus. Paulo é o princípio feminino que amadureceu e reconheceu no fora de si Marx o princípio masculino que completa o seu ser. Mas, chegando ao Socialismo, do seu referencial, é Comunismo. Marx é o princípio masculino que amadureceu e reconheceu no fora de si Paulo o princípio feminino que completa o seu ser. Portanto, não há Reino de Deus e Comunismo fora deste processo; e o que se apresentar como sendo tal que seja anátema.
Ora, no que diz respeito a Roger Garaudy, é preciso trazer esclarecimentos que se tivesse tido ao seu tempo por certo que teria sido a ação para a teoria em Ernst Bloch. Como é do conhecimento Roger Garaudy, também da Escola de Frankfurt, ao contrário dos seus luminares que na sua abertura ao Transcendente e ao religioso tomaram decididamente o caminho do Cristianismo Roger Garudy, depois de caminhar por ele e não ter encontrada terra sob os pés acabou tomando o caminho do Islã, se convertendo e passando a ser muçulmano. È que para Garaudy a estrutura intrínseca do Cristianismo não dava vazão para o Marxismo senão que o alienava de sua essência. Mas, o Islã, não só por eleger o estado teocrático como síntese e mediador das instâncias políticas e religiosas, não tratar de forma separada o material e o espiritual senão que na sua relação indissolúvel como se manifesta no cotidiano, no dia a dia das pessoas, e por não condenar a violência ou apoiá-la aberta ou veladamente como instrumento de também propagação da fé, ora, Roger Garaudy enxergou no Islã o instrumento adequado para penetrar nas massas populares e a partir da imanência de sua religiosidade levantá-las para a revolução.
O que se observa, e com clareza, é que Roger Garaudy entendia o Marxismo como um ser estático e acabado, possuidor de uma essência que fazia dele o que era. Na sua imutabilidade, que acordo poderia haver entre ele e o cristianismo, essência tão distinta não obstante se perceber certos graus de parentesco?
Mas, o que Roger Garaudy não sabia é que o Marxismo na verdade carregava a sua negação que iria fazer dele inteiramente outro, como a negação que o judaísmo carregava fez dele inteiramente outro. O Marxismo era a Lei, mas carregava em oculto a negação da Graça. E quando ele se manifestasse em graça então tudo estava preparado para a sua união com o Cristianismo (Apocalipse 19.7-8). As massas populares por certo que iriam se levantar de sua inércia revolucionária, não para construir a Ditadura do Proletariado, mas para construir o socialismo, que pode se chegar a ele por metodologia inteiramente diversa, obrada no ventre desta síntese: o pode da Educação, que trás conhecimento, que é luz para o caminho, e o poder do Evangelho, que trás amor, que é luz para o caminho. Já não mais iria ser necessária a destruição das forças inimigas para a construção do socialismo senão que a sua transformação, pois quê o seu bastão de comando está agora nas mãos Daquele que teve o poder de suscitar a pedras filhos a Abraão, que vendiam as suas propriedades e repartiam os valores com toda a comunidade, possibilitando a todos terem segundo as suas necessidades.
Então, no lugar de ter feito opção pelo Islã, destoando de todos os seus pares, o que teria de ter feito era o aprofundamento da abertura do Marxismo ao transcendente e à religião, até o momento em que acabaria de chegar, fatalmente chegaria, ao Transcendente e à Religião, tendo deixado para trás, como conquista do deserto, ao transcendente e a religião da Escola de Frankfurt. E ali estava a resolução de todos os problemas sociais unicamente pelas ferramentas do amor, norteando à práxis revolucionária a conseguir seus objetivos escafuncando e tirando dos ricos e da classe rica filões potenciais e úteis à revolução, pelas suas margens, pelas suas beiradas, que levarão certamente todo o sistema a ruir-se sobre si mesmo.
E se Roger Garaudy tivesse tido uma visão dinâmica do Marxismo, portador de uma negação positiva (mas o capitalismo é a sua negação negativa), não teria jamais negado os horrores nazistas sobre o povo judeu, vendo aí tão somente uma construção psicológica rica de imagens que fundamentava e empurrava para a necessária criação do Estado de Israel. Mas, que fazer, se o espírito que se apagou em Clodovis Boff em 2007, com a carne falando e se expressando nos seus sofismas, também tinha de se apagar em todos eles, só assim, e somente assim, surgindo as condições reais para a construção do reino da liberdade concreta, em que cada um tem realmente segundo as suas necessidades, que não são só sociológicas, e ainda na mediação de uma ideologia que teve acesso ao lado claro da realidade e não ao seu lado oculto, mas ontológicas? Dadas por Deus no nascimento de cada um?
Zapatismo. No início do ano de 94 um grupo guerrilheiro ocupou diversas repartições públicas no estado pobre de Chiapas, México. Porque os guerrilheiros não tinham o objetivo de lutar contra o sistema senão que o de exigir melhorias para a população pobre do país, em especial os índios de Chiapas, e porque depois daquele episódio único pareceu que eles “depuseram as armas”, a verdade é que, mormente comunicado romântico e de humor, e o seu líder Subcomandante Marcos escondendo a sua identidade é a sua subscrição, o movimento zapatista tem adquirido conotação negativa entre as forças de esquerda. Sendo apenas visto como um grupo político reformista, sem projeto de transformação, sem intenções de aprofundar as contradições no interior da sociedade mexicana e levá-la a confrontos revolucionários com o poder estabelecido.
Isto é verdadeiro? Do ponto de vista positivista, que vê o aparente, o que se manifesta à retina, isto é verdadeiro. Mas o movimento zapatista deva ser visto com outros olhos, pelo viés filosófico.
Na verdade o movimento zapatista foi o resultado do Espírito em movimento de retorno a si mesmo. Na sua transformação de um extremo ao outro, do extremo da Lei para a Graça, do extremo da Ditadura do Proletariado para o extremo da Democracia de Jesus. Nesta cadeia, o movimento zapatista no México já foi o segundo momento, tendo sido o sandinista o seu primeiro momento, e o que está prestes a se manifestar no Brasil o seu terceiro momento.
Do que estou falando? Ora, tivemos na América não ianque a revolução cubana. E ela fez reviver as revoluções da velha Europa. Literalmente a russa. Foi leninista na tomada do poder, foi plekhanovista na introdução da NEP, e por fim foi stalinista. A revolução cubana seguiu este mesmo ideário da revolução russa.
Mas, a revolução russa trazia no seu ventre uma negação, que haveria de construir a igualdade no ventre da liberdade, de modo que nela liberdade e igualdade, que tanto na revolução russa como na francesa estiveram de costas, apartadas, em puro antagonismo, nesta nova revolução estariam juntos. Se relacionando, mutuamente se ajudando, de modo que a sua igualdade iria ser uma nova Igualdade, porque construída no ventre da liberdade, e a sua liberdade iria ser uma nova Liberdade, porque construída no ventre da igualdade. E como esta nova revolução iria ser construída no continente latino-americano, eis a revolução cubana, o reviver neste lado do mundo, da revolução russa.
Então veio o seu segundo momento, a revolução sandinista, que foi leninista, teve o momento da NEP russa, mas não foi stalinista. E como o stalinismo é corpo inseparável do leninismo, o leninismo se completa no stalinismo, e sem esta complementação a revolução se esvanece, se encaminhava para morrer na NEP que só não se deu porque salva pelo stalinismo, e onde não teve a complementação do stalinismo morreu, o caso da revolução portuguesa, mas também o caso da revolução sandinista.
Ora, se o Espírito estava em processo de transformação, indo de um extremo a outro extremo, tanto do extremo geográfico, da eurásia para a América Latina, como do extremo ideológico, da Ditadura do Proletariado para a Democracia de Jesus, e se na revolução sandinista já produzira uma nova figura de espírito, não só a revolução foi feita com a presença maciça dos cristãos como não foi stalinista, foi leninista, mas não stalinista, a verdade é que com os zapatistas o Espírito dá um novo salto de qualidade: vai deixar de ser também leninista! E certamente que na sua consumação, a se dar no país Brasil, não só não leninista e não só não stalinista, mas, pela primeira vez, na revolução, então o rosto de Jesus aparece no lugar do rosto de Marx. Uma nova autoridade!
Então o movimento zapatista deva ser visto com olhar metafísico e não mais positivista. O movimento zapatista não se trata de apenas um movimento reformista, interessado apenas em melhoria para o povo no interior do sistema, sem maiores implicações que estas. O movimento zapatista deva ser visto como o momento em que na revolução se dá a completa negação do leninismo. Uma nova tomada de consciência revolucionária, o momento mesmo em que o Espírito sai à sua procura.
Destarte, o leninismo, uma vanguarda revolucionária, que toma sobre si a responsabilidade da revolução, com a sua capacidade intelectual e a sua força suprindo toda a falta e fraqueza do proletariado, é isto que agora será contestado em benefício de uma nova práxis. Não se trata mais de uma vanguarda fazer a revolução em nome do povo e governar em nome do povo, mas, sim, do povo fazer a revolução e não mais ter governantes como seus representantes senão que eles mesmos são seus representantes. Não se trata mais de repetir uma prática que a experiência demonstrou que será catastrófica ao final. O edifício do socialismo foi construído sobre seu alicerce. Mas se sabe que pela qualidade do material empregado na construção da obra, e aí diz respeito ao seu embasamento teórico, quando no interior da obra se revelar novas necessidades será então que começarão a aparecer rachaduras. Certamente no edifício, mas também no alicerce, porque o material do conjunto da obra é o mesmo. De rachadura em rachadura chega um momento em que todo o edifício implode (não faltando aqueles que sairão a reunir seus cacos pensando com os cacos reconstruir toda a obra).
Pois é, é esta a visão do zapatismo, construir o socialismo na via tradicional do lenininismo, como muitos grupos estão empenhados, é ter a certeza de que o tempo revelará que todo esforço foi em vão. Tudo terá de novamente ser repetido, é um ciclo, se buscando Bode Expiatório – que não é o Bode – para legitimar o recomeço de tudo, como fazem estes grupos que querem construir o socialismo pela via tradicional do leninismo, que eles dizem única, justificando a sua luta para reconstruir o que ruiu apontando com o dedo indicador ora para Stálin, ora para Trotsky, mas nem um único se virando para Marx e dizendo, com o dedo indicador na posição de riste: FOI VOCÊ! Construímos a casa do socialismo conforme as medidas que você nos deu, e veio o vento dos descontentes e ele não suportou o peso do seu sapateado.
Então foi dito que o movimento zapatista está construindo o socialismo por novas armas, por via própria? Não, mas foi dito que ele representa o momento da tomada de consciência por parte da revolução que é preciso um novo existir revolucionário. A experiência amarga e que deixou marcas profundas forçou o Espírito a nova imaginação revolucionária. Detectou um ciclo a que está sujeito, e se pôs a contorná-lo, buscando alternativa. O movimento zapatista não pode construir o socialismo por esta via porque implica todo um trabalho para que os odres velhos sejam transformados em odres novos; e aí sim então deixar neles o vinho novo do socialismo. Um trabalho assim é missão do socialismo celestial, e tudo está preparado no país Brasil para que um trabalho assim aconteça. Dessa forma, do começo de tudo em Cuba, passando pela Nicaraguá sandinista e subindo ao estado Chiapas do sul do México, então tudo está preparado para a sua consumação no Brasil, berço deste novo existir revolucionário.
Que se manifesta já trazendo em si a marca do zapatismo. Só um exemplo, se os trabalhadores têm a capacidade de abrir estrada e construir sobre ela o asfalto, não tem também condições de gerenciar as praças de pedágio? E as praças de pedágio revertem o fluxo do dinheiro para os próprios usuários, pois são empregados ao longo da rodovia em benefício de todos, na construção de oficinas, postos de atendimento médico, e etc. E praça de pedágio agregada à praça de pedágio o resultado é a formação de uma única praça de pedágio, nas mãos dos trabalhadores, que, dessa forma, estão usufruindo plenamente do trabalho de suas próprias mãos, como vaticinou o profeta Isaías. O que vale para a praça de pedágio, como exemplo, vale para tudo na sociedade. E é esta a essência do zapatismo, não aguardar o fim do capitalismo ou trabalhar o seu fim para então construir a nova sociedade, mas construir a nova sociedade no seu interior, como quem constrói a casa nova dentro da casa velha, expulsando seus cômodos velhos até que a casa nova se tornou única.
E temos já à nossa frente uma preparação, estes milhões de rostos de brasileiros sem nome a se esconder atrás de uma máscara social, mas que de uma forma ou outra passaram a conhecer o poder do evangelho em suas vidas. Foram transformados espiritualmente ou ao menos ficaram sabendo que o Evangelho tem o poder de transformar os indivíduos; fazer com que abandonem os vícios, o desamor familiar, a futilidade, e assim sendo, disponibilizados como odres novos aptos a receber o vinho novo das boas Novas. O novo socialismo nasce das entranhas do Evangelho, ou nasce dele ou não nasce de modo algum. E é preciso que ele primeiro chegue aonde se forma e desenvolve a sua força intelectual, e estamos falando dos muitos centros de estudos teológicos espalhados Brasil afora. E destes às grandes massas que já foram transformadas espiritualmente e destas às grandes massas que ainda não experimentaram em suas vidas o poder que o Evangelho tem para fazer delas novas criaturas.
Democracia de Jesus. O que é Democracia de Jesus? Trata-se do resultado do desenvolvimento do Espírito e de estágio a que ele inexoravelmente ascende. A Democracia de Jesus tanto é a negação da Ditadura do Proletariado como a negação da democracia burguesa. Trata-se de um conceito que primeiro tem de se desenvolver nos inúmeros centros do ensino teológico espalhado país afora, para depois chegar ao povo cristão e deste para o resto da sociedade.
Ela é negação da Ditadura do Proletariado porque a força do seu poder se acha espalhado e disseminado pelas inúmeras organizações que então construiu em todo o país, que se relaciona entre si, se entrelaçam entre si, com o Estado sendo a expressão desta força e deste poder. É negação porque o socialismo é um bem não só para os trabalhadores oprimidos, mas para toda a sociedade; e que ele chega às pessoas, não depois de ter passado pelo Estado, mas chega ao Estado porque nasceu e passou pelas pessoas. Ele nasce nas pessoas, se forma e se sustenta nas pessoas, e depois, então, vai removendo todas as estruturas velhas de poder, como as cobras que trocam de peles, expelidas pela chegada da pele nova.
É mais ainda negação da democracia burguesa. Completa negação. Na democracia burguesa todos têm o direito da participação, mas porque feita de cartas marcadas, ao final somente os maus e espertos vencem; mas na Democracia de Jesus ao final que vence são sempre os honestos. Ela tem necessidade que toda forma de pensamento se manifeste, porque então a sociedade amadurecida, pela presença em todas as suas instâncias do Evangelho, saberá escolher o que lhe convém e o que não lhe convém.
O Sonho da Jovem Joseane. Ora, no ano de 2003, 2004, Noubarus Gerson se achava na igreja Obras do Espírito Santo, localizada no Jardim Guanabara desta cidade de Presidente Prudente. E estava ali para falar das boas novas para o seu dirigente, pastor Luis Baldez. E o que sucede é que quando estava ali, indo e vindo, eis que chegou uma jovem da igreja Nova Jerusalém por nome Joseane. E assim que se familiarizou com o lugar então Joseane narrou um sonho que tivera naqueles dias. Que sonho narrou? Narrou que viu uma grandíssima caminhada acontecendo no centro de Presidente Prudente. Uma multidão imensa, incalculável, caminhava do seu centro em direção ao Parque do Povo. E quando ia entrar no Parque do Povo eis que na sua boca de entrada uns clérigos se olhavam e se perguntavam: quem deu poder para estes fazerem isto? E a multidão finalmente entrou no Parque do Povo e foi se postar diante de um grande palanque ali armado ocupado por ministros da Palavra de Deus.
Narrando o sonho então dizia que a multidão que caminhava no centro da cidade era composta majoritariamente de católicos e de evangélicos; e quanto aos ministros da Palavra de Deus que ocupavam o Palanque eram compostos majoritariamente de pastores evangélicos e padres católicos.
O que sucede é que quando acabou de narrar o sonho então disse: o dia e o ano eu não sei, mas que esta caminhada vai acontecer nas avenidas de Presidente Prudente tenho certeza que sim, pois o sonho que tive foi muito claro. Pouco tempo depois retornou para a igreja Nova Jerusalém, todavia deixando a pergunta: o que foi fazer na igreja onde se achava o homem que Deus vem preparando para uma grande obra do Reino em cima da terra? Por ventura que foi enviada ali pelo Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os profetas? De modo que Deus tem mesmo uma grande obra para realizar na terra, e quando ela for realizada é para honra e glória do seu nome, pois a deu e a cumpriu?
E o que seria esta caminhada? Porque ventura que as novas forças políticas do Reino mostrarão a sua força para o mundo nas avenidas de Presidente Prudente, lugar onde tudo começou naquele ano de 78? Se o grande acontecimento da chegada de Lênin do exílio e o seu desembarque na estação Finlândia sendo recebido com um ramalhete de flores, e com holofotes, e com banda marcial, e pelo agitar de centenas e centenas de bandeiras vermelhas, todos esperançosos e confiantes de que Lênin estava chegando para livrá-los dos seus fardos, tal foi antítipo da chegada de Moisés do exílio de Midiã montado em um jumento para libertar os escravos hebreus e os conduzir libertos para Canaã, para o lugar que tempos antes Abraão creu seria de descanso de sua descendência peregrina, ora, como transcendendo a volta de Moisés a Palavra de Deus trás as imagens de Jesus entrando triunfalmente em Jerusalém montado em uma jumentinha, prefigurando de como seria a sua volta gloriosa, muito mais gloriosa do que a volta de Moisés, pois então seria a libertação da inteira humanidade e a sua condução para Canaã Celestial, a fim de ocupar as moradas eternas construídas pelo filho do carpinteiro, ora, não seria então que o sonho tido pela jovem Joseane e por ela narrado foi da festa deste retorno glorioso? Com milhares e milhares nas avenidas de Presidente Prudente, vindo de todas as partes do Brasil, com os seus tambores, batendo fortes os seus tambores, com as suas bandeiras, agitando fortes as suas bandeiras, com os seus cânticos, os mais belos cânticos, acenando e agitando para os homens e mulheres escolhidos por Deus para começar na terra o governo de seu filho Jesus, que, em cima do caminhão, acenam para as multidões... Plínio de Arruda Sampaio, Eduardo Suplicy, Cristovam Buarque, Marina Silva, e tantos e tantos homens e mulheres escolhidos por Deus para começar na terra o governo de seu filho Jesus, governo de paz e de sabedoria, que resolve as questões mais angustiantes, não com pedras na mão, mas com o dedo escrevendo no chão... E na frente deles, na frente de todos eles, jovens empurrando um carrinho, três jovens, da Assembléia de Deus, e os dois jovens ladeando um jovem da Igreja Católica... E em cima do carrinho um grande livro aberto e nas suas abas escrito palavras, deste lado a palavra EVANGELHO e daquele lado a palavra EDUCAÇÃO... E os jovens seguem pelas suas avenidas empurrando o carrinho com o livro em cima do seu dorso, mas, atrás deles, seis passos de três, seguem dois jovens em cima de cavalos brancos. Deste lado de cá segue um jovem levando no ombro uma grande bandeira branca, e do lado de lá um jovem levando no ombro uma grande bandeira vermelha. E eles seguem pelas suas avenidas rodando intermitentemente a bandeira nos seus ombros, de modo que se alternam as imagens nas suas faces. Ao rodar sobre suas mãos a bandeira branca eis as imagens de Francisco de Assis e de John Wesley, mas ao rodar a bandeira vermelha eis as imagens de Che Guevara e de João XXIII. E a multidão finalmente entra no Parque do Povo para fazer chover sobre a terra uma chuva de rosas, brancas e vermelhas, para aqueles que foram martirizados nos coliseus de Roma, mas também para aqueles que foram martirizados nos porões das ditaduras. E as suas pétalas brancas e vermelhas sobem aos céus e descem e cobrem o chão do Parque do Povo. E a multidão, a grande multidão vista em sonho pela jovem Joseane, as toma em suas mãos e delas faz uma só, no lugar das pétalas brancas e vermelhas então pétalas rosa... Da Rosa de Sarom... E as lança para o alto, e o seu perfume universal, levado na força do vento, então segue para as extremidades da terra, para todos os lugares, os seus lugares mais longínquos, com a semente da sua paz e da sua justiça sendo plantada em todos os corações, nascendo então novos céus, e uma nova terra, fraterna, solidária, em que há mais alegria em dar do que receber, em buscar, não a sua vantagem, mas a da outra pessoa (ICoríntios 10.24).
A Questão da Relatividade Objetiva (******6)
O que seria isto? Relatividade objetiva quer dizer uma manifestação objetiva se dando em um contexto em mudança. Trata-se de uma manifestação verdadeira, mas que, em virtude de mudanças no sistema, perde seu valor de verdade e de objetividade.
É o caso, por exemplo, de se usar no inverno blusão de frio. Trata-se de uma relação verdadeira, entre o objeto, blusão de frio, e o sujeito que o usa. Mas, quando se opera mudanças objetivas no sistema, a estação da primavera toma o lugar da estação do inverno, então a relação se perdeu. O sujeito perdeu toda objetividade e é pura subjetividade. Isto deva servir de alerta porque muitos ensinam o conhecimento científico como sendo algo que não pode conter relatividade. Se for relativo não contém caráter de verdade e não pode ser ciência. Mas isto não é de modo algum verdadeiro. Para maiores esclarecimentos ver http://anovateologiadalibertacao.blogspot.com/2010/10/questao-do-conhecimento-cientifico.html
A Questão Desta Nação Profetizada Por Isaías e Por Jesus (*******7)
É certo que nas descrições dadas tanto por Isaías como por Jesus esta nação foge por completo do padrão de todas as nações. Não tem ligação alguma com qualquer divindade. Mas, por outro, também é verdadeiro que encontramos tanto em Isaías como em Jesus uma nova descrição sobre ela: o muro que a separa de Deus sendo removido; e então surge o mútuo reconhecimento, com ela dizendo, sobre Deus: Tu és o meu Deus, e Deus lhes respondendo: E tu és o meu povo!
Encontramos em Isaías a remoção do muro que os separa no verso 14 do capítulo 66 do livro que leva seu nome. Como segue: E certamente vereis, e vosso coração forçosamente exultará, e os vossos próprios ossos florescerão como a tenra relva. E a mão de Javé há de ser dada a conhecer aos seus servos, mas ele verberará realmente seus inimigos.
Isto significa dizer que, primeiro, a origem do ateísmo marxista se acha em Deus, segundo, que seria transitória. Iria chegar um momento em que Deus iria dar-se a conhecer a eles e neste momento os marxistas iriam se levantar crentes em Deus.
E esse momento de reconciliação entre Deus e esta sua nação em Jesus é encontrado em Mateus 25.40. O relato deste diálogo, entre o Justo Juiz e o povo que segundo Isaías não invocaria o nome de Deus e nem dobraria seu joelho – mas faria sua vontade; e que segundo Jesus produziria os frutos do Reino de Deus, ora, este diálogo é mesmo indicativo do momento da conversão do povo marxista.
E uma vez que a conversão não raro exige presença de certas condições prévias, como o abatimento de coração, a perda de caminho e de certas certezas, a perda da estima e do respeito externo, ora, uma vez que os marxistas têm passado por tudo isto, estando ainda a viver tudo isto, então só temos que crer que está muito próximo este novo viver em suas vidas, mesmo porque as ferramentas de sua conversão, a filosofia celestial, já é também uma realidade, afinando as suas cordas, para revelar a existência deste novo mundo desconhecido.
(********8) A Questão da Destruição de Judá
No corpo do trabalho foi dito que a escatologia se desenvolveria em dois atos distintos, todavia intimamente ligados entre si, como partes de um mesmo e único processo. E tal seria assim porque a escatologia já se acha previamente dada, nos acontecimentos tipológicos passados, tanto da destruição de Judá por Nabucodonozor como da conquista de Babilônia por Ciro que não obstante terem ocorridos em tempo e espaço diferentes, todavia na Palavra de Deus, no estrito interesse do Divino então judaico, tais acontecimentos foram partes de uma única ação de Deus.
A destruição de Judá por parte do rei caldeu Nabucodonozor e a conquista de Babilônia por parte do rei persa Ciro foram acontecimentos concebidos para servir de fundamento escatológico? Eles iriam nortear e ser modelos condutores do acontecer escatológico? Que seguiria passo a passo os seus passos? Os passos tipológicos dados no passado? O que significa dizer o aparecimento no final dos tempos de um novo Nabucodonozor e de um novo Ciro?
Estas são as coisas que Jesus tem revelado ao seu profeta para que ele o declare a todos os filhos e filhas de Deus, bem como a todos que estão com o ouvido aberto para ouvir a novidade. E é isto que será feito agora, num primeiro momento, as abordagens sobre os dramáticos acontecimentos da destruição de Judá e num segundo momento uma abordagem sobre os acontecimentos que levaram à queda de Babilônia.
Apesar de que no livro escatológico por excelência, Apocalipse, há referências que ligam diretamente a escatologia à Babilônia, por outro não há referências que a ligam à destruição de Judá. Abundam sim, mas por profetas fora da Bíblia, do tempo da modernidade. E eles serão abordados ao final desta nota de rodapé.
Mesmo que não haja no livro do Apocalipse qualquer referência que concebe a escatologia a partir das imagens de destruição de Judá, ora, como que na Palavra de Deus Veterotestamentário a destruição de Judá e a conquista de Babilônia se tratam de atos intimamente ligados entre si, indissociáveis, isto significa dizer que para que acontecesse a escatologia revivendo a conquista de Babilônia a escatologia teria de acontecer antes revivendo a destruição de Judá e de tudo que lhe diz respeito, pois quê se os acontecimentos de Nabucodonozor e de Ciro eram partes do mesmo processo então uma escatologia baseada nos acontecimentos de Ciro teria de ser previamente antecedida de uma escatologia baseada nos acontecimentos da destruição de Judá por parte de Nabucodonozor. Quem o diz é simplesmente a equação matemática.
Sendo assim, então podemos indagar se a escatologia já teria se manifestado a partir das imagens da destruição de Judá, um Novo Nabucodonozor esteve entre nós, e passou despercebido de todos?
Ora, por volta do ano de 95, 96, num programa religioso numa antiga rádio aqui da cidade de Presidente Prudente, o ministro da Palavra de Deus que o apresentava então fez leitura do capítulo 1 do livro do profeta Sofonias, do verso 1 ao 18. E ele exaltava a Palavra dizendo que era iminente o cumprimento de Sofonias; que em breve os ricos e os poderosos iriam gritar amargamente nas mãos de Deus, gritando por socorro, mas nem a sua prata e nem o seu ouro os iria livrar. Porque, dizia ele, este é o quinhão que aguarda o homem que dá mais valor para a riqueza do que para Deus.
Façamos a pergunta: a profecia de Sofonias, claramente escatológica, pois fala do Grande Dia da Ira de Deus, é ainda para acontecer, como dizia cheio de animosidade aquele ministro da Palavra de Deus, ou na verdade trata-se de profecia que já se cumpriu, apenas que esteve invisível aos homens?
Que esteve invisível é fora de dúvida; mas, como a Palavra de Deus diz que chegaria um tempo em que tudo que acha em oculto seria revelado, cabe a este que escreve fazer a solene declaração: Sofonias é profecia que já se cumpriu, e o Novo Nabucodonozor já esteve entre nós, fez a obra e as ações que a Palavra de Deus diz ele faria, e já se foi. Como assim? Por ocasião da revolução socialista ocorrida no final do ano de 1917 no país russo. Ali estiveram os seus acontecimentos.
A revolução russa, os seus dramáticos acontecimentos, foram revivência escatológica dos dramáticos acontecimentos da destruição de Judá? Lênin foi um novo Nabucodonozor? Vejamos:
_____ Nabucodonozor destruiu Judá em três sucessivos golpes. O PRIMEIRO foi desfechado contra o rei Joaquim; O SEGUNDO foi desfechado contra o rei Zedequias, onze anos e três meses depois; e O TERCEIRO foi desfechado um mês depois por Nebuzaradã, enviado de Nabucodonozor, que passou a queimar a casa de Javé e a casa do rei, e todas as casas de Jerusalém; queimando com fogo a casa de todo homem proeminente e demolindo as muralhas da cidade, não deixando pedra sobre pedra.
Mas, não foi isto mesmo que aconteceu no caso russo? Os revolucionários realmente não destruíram a Cristandade, que era o reino do Czar, em três sucessivos golpes? O PRIMEIRO foi, pois, a revolução de 1905; o SEGUNDO foi, pois, a revolução de março de 17, onze anos e três meses depois; e o TERCEIRO foi desfechado um mês depois quando Lênin voltando do exílio passou a demolir todo aquele mundo não deixando pedra sobre pedra?
_____ Relata a Palavra de Deus que quando o cerco de Nabucodonozor se tornou insuportável então por uma brecha, na calada da noite, fugiu Zedequias e toda a sua família e colaboradores. Fugindo na direção do Arabá, quando se achavam na planície desértica de Jericó, foram pegos pelos soldados caldeus. Andando com eles o levaram finalmente a Ribla, mais ao norte, onde o rei Nabucodonozor tinha armado seu quartel-general. Após ter-se feito a leitura de uma decisão judicial a seu respeito então os caldeus abateram ao fio da espada toda a família de Zedequias, todos os seus filhos, a julgar pela idade do pai eram eles muito jovens. E em seguida cegaram-no levando-o a Babilônia onde viveu e morreu na Casa de Custódia.
Mas, não foi isto que ocorreu no caso russo? O Czar Nicolau II quando viu que os revolucionários se assenhoreavam do poder e que seu fim político tinha chegado, enquanto estava sob custódia em Tsarskoye Selo, então na calada da noite planejou fugir da Rússia indo se asilar na Inglaterra, então governada pelo seu primo o rei Jorge V. Mas os revolucionários souberam dos planos e cercaram todas as estradas, com Nicolau II não tendo como fugir. E em agosto o transferiram para a Sibéria, para a cidade de Tobolsk, com Nicolau II e toda a sua família, bem como dezenas que prestavam serviços à família imperial, seguindo em um trem escoltado por trezentos soldados. E em Tobolsk foram aprisionados na Casa do Governador. E finalmente em março do ano seguinte foi transferido de cidade, de Tobolsk para Ekaterimburgo, nos Montes Urais, sendo aprisionados na Casa Patien. E no dia 17 de julho daquele ano de 1918 o capitão Yakov Yurovski, um fotógrafo que sofrera horrores nas prisões do Czar, entrou até o porão onde se achava a família imperial e fez perante eles a leitura de uma decisão judicial que fora tomada pelo soviete local. Estritamente por ele, porque tal ato não estava escrito no ESPÍRITO-DNA do Lênin. E em seguida todos que estavam no porão foram mortos, o Czar e toda a sua família, bem como mordomos que os acompanhava, não sendo poupado nem mesmo o cão spaniel de estimação da família.
_____ Relata a Palavra de Deus que após o massacre dos filhos de Zedequias e o seu cegamento a ira dos caldeus continuou acesa, de modo que mais e mais membros da família real, e outros que serviram próximos ao rei, foram aprisionados e conduzidos a Ribla; e ali na presença de um rei imperdoável eram impiedosamente mortos.
Mas, não foi isto que ocorreu no caso russo? Depois do massacre dos Romanov os revolucionários continuaram aprisionando membros da família imperial e os enviando para Ekaterimburgo; e ali eram julgados e executados. E isto teve prosseguimento até o mês de janeiro do ano de 19, de modo que no período foram cerca de 20 os membros da família imperial que foram julgados e tiveram fim trágico nas mãos dos revolucionários que faziam guarda na região dos Montes Urais.
_____ Relata a Palavra de Deus que os filhos da rebeldia ficaram setenta anos em Babilônia expiando o seu pecado. Mas, ao final de setenta anos de cativeiro, então foram libertos e tiveram permissão de retornar para o lugar de onde foram tirados.
Mas, o que teria sido isto? Por ventura que o tempo de duração do Comunismo que foi realmente de setenta anos? Após esse período então a Cristandade foi novamente restabelecida ao seu antigo lugar?
Haveria alguma ligação entre o massacre dos Zedequias e o massacre dos Romanov? O fato de na profecia de Sofonias constar explicitamente: e vou voltar a minha atenção para os filhos do rei, teria sido isto? De modo que os infelizes já estavam com a sorte traçada muito antes de sua própria existência?
Vejamos o que diz o profeta Sofonias: Está próximo o grande dia de Javé. Está próximo e se apressa muitíssimo. O ruído do dia de Javé é amargo. Ali o poderoso, deixa escapar um grito. Este dia é dia de fúria, dia de aflição e de angústia, dia de tempestade e de desolação, dia de escuridão e de trevas, dia de nuvens e de densas nuvens, dia de buzina e de sinal de alarme, contra as cidades fortificadas e contra as altas torres de ângulo. E vou causar aflição à humanidade, e hão de andar como cegos; porque foi contra Javé que eles pecaram. E seu sangue será realmente derramado como pó e suas vísceras como fezes. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da fúria de Javé. Comparem agora com o que foi retirado da Wikipédia: As últimas a morrer foram Anastásia, Tatiana, Olga e Maria, que foram golpeadas por baionetas. [73] Elas vestiam mais de 1,3 quilos de diamantes, o que proporcionou a elas uma proteção inicial das balas e baionetas. [74]
Mas, é preciso este esclarecimento: Noubarus Gerson está falando do massacre dos filhos de Zedequias e dos filhos de Nicolau II estabelecendo uma ligação profético-escatológica entre os dois fatos apenas para cumprir com o seu dever de historiador e restaurador da verdade bíblica e histórica. Não sente nenhum prazer em fazê-lo, mormente que está falando de crianças inocentes e jovens que ocupavam aquelas posições por obra do acaso, de modo que não entende tanta ira tanto por parte dos caldeus como por parte dos revolucionários (certamente que Deus deve entender). Mas o assunto foi exaustivamente abordado porque, além do dever de ofício, por outro a ignorância humana tem cometido muita blasfêmia contra Deus e contra a Sua Palavra. Partindo de setores externos à Palavra de Deus até que é compreensível, mas partindo de homens e mulheres que tem a responsabilidade de zelar pelo que é de Deus e pelo seu nome, e o que vem de Deus eles rejeitam e amaldiçoam, então é preciso uma intervenção de Deus para que se tenha mais zelo e mais respeito com a Sua Palavra, que mesmo na morte é portadora da vida, sim, que mesmo na morte, que dele advém, é caminho para a vida.
John Acquila Brown. No ano de 1823 circulou em Londres o livro The Even – Tide (a noite) publicado por John Acquila Brown. Interpretando a profecia dos sete tempos que aparece no livro do profeta Daniel (4.16-17) Brown entendeu que este era um tempo profético de 2520 anos, ao final do qual o domínio político de Deus seria restabelecido na terra. De modo que este longo período de 2520 anos representava o tempo em que a terra ficou sem governo divino, tendo sido o rei Zedequias o último governante do reino teocrático de Javé, uma linguagem que é muito usada por grupos religiosos. Tomando como base e ponto de partida a destruição de Jerusalém pelos caldeus, que ele datou no ano 604ª.c, então, segundo John Acquila Brown, o final deste período profético iria se dar no ano de 1917. No ano de 1917, portanto, o reino teocrático de Javé seria restabelecido e a magnanimidade de sua autoridade seria novamente reconhecida e respeitada.
John Acquila Brown foi verdadeiro na sua interpretação e no seu vaticínio?
Chama à atenção que algum tempo depois de Acquila Brown outro estudioso da Palavra de Deus, Charles Tasse Russel, no ano de 1870 foi também revelado que os sete tempos de Daniel representavam realmente um período de 2520 anos, tempo em que na terra não haveria governo teocrático de Javé, mas ao seu término, enfatizava Russel, o governo teocrático de Javé seria novamente restabelecido e seria este o início da restauração do paraíso terrestre. Apenas que Russel, influenciado por Nelson Barbour – que no ano de 1875 publicou no seu periódico Herald of the Morning (arauto da manhã) que o período dos 2520 anos acabaria no ano de 1914. Barbour partiu do princípio que a destruição de Jerusalém se dera no ano de 607ª.c e não 604ª como anteriormente afirmado por John Acquila Brown – sim, apenas que Russel, influenciado por Barbour, creu que o ano em que Deus iria restabelecer o senhorio do seu governo na terra era o ano de 1914. Tendo passado o ano de 1914 e nenhum acontecimento a indicar o aparecimento do governo divino da terra, a guerra que neste ano adquiriu proporções mundiais Russel a descartou, a verdade é que no ano de 1916, pouco antes de morrer, de forma confusa, começou a achar que o socialismo, que por todos os cantos da terra ameaçava irromper como nova forma de governo diferente de tudo que existia, pudesse ser o fenômeno real da profecia ou que estaria de alguma forma ligada a ela.
Mas, deixemos de lado Charles Tasse Russel e Nelson Barbour e voltemos a John Acquila Brown. Bem, o período dos 2520 anos se cumpriu mesmo no ano de 1917? O reino teocrático de Javé, representado nos reis de Israel, e que findou na destruição de Jerusalém por parte dos caldeus, sendo Zedequias seu último ocupante, ele foi restaurado no ano de 1917? Mais ainda, já tomando os acrescentamentos de Charles Tasse Russel, neste ano de 1917 começou mesmo a restauração do paraíso terrestre?
Ora, no dia 2 de novembro do ano de 1917 ocorreram dois acontecimentos de grande monta que podem estar intimamente ligados ao vaticínio de Brown. E quais foram eles? A assinatura da Declaração Baulfour e a “assinatura” da Revolução. Neste dia tanto o chanceler britânico Lord Balfour assinou a histórica Declaração Balfour, que outorgou de forma oficial ao povo judeu o direito de retornar à Palestina e construírem ali para si um “Lar Nacional”, deixando de andar peregrino e de ser enxotado de nação em nação, como também Lênin e os líderes bolcheviques decidiram pela realização da revolução, de uma revolução que iria dar aos trabalhadores um “Lar Nacional”, o socialismo, com eles deixando de ser oprimidos pelos patrões e de ser enxotados de emprego em emprego.
Como analisar que o socialismo irrompeu na terra, mesclado, misturado, indissoluvelmente ligado ao judeu? A tal ponto que não somente foram tanques soviéticos que derrubaram os portões e muros dos campos de concentração nazista e libertaram os prisioneiros judeus como foi os soviéticos o responsável maior pela criação do Estado de Israel em 48? Estados Unidos ficou do lado da Inglaterra que apoiava os árabes em sua luta contra o recém criado Estado de Israel, mas a União Soviética lhe deu apoio decisivo, não só diplomático (os Estados Unidos se absteve) como também foram armas comunistas postas em suas mãos razão de sua vitória?
Como explicar que não somente líderes importantes da revolução eram judeus, como Marx e Trotsky, ou meio-judeus, como Lênin, mas também o Conselho dos Comissários do Povo, instância máxima de poder da Revolução, das suas 556 cadeiras nada mais nada menos que 457 eram ocupadas por judeus? Sem falar, claro, no embrião do socialismo que foi construído pouco antes pelos judeus, os kibutzins? E podendo ser acrescentado até mesmo os “pogroms”, feito pelo Czar contra os judeus, pois entendiam que os judeus eram a causa da revolução e da desordem, e acabar com os judeus era acabar com eles?
Segundo George Riffert no seu livro A Grande Pirâmide de Gizé o comunismo foi gestado no ventre da Liga Judaica. Simplesmente saiu das entranhas do judeu. Isso é verdadeiro?
Bem, John Acquila Brown foi verdadeiro no seu vaticínio? O que teria de fato acontecido naquele ano de 1917 ligado aos mistérios profundos da Palavra de Deus?
Ora, o que aconteceu neste ano de 1917 foi tão-somente que se deu o aparecimento DO FRUTO DO REINO e a sua respectiva SEMENTE. O fruto do Reino sendo o judeu Marx – personificado no triunfo do socialismo – e a sua semente, Abraão, personificado no Sionismo, o que explica a revolução – movimento de emancipação da classe trabalhadora – e o sionismo – movimento de emancipação do povo judeu – ter se manifestados juntos, entrelaçados entre si, pois quê o fruto quando se manifesta trás dentro de si sua respectiva semente, que ao seu plantio desaparece para dar lugar a arvore, mas que no final do processo reaparece junto ao fruto.
Mas, como a semente possui em si dois gametas, e eles são a causa do fruto e se acham presentes nele, sendo a carne do fruto o resultado do seu gameta masculino e o seu sabor específico e docilidade no seu lugar amargo o resultado do seu gameta feminino, ora, a verdade é que tanto a semente do Reino, o judeu, como o seu fruto, o socialismo, se manifestaram carregando ambos a sua negação. A sua negação dialética, sendo a negação do socialismo o cristianismo e a negação do judeu o palestino. Depois de choques e entrechoques o final é que iria dar-se entre eles a reconciliação, com o socialismo se reconciliando com o cristianismo e o judeu se reconciliando com o palestino, osso do mesmo osso, uma só carne, um só espírito. E podemos dizer que esta reconciliação já foi divisada no horizonte pelo espírito, estando a caminho já o seu processo no aguardo de consumação: por um lado a Escola de Frankfurt – movimento de judeus marxistas que principiou a uma reconciliação do marxismo com o cristianismo – e de outro os acordos de paz firmados por Yitzac Rabin e Yasser Arafat no ano de 93, em Oslo, e que eram preâmbulo para a completa harmonia entre os dois povos a ser conseguida proximamente.
Ora, sabemos que os vaticínios sobre os sete tempos de Daniel apontavam para um período de tempo de 2520 anos ao final do qual Deus iria restabelecer o senhorio do seu governo teocrático, sim, sabemos que seus vaticinadores mais exaltados, em especial Charles Tasse Russel, foram claros de que este governo teocrático não era tão somente o renascimento da nação de Israel, mas, muito mais, o estabelecimento do governo de Deus que iria iniciar todo um trabalho para a construção do paraíso terrestre, em todo o orbe terrestre pois quê no princípio tudo estava nas mãos de Deus. Não iria reiniciar-se o mesmo ciclo, mas seria um novo tempo, em que a presença de Deus não estaria mais presente e limitada a uma única nação, mas seria presença universal. Ora, façamos a pergunta: o governo socialista que foi vitorioso naqueles anos de 1917, 1918 e 1919 a sua forma de governar era então já a construção deste paraíso terrestre? Como o profeta Isaías descreveu o início da construção do paraíso terrestre? “Pois eis que crio novos céus e uma nova terra; e não haverá recordação das coisas anteriores, nem subirão ao coração. Mas exultai e jubilai para todo o sempre naquilo que estou criando. Pois eis que crio Jerusalém como causa para júbilo e seu povo como causa para exultação. E eu vou jubilar em Jerusalém e exultar pelo meu povo; e não se ouvirá mais nela o som de choro, nem o som dum clamor de queixume. Não virá a haver mais um nenê de poucos dias procedente daquele lugar, nem ancião que não tenha cumprido os seus dias; pois morrer-se-á como mero rapaz, embora da idade de cem anos; e quanto ao pecador, embora tenha cem anos de idade, invocar-se-á sobre ele o mal. E hão de construir casas e as ocuparão; e hão de plantar vinhedos e comer os seus frutos. Não construirão e outro terá morada; não plantarão e outro comerá. Porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore; e meus escolhidos usufruirão plenamente o trabalho das suas próprias mãos (...).” (Isaías 65.17-25) (O grifo foi meu).
Claramente o profeta Isaías está contrapondo dois sistemas sociais, um em que aqueles que plantam e constroem não comem e não moram, mas outros no seu lugar comem e moram que é entendido de forma clara como constituídos daqueles que não plantaram e não construíram.
Ora, esta forma de governo pela primeira vez na História se deu com a revolução socialista. Ela suprimiu a figura do proprietário de mão de obra de modo que aqueles que plantavam e construíam o faziam para si próprio. Tanto é que no socialismo a falta de moradia e a falta de comida foram resolvidas. E quando o profeta Isaías está descrevendo este reino futuro, a ser trazido por Javé, e diz que os escolhidos de Deus “usufruiriam plenamente do trabalho das suas próprias mãos” é claro este novo sistema social ser o socialismo, pois nele não há a figura do capitalista para extrair mais-valia do trabalho do trabalhador. Ele usufrui plenamente do trabalho de suas próprias mãos. (Para aprofundar a questão ver a parábola que aparece em Mateus 20 onde Jesus lança mão de símbolos para, através deles, descrever o reino futuro de Javé).
Como foi dito que se cumprindo a Palavra de Deus, e não a palavra do homem, então naquele final do ano de 1917 se deu este cumprimento profético, Daniel, Sofonias – mas também profetas modernos que foram usados pelo Deus que não faz nada sem antes revelar aos seus escravos, os profetas, e estamos falando de John Acquila Brown e até mesmo de Charles Tasse Russel – de modo que Deus restabelecia a sua soberania e a sua autoridade política a partir tanto do socialismo como do sionismo (mas socialismo e sionismo ainda na existência de negação, tese e antítese, ainda não síntese, de modo que o socialismo era Esaú desligado e sem a complementação de Jacó, Cristianismo, e o sionismo era Jacó desligado e sem a complementação de Esaú, Palestino; mas, na síntese, iria haver a completa reconciliação, o socialismo iria reconciliar-se com o cristianismo, deixando de ser Esaú este e deixando de ser Jacó aquele para agora os dois serem Isaque, e agora no corpo e na figura de Isaque se porem à construção do reino da liberdade concreta em que cada um tem segundo as suas necessidades, e o mesmo se dizendo de judeus e palestinos que agora no corpo e na figura de Isaque iriam pôr-se realmente à construção da Nova Jerusalém, Nova Jerusalém esta que será mesmo a capital desta terra construída por cristãos e marxistas, e é uma cidade assim, não tem qualquer barreira de divisão e de separação, mas é cidade livre, em que judeus e palestinos, bem como cristãos, atravessam-na de lado a lado sem haver que os interrompa e indague: para onde vais, ora, sendo assim, vamos fazer mais uma análise para que a questão se torne ainda mais madura na mente e no coração daqueles que são limpos de mão e puros de coração (Mas, antes de prosseguir, é preciso esclarecer: não que deixam de ser Esaú e Jacó para ser Ismael, desse modo adquirindo uma nova identidade espiritual. Não, mas o seu sentido profundo é que evoluem, amadurecem e acabam, pois, descobrindo no outro a sua complementação. A sua geminilidade. De modo que se reconciliam e começam a transitar entre si NA MEDIAÇÃO DE ISAQUE!). Prosseguindo. Bem, o fato de que os bolcheviques quando fizeram a revolução e já estavam longe na construção do socialismo e as nações imperialistas da terra inteira invadiram a Rússia revolucionária por todos os flancos para impedir o recém-criado estado socialista e esmagar a revolução, trazendo assim o seu povo de volta à casa dos escravos, quatorze nações, as nações mais seletas, Turquia, Japão, França, Inglaterra, Estados Unidos, querendo impedir o nascimento do recém estado socialista e o esmagar – mas foram esmagadas pelo poder revolucionário, perecendo nas águas do seu Mar Vermelho espiritual –, ora, este fato, que é da mesma essência do fato ocorrido com o nascente estado de Israel, em que as nações árabes avançaram sobre ele para destruí-lo e o esmagar, mas foram derrotadas – bem, esses fatos têm alguma relação entre si, relação que diga respeito aos profundos mistérios da Palavra de Deus? Afinal não somente a mão do judeu foi auxílio ao poder revolucionário na conquista do poder e na sua luta contra o imperialismo como a mão do comunista, trinta anos depois, foi auxilio na criação do Estado de Israel...
Mais fatos esclarecedores. Ora, fazendo leitura da profecia em que Daniel faz menção dos sete tempos (4.25), se deduz que ao seu cumprimento Deus estabeleceria no reinado ou começaria o seu reinado a partir de um povo humilde, pois, contrapondo o orgulho e a soberba de Nabucodonozor, é dito: até saberes que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser até mesmo que estabelece nele o mais humilde da humanidade. E esta dedução ganha verossimilhança quando ao vaticínio de Daniel é agregado o vaticínio do Magnificat, clarividente sobre a questão, que aparece em Lucas 1.46-53, claramente inspirado nas palavras de Daniel, pois quê veja-se o que diz o Magnificat: “(...) Ele tem agido valorosamente com o seu braço, tem espalhado os que são soberbos na sua intenção de coração. Tem derrubado de tronos homens de poder e tem enaltecido humildes; tem plenamente saciado os famintos com coisas boas e têm mandado embora, de mãos vazias, os que tinham riqueza”.
Façamos a pergunta: uma vez que a revolução se deu a partir do proletariado, realmente o mais humilde da humanidade, homens e mulheres rudes, analfabetos, que não possuíam nada senão a sua força de trabalho, e não tinha nada a perder senão as algemas sobre as suas vidas, e há o relato sobre o marinheiro Krilenko, membro do triunvirato encarregado da defesa da marinha, que ao datilografar as suas ordens revolucionárias concernentes ficava com o indicador procurando as letras no teclado máquina, como se diz no jargão popular: catando milho! ... Um toque aqui outro ali... E assim ia aprendendo o ofício de datilógrafo... Sim, o fato da revolução, ter sido feita pelo proletariado seria mais uma prova contundente da origem divina do Marxismo e da Revolução? Foi Javé que estabeleceu o proletariado no poder e no tempo designado?
Como última indagação – e perguntar não faz mal a ninguém: uma vez que o advento da revolução socialista foi cumprimento da Palavra de Deus, se cumprindo até mesmo nos mínimos detalhes, como Isaías 53 se cumpriu em Jesus até nos mínimos detalhes, ora, como explicar que os sacerdotes da Cristandade sempre amaldiçoaram a revolução comunista, vendo-a como obra do homem pecador? Maldição que proferiram contra ela que faz lembrar as maldições proferidas por Balaão contra o povo recém-saído da escravidão, contratado pelo rei Balaque, para uma recompensa, como aparece na carta de Judas? Os sacerdotes da Cristandade seriam tipos dos sacerdotes de Judá, seus arquétipos? De modo que o espírito que esteve naqueles era o espírito que estava nestes?
Certamente que muitos irão refletir, caindo de joelho perante Deus, clamando as suas misericórdias e o seu perdão, procurando conhecer mais os acontecimentos da História na mediação e interpretação da Palavra de Deus e não mais no interesse e na interpretação dos homens.
Como indagação, vejamos o que diz Daniel sobre o sonho do rei Nabucodonozor sobre a arvore que nasceu pequena mas que cresceu sendo vista de todos os lugares da terra.frondosa que teve
(**********9) A Questão de Babilônia
Foi exposto de forma exaustiva (para que ninguém tenha desculpa) que a escatologia se desenvolve em dois atos consecutivos e complementares, embora distintos em qualidade e em imagens. Atos estes que são tão somente o reviver, no plano escatológico, dos dois atos passados envolvendo a destruição de Judá por parte do rei caldeu Nabucodonozor e a conquista de Babilônia por parte do rei persa Ciro.
E uma vez que foi exposto de forma clara, inquestionável, que os dramáticos acontecimentos da revolução comunista ocorrida na Rússia no ano de 1917, sim, a forma como os revolucionários trataram a Cristandade foi da mesma essência e magnitude como os caldeus trataram o reino de Judá, ora, certamente que a equação matemática está a exigir e desloca agora a escatologia do plano da destruição de Judá para o plano da conquista de Babilônia. Inversão completa dos fatos.
De fato, se na Palavra de Deus a destruição de Judá foi ato de Deus para punir a sua nação que então se tornara rebelde, incapaz de ouvir e seguir seus conselhos, que então enviava pelos seus mensageiros profetas; e ele revestiu de servo a um rei pagão, e encheu a sua mão de poder para que o fogo de sua ira fosse derramado sobre a nação rebelde, a verdade é que tendo extravasado sua ira, justamente, agora vai florescer no seu coração o amor, a bondade e a misericórdia. A sua ira quebrantara o seu coração, e eles no cativeiro refletiram muito sobre as razões que fizeram Deus se encher de ira contra eles e os entregar cativos na mão de pagãos. Agora, destarte, o Deus soberano e condutor da História vai tratá-los de modo diferente. Sendo assim, o que isto representa na questão escatológica? Que este novo Ciro vai tratar e se relacionar com a Cristandade de forma diferente, no lugar da punição para que ela forçasse-os no conhecimento de Deus e se voltassem para ele contritamente, logrará tal agora por mergulhar seus corpos nas águas limpadas da Educação e da Palavra de Deus, ensinando-os como o pai ensina o filho nos primeiros passos. Tendo conhecimento dos acontecimentos históricos e da Palavra de Deus, associando-os e os correlacionando, desse modo se converterão em homens e mulheres que não apenas pregam a Palavra de Deus, mas que também a vivem em todas as suas dimensões. Deveras, é este o tempo em que se cumpre o dito da Palavra de Deus: E todos os teus filhos serão pessoas ensinadas por Javé e a paz de teus filhos será abundante. Mostrar-te-ás firmemente estabelecida na própria justiça. Estarás longe da opressão – pois não temerás a ninguém – e daquilo que aterroriza, porque não se chegará a ti. (Isaías 54:13-14).
Antes de prosseguir é preciso um preâmbulo importantíssimo, para que tudo seja clareado e dúvidas dirimidas quanto a este novo momento na história do homem.
Ora, é sabido que o cativeiro babilônico durou setenta anos (os quarenta e nove anos descritos pela história oficial não compromete os nossos estudos) e ao seu final voltaram para o lugar de onde tinham sido expulsos de modo a reconstruir as suas mesmas coisas. E é sabido que o regime comunista durou setenta anos e ao final ruiu. Isto enseja perguntas inquietantes e ao mesmo tempo pertinentes: sendo assim então não podemos dizer que as forças do novo Ciro foram a forças que se uniram e derrubaram o comunismo? Mesmo porque sabemos que a partir de tal a Cristandade passou realmente a voltar para o antigo lugar de onde foi banida, reconstruindo e reconquistando suas antigas posições, tudo como aconteceu com os cativos no seu retorno a Judá? Quiçá porque sabemos que foi a união de forças políticas e religiosas que levaram á derrocada do comunismo? Mais ainda, que não somente no caso tipológico as forças de medos e persas contaram com a cumplicidade de comerciantes babilônios que abriram os portões de sua cidade para a entrada das forças invasoras como tal também ocorreu no antítipo, pois forças do próprio comunismo se fizeram cúmplices com forças externas na derrocada do comunismo? O que explica não só a conquista de Babilônia ter sido pacífica como também a queda do comunismo, pois quê não tinha ninguém para defendê-lo?
Não resta a menor dúvida que isto é um novelo para ser destrinchado. Ora, se os acontecimentos têm corroborado tal, e não faltam aqueles que elegeram o Papa João Paulo II como o novo Ciro, o Libertador da Cristandade, realmente estamos diante de um novelo para ser destrinchado.
Bem, o que sucede é que na Palavra de Deus não há apenas um Ciro senão que dois. Bem assim como não havia um Moisés senão que dois (Deuteronômio 18.15). Há o Ciro persa, particular, com a missão de libertar o povo hebreu e o levar de volta para Judá, mas há também o Ciro Universal com a missão de libertar a Humanidade e a levar de volta ao domínio de Deus. Mesmo que a Palavra de Deus se refira a Ciro persa como “o meu Cristo” na verdade Ciro persa era apenas sombra do Ciro Universal, e de fundamental ele lhe emprestava os fundamentos tipológicos. Não resta a menor dúvida que Isaías 45 é uma referência direta a Ciro persa, e é sobre Ciro persa que Isaías 44.28 está versando, mas, no que diz respeito a Isaías 49, deva se buscar aí ao Ciro Universal.
Vejamos: Escutai-me, vós ilhas, e prestai atenção, vós grupos nacionais longínquos. O próprio Javé me chamou até mesmo desde o ventre. Desde as entranhas de minha mãe ele tem feito menção do meu nome. E passou a fazer a minha boca igual a uma espada afiada. Escondeu-me na sombra da tua mão. E aos pouco fez de mim uma flecha polida. Escondeu-me na sua própria aljava. E prosseguiu, dizendo-me: “Tu és meus servo, ó Israel, tu és aquele em quem mostrarei a minha beleza.”
Mas eu, da minha parte, disse: “Foi em vão que labutei. Gastei o meu próprio poder para irrealidade e vaidade. Verdadeiramente, meu julgamento está com Javé, e meu salário, com o meu Deus.
E agora Javé, aquele que me formou desde o ventre como servo seu, disse que eu lhe trouxesse de volta Jacó, a fim de que o próprio Israel fosse ajuntado a ele. E eu serei glorificado aos olhos de Javé, e meu próprio Deus se terá tornado a minha própria força. E ele passou a dizer: “Foi mais do que um assunto trivial que te tornaste meu servo para levantar as tribos de Jacó e trazer de volta os resguardados de Israel; e eu te dei também por luz das nações, para que a minha salvação viesse a existir até a extremidade da terra”.
Assim disse Javé, o Resgatador de Israel, seu santo, ao que é desprezado na alma, ao que é detestado pela nação, ao servo de governantes: “Os próprios reis verão e certamente se levantarão, bem como príncipes, e eles se curvarão em razão de Javé, que é fiel, o Santo de Israel, que te escolhe.”
Assim disse Javé: “Num tempo de boa vontade te respondi e num dia de salvação te ajudei; e eu te estive resguardando para te dar como pacto para o povo, para reabilitar a terra, para fazer que se reentre na posse das desoladas propriedades hereditárias, para dizer aos presos: ‘Saí!’, aos que estão em escuridão: ‘Revelai-vos!’ Pastarão junto aos caminhos e seu pasto será em todas as veredas batidas. Não terão fome, nem terão sede, nem se abaterá sobre eles o calor abrasador ou o sol. Porque aquele que se apieda deles os guiará e os conduzirá junto às fontes de água.” (Isaías 49.1-10).
Ora, neste vaticínio de Isaías, embora abundem descrições tipológicas de Ciro persa, por outro também é certo que abundam descrições referentes a outro personagem que não Ciro persa. Basta ver que descrições que aparecem nos versos 8 e 10 são transcritas no livro do Apocalipse, o que quer dizer que tratam-se de profecias que não se cumpriram com Ciro persa senão que iriam se cumprir 2500 anos depois.
Bem, se as forças que se uniram para derrubar o comunismo, e o Papa João Paulo II foi o seu campeão, representavam o Ciro particular, corruptível, que libertou o corruptível e os mandou de volta para o corruptível, para reconstruírem o corruptível, ora, que forças, então, representam o Ciro Universal cuja missão é libertar, não um povo particular, mas a inteira humanidade do domínio de Babilônia Apocalíptica? Que forças são estas que na Palavra de Deus são chamadas de “reis do nascente do sol” (Apocalipse 16.12) que vem sobre Babilônia Apocalíptica e a conquistam e libertam todos os povos do seu domínio?
Não resta a menor dúvida que estas forças novas, conduzidas pelo Ciro Universal, serão compostas da união de cristãos e de marxistas. A sua união em corpo único é que formará a “Esplêndida Superioridade de Javé” de que fala o profeta Isaías (2.10). E será esta “Esplêndida Superioridade de Javé” que conquistará e vencerá o imperialismo, libertando a inteira humanidade do seu jugo, que põe tudo e a todo escravos do dinheiro e escravos do circo, não do circo que trás entretenimento e alegria para as crianças, mas do circo do consumismo, do sensualismo e do hedonismo. E esta será uma conquista pacífica, porque ao povo socialista será acrescentado também o povo católico e o povo evangélico que se vestiram das armaduras de Deus, cortando todo e qualquer apoio ao imperialismo, o vencendo a partir do seu próprio interior, do seu próprio povo que desejaram livrar-se do seu estilo de vida depredador, da vida, do caráter e da própria natureza.
Caiu! Caiu Babilônia! Faz pouco o canal de Televisão Hit promoveu um debate com teólogos acerca dos Estados Unidos, ser ou não a Babilônia que aparece no livro do Apocalipse. E o que levou a emissora televisiva a promover o debate é que cresce cada vez mais nos meios evangélicos a crença de que a nação americana só pode ser Babilônia, não a vista por Isaías com duzentos anos de antecedência, mas a vista por João com quase dois mil anos de antecedência.
E o canal televisivo promoveu o debate porque quis colocar a limpo a questão, para que um debate limpo, imparcial, pudesse esclarecer as mentes até que ponto os Estados Unidos é ou não a Babilônia moderna?
Apesar da aparente imparcialidade do mediador, é dever dizer que ali esteve presente aquilo que a Palavra de Deus chama de “as coisas profundas de Satanás”.
A começar que todo e qualquer debate televisivo ou em rádio que envolve temas conflituosos, com opiniões divergentes, é natural que seja trazido para o debate representantes dos dois lados. E os representantes de cada posição, debatendo em intermitência, expondo a lógica do seu raciocínio, acabam por fornecer aos telespectadores e ouvintes uma farta massa de dados possibilitando a eles exercitarem bem o juízo e fazer a escolha que julgou certa. O que não foi o caso da questão posta, pois todos os teólogos que ali compareceram foram unânimes de que os Estados Unidos não é a Babilônia esperada, o que, por si só, compromete a lisura e honestidade do debate.
É verdade, enquanto uns disseram que Babilônia não era os Estados Unidos, mas algo por ainda aparecer, e outros disseram que era isto aquilo, não se viu um único defender a posição que era de muitos telespectadores, conforme entrevista feita nas ruas e exibidas no transcorrer do debate: Babilônia hoje são os Estados Unidos!
E chama à atenção para o argumento bizarro e descontextualizado de que lançaram mão para defender os Estados Unidos do estigma de ser Babilônia; estigma que cresce dia a dia nos meios evangélicos: como os Estados Unidos pode ser a Babilônia se é o país que mais exporta missionários para o mundo, se achando presente em praticamente todos os lugares da terra, pregando a Palavra de Deus e anunciando a salvação em Jesus Cristo?
Realmente, se for olhar por este ângulo os Estados Unidos não tem como ser Babilônia. Mas devemos dizer que tal se tratou de premissa alienada, descontextualizada da questão em foco. O profeta Isaías ao estar vaticinando sobre Babilônia Apocalíptica, e João tão somente transcreveu as suas palavras, lhes dando, é certo, enriquecimento lingüístico e de imagens, que excita e põe o psicologismo do leitor em redobrada atenção, ora, em momento algum as palavras de Isaías dão direito a que se tome o fato concreto dos Estados Unidos serem nação exportadora de missionários com a Palavra de Deus para isentá-lo de ser Babilônia. Isaías parece estar num outro mundo, diferente, distante, sem qualquer contato com o mundo dos teólogos ali presentes.
De fato, vejamos a descrição exata de Isaías sobre Babilônia, certamente que concebido já a partir dos fundamentos tipológicos de Babilônia caldéia, bem assim como Sofonias, quarenta anos antes, profetizou sobre o escatológico dia da ira de Javé a partir dos fundamentos tipológicos da destruição de Judá, embora estes fundamentos tipológicos ainda não estivessem presentes, como não estavam presentes os fundamentos tipológicos concernentes a Babilônia, que só iriam aparecer duzentos anos depois (Sofonias profetizou aparentemente sobre a destruição de Judá cerca de quarenta anos antes e Isaías sobre a queda de Babilônia cerca de duzentos anos antes). Eis a descrição de Isaías sobre Babilônia, que deveria ter sido a premissa a que os teólogos em questão deveriam ter lançado mão:
“E terá de acontecer, no dia em que Javé te der descanso da tua dor, e da tua agitação, e da dura escravidão em que foste escravizado, que terá de encetar esta expressão proverbial contra o rei de Babilônia e dizer: ‘Como cessou aquele que compeliam outros a trabalhar, como cessou a opressão! Javé destroçou o bastão dos iníquos, a vara dos governantes, aquele que incessantemente golpeava povos em fúria com um golpe, aquele que subjugava nações em pura ira, com perseguição sem freio. A terra inteira chegou a descansar, ficou sossegada. As pessoas ficaram animadas, com clamores jubilantes. Até mesmo os juníperos se alegraram de ti, os cedros do Líbano, dizendo: “Desde que te deitaste, não sobe contra nós nenhum lenhador.”’”
Ora, quando lançamos mão de premissas verdadeiras e contextualizadas a situação dos Estados Unidos, temporariamente aliviada nas explanações dos teólogos presentes ao debate televisivo, volta a ser difícil. De fato, quem conhece a história da nação ianque, de intervenção política e militar não só em inúmeros países da América Latina (estavam prontos para intervir no Brasil em 64), mas em todos os continentes da terra, e intervenções sempre a favor de governantes não raro corruptos, mas sempre servis aos seus interesses, se convence de que esta nação imperialista alvo dos vaticínios de Isaías trás todas as indicações de serem mesmo os Estados Unidos.
A rigor, analisando as descrições de João sobre a universalidade das suas relações comerciais, com viajantes comerciantes de todos os lugares, de todos os ramos de negócio, que se enriqueceram com ela, é impossível surgir uma voz que não diga: Basta! Já sabemos quem realmente é Babilônia!
É esclarecedor a análise a ser feita sobre o conteúdo de Isaías 14.15-17, como segue: “Todavia, no Seol serás precipitado, nas partes mais remotas do poço. Os que te virem te fitarão; examinar-te-ão de perto, dizendo: ‘É este o homem que agitava a terra, que fazia tremer os reinos, que fez o solo produtivo como deserto, que lhe derrubou as próprias cidades, que nem aos seus prisioneiros abriu o caminho para casa?’”
Ora, por ocasião da invasão do Kwait por forças invasoras de Saddan Hussein, na resposta militar rápida e contundente dos Estados Unidos, que destroçava o exército iraquiano a galope, então Saddan Hussein sentindo na carne que entrara numa enrascada, e que a única coisa que tinha que fazer era se retirar o mais rápido possível do Kwait, então fê-lo pensando conservar o orgulho próprio ao dizer que tivera um sonho e no sonho era dito que se retirasse do Kwait.
Bem, o que sucede é que quando as forças de Saddan Hussein se retiravam do Kwait, e de forma desordenada e desesperada, é então que o vaticínio de Isaías sobre Babilônia começa a merecer a nossa atenção. Uma vez que os iraquianos estavam retornando para casa, mas tinham de passar pelas tropas da coalizão, que fizeram um gancho na sua retaguarda, ora, o que se sabe com certeza é que milhares de soldados iraquianos foram mortos quando a lógica militar e diplomática exigia que fossem poupados, pois não estavam mais em luta senão que se retirando dela.
Mas, porque bloquearam o seu retorno para casa enchendo o deserto de milhares e milhares de corpos de iraquianos mortos, que àquela altura só pensavam em chegar às suas casas? Para mostrar para o mundo a sua força e o seu poderio? Que aquele era o destino de toda e qualquer força que afrontasse qualquer dos seus aliados ou contrariasse qualquer dos seus interesses mundo afora? Como diz o profeta Isaías: Subirei aos céus. Enaltecerei o meu trono acima das estrelas de Deus e assentar-me-ei no monte de reunião, nas partes mais remotas do norte. Subirei acima dos altos das nuvens; assemelhar-me-ei ao Altíssimo.
Mas, como diz o mesmo Isaías: “Como caíste do céu, ó tu brilhante, filho da alva! Como foste sim cortado rente a terra, tu que prostrava as nações!” E como diz João, de forma mais simples é impossível: “Caiu! Caiu Babilônia, a Grande, e ela ser tornou moradia de demônios, e guarida de toda exalação impura, e guarida de toda ave impura e odiada.”
O que é isso? Ora, por ocasião da queda de Babilônia frente aos medos e persas e por ocasião do decreto de retorno de Ciro, muitos judeus passaram a voltar para Judá com a firme esperança de reconstruir o reino que uns entendem como teocrático de Javé. Mas muitos permaneceram em Babilônia, acostumados e integrados aos seus costumes e à servidão dos seus deuses. Pois é, estes que acham que os Estados Unidos não são de modo algum Babilônia, e que mesmo diante da revelação do Espírito – o “decreto de Ciro” –, continuam apegados à sua ideologia e ao seu estilo de vida, gozando das delícias de um mundo falsamente chamado de livre e não sentindo nenhum desejo de estarem entre as forças que irão se empenhar para a restauração do paraíso de Deus na terra, ora, temos de afirmar: estes são os demônios que continuam fazendo dela moradia!
O que foi falado deva servir de alerta e reflexão para o povo de Deus. O povo de Deus, Judá e Samaria, se achavam em Babilônia. É verdade, viviam em Babilônia, mas não eram Babilônia. Pois é, católicos e evangélicos devem pensar, e pensar muito, que não são Babilônia, mas estão sim em Babilônia, pois qualquer lugar da terra que está sob domínio e influência do imperialismo americano se está em Babilônia. É por isso que a Palavra de Deus diz: Sai dela, povo meu! Se não quiserdes compartilhar com ela nos seus pecados e se não quiserdes receber parte das suas pragas (...). Sai da sua ideologia e do seu sistema de vida, que se é alegria para homens, é abominação para Deus.
E deva servir de alerta e reflexão, sobretudo, para os teólogos que tomaram parte no debate televisivo. Que a questão deva ser aprofundada, muito aprofundada, trazendo para o campo de juízo um leque muito maior de informações. Como são homens de Deus, seguramente homens de Deus, pois não somente Deus diz: sai dela POVO MEU como também estavam ali defendendo posições que a sua razão entendia ser a verdadeira, ora, analisando agora a questão em outros ângulos, em premissas internas e constitutivas do silogismo, certamente que também chegarão à conclusão: é verdade, e o assunto também está resolvido para nós!